ANGELINA — Que proposta? - Cruzo as mãos sobre a mesa.— Angelina, tudo que aconteceu também me deixou extremamente abalado. Eu descobri tarde demais que os sentimentos que eu tinha por você eram correspondidos antes mesmo que eu tivesse algum desejo por você, vi você se casar e mudar daquela forma, vi você dizer que amava outro e me prender na sua confusão do que sentia por mim. Não estou te culpando, eu fiquei porque quis, estou apenas dizendo que o que mais me mantinha ali era a esperança de que você pudesse me querer mais do que queria ele, e você nunca havia negado até então, e quando negou, acho que foi tarde demais para vocês. — Eu queria muito não ter te colocado naquele sofrimento, eu só não podia mentir para você e dizer que não havia sentimentos, quando havia sim. Eu já estava mentindo e escondendo demais com Alessandro, não queria o mesmo para você.— E ainda bem que fez isso, por isso estamos aqui agora. Era algo pendente que tínhamos há muito tempo, e tem que ser vivid
ANGELINA — Bom... é aqui. - ele diz sorrindo ao estacionar o carro na frente da propriedade.— Obrigada, Barry.— Está com medo?— Um pouco, não quero ser uma vergonha. Principalmente para minha mãe, penso comigo mesma. "Não tem ideia... do quanto eu estou me sentindo incompetente, eu falhei na sua criação. Pensei que tinha tinha criado uma mulher esperta, uma verdadeira mulher e não uma bebe fujona."A voz da minha mãe traz de volta a frase que ouvi na porta da igreja. Isso me causa um frio na barriga. — Você nunca será, isso eu garanto. Certeza que não quer que eu vá com você? Posso te ajudar a explicar.— Não... obrigada. Isso é algo que eu tenho que fazer sozinha, você é como se fosse da família mas isso é entre meus pais e eu. Você entende, não é?— Completamente. Inclusive, vou ter que falar com a minha mãe em algum momento.— Ah..- Me lembro e quando assinto — E onde ela está?— Em um cruzeiro de seis meses pelo pacífico. Assinto e aproximo meus lábios dos dele mas acabo
ANGELINA Meu pai e eu acompanhamos sua saída com o olhar até que ela suma de vista. — Escute, Angelina. - meu pai chama minha atenção de volta para ele.— Grande parte da minha vida eu passei longe do meu país, aprisionado na porra da Rússia com um cargo que eu não deveria exercer, privado do meu sobrenome e de ser quem eu era. E quando cheguei aqui com a sua mãe, eu jurei a mim mesmo que isso jamais aconteceria com você, você jamais seria prisioneira de ninguém, nem privada do seu sobrenome e muito menos de ser quem você era. Eu sempre soube que Alessandro era a maior ameaça a este meu objetivo, e ninguém me escutou, acharam que ele poderia ficar sob controle mas não ficou! E você foi tirada daqui, substituiu seu sobrenome por Petrov e substituiu quem você é para fingir que poderia ser o que esperavam de você, foi uma prisioneira. Todos os dias aqui eu me perguntava se isso não estava acontecendo...e felizmente ou infelizmente, eu não tinha certeza, porque se eu soubesse o que você
ESTEVAN O'NEILL — Deixe uma dose pra mim. - pego a garrafa de whisky na bancada do bar, derramando o que sobrou do líquido no copo. — Eu não quero conversar agora Me deixe sozinha, por favor. - Pede, virando a última dose de uma só vez. — Cadê toda a força que você sempre cobra de todo mundo? Vai fugir de um diálogo? Sabe que temos que conversar. Sou do tipo de pessoa que gosta de respeitar o espaço mas que também não gosta de empurrar os problemas para baixo do tapete.— Eu tento ser forte e olha o que isso me causou... Eu feri e magoei a minha filha. A única pessoa que eu não poderia falhar, eu falhei. — O problema não é ser forte, é algo seu...da sua personalidade, o problema é cobrar dos outros a mesma força. Você sabe disso, eu sempre disso isso.— Ok, eu entendi. Eu fui uma péssima mãe, você disse e eu não ouvi, você estava certo. - Admite pesadora. Ela não queria estar errada, e pela primeira vez, não por ego ou por orgulho, e sim porque ninguém quer errar quando se trata d
ALESSANDRO PETROV Encaro o teto com a visão turva, em silêncio, anestesiado, perdido. Já se passaram dias, não sei quantos, mas posso dizer que anoiteceu e amanheceu várias vezes seguidas, e eu não sai de casa nenhuma dessa. O som insistente das chamadas de ligação e mensagens vem me acompanhando desde a partida de angelina, e eu não atendo e nem respondo. Nádia, Eric, meu pai, minha mãe, meus tios. Não quero ouvir ninguém, nem ver ninguém, proibi entrada de qualquer um nesta casa e assim vai continuar. Não quero ver ninguém que não seja a própria Angelina, mas estou no processo de aceitar que ela nunca mais estará ao meu alcance e nem sob minha vista, e se tiver, vai ser da forma mais dolorosa, ao lado de outro. E isso eu não suporto. 3 dias depois.... Franzo o cenho assim que uma luz forte vem de encontro ao meu rosto, meus olhos doem assim que tento abri-los, piscando algumas vezes para me acostumar com a claridade. Já faz muitos dias que eu não tenho contato com a claridade
ANGELINA — Pode entrar! - jogo todas as coisas na caixa e empurro para baixo da cama.— Eu não quero te interromper.. Só... Só fiz chá de morango e trouxe pra você. - Diz colocando a xícara em cima do criado mudo.Sorrio levemente ao sentir o cheiro crítico adocicado que exala do vapor de xícara.— É o meu favorito...— Eu sei, Eu fazia quando você era criança, talvez ajude... - Suspira, se afastando. — Já vai?— Não quero tornar isso mais difícil para nenhuma das duas. Espero que tenha desabafado com seu pai.— Sim, eu desabafei. E queria que estivesse lá para ouvir mas você saiu...- digo baixo.— Porque o que eu tinha para falar não era o que você queria ouvir. Mas se quiser me dizer o que está sentindo, pode me falar. Do fundo do seu coração.— Não quero dizer nada, só espero que não esteja assim porque está decepcionada comigo. Eu sei o que sempre esperou de mim, que sempre esperou que eu fosse tão forte quanto você.— Minha filha, nada do que você faça vai me decepcionar..Eu te
ALESSANDRO PETROV Troco de canal repetidas vezes, o esforço enorme que tenho que fazer para manter o braço erguido e o controle direcionado para tv, só me faz sentir mais fraco. Estar alcoolizado já faz parte da minha rotina lamentável, dormir, acordar e sofrer pensando em Angelina enquanto ignora o mundo e as pessoas. A tv no último volume abafa as batidas da porta.Eu voltei para o apartamento que viviam com Angelina, pretendia vendê-lo, já estava no processo de passar para o nome do comprador mas voltei atrás a tempo. Aqui me sinto menos pior, quando estávamos aqui eu aceitava que não tinha o amor dela, que era tudo a força, mas naquela mansão...naquela mansão tivemos nosso tempo de casados, mesmo que seja pouco, e naquela mansão ela disse que me amava, confessou o amor mentiroso que tinha por mim. Naquela mansão eu vivi uma mentira, então se é para encarar a verdade, eu prefiro ficar aqui, aqui onde eu matei um homem por ela, onde ela gritava que me odiava, onde vivemos nossa ve
BARRY O'CONELL O celular que vibra em cima da mesa de madeira rodeada de papéis rouba minha atenção por um instante. Penso em ignorar e continuar minha atenção no trabalho, mas acabo cedendo, felizmente, vejo que se trata de uma notificação de Angelina, e ao abrir meu sorriso pequeno se torna grande. É uma foto dela em seu quarto usando um macacão jeans em meio alguns jornais no chão que usa para proteger o piso da tinta que escorre da parede, ela está pintando de alguma cor como bege. O sorriso no rosto dela e os olhos fechados com os ombros encolhidos me trazem paz por notar que ela está feliz. Depois de tudo que aconteceu, eu soube que, mesmo que tenhamos decidido ficar juntos, ela precisava de espaço, e estou dando isso a ela. Achei que seria bem mais torturante do que está sendo realmente.[...]Trocar café por álcool é um hábito um pouco chato que ando criando durante a semana, e a este ponto depois de alguns vários copos, minha cabeça dói. Atendo o celular rapidamente quando