Eu voava alto, muito alto. Tudo parecia ter tamanho mínimo lá de cima. O frio da altitude açoitava a aerodinâmica de meu corpo e a baixa pressão martelava meus ouvidos de dentro para fora. Meus olhos lacrimejavam um pouco, mas nada disso era insuportável. Eu voltava de casa onde passei um dia inteiro mimando Wyryn. Um dia que pareceu alguns momentos. Já sentia a falta dela novamente. Ela parecia se virar bem sozinha com a gestação, caçando quando precisava e dormindo a maior parte do tempo. Sabia, pelo que lhe fora ensinado a vida inteira, que meu comportamento não era comum. Que era demasiado protetor para um companheiro. Todavia, mostrou-se bastante receptiva: gostava dos meus carinhos e mimos. E gostava muito.
—Comecemos a fazer o que viemos fazer,Wlyn. Prometo que não esquecerei o que disseste e não prometo nada além, mas agora vamos ao trabalho.—Tudo bem,Dryfr. Comecemos por compartilhar informações sobre Nova Roma. O que podes me falar?—Segundo o Mestre, — Rápida como um relâmpago, a pequena águia chegou à borda sul da cidade e, em alguns instantes, ao centro da cidade e ao castelo. Voou até o pátio, deu algumas voltas pelas construções centrais e adentrou por uma janela. Foi quando perdi o contato visual e comecei a analisar as formas de Nova Roma.Era uma grande cidade com arquitetura diversificada. Tinha muitas igrejas de todos os tamanhos possíveis, concentrando-se as maiores mais perto do castelo e dentro das muralhas ficava a maior delas. O castelo era amplo, abrigando não só a maior das igrejas como um palácio central imponente, e26 - CIDADE
Lá chegando, encontrei-a adormecida. Como um ser podia ser tão belo e mágico mesmo dormindo? Senti-me feliz ao olhar para seufocinho sereno, olhos fechados e queixo repousado sobre as patas dianteiras cruzadas. Sua boca formava um quase sorriso de satisfação e a respiração era leve como a brisa de um amanhecer primaveril.Deitada de barriga para baixo sobre meu leito de preciosidades, as asas relaxadas pendiam soltas um pouco afastadas do corpo. Ela se encantaraaprimeira vista com meu precioso leito e logo dispensou as peles macias. Quem poderia culpá-la? Afinal é mesmo maravilhoso. Com
Cheguei ao ponto de observação no meio da madrugada, e vendo o fraco movimento lá embaixo, tirei mais um cochilo.—Acorde,Dryfr, não tenho muito tempo.Fui acordado por uma voz aguda com o timbre e entonação parecidos com o deWlyn. Levantei rápido, ficando em um salto sobre as quatro patas. Olhei ao redor, mas não a vi. Sentia seu cheiro, mas não a v
Acordei assustado em um pulo, ao minguar do sol. Os últimos raios sumiam no horizonte avermelhado. Minhas narinas ardiam com um odor que me perturbava há dias. O cheiro dela! A sentinela! Eu sonhara repetidas vezes com ela, e o odor agora me torturava cada vez que eu a sentia. Nos meus pesadelos, aquele cheiro queimava minhas narinas ao entrar e derretia meu cérebro ao lá chegar. Mas agora eu não sonhara. Como poderia farejá-la? Olhei para os lados instintivamente e cafunguei todos os cantos da pequena clareira. Não era possível! Eu estarialouco? Que insanidade era aquela que não me deixava em paz? Como eu poderia sentir o odor de alguém que provavelmente morrera? Sonhar é uma coisa, mas eu estava consciente. Tentei me acalmar e prestar atenção em meu faro: o c
Era dia quando cheguei em casa sob espessas nuvens que prometiam despejar uma tempestade em pouco tempo.Adentrei a minha caverna vertical percorrendo o sinuoso caminho o mais rápido que pude. Sempre que chovia demais, a água escorria em finas cascatas túnel adentro e, lá embaixo, se distribuía em pequenos lagos e riachos subterrâneos de leitos rochosos, alguns dos quais passam por dentro da minha morada fornecendo um suprimento inesgotável de água. Esses pequenos rios e lagos se conectam subterraneamente entre si e ao Rio da Floresta quilômetros adentro da Grande Floresta perto de minha montanha.
Cheguei à noite e, ao adentrar à clareira, percebi de imediato que um orbe de luz flutuava entre as árvores. Uma mensagem deixada porWlynquando ali estivera.Utilizamoso orbespara deixar recados uns para os outros dispensando a necessidade de uma língua escrita como os humanos, elfos, anões e outras raças subdesenvolvidas têm. O que temos de mais próximo disso são os padrões de luz. Basicamente, lemos a luz. Há muito tempo, criamos uma série de padrões, ou “palavras”, por assim dizer, que podem ser reproduzidos com a simples irradiaç&at
Na madrugada seguinteWlynveio, comoprometido.—Olá,Dryfr— cumprimentou já na forma original.Chegara em forma de águia.—