Kai havia reservado o dia inteiro para procurarmos um lugar para morar. Morgana e Alexander foram incríveis ao nos acolherem quando mais precisávamos, mas já era hora de termos o nosso próprio lar. Um espaço só nosso, onde poderíamos recomeçar.Mesmo sabendo que Rubi estava segura com minha cunhada, meu coração apertava pela primeira vez ao me afastar dela. Mas eu precisava acompanhar meu marido em todas as visitações. Essa era uma decisão importante para nossa família, e eu queria estar ao lado dele em cada passo.— O que acharam? — perguntou o corretor, com um sorriso paciente.Dessa vez, não era uma casa com jardim. Era um apartamento amplo, moderno e seguro, em um condomínio fechado. Parte de mim ainda sonhava com aquele lar perfeito de comercial de margarina — crianças correndo pela grama, balanços no quintal, tardes ensolaradas de brincadeiras ao ar livre... Mas a vida havia mudado meus planos. Depois de tudo o que passamos, a segurança se tornou prioridade.— Eu amei — declarei
— Não consigo me lembrar. — Falei, franzindo a testa, confuso. Alguma coisa me parecia vagamente familiar, mas não conseguia encontrar motivo algum para que alguém estivesse fazendo isso. Havia um peso no meu peito, uma sensação de alerta, mas sem um foco claro. Alexander apontou para as cadeiras diante dele, e eu e Cassidy nos sentamos. O ambiente estava carregado, como se um segredo prestes a ser revelado pairasse no ar. Meu olhar vagou para o homem ao lado de Alexander. Eu sabia quem ele era —um de seus amigos que ajudaram no resgate de Joshua quando ele foi sequestrado. — Conhece Suzy Lawrence? — Alexander indagou, apoiando os cotovelos sobre a mesa. — Não. — Franzi o cenho, ainda tentando entender onde ele queria chegar. O nome não me era estranho, mas eu não conseguia associá-lo a ninguém. Alexander revirou os olhos, impaciente. — Sinceramente, Kai. — Sua voz tinha um tom de censura. — Ela trabalhou na empresa. Se esqueceu da funcionária que você pegou em uma boate
Eu não sabia o que pensar. Meu coração estava dividido entre a preocupação com o presente e o medo do futuro. Meu futuro. Minha vida conjugal. Uma mão pousou suavemente sobre meu ombro, tirando-me do turbilhão de pensamentos. Virei o rosto e encontrei minha cunhada. Seu olhar era gentil, quase como se já soubesse o que se passava dentro de mim. — Está tudo bem? Precisa dividir algo? — Sua voz era um convite ao desabafo. Engoli em seco. — Estou bem, eu só… — Cass, eu também sou mulher… e casada — brincou, lançando-me um olhar compreensivo. — Vamos, pode falar. Suspirei, sentindo um nó se formar na garganta. — Eu não sei, Morg. Essas coisas que estão acontecendo... é a segunda mulher que aparece para fazer essas palhaçadas idiotas. Eu sei que Kai não quer isso, tanto quanto eu não quero, mas... é pesado aguentar tudo isso. Vai ser sempre assim? Não era assim que eu imaginava o início do meu casamento. Achei que estaríamos aproveitando cada momento, que estaríamos radian
Passei o braço pelo corpo nu de Cassidy, sentindo a maciez de sua pele sob meu toque. O calor dela contra mim despertou algo instantaneamente, e um sorriso brotou nos meus lábios ao perceber seu corpo se remexendo levemente. Logo depois, ouvi sua risada sonolenta, aquela que eu tanto amava. — Alguém acordou feliz. — Ela murmurou com um tom divertido. — Muito. — sussurrei em seu ouvido, minha boca roçando suavemente sua pele. Cassidy virou-se de frente para mim, o lençol deslizando até sua cintura, revelando suas curvas perfeitas. Meu olhar percorreu cada detalhe, admirando-a. — Você está linda assim, amor. — Minha voz saiu carregada de sinceridade. — E você também. — Ela respondeu, deslizando os dedos lentamente pelo meu peito. Seus olhos brilharam com um toque de malícia antes de acrescentar: — Acho que eu também estou animada… Seu sorriso sugestivo fez meu coração acelerar. — Ah, querida, estamos sempre em sintonia. Deslizei minhas mãos por sua cintura e a puxei pa
Cassidy Anos atrás — Você é linda, Cassidy. Eu sempre quis você. Posso te beijar?” Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Kai Hoke, minha paixão platônica, estava se declarando para mim. Ele segurava minha cintura, sua boca estava próxima à minha, e aquele olhar cheio de desejo me arrepiava, eu quis gritar e afirmar que sim, mas minha voz trêmula apenas conseguiu dizer: “— Me beije, Kai, por favor — supliquei.” “— Seu desejo é uma ordem, meu doce — sussurrou, inclinando o rosto para me beijar.” Não tive tempo de sentir o gosto de seus lábios. O som do alarme tocou, e aquela imagem dele me segurando começou a se dissipar. Não... não... foi um sonho? Eu sonhei de novo com Kai Hoke me beijando? Bufei, inconformada, e desliguei o alarme do telefone. Levantei-me, arrastando os pés, frustrada. — Isso está me enlouquecendo — murmurei para mim mesma. Caminhei até o banheiro, pronta para começar o dia e tentar aproveitá-lo sem fantasiar com um amor proibido. Hoje é o meu anive
Kai Hoke— Kai, vamos precisar viajar em breve, tudo bem? — Dylan, meu irmão, entrou na minha sala e afirmou. — Para onde? — Nova York, irmão. Início da fiscalização das obras do empreendimento do hospital. Teremos que ir, porque o cliente quer os responsáveis diretos lá, e não apenas "algum encarregado". — Fez aspas com os dedos e revirou os olhos. — Insuportável — murmurei. — Concordo, mas assinamos o contrato. Temos que ir — enfatizou. — Quando? — Semana que vem. Podemos passar no apartamento e ver como os meninos estão — sugeriu. — Sim, pelo menos não vai ser uma viagem totalmente perdida — ri. Mike já está lá há quase dois anos, e Cassidy foi no início desse ano, os dois são irmãos da minha cunhada e eu gostei deles logo que os conheci. Faz bastante tempo que não vejo os dois. Aqueles irmãos são como sobrinhos de verdade. Eu os amo como se fossem parte da minha família. Ir visitá-los não será tão chato assim. Podemos ver se estão precisando de alguma co
Cassidy Algumas coisas não mudam. O tempo passa, eu tenho mais oportunidades de viver minha vida, mas continuo presa nos meus pensamentos, imaginando como deve ser estar no lugar das mulheres nas fotos ao lado de Kai. Minha última aula terminou e eu estava indo para casa quando senti uma mão em meu ombro. Parei e me virei. — Cass. — Oi, Peter. — sorri, surpresa. Peter e eu trocamos poucas palavras neste ano, e quase não tivemos interações além de olhares e, como Mike diria, "um clima". — Então, vai rolar uma festa hoje. Topa? — perguntou. Pisquei, surpresa com o convite. Nunca tivemos intimidade além de um simples "bom dia". — Ah, obrigada, mas não sei se vou conseguir, tenho muito o que estudar — respondi, sorrindo sem graça. — Tudo bem, se mudar de ideia, esse é meu número. Até mais. — Ele me entregou um papel e sorriu. Peter tocou meu ombro antes de se afastar. Fiquei alguns segundos tentando entender a situação, mas logo dei de ombros e segui meu caminho.
Já faz uma semana que cometi a maior burrada da minha vida. O que eu tinha na cabeça para achar que Kai simplesmente iria sorrir para mim e me beijar apaixonadamente? Claro que ele fez o completo oposto. Estou exausta de sentir isso, de ficar olhando as notícias dele e vê-lo saindo com mulheres diferentes a cada fim de semana. Preciso acabar com esse sentimento de uma vez por todas. Mike percebeu minha tristeza nos últimos dias, mas disfarcei e disse que era apenas preocupação com as matérias difíceis. — Você parece muito triste, quer fazer algo? Olha, sei que não curto essas coisas, mas... — ele respirou fundo. — Vai ter uma festa amanhã à noite. Vai querer ir? — Quem é você e o que fez com meu irmão recluso? — sorri. — Está tudo bem, Mike. Não quero ir, vamos em outro lugar. Talvez ao shopping? — Você é a melhor irmã. Eu odiaria ficar mais de trinta minutos com aquele bando de idiotas se esfregando uns nos outros, suados e bêbados. — Falando assim, parece nojento — gargalhei.