RICKY
Não pensei que pudesse sentir todo aquele ódio novamente. Tudo estava tão bem e eu finalmente acreditava que poderia ser feliz. Rosana tinha invadido meu paraíso sem a menor cerimônia, como o pior dos furacões. E continuava a mesma: arrogante, se considerando acima de tudo e de todos e se achando no direito de ferir quem estivesse em seu caminho. Não consigo entender como um dia pude ser apaixonado por essa mulher. A única explicação plausível é que sua beleza me cegou para todo o resto. E, agora percebendo tudo de forma tão clara, ainda consigo ver o quanto é bonita e atraente, mas em nada mais me afeta.
Minha cabeça tinha virado o mais completo caos. E nem pude evitar que Joana saísse daquela maneira. Ela não merecia ser agredida pela Rosana, então era melhor mesmo que não presenciasse aquela cena tão pat&eacut
JOANAO filme me distraiu, ainda bem. Saí renovada do cinema e não foi tão traumático assim assistir sozinha. Mais uma primeira vez para a minha coleção. Por que eu tinha tanto medo de ir sozinha ao cinema? Não sei se medo é o sentimento correto, talvez eu sentisse vergonha de ir desacompanhada. E, soltinha na vida, lá fui eu buscar um lugar para almoçar. Já passava das três da tarde e meu estômago começou a reclamar. Escolhi um belo salmão grelhado com batatinhas coradas, um suco de laranja e mousse de limão.Depois de mais uma volta pelo shopping, decidi que já era tempo de tirar o celular do modo avião. Por sorte, eu estava com o carregador portátil na bolsa e resolvi sentar em um dos inúmeros bancos para checar as mensagens enquanto ele recarregava.Joana,Por favor, me avisa assim que voltar
RICKYEnfim, a mensagem que eu tanto esperava! Por onde será que Joana andou afinal? Passei um dia de merda, pensando em tudo o que a Rosana jogou na minha cara sobre eu ser um músico medíocre. Além de olhar para o celular igual a um psicopata esperando uma mensagem ou ligação da Joana.Tânia conseguiu confirmar que Rosana havia deixado o resort. Se ela ainda estava na Bahia, se tinha voltado pra São Paulo ou comprado passagem para o quinto dos infernos pouco me importava. Meu paraíso estava a salvo daquela louca.Como não havia muito o que fazer e com o estresse num nível medonho, Tânia e Carlinhos me deixaram sozinho no decorrer do dia. No início, Carlinhos ainda tentou conversar e procurar alguma atividade no hotel para me distrair, mas Tânia, me conhecendo como ninguém, sabe que quando estou assim preciso ficar sozinho para pensar. Como um gran
JOANADei graças a Deus pelo serviço de quarto. Deixei aquele lugar um verdadeiro pandemônio quando fugi para o shopping e agora estava brilhantemente arrumado. Preciso deixar uma ótima avaliação para as arrumadeiras quando deixar o resort.Que dia louco! Apenas lembrei de jogar os tênis que usava num canto e me joguei de roupa e tudo na cama, abraçando com força um dos travesseiros. Mas nem tive muito tempo para recapitular mentalmente tudo o que Ricky havia me falado. O celular começou a tocar e quando o pesquei de dentro da bolsa foi um alívio ver a foto do meu irmão. Estava tão elétrica que atropelei as palavras. Tentei resumir ao máximo toda a conversa no caramanchão e o pedido de namoro do Ricky.— Então quer dizer que voltamos ao século passado com pedidos de namoro? Esse roqueiro está subindo o conceito a
RICKY Foi difícil dormir na minha cama. Não que ela seja ruim, gastei uma boa grana nela. Eu adoro dormir, então preciso que seja feito de forma prazerosa. O verdadeiro motivo era que já sentia falta da boa vida do resort e de tomar o café da manhã na companhia da Joana. Uma semana foi tempo suficiente para me viciar no seu cheiro, no som da sua risada, no jeito que ela puxa meu cabelo com vontade. Esse jejum que ela impôs está me enlouquecendo. Estava por um fio de mandar aquela merda de acordo pro espaço e pegar a minha loirinha de jeito. No fundo eu entendi o que ela sentiu com toda aquela confusão e respeitei o seu tempo. Só não imaginava que me causaria tanta dor assim. A última vez que isso aconteceu eu era um adolescente magricelo que sarrava as meninas nas festinhas e ficava literalmente na mã
JOANAEm quase todos os romances que li nos últimos meses, a mocinha da história foi pedida em casamento ou teve um filho com o amor da sua vida. Veja bem, não estou criticando esses finais, tanto que chorei emocionada em vários deles.Comecei o verão invejando a troca de olhares de um casal que estava na fila de despacho de bagagens do aeroporto. Horas depois conheci o grande amor da minha vida e constatei que os meus olhares apaixonados eram muito melhores do que os que eu havia invejado. Agora estou aqui, três meses depois, olhando para o meu primeiro apartamento! E, mesmo estando completamente apaixonada pelo Ricky, a decisão de casar comigo mesma foi uma das mais importantes até hoje.Poupar dinheiro, não importando o motivo, é uma excelente escolha. Quando resolvi guardar boa parte do que recebia pelos estágios pensando que casaria com meu ex-namorado, não pens
JOANAE lá estava eu no Aeroporto de Congonhas. Sozinha. Foi difícil me deparar com casais apaixonados viajando juntos. Dois pombinhos arrulhavam bem na minha frente e atrasavam o andamento da fila de despacho de bagagens. Eles não conseguiam desgrudar as mãos (e bocas) um do outro e se esqueciam de empurrar as malas quando a fila avançava. O homem era um pouco mais alto. Então, todas as vezes que a mulher levantava o olhar para encará-lo, seus olhos brilhavam intensamente. Seu sorriso era aberto, sincero, feliz. Eu não queria invejar a alegria deles, mas era inevitável. O namorado dela não me atraía, preciso deixar isso bem claro. Até que ele era bonitinho, mas a beleza aqui não era a principal questão. Eu queria olhar para alguém da mesma maneira. Ter esse olhar apaixonado de volta estaria incluído no pacote, obviamente.Quero alguém qu
JOANAAlguns dias antes...Dia 30 de dezembro. Motivada por um vídeo da internet, resolvi fazer a minha lista de metas para o ano novo. Futuro, novas possibilidades... Apesar da empolgação que o vídeo provocara em mim, meu cérebro fez automaticamente uma breve retrospectiva dos últimos meses. Sabe quando o fim do ano realmente simboliza o fim de tudo? No meu caso ele veio pra arrasar. Na verdade, foi uma tremenda catástrofe! Todos os meus planos e sonhos desmoronaram de uma vez. Eu, que estava tão ansiosa pelo término da faculdade após os cinco longos anos de dedicação, com muito custo sorri para as fotos da formatura. Agora eu era uma advogada formada, mas sem emprego e sem namorado.Tudo começou a desmoronar em novembro, no dia 11. “Que gracinha! Hoje é 11/11, tudo igualzinho. Deve ser um dia de sorte”.O pri
JOANAJá passava das dez da noite quando fiz o check-in no Itapuã Beach Suites. Como comprei o pacote em cima da hora, infelizmente não havia voo mais cedo disponível, mas pelo menos daria para descansar antes do passeio que já estava agendado para o dia seguinte.A decoração da recepção era muito bonita e os hóspedes desfilavam por ali vestindo trajes leves com a cara do verão. Sofás e bancos espalhados pelos vários cantos estavam ocupados com pessoas batendo papo, além da pequena loja de lembrancinhas e um bar servindo drinks em copos coloridos.A ansiedade com os preparativos da viagem me deixou esgotada. Como devorei todas as porcarias oferecidas no avião, não estava com fome. Eu teria uma semana para conhecer o resort, então preferi ir direto para o quarto e compensar a noite mal dormida. Conforme prometido, enviei uma mensage