ANGELINA PETROV Ao passar pelo corredor uma movimentação para meu caminho, me fazendo encostar o ouvido na porta de uma das salas. A sala que era temporária do Barry.A curiosidade me vence, fazendo eu abrir um pouquinho para espiar pela fresta, e é ele que eu vejo, triste, sentado na mesa e agarrado ao copo de whisky. Suspiro. Uma última vez...uma despedida. Adentro sem bater e vejo seu olhar neutro sobre mim ao notar minha presença ali. - Eu volto hoje a noite. - diz bebericando do copo.- Posso...me despedir? - brinco com meus dedos nervosamente, ele me encara ainda sentado. - Eu não quero ficar mal com você, você é uma das pessoas mais importantes da minha vida e minha intenção nunca foi te magoar, nunca foi te fazer sentir usado e nem te fazer passar por nada disso.- Eu vim porque quis, Angelina. Você não me pediu nada, pelo contrário...tentou evitar, eu escolhi correr o risco porque te amo. Você já está correndo culpas demais, não pegue mais essa para si. - se levanta, dan
ALESSANDRO PETROVEm um intervalo de apenas 6h me vi recebendo um tiro no braço, perdendo o amor da minha vida para outro (que me vejo obrigado a comentar que deixou a dor do tiro quase inexistente) retirando uma bala do braço, saindo do hospital da Salazar a força e indo direto para um bar, não sei quantas doses bebi, só sei que não foi o suficiente, qualquer um no meu lugar teria caído no chão na terceira garrafa, e infelizmente nada me deixou bêbado o suficiente. Nenhum álcool está sendo capaz de amenizar a dor e o vazio da perca de Angelina. Ao ser expulso do bar eu quis matar o barman, cheguei até mesmo a apontar uma arma para ele, mas sabia que se eu disparasse uma vez, eu não pararia ali...só pararia no segundo tiro, que seria para mim, dentro da minha boca. Entrar em casa e ver o vazio da ausência de Angelina me fez dispensar todos os empregados, eu não queria ver ninguém, não queria ter ninguém por perto e nem ser questionado de nada. Não queria dar explicações, apenas rece
ANGELINA — PASSAGEIROS DO VÔO PARA DUBLIN, IRLANDA, FAVOR SE DIRECIONAR AO PORTÃO DE EMBARQUE. Suspiro, olhando o número do meu vôo no cartão de embarque e Barry me acompanha. — Você está bem? - Me pergunta enquanto andamos pelo aeroporto.— Desculpe, Barry...eu não posso estar bem, hoje foi um dia muito terrível para mim. Foi tão intenso de uma forma totalmente negativa. Eu ainda estou assimilando tudo. — Eu entendo, está no direito de ficar triste e ainda mais confusa, mas as coisas vão melhorar. Por agora, só precisa voltar para casa e descansar. — Não sei nem o que dizer aos meus pais...- esfrego a mão na testa. — A verdade, sempre. - Diz me olhando nos olhos e eu faço que sim. — Você precisa de silêncio, e eu darei isso a você...vai ser uma viagem um pouco longa, estarei ao seu lado e se precisar conversar: Um centímetro de distância. - sorri sem mostrar os dentes e eu tento retribuir, parando um pouco o caminho que fazíamos para me encolher em seu abraço, ele me acolhe com
ANGELINADepois de acordar às 18h da tarde, não sentia que eu havia dormido, sequer descansado, o peso que estava em minhas costas e em minha mente continuava o mesmo. O reflexo do espelho me deixa cara a cara com a pele pálida e sem vida do meu rosto, olheiras profundas e arroxeadas assim com os meus lábios que um dia foram vermelhos. O que está no espelho é Angelina, mas eu não me reconheço. Como eu vim parar aqui? Como as coisas chegaram a este ponto?Eu não queria ter me separado do Alessandro, eu o amava...eu o amo! Eu só não queria que ele tivesse matado o Barry, queria que o Barry tivesse ido embora quando pedi. As coisas saíram do controle. Eu nem imagino o quão triste e decepcionado Alessandro deve estar, talvez esteja até mesmo pior do que eu. A única coisa que eu estou me apegando para não desistir de tudo e correr para a Rússia e me jogar nos braços de Alessandro, é volta de consciência que me veio. Aquela cena horrível me fez ver que eu não era a culpada por tudo, que m
ANGELINA — Que proposta? - Cruzo as mãos sobre a mesa.— Angelina, tudo que aconteceu também me deixou extremamente abalado. Eu descobri tarde demais que os sentimentos que eu tinha por você eram correspondidos antes mesmo que eu tivesse algum desejo por você, vi você se casar e mudar daquela forma, vi você dizer que amava outro e me prender na sua confusão do que sentia por mim. Não estou te culpando, eu fiquei porque quis, estou apenas dizendo que o que mais me mantinha ali era a esperança de que você pudesse me querer mais do que queria ele, e você nunca havia negado até então, e quando negou, acho que foi tarde demais para vocês. — Eu queria muito não ter te colocado naquele sofrimento, eu só não podia mentir para você e dizer que não havia sentimentos, quando havia sim. Eu já estava mentindo e escondendo demais com Alessandro, não queria o mesmo para você.— E ainda bem que fez isso, por isso estamos aqui agora. Era algo pendente que tínhamos há muito tempo, e tem que ser vivid
ANGELINA — Bom... é aqui. - ele diz sorrindo ao estacionar o carro na frente da propriedade.— Obrigada, Barry.— Está com medo?— Um pouco, não quero ser uma vergonha. Principalmente para minha mãe, penso comigo mesma. "Não tem ideia... do quanto eu estou me sentindo incompetente, eu falhei na sua criação. Pensei que tinha tinha criado uma mulher esperta, uma verdadeira mulher e não uma bebe fujona."A voz da minha mãe traz de volta a frase que ouvi na porta da igreja. Isso me causa um frio na barriga. — Você nunca será, isso eu garanto. Certeza que não quer que eu vá com você? Posso te ajudar a explicar.— Não... obrigada. Isso é algo que eu tenho que fazer sozinha, você é como se fosse da família mas isso é entre meus pais e eu. Você entende, não é?— Completamente. Inclusive, vou ter que falar com a minha mãe em algum momento.— Ah..- Me lembro e quando assinto — E onde ela está?— Em um cruzeiro de seis meses pelo pacífico. Assinto e aproximo meus lábios dos dele mas acabo
ANGELINA Meu pai e eu acompanhamos sua saída com o olhar até que ela suma de vista. — Escute, Angelina. - meu pai chama minha atenção de volta para ele.— Grande parte da minha vida eu passei longe do meu país, aprisionado na porra da Rússia com um cargo que eu não deveria exercer, privado do meu sobrenome e de ser quem eu era. E quando cheguei aqui com a sua mãe, eu jurei a mim mesmo que isso jamais aconteceria com você, você jamais seria prisioneira de ninguém, nem privada do seu sobrenome e muito menos de ser quem você era. Eu sempre soube que Alessandro era a maior ameaça a este meu objetivo, e ninguém me escutou, acharam que ele poderia ficar sob controle mas não ficou! E você foi tirada daqui, substituiu seu sobrenome por Petrov e substituiu quem você é para fingir que poderia ser o que esperavam de você, foi uma prisioneira. Todos os dias aqui eu me perguntava se isso não estava acontecendo...e felizmente ou infelizmente, eu não tinha certeza, porque se eu soubesse o que você
ESTEVAN O'NEILL — Deixe uma dose pra mim. - pego a garrafa de whisky na bancada do bar, derramando o que sobrou do líquido no copo. — Eu não quero conversar agora Me deixe sozinha, por favor. - Pede, virando a última dose de uma só vez. — Cadê toda a força que você sempre cobra de todo mundo? Vai fugir de um diálogo? Sabe que temos que conversar. Sou do tipo de pessoa que gosta de respeitar o espaço mas que também não gosta de empurrar os problemas para baixo do tapete.— Eu tento ser forte e olha o que isso me causou... Eu feri e magoei a minha filha. A única pessoa que eu não poderia falhar, eu falhei. — O problema não é ser forte, é algo seu...da sua personalidade, o problema é cobrar dos outros a mesma força. Você sabe disso, eu sempre disso isso.— Ok, eu entendi. Eu fui uma péssima mãe, você disse e eu não ouvi, você estava certo. - Admite pesadora. Ela não queria estar errada, e pela primeira vez, não por ego ou por orgulho, e sim porque ninguém quer errar quando se trata d