HenryFui tolo. Achei que minha filha ficaria tranquila na minha casa, afinal, ela nunca estranhou nenhum outro lugar antes. Mas foi o oposto: assim que acordou, Mia começou a chorar como nunca. Olhava para a sala, para as paredes, e seu choro só aumentava. Tentei acalmá-la, peguei-a no colo, cantei como sempre faço, mas nada parecia ajudar. Ela me olhava com aqueles olhinhos cheios de lágrimas, fazendo bico antes de soltar mais um choro desesperado. Meu coração apertou. Ela só parava um pouco quando eu mostrava seus vídeos infantis favoritos no celular, mas temia cansá-la demais. Mia é tão pequenina, mais franzina do que outras crianças da sua idade, e sempre me preocupei com isso.— Filha, é o papai. Olha aqui o papai. — Eu falava, tentando acalmá-la, mas era inútil; ela chorava sem parar, com as lágrimas escorrendo pelo rosto. — Meu Deus, vamos sair daqui. — Coloquei-a no bebê conforto e saímos do apartamento. No corredor, seu choro ainda ecoava, e temi que alguém achasse que eu a
MelissaHenry está testando minha paciência. Ele realmente pensa que pode marcar território aqui, como fez quando viu Rômulo no portão. Não sei qual a graça que ele encontra nessas provocações.Mais tarde, dei banho na minha pequena, e logo ouvi a campainha tocar, seguida dos gritos inconfundíveis da tia louca da Mia, Bárbara, entrando porta adentro.— Melissa, cadê minha lindeza? Melissa! Não me faça essa menina dormir, ou eu acordo ela! — Bárbara gritou da sala. Quando ela estava prestes a subir, eu e Mia aparecemos no topo da escada.— Deixa de ser doida, mulher! Olha aqui sua princesa, toda cheirosa. — Falei enquanto descia as escadas com Mia nos braços. Ainda me perguntei onde estava Henry, já que ele não estava na sala. Será que foi embora?— Ai, meu Deus, olha essa fofura! Vem com a tia, minha princesa! — Ela abriu os braços, e Mia logo sorriu contente. — Não me dê esse sorriso, ou vou te morder! — Bárbara pegou minha pequena no colo e fomos nos sentar.— Comprei cada look para
MelissaHenry não sabe disfarçar quando algo o incomoda. No momento em que olhei para ele, já vi aquela expressão revoltada que ele lança sem medir as consequências. Não me importo tanto, mas o desconforto que isso causa nas outras pessoas me incomoda. Assim que viu Henry, Rômulo se despediu rapidamente.— Meninas, foi bom conversar com vocês, e podem contar comigo para a festa. — Rômulo se levantou, nos cumprimentou com um beijo no rosto e se afastou, percebendo o olhar afiado de Henry, que, quando quer, realmente assusta.— Fica tranquilo, Rômulo, o Henry não é louco de tratar ninguém mal na minha frente. — Bárbara comentou, enquanto Henry se aproximava de nós com sacolas nas mãos.— Não quero problemas. — Ele respondeu, ciente da proximidade de Henry.— Oi, Bárbara. — Henry lançou um olhar de reprovação para mim. — Cadê minha princesa, o amor da minha vida? — disse, pegando Mia nos braços como se não tivesse passado o dia inteiro com ela.— Você não avisou nossa mãe que estava saind
Continuação...— Não fala assim, amiga, parece até que a Renata é mais importante para ele do que você. E ela não é. — Bárbara comentou, me fazendo rir.— Você é demais, Bárbara. Mas não dou duas semanas para eles assumirem que estão juntos. — Disse, expressando o que realmente penso. — Agora vamos nos arrumar, ou a gente não sai, né?— Claro que vamos. Esqueci minha roupa, mas vou buscar e já volto, ok?— Vai lá, estou te esperando. Seu pai passou aqui hoje e ficou um bom tempo.— Vou falar com ele sobre o Henry. Essa história de ele vir aqui todos os dias não está legal para você. — Ela falou, mexendo no meu cabelo.— Não fale nada. Só quero que a Mia não sofra com a ausência dele. Logo as coisas entram nos eixos.— Amiga, você está falando isso há três semanas e tudo continua igual ou até pior. Ele poderia vir em um horário em que você não esteja em casa. Caramba! É impossível superar quando ele aparece todos os dias. Vi no seu olhar que ele ainda mexe com você. — Bárbara disse, me
MelissaMe tranquei no quarto, tentando evitar qualquer desentendimento ou situação incômoda com Henry. Nossa convivência está longe de ser boa, e detesto admitir, mas eu mesma me coloco em situações que alimentam esperanças onde não devia. Esse meu jeito… Sou boba demais, ou melhor, bobona. Preciso aprender a usar esse coração que sempre busca ver o melhor de uma forma que não me prejudique tanto. Chega. A partir de agora, vou me cuidar, e ninguém mais me fará de idiota.Fui para o banho tentando lavar a mente junto com o corpo. Henry, com sua presença constante aqui, me deixa completamente travada. Sinto um impulso de estar longe, de evitá-lo em tudo, mas a vida real não facilita as coisas. Saí do banho e, enquanto me trocava e arrumava meu cabelo, me peguei pensando em mudar o visual. Fiz minha maquiagem com capricho — sempre fui apaixonada por maquiagem, uma das poucas coisas que ainda consigo aproveitar sem reservas. Terminei, e ao olhar no espelho, vi alguém confiante e poderosa
**Henry**Fiquei surpreso ao ver Melissa tão linda e me perguntando como ela ainda consegue me surpreender. Me senti um bob0 ao observá-la, e tenho certeza de que ela percebeu. Sempre soube que ela era a mulher mais bonita que já tive, mas ainda assim sua beleza me pega de surpresa. O que me frustra é que não posso mais tocá-la como antes, sentir seu perfume, beijá-la quando chegava do trabalho… Caralh0, o que eu fiz!Pedi para conversarmos, mesmo sabendo que era tarde demais, e ela percebeu que eu não queria que ela saísse. Reagiu mal, como era de se esperar. Não sei onde estava com a cabeça ao fazer esse pedido. No calor do momento, ao vê-la daquele jeito, linda, tudo o que eu queria era que ela ficasse. Mas é claro que ela não ia concordar. O jeito agora é me conformar.Quando ela saiu do quarto, fiquei ali, remoendo a cena. Aquilo não era roupa para um jantar. Pela roupa, sei que não vão só sair com a Bárbara, vão para uma balada. A revolta bateu com força — eu sei que estou errad
Meu pai me fazia enxergar meus erros, e agora eles pareciam ainda mais óbvios. Pensava em como tudo mudou entre mim e Melissa depois que assumi a empresa da família e ela abriu sua loja. Essas mudanças nos distanciaram, e eu só percebi o tamanho do estrago agora.— Eu nunca achei que isso fosse necessário, pai, mas agora vejo o tamanho do erro.— Filho, isso muda tudo em um relacionamento. Quando sentimos algo, precisamos dizer. Mulher gosta de ouvir que é amada. E agora, o que você pretende fazer?— Fui um trouxa, pai, imaturo demais. Espero que o tempo me ajude a dar um rumo para minha vida, porque estou totalmente sem direção, sem esperanças — respondi, desviando o assunto. Falar de sentimentos sempre me incomodou.— E o trabalho? Sua irmã me contou que você não tem ido. O que houve?— Ah, pai, não tenho cabeça para ficar na empresa, passar o dia inteiro com a Renata em cima de mim desanima qualquer um. E pensar que, se não fosse aquele maldito dia com a Renata, eu e Melissa talvez
MelissaEstava a caminho da balada com Bárbara. O tempo todo fui cantando, tentando entrar no clima, mas confesso que me sinto um tanto estranha. Não consigo ficar confortável com essa situação; deixar Mia em casa é muito difícil para mim. Sou muito apegada à minha menina. Normalmente, só a deixo para ir trabalhar, então, por esse motivo, estou me sentindo péssima por deixá-la para curtir uma balada. Bárbara ainda tenta me animar e me tranquilizar, dizendo que estou fazendo o certo, que preciso viver. Mas é difícil essa ideia entrar na minha cabeça.Quando chegamos à balada, o lugar estava super animado e lotado, com o som alto e pessoas dançando. Algumas mulheres até arriscavam dançar em pequenos palcos. De longe, reconheci uma delas, e a raiva subiu rápido: a exibida da Renata estava lá com outras duas, se mostrando. Era só o que faltava para começar a estragar a minha saída. Minha antipatia por essa mulher é grande, mas eu e Bárbara passamos por ela sem dar atenção, mesmo com os ol