BARRY O'CONELL Entro fechando a porta atrás de mim. — Não era você que eu esperava ver por aqui. - arrumo o terno quando vejo Alessandro sentado na sala de reuniões — Surpresa. - me encara sem se mover do lugar. — Algumas são mais agradáveis que outras. - gesticulo puxando uma cadeira para me sentar. — Não tenha dúvida. Vamos á reunião? - Seus dedos trabalham em pegar Alguns papéis dentro de uma pasta preta. — Claro. - rio nasalmente. — Ela não virá, não é? - Eu sei que não, mas mesmo assim fico na tentação de perguntar só para ver a resposta dele, para ver sua feição cínica. — Quem? A minha esposa? - Ergue uma sobrancelha, ele diz a palavra esposa com orgulho e posse. — Não, Ela não virá. - suas mãos se entrelaçam sobre a mesa.— Você é um homem muito inseguro, chega a ser preocupante.— Ah, é? Fale mais, por favor. Sua opinião sobre mim realmente essencial para mim. — Não, eu não quero expor fatos.- dou ênfase, porque se eu fosse dizer o que tenho como opinião de Petrov, n
ANGELINA PETROVParo na porta do quarto, ouvindo uma voz feminina vindo da parte de dentro, mas precisamente do closet.— Quer que eu passe sua camisa?...parece um pouco amassada. Noto que é de Kiara, uma das empregadas. Ela está falando com Alessandro? Me apresso em entrar em silêncio, parando na porta do closet quando vejo ela com o dedo em seu peito sob o bolso da camisa que ele ainda está abotoando, deixando visível boa parte de seu peitoral. — É só um pouquinho...bem aqui. - diz pressionando o dedo.— O que está fazendo no meu quarto com meu marido? - Pergunto em alto e bom som, fazendo ela se virar com um susto e dar de cara com minha expressão de desaprovação.— Estava apenas limpando, senhora. - responde sem jeito mas não se afasta de Alessandro. — E aproveitei para me oferecer para passar a camisa do senhor Petrov. Não parece um pouco amassada paga Senhora?— Não, não parece. - cruzo os braços entrando no closet. — Não toque no meu marido ou se ofereça para fazer nada que
BARRY O'CONELL Ao passar pelo hall de acesso vejo Camila com sua mesa em frente a sala de Alessandro.— Boa tarde. - digo a ela quando ergue o olhar para mim, desviando dos papéis espalhados pela mesa que ela lia concentrada.— Pode me fazer um favor?— Boa tarde. - Sorri sem graça pelo susto que levou por minha chegada repentina. — Tem a ver com o senhor Petrov? Só posso cuidar das coisas relacionadas a ele.— Têm. - Assinto e coloco uma pasta na mesa. Ninguém imagina como eu odeio prestar contas de assuntos tão confidenciais da O'neill com este homem. — Preciso que entregue isso a ele, o certo seria entregar a Angelina mas...- deixo a frase indeterminada. — Ele está?— Não. - Puxa a pasta para si. — Ele está almoçando.... - A frase morrer pela metade em seus lábios. — Não se preocupe, eu entrego assim que ele voltar. — Obrigado. - suspiro. — Não vai almoçar? Eu estou indo então...se estiver no seu horário também, pode me fazer companhia.— Não... Obrigada! Eu tenho algumas coisas
ANGELINA PETROVSuas palavras vão perfurando meu coração.- Um dia eu te amei muito, Barry. Quando eu era uma adolescente, você era o homem mais lindo do mundo aos meus olhos. - o olho com admiração e toco sua barba por um momento, ele fecha os olhos, apreciando meu toque suave antes que acabe. - Até hoje você é muito lindo. Você sempre chamou muita atenção, e isso ia mudar além da sua aparência, era sua postura, sua voz, sua atenção, seu cheiro...suas palavras sempre tão sábias e certeiras, sua frieza e sensibilidade tão equilibradas para cada momento. E eu te adorava...todas as meninas te adoravam, todas queriam você, e eu queria mais do que todas elas...não sabe quantas cartas de amor escrevi pra você, você sempre tão ético nunca olhou para nenhuma de nós com malícia.- Eu jamais poderia, você e todas elas eram só meninas, Angelina. - É...e pensar assim nos roubou muito tempo e oportunidades. - Não, o que nos roubou tempo foi eu não ter confessado o que sentia por você quando fez
BARRY O'CONELLBato o copo de whisky na mesa irritado.— ESTOU OCUPADO! - bravo com a voz grossa Gesticulando com o braço rígido no ar, e jogo meus óculos de leitura sobre a mesa. — Mas você quem me chamou... - Camila diz abrindo a porta e deixando apenas metade de seu rosto visível entre a fresta. — Ah... é você Camila. - respiro pesado, passando as mãos pelo rosto. — Pode entrar, desculpe.— Está tudo mal ou péssimo? - Seu olhar para pela mesa vendo um maço de cigarro pela metade e uma garrafa de whisky vazia. — Não tenho nem palavras para expressar. - a olho e me levanto da cadeira indo até o aparador. Pego mais dois copos de whisky, colocando dois cubos de gelos em cada um antes de completar com o líquido marrom, e assim indo mais uma garrafa. — Queria não ter acordado hoje. - a ofereço o outro copo.Ela aceita, provavelmente por educação porque vejo a careta que faz pelo gosto forte— Deixa eu advinhar, Angelina... ?— A própria, o maior desastre natural dos últimos séculos c
ANGELINA PETROV Ao passar pelo corredor uma movimentação para meu caminho, me fazendo encostar o ouvido na porta de uma das salas. A sala que era temporária do Barry.A curiosidade me vence, fazendo eu abrir um pouquinho para espiar pela fresta, e é ele que eu vejo, triste, sentado na mesa e agarrado ao copo de whisky. Suspiro. Uma última vez...uma despedida. Adentro sem bater e vejo seu olhar neutro sobre mim ao notar minha presença ali. - Eu volto hoje a noite. - diz bebericando do copo.- Posso...me despedir? - brinco com meus dedos nervosamente, ele me encara ainda sentado. - Eu não quero ficar mal com você, você é uma das pessoas mais importantes da minha vida e minha intenção nunca foi te magoar, nunca foi te fazer sentir usado e nem te fazer passar por nada disso.- Eu vim porque quis, Angelina. Você não me pediu nada, pelo contrário...tentou evitar, eu escolhi correr o risco porque te amo. Você já está correndo culpas demais, não pegue mais essa para si. - se levanta, dan
ALESSANDRO PETROVEm um intervalo de apenas 6h me vi recebendo um tiro no braço, perdendo o amor da minha vida para outro (que me vejo obrigado a comentar que deixou a dor do tiro quase inexistente) retirando uma bala do braço, saindo do hospital da Salazar a força e indo direto para um bar, não sei quantas doses bebi, só sei que não foi o suficiente, qualquer um no meu lugar teria caído no chão na terceira garrafa, e infelizmente nada me deixou bêbado o suficiente. Nenhum álcool está sendo capaz de amenizar a dor e o vazio da perca de Angelina. Ao ser expulso do bar eu quis matar o barman, cheguei até mesmo a apontar uma arma para ele, mas sabia que se eu disparasse uma vez, eu não pararia ali...só pararia no segundo tiro, que seria para mim, dentro da minha boca. Entrar em casa e ver o vazio da ausência de Angelina me fez dispensar todos os empregados, eu não queria ver ninguém, não queria ter ninguém por perto e nem ser questionado de nada. Não queria dar explicações, apenas rece
ANGELINA — PASSAGEIROS DO VÔO PARA DUBLIN, IRLANDA, FAVOR SE DIRECIONAR AO PORTÃO DE EMBARQUE. Suspiro, olhando o número do meu vôo no cartão de embarque e Barry me acompanha. — Você está bem? - Me pergunta enquanto andamos pelo aeroporto.— Desculpe, Barry...eu não posso estar bem, hoje foi um dia muito terrível para mim. Foi tão intenso de uma forma totalmente negativa. Eu ainda estou assimilando tudo. — Eu entendo, está no direito de ficar triste e ainda mais confusa, mas as coisas vão melhorar. Por agora, só precisa voltar para casa e descansar. — Não sei nem o que dizer aos meus pais...- esfrego a mão na testa. — A verdade, sempre. - Diz me olhando nos olhos e eu faço que sim. — Você precisa de silêncio, e eu darei isso a você...vai ser uma viagem um pouco longa, estarei ao seu lado e se precisar conversar: Um centímetro de distância. - sorri sem mostrar os dentes e eu tento retribuir, parando um pouco o caminho que fazíamos para me encolher em seu abraço, ele me acolhe com