BARRY O'CONELL Ao passar pelo hall de acesso vejo Camila com sua mesa em frente a sala de Alessandro.— Boa tarde. - digo a ela quando ergue o olhar para mim, desviando dos papéis espalhados pela mesa que ela lia concentrada.— Pode me fazer um favor?— Boa tarde. - Sorri sem graça pelo susto que levou por minha chegada repentina. — Tem a ver com o senhor Petrov? Só posso cuidar das coisas relacionadas a ele.— Têm. - Assinto e coloco uma pasta na mesa. Ninguém imagina como eu odeio prestar contas de assuntos tão confidenciais da O'neill com este homem. — Preciso que entregue isso a ele, o certo seria entregar a Angelina mas...- deixo a frase indeterminada. — Ele está?— Não. - Puxa a pasta para si. — Ele está almoçando.... - A frase morrer pela metade em seus lábios. — Não se preocupe, eu entrego assim que ele voltar. — Obrigado. - suspiro. — Não vai almoçar? Eu estou indo então...se estiver no seu horário também, pode me fazer companhia.— Não... Obrigada! Eu tenho algumas coisas
ANGELINA PETROVSuas palavras vão perfurando meu coração.- Um dia eu te amei muito, Barry. Quando eu era uma adolescente, você era o homem mais lindo do mundo aos meus olhos. - o olho com admiração e toco sua barba por um momento, ele fecha os olhos, apreciando meu toque suave antes que acabe. - Até hoje você é muito lindo. Você sempre chamou muita atenção, e isso ia mudar além da sua aparência, era sua postura, sua voz, sua atenção, seu cheiro...suas palavras sempre tão sábias e certeiras, sua frieza e sensibilidade tão equilibradas para cada momento. E eu te adorava...todas as meninas te adoravam, todas queriam você, e eu queria mais do que todas elas...não sabe quantas cartas de amor escrevi pra você, você sempre tão ético nunca olhou para nenhuma de nós com malícia.- Eu jamais poderia, você e todas elas eram só meninas, Angelina. - É...e pensar assim nos roubou muito tempo e oportunidades. - Não, o que nos roubou tempo foi eu não ter confessado o que sentia por você quando fez
BARRY O'CONELLBato o copo de whisky na mesa irritado.— ESTOU OCUPADO! - bravo com a voz grossa Gesticulando com o braço rígido no ar, e jogo meus óculos de leitura sobre a mesa. — Mas você quem me chamou... - Camila diz abrindo a porta e deixando apenas metade de seu rosto visível entre a fresta. — Ah... é você Camila. - respiro pesado, passando as mãos pelo rosto. — Pode entrar, desculpe.— Está tudo mal ou péssimo? - Seu olhar para pela mesa vendo um maço de cigarro pela metade e uma garrafa de whisky vazia. — Não tenho nem palavras para expressar. - a olho e me levanto da cadeira indo até o aparador. Pego mais dois copos de whisky, colocando dois cubos de gelos em cada um antes de completar com o líquido marrom, e assim indo mais uma garrafa. — Queria não ter acordado hoje. - a ofereço o outro copo.Ela aceita, provavelmente por educação porque vejo a careta que faz pelo gosto forte— Deixa eu advinhar, Angelina... ?— A própria, o maior desastre natural dos últimos séculos c
ANGELINA PETROV Ao passar pelo corredor uma movimentação para meu caminho, me fazendo encostar o ouvido na porta de uma das salas. A sala que era temporária do Barry.A curiosidade me vence, fazendo eu abrir um pouquinho para espiar pela fresta, e é ele que eu vejo, triste, sentado na mesa e agarrado ao copo de whisky. Suspiro. Uma última vez...uma despedida. Adentro sem bater e vejo seu olhar neutro sobre mim ao notar minha presença ali. - Eu volto hoje a noite. - diz bebericando do copo.- Posso...me despedir? - brinco com meus dedos nervosamente, ele me encara ainda sentado. - Eu não quero ficar mal com você, você é uma das pessoas mais importantes da minha vida e minha intenção nunca foi te magoar, nunca foi te fazer sentir usado e nem te fazer passar por nada disso.- Eu vim porque quis, Angelina. Você não me pediu nada, pelo contrário...tentou evitar, eu escolhi correr o risco porque te amo. Você já está correndo culpas demais, não pegue mais essa para si. - se levanta, dan
ALESSANDRO PETROVEm um intervalo de apenas 6h me vi recebendo um tiro no braço, perdendo o amor da minha vida para outro (que me vejo obrigado a comentar que deixou a dor do tiro quase inexistente) retirando uma bala do braço, saindo do hospital da Salazar a força e indo direto para um bar, não sei quantas doses bebi, só sei que não foi o suficiente, qualquer um no meu lugar teria caído no chão na terceira garrafa, e infelizmente nada me deixou bêbado o suficiente. Nenhum álcool está sendo capaz de amenizar a dor e o vazio da perca de Angelina. Ao ser expulso do bar eu quis matar o barman, cheguei até mesmo a apontar uma arma para ele, mas sabia que se eu disparasse uma vez, eu não pararia ali...só pararia no segundo tiro, que seria para mim, dentro da minha boca. Entrar em casa e ver o vazio da ausência de Angelina me fez dispensar todos os empregados, eu não queria ver ninguém, não queria ter ninguém por perto e nem ser questionado de nada. Não queria dar explicações, apenas rece
ANGELINA — PASSAGEIROS DO VÔO PARA DUBLIN, IRLANDA, FAVOR SE DIRECIONAR AO PORTÃO DE EMBARQUE. Suspiro, olhando o número do meu vôo no cartão de embarque e Barry me acompanha. — Você está bem? - Me pergunta enquanto andamos pelo aeroporto.— Desculpe, Barry...eu não posso estar bem, hoje foi um dia muito terrível para mim. Foi tão intenso de uma forma totalmente negativa. Eu ainda estou assimilando tudo. — Eu entendo, está no direito de ficar triste e ainda mais confusa, mas as coisas vão melhorar. Por agora, só precisa voltar para casa e descansar. — Não sei nem o que dizer aos meus pais...- esfrego a mão na testa. — A verdade, sempre. - Diz me olhando nos olhos e eu faço que sim. — Você precisa de silêncio, e eu darei isso a você...vai ser uma viagem um pouco longa, estarei ao seu lado e se precisar conversar: Um centímetro de distância. - sorri sem mostrar os dentes e eu tento retribuir, parando um pouco o caminho que fazíamos para me encolher em seu abraço, ele me acolhe com
ANGELINADepois de acordar às 18h da tarde, não sentia que eu havia dormido, sequer descansado, o peso que estava em minhas costas e em minha mente continuava o mesmo. O reflexo do espelho me deixa cara a cara com a pele pálida e sem vida do meu rosto, olheiras profundas e arroxeadas assim com os meus lábios que um dia foram vermelhos. O que está no espelho é Angelina, mas eu não me reconheço. Como eu vim parar aqui? Como as coisas chegaram a este ponto?Eu não queria ter me separado do Alessandro, eu o amava...eu o amo! Eu só não queria que ele tivesse matado o Barry, queria que o Barry tivesse ido embora quando pedi. As coisas saíram do controle. Eu nem imagino o quão triste e decepcionado Alessandro deve estar, talvez esteja até mesmo pior do que eu. A única coisa que eu estou me apegando para não desistir de tudo e correr para a Rússia e me jogar nos braços de Alessandro, é volta de consciência que me veio. Aquela cena horrível me fez ver que eu não era a culpada por tudo, que m
ANGELINA — Que proposta? - Cruzo as mãos sobre a mesa.— Angelina, tudo que aconteceu também me deixou extremamente abalado. Eu descobri tarde demais que os sentimentos que eu tinha por você eram correspondidos antes mesmo que eu tivesse algum desejo por você, vi você se casar e mudar daquela forma, vi você dizer que amava outro e me prender na sua confusão do que sentia por mim. Não estou te culpando, eu fiquei porque quis, estou apenas dizendo que o que mais me mantinha ali era a esperança de que você pudesse me querer mais do que queria ele, e você nunca havia negado até então, e quando negou, acho que foi tarde demais para vocês. — Eu queria muito não ter te colocado naquele sofrimento, eu só não podia mentir para você e dizer que não havia sentimentos, quando havia sim. Eu já estava mentindo e escondendo demais com Alessandro, não queria o mesmo para você.— E ainda bem que fez isso, por isso estamos aqui agora. Era algo pendente que tínhamos há muito tempo, e tem que ser vivid