ANGELINA PETROV.O barulho dos grilos é minha única companhia na noite escura iluminada pelos postes do jardim junto a lua pálida, que com sua luz contra o gramado verde( Que está em uma das poucas épocas do ano não coberto de neve) dão um clima perfeito para minha leitura.— Boa noite. Me assusto quando a voz grave atinge meus ouvidos. — Quando chegou em casa? - levo a mão ao peito, fechando o livro enquanto ele se senta ao meu lado no banco.— Faz alguns minutos. Eu pensei que chegaria que minha mulher estaria nua no quarto me esperando, mas ela está aqui... - fala num tom leve mas acusatório e insatisfeito.— Me perdoe, senhor...- Retruco com deboche e humor. — Eu vim me distrair...- ergo o livro. — Acho que estou cada dia mais rendida por um bom romance.— Deveria focar no nosso e não na ficção. Os romances literários não podem ser mudados. — Acho que está é a graça...os romances que eu escolho sempre acabam com o final feliz, e isso não pode ser mudado. O final é sempre o Mes
ANGELINA PETROVAssim que vejo Barry vindo ao longe do elevador, me lanço dentro da sala de reuniões, respirando de alívio. Caminho até a mesa extensa e apoio as mãos, bufando.Não quero vê-lo, não quero falar com ele...não quero responder as perguntas que ele claramente tem a fazer. — Com licença....- Uma voz chama minha atenção dentro da sala quando a porta é aberta, me fazendo virar. — Está usando a sala?Vejo que se trata de algum membro do conselho o qual não me lembro o primeiro nome...se não me engano seu sobrenome é Barkov. Ele é alto, tem cabelos castanhos assim como os olhos, deve ter cerca de trinta anos. Não o conheço direito mas já o vi algumas reuniões e infelizmente é mais um dos desconhecidos que estava no meu casamento.— Ah, não. Desculpe...eu já estou de saída. - digo me apressando para ir até a porta. — Antes...Senhora Petrov, pode me esclarecer alguma dúvidas de trabalho sobre os negócios com a Irlanda? É importante, iria falar com o O'conell mas já que está aqu
ANGELINA PETROVMeu coração dispara quando meu braço é agarrado e puxado para dentro de uma das salas. — Quanto mais tempo vai tentar fugir de mim? - Barry pergunta com a voz grossa contra meu rosto, meu corpo todo se arrepia, ele está na minha frente, e atrás de mim a porta de madeira dupla que foi trancada com duas voltas. Ele não foi bruto ao me prender na parede, mas meu corpo está tão sensível devido as últimas surras que qualquer coisa me causa dor, e não posso evitar uma careta que ele nota. — Barry....- meus dedos esticam hesitante, me sinto tentada a toca-lo, mas contenho. — Pare de fugir, você sabe que temos que conversar, que tem que enfrentar nossas pendências.— Eu não estou fugindo de você. Estou tentando manter distância porque não quero mais isso, essa indecisão...essa situação que é tão ruim para mim e para você, nós não merecemos isso e eu sou casada agora, meu marido também não merece. É pelo bem do meu casamento. - O olho nos olhos.— Mais pelo seu próprio bem d
BARRY O'CONELL Entro fechando a porta atrás de mim. — Não era você que eu esperava ver por aqui. - arrumo o terno quando vejo Alessandro sentado na sala de reuniões — Surpresa. - me encara sem se mover do lugar. — Algumas são mais agradáveis que outras. - gesticulo puxando uma cadeira para me sentar. — Não tenha dúvida. Vamos á reunião? - Seus dedos trabalham em pegar Alguns papéis dentro de uma pasta preta. — Claro. - rio nasalmente. — Ela não virá, não é? - Eu sei que não, mas mesmo assim fico na tentação de perguntar só para ver a resposta dele, para ver sua feição cínica. — Quem? A minha esposa? - Ergue uma sobrancelha, ele diz a palavra esposa com orgulho e posse. — Não, Ela não virá. - suas mãos se entrelaçam sobre a mesa.— Você é um homem muito inseguro, chega a ser preocupante.— Ah, é? Fale mais, por favor. Sua opinião sobre mim realmente essencial para mim. — Não, eu não quero expor fatos.- dou ênfase, porque se eu fosse dizer o que tenho como opinião de Petrov, n
ANGELINA PETROVParo na porta do quarto, ouvindo uma voz feminina vindo da parte de dentro, mas precisamente do closet.— Quer que eu passe sua camisa?...parece um pouco amassada. Noto que é de Kiara, uma das empregadas. Ela está falando com Alessandro? Me apresso em entrar em silêncio, parando na porta do closet quando vejo ela com o dedo em seu peito sob o bolso da camisa que ele ainda está abotoando, deixando visível boa parte de seu peitoral. — É só um pouquinho...bem aqui. - diz pressionando o dedo.— O que está fazendo no meu quarto com meu marido? - Pergunto em alto e bom som, fazendo ela se virar com um susto e dar de cara com minha expressão de desaprovação.— Estava apenas limpando, senhora. - responde sem jeito mas não se afasta de Alessandro. — E aproveitei para me oferecer para passar a camisa do senhor Petrov. Não parece um pouco amassada paga Senhora?— Não, não parece. - cruzo os braços entrando no closet. — Não toque no meu marido ou se ofereça para fazer nada que
BARRY O'CONELL Ao passar pelo hall de acesso vejo Camila com sua mesa em frente a sala de Alessandro.— Boa tarde. - digo a ela quando ergue o olhar para mim, desviando dos papéis espalhados pela mesa que ela lia concentrada.— Pode me fazer um favor?— Boa tarde. - Sorri sem graça pelo susto que levou por minha chegada repentina. — Tem a ver com o senhor Petrov? Só posso cuidar das coisas relacionadas a ele.— Têm. - Assinto e coloco uma pasta na mesa. Ninguém imagina como eu odeio prestar contas de assuntos tão confidenciais da O'neill com este homem. — Preciso que entregue isso a ele, o certo seria entregar a Angelina mas...- deixo a frase indeterminada. — Ele está?— Não. - Puxa a pasta para si. — Ele está almoçando.... - A frase morrer pela metade em seus lábios. — Não se preocupe, eu entrego assim que ele voltar. — Obrigado. - suspiro. — Não vai almoçar? Eu estou indo então...se estiver no seu horário também, pode me fazer companhia.— Não... Obrigada! Eu tenho algumas coisas
ANGELINA PETROVSuas palavras vão perfurando meu coração.- Um dia eu te amei muito, Barry. Quando eu era uma adolescente, você era o homem mais lindo do mundo aos meus olhos. - o olho com admiração e toco sua barba por um momento, ele fecha os olhos, apreciando meu toque suave antes que acabe. - Até hoje você é muito lindo. Você sempre chamou muita atenção, e isso ia mudar além da sua aparência, era sua postura, sua voz, sua atenção, seu cheiro...suas palavras sempre tão sábias e certeiras, sua frieza e sensibilidade tão equilibradas para cada momento. E eu te adorava...todas as meninas te adoravam, todas queriam você, e eu queria mais do que todas elas...não sabe quantas cartas de amor escrevi pra você, você sempre tão ético nunca olhou para nenhuma de nós com malícia.- Eu jamais poderia, você e todas elas eram só meninas, Angelina. - É...e pensar assim nos roubou muito tempo e oportunidades. - Não, o que nos roubou tempo foi eu não ter confessado o que sentia por você quando fez
BARRY O'CONELLBato o copo de whisky na mesa irritado.— ESTOU OCUPADO! - bravo com a voz grossa Gesticulando com o braço rígido no ar, e jogo meus óculos de leitura sobre a mesa. — Mas você quem me chamou... - Camila diz abrindo a porta e deixando apenas metade de seu rosto visível entre a fresta. — Ah... é você Camila. - respiro pesado, passando as mãos pelo rosto. — Pode entrar, desculpe.— Está tudo mal ou péssimo? - Seu olhar para pela mesa vendo um maço de cigarro pela metade e uma garrafa de whisky vazia. — Não tenho nem palavras para expressar. - a olho e me levanto da cadeira indo até o aparador. Pego mais dois copos de whisky, colocando dois cubos de gelos em cada um antes de completar com o líquido marrom, e assim indo mais uma garrafa. — Queria não ter acordado hoje. - a ofereço o outro copo.Ela aceita, provavelmente por educação porque vejo a careta que faz pelo gosto forte— Deixa eu advinhar, Angelina... ?— A própria, o maior desastre natural dos últimos séculos c