JOANA
Em quase todos os romances que li nos últimos meses, a mocinha da história foi pedida em casamento ou teve um filho com o amor da sua vida. Veja bem, não estou criticando esses finais, tanto que chorei emocionada em vários deles.
Comecei o verão invejando a troca de olhares de um casal que estava na fila de despacho de bagagens do aeroporto. Horas depois conheci o grande amor da minha vida e constatei que os meus olhares apaixonados eram muito melhores do que os que eu havia invejado. Agora estou aqui, três meses depois, olhando para o meu primeiro apartamento! E, mesmo estando completamente apaixonada pelo Ricky, a decisão de casar comigo mesma foi uma das mais importantes até hoje.
Poupar dinheiro, não importando o motivo, é uma excelente escolha. Quando resolvi guardar boa parte do que recebia pelos estágios pensando que casaria com meu ex-namorado, não pens
JOANAE lá estava eu no Aeroporto de Congonhas. Sozinha. Foi difícil me deparar com casais apaixonados viajando juntos. Dois pombinhos arrulhavam bem na minha frente e atrasavam o andamento da fila de despacho de bagagens. Eles não conseguiam desgrudar as mãos (e bocas) um do outro e se esqueciam de empurrar as malas quando a fila avançava. O homem era um pouco mais alto. Então, todas as vezes que a mulher levantava o olhar para encará-lo, seus olhos brilhavam intensamente. Seu sorriso era aberto, sincero, feliz. Eu não queria invejar a alegria deles, mas era inevitável. O namorado dela não me atraía, preciso deixar isso bem claro. Até que ele era bonitinho, mas a beleza aqui não era a principal questão. Eu queria olhar para alguém da mesma maneira. Ter esse olhar apaixonado de volta estaria incluído no pacote, obviamente.Quero alguém qu
JOANAAlguns dias antes...Dia 30 de dezembro. Motivada por um vídeo da internet, resolvi fazer a minha lista de metas para o ano novo. Futuro, novas possibilidades... Apesar da empolgação que o vídeo provocara em mim, meu cérebro fez automaticamente uma breve retrospectiva dos últimos meses. Sabe quando o fim do ano realmente simboliza o fim de tudo? No meu caso ele veio pra arrasar. Na verdade, foi uma tremenda catástrofe! Todos os meus planos e sonhos desmoronaram de uma vez. Eu, que estava tão ansiosa pelo término da faculdade após os cinco longos anos de dedicação, com muito custo sorri para as fotos da formatura. Agora eu era uma advogada formada, mas sem emprego e sem namorado.Tudo começou a desmoronar em novembro, no dia 11. “Que gracinha! Hoje é 11/11, tudo igualzinho. Deve ser um dia de sorte”.O pri
JOANAJá passava das dez da noite quando fiz o check-in no Itapuã Beach Suites. Como comprei o pacote em cima da hora, infelizmente não havia voo mais cedo disponível, mas pelo menos daria para descansar antes do passeio que já estava agendado para o dia seguinte.A decoração da recepção era muito bonita e os hóspedes desfilavam por ali vestindo trajes leves com a cara do verão. Sofás e bancos espalhados pelos vários cantos estavam ocupados com pessoas batendo papo, além da pequena loja de lembrancinhas e um bar servindo drinks em copos coloridos.A ansiedade com os preparativos da viagem me deixou esgotada. Como devorei todas as porcarias oferecidas no avião, não estava com fome. Eu teria uma semana para conhecer o resort, então preferi ir direto para o quarto e compensar a noite mal dormida. Conforme prometido, enviei uma mensage
JOANAAssim que tomei banho, passei um bom hidratante corporal. Minha pele branquinha agora estava com um tom rosado e esperava que até o fim das férias eu estivesse pelo menos com uma cor mais dourada, se é que isso é possível para uma pessoa loira. O creme capilar de coco que a vendedora da loja de cosméticos havia recomendado era realmente maravilhoso. Adoro meus cabelos compridos, apesar do trabalho que dá para cuidar.Tão logo me aprontei, fiz uma chamada de vídeo para o João Pedro para contar tudo do primeiro dia. Depois de me zoar por ter melhorado a cor de fantasma, era mais do que óbvio que ele ia soltar piadas por causa do Ricky.— Deixa eu ver se entendi bem... — Ele fez a sua tradicional cara de deboche. — Quer dizer que no seu primeiro dia de Bahia você arranja um moreno misterioso, sexy e que ainda canta rock? Puta que pariu! Mas, porr
RICKYDei três batidas na porta. Aqueles dois sempre atrasam para se arrumar. Esquecem-se da vida transando e o mundo que espere.— Entra aí, Ricky! — Tânia abriu a porta ainda ajeitando o sutiã. Intimidade é uma merda.— Posso entrar, Carlinhos? Não quero ver você pelado.— Não vai encontrar nada que você não tenha, parça. — debochou.— Verdade, tenho mesmo. Mas, claro, tudo bem maior.— Meninos sempre com seus brinquedinhos e comparações de tamanho, que infantilidade! — Tânia jogou uma almofada, acertando bem no meio do meu peito.Sentei no sofá e fiquei observando aqueles dois, um passando hidratante nas costas do outro. Se eu já não os conhecesse tão bem seria um bom motivo para me mandar de lá, pois o erotismo perdia de longe naquela cena. Par
RICKYDois meses antes...O barzinho da Bela Vista estava lotado. De fato, eu precisava me enturmar novamente depois de meses afastados dos palcos, shows e bares. Foram tantas decepções, perdas e facadas nas costas, que o tesão que eu sentia de subir no palco havia desaparecido. Sugeri, inclusive, que arrumassem outro vocalista, mas se recusaram, uma vez que quem idealizou a banda fui eu. Os caras foram bastante compreensivos com o meu momento e cada um tocou a sua vida em projetos paralelos, mas sempre me dando força para voltar.Pensei que não cantaria de novo. Não naquela noite especificamente, mas em breve. Carlinhos e Tânia insistiram que já estava mais do que na hora de a Rockstar Edge ter um novo guitarrista. O tal Tiago ia se apresentar com outra banda e só faltava a minha aprovação para que ele se unisse definitivamente ao grupo.A banda
JOANAO único plano do jantar era encontrar Ricky no restaurante do resort e (tentar) suspirar discretamente pelo seu sorriso e a cor caramelo dos seus olhos. Mas a noite tinha reservado bem mais do que isso. Vê-lo naquele palco simplesmente me tirou do chão. Até agora não consigo me lembrar de ter caminhado até a mesa e sentado ao lado da Tânia. Minha atenção se dividia entre ouvi-lo cantar e perceber os olhares fascinados das outras mulheres. Senti uma pontada de ciúmes. O que não tinha nada a ver, já que ele não era nada meu.Quando voltei para o quarto, bem mais cedo do que eu gostaria, fiquei só de calcinha e me enfiei embaixo das cobertas. Aquele lençol era tão macio que o toque da minha pele sobre ele era delicioso. Geralmente uso um pijaminha de flanela bem confortável, mas deitar praticamente nua naquele quarto de hotel me deu uma
JOANARicky usava o mesmo calção de banho, mas tinha uma camiseta regata por cima. Acredito que teve a mesma ideia que eu, pois havia um leve perfume de sabonete e ele devia ter tirado o excesso de sal e areia. Com o tempo combinado, era o máximo que poderia ser feito.Deixou a barra de chocolate em cima da mesinha de cabeceira e se aproximou de mim. Eu não conseguia desgrudar meus olhos dos dele. Ricky caminhou lentamente na minha direção e só percebi que eu andava para trás quando senti a parede. Lembrei-me da cena do filme "Cinquenta tons de cinza" quando Mr. Grey empurra Anastacia para a parede do elevador. Essa é uma das minhas cenas favoritas. No filme, o beijo arrebatador foi interrompido pelas pessoas que entraram no elevador, deixando Anastacia respirando com certa dificuldade e um tanto descabelada. Mas, na minha cena particular, ninguém nos interrompeu.O Ricky daquele