ANGELINA PETROV Me abaixo no chão evitando encostar meu joelho na poça de sangue, meu rosto já está sujo o suficiente. Levo meu dedo coberto pelo líquido vermelho até o pescoço dela e vejo que sua pulsação não existe mais, e ao parar para reparar em sua cabeça, vejo que o estrago foi feio, o que me gera um incomodo tão grande que a careta de pavor e nojo que fiz se desfaz e se transforma em uma ânsia que me faz correr pela casa até achar um banheiro, me jogo de joelhos no chão e vomito tudo na privada. Pesco o telefone no bolso indo na chamada rápido e aguardo na linha enquanto tento recuperar a minha respiração.— Alô? — Mãe...mãe...- Digo ofegante e com a voz trêmula, quase chorosa. Eu nunca havia tirado uma vida antes, nunca me imaginei de fato fazendo isso, por mais que na realidade em que vivo isso fosse óbvio que aconteceria um dia, mas o plano era evitar o máximo e caso fosse necessário, terceirizar a tarefa. Não estou arrependida, apenas desnorteada.— Angelina? Você está
Alessandro PetrovMeus dedos passam por cima do rosto de Angelina por cima do vídeo que cobre a foto do porta retrato em cima da minha mesa. Ela vestida de noiva ao meu lado em nossa festa casamento...por mais que não tenha sido no melhor clima, foi o meu dia de grande vitória.Ela finalmente foi minha...a promessa que fiz a mim mesmo desde que me entendo por gente foi cumprida.ANOS ATRÁS...Me sento na cama, desistindo de ficar deitado.— Nádia? - Suspiro, tentando controlar minha irritação, já é a terceira ligação que fiz para ela, e só agora atendeu. — Oi? - Diz soando ainda mais irritada do outro lado. — Uma hora dessa...eu estava fazendo meu skin care noturno.— Vai ser rápido, não é com você que eu quero falar. Angelina não me atende, deve estar sem bateria...enfim, quero falar com ela, passe para ela. — A Angel não está aqui...Fico em silêncio por alguns instantes.— Como assim não está? Ela saiu daqui dizendo que ia na sua casa. — E ela veio, eu ajudei ela a se arrumar pa
ANGELINA PETROV — Demorou hoje...eu vim na frente porque estava um pouco cansada e tive que resolver algumas pendências com os empregados. - digo saindo do closet quando vejo ele entrar no quarto no quarto. Ele não me responde e bate a porta com força, fazendo um estrondo que me faz dar um pulo no lugar e arregalar os olhos em alerta. Sua pele está pálida, seus cabelos longos abaixo da orelha estão desalinhados, sinal que ele os puxou muito. Os lábios comprimidos mostrando preocupação. — Ei...- chamo sua atenção e vejo que seu rosto não está nada bom, o que me faz ir em sua direção e colocar a mão em seu peito, bloqueando seu caminho. — O que aconteceu? - desço o olhar por seu rosto avaliando.— Só quero que essa merda de dia acabe logo. - Passa por mim e eu me viro, o vendo ir até o frigobar e abrir uma garrafa de whisky.— Brigou com alguém?— O meu pai disse que não vai me dar o cargo de sub-chefe até que os roubos de cargas sejam resolvidos. Ele gritou comigo como se eu fosse u
ANGELINA PETROV.O barulho dos grilos é minha única companhia na noite escura iluminada pelos postes do jardim junto a lua pálida, que com sua luz contra o gramado verde( Que está em uma das poucas épocas do ano não coberto de neve) dão um clima perfeito para minha leitura.— Boa noite. Me assusto quando a voz grave atinge meus ouvidos. — Quando chegou em casa? - levo a mão ao peito, fechando o livro enquanto ele se senta ao meu lado no banco.— Faz alguns minutos. Eu pensei que chegaria que minha mulher estaria nua no quarto me esperando, mas ela está aqui... - fala num tom leve mas acusatório e insatisfeito.— Me perdoe, senhor...- Retruco com deboche e humor. — Eu vim me distrair...- ergo o livro. — Acho que estou cada dia mais rendida por um bom romance.— Deveria focar no nosso e não na ficção. Os romances literários não podem ser mudados. — Acho que está é a graça...os romances que eu escolho sempre acabam com o final feliz, e isso não pode ser mudado. O final é sempre o Mes
ANGELINA PETROVAssim que vejo Barry vindo ao longe do elevador, me lanço dentro da sala de reuniões, respirando de alívio. Caminho até a mesa extensa e apoio as mãos, bufando.Não quero vê-lo, não quero falar com ele...não quero responder as perguntas que ele claramente tem a fazer. — Com licença....- Uma voz chama minha atenção dentro da sala quando a porta é aberta, me fazendo virar. — Está usando a sala?Vejo que se trata de algum membro do conselho o qual não me lembro o primeiro nome...se não me engano seu sobrenome é Barkov. Ele é alto, tem cabelos castanhos assim como os olhos, deve ter cerca de trinta anos. Não o conheço direito mas já o vi algumas reuniões e infelizmente é mais um dos desconhecidos que estava no meu casamento.— Ah, não. Desculpe...eu já estou de saída. - digo me apressando para ir até a porta. — Antes...Senhora Petrov, pode me esclarecer alguma dúvidas de trabalho sobre os negócios com a Irlanda? É importante, iria falar com o O'conell mas já que está aqu
ANGELINA PETROVMeu coração dispara quando meu braço é agarrado e puxado para dentro de uma das salas. — Quanto mais tempo vai tentar fugir de mim? - Barry pergunta com a voz grossa contra meu rosto, meu corpo todo se arrepia, ele está na minha frente, e atrás de mim a porta de madeira dupla que foi trancada com duas voltas. Ele não foi bruto ao me prender na parede, mas meu corpo está tão sensível devido as últimas surras que qualquer coisa me causa dor, e não posso evitar uma careta que ele nota. — Barry....- meus dedos esticam hesitante, me sinto tentada a toca-lo, mas contenho. — Pare de fugir, você sabe que temos que conversar, que tem que enfrentar nossas pendências.— Eu não estou fugindo de você. Estou tentando manter distância porque não quero mais isso, essa indecisão...essa situação que é tão ruim para mim e para você, nós não merecemos isso e eu sou casada agora, meu marido também não merece. É pelo bem do meu casamento. - O olho nos olhos.— Mais pelo seu próprio bem d
BARRY O'CONELL Entro fechando a porta atrás de mim. — Não era você que eu esperava ver por aqui. - arrumo o terno quando vejo Alessandro sentado na sala de reuniões — Surpresa. - me encara sem se mover do lugar. — Algumas são mais agradáveis que outras. - gesticulo puxando uma cadeira para me sentar. — Não tenha dúvida. Vamos á reunião? - Seus dedos trabalham em pegar Alguns papéis dentro de uma pasta preta. — Claro. - rio nasalmente. — Ela não virá, não é? - Eu sei que não, mas mesmo assim fico na tentação de perguntar só para ver a resposta dele, para ver sua feição cínica. — Quem? A minha esposa? - Ergue uma sobrancelha, ele diz a palavra esposa com orgulho e posse. — Não, Ela não virá. - suas mãos se entrelaçam sobre a mesa.— Você é um homem muito inseguro, chega a ser preocupante.— Ah, é? Fale mais, por favor. Sua opinião sobre mim realmente essencial para mim. — Não, eu não quero expor fatos.- dou ênfase, porque se eu fosse dizer o que tenho como opinião de Petrov, n
ANGELINA PETROVParo na porta do quarto, ouvindo uma voz feminina vindo da parte de dentro, mas precisamente do closet.— Quer que eu passe sua camisa?...parece um pouco amassada. Noto que é de Kiara, uma das empregadas. Ela está falando com Alessandro? Me apresso em entrar em silêncio, parando na porta do closet quando vejo ela com o dedo em seu peito sob o bolso da camisa que ele ainda está abotoando, deixando visível boa parte de seu peitoral. — É só um pouquinho...bem aqui. - diz pressionando o dedo.— O que está fazendo no meu quarto com meu marido? - Pergunto em alto e bom som, fazendo ela se virar com um susto e dar de cara com minha expressão de desaprovação.— Estava apenas limpando, senhora. - responde sem jeito mas não se afasta de Alessandro. — E aproveitei para me oferecer para passar a camisa do senhor Petrov. Não parece um pouco amassada paga Senhora?— Não, não parece. - cruzo os braços entrando no closet. — Não toque no meu marido ou se ofereça para fazer nada que