— Calma, Kai. Você não vai resolver nada assim. — Como quer que eu tenha calma? — rebati, a voz carregada de raiva. — Uma estranha abordou minha esposa e minha filha ontem! Minha bebê! Você tem ideia do que isso significa? Eu sequer consegui dormir, Alexander! Você sabe o que é isso. Você já passou pelo mesmo! Ele me olhou nos olhos e acenou, concordando. — Sei, e é exatamente por isso que estou dizendo que perder o controle não vai adiantar nada. Vamos manter a cabeça no lugar. Precisamos atrair essa pessoa, fazê-la se revelar. — Por que não se mudam para cá de uma vez? — Joshua sugeriu. Soltei um riso curto, sem humor. — No meio dessa confusão? Talvez… Nova York seja… — balancei a cabeça, frustrado. — Ah, esquece. Lá já tem aquela maluca nos perseguindo. É isso, então? Onde quer que eu vá, sempre haverá alguma idiota apaixonada por mim infernizando minha esposa? — É o preço de ser um… como era mesmo que você dizia? "Rei da Noite"? — Dylan debochou. Lancei-lhe um o
Kai havia reservado o dia inteiro para procurarmos um lugar para morar. Morgana e Alexander foram incríveis ao nos acolherem quando mais precisávamos, mas já era hora de termos o nosso próprio lar. Um espaço só nosso, onde poderíamos recomeçar.Mesmo sabendo que Rubi estava segura com minha cunhada, meu coração apertava pela primeira vez ao me afastar dela. Mas eu precisava acompanhar meu marido em todas as visitações. Essa era uma decisão importante para nossa família, e eu queria estar ao lado dele em cada passo.— O que acharam? — perguntou o corretor, com um sorriso paciente.Dessa vez, não era uma casa com jardim. Era um apartamento amplo, moderno e seguro, em um condomínio fechado. Parte de mim ainda sonhava com aquele lar perfeito de comercial de margarina — crianças correndo pela grama, balanços no quintal, tardes ensolaradas de brincadeiras ao ar livre... Mas a vida havia mudado meus planos. Depois de tudo o que passamos, a segurança se tornou prioridade.— Eu amei — declarei
— Não consigo me lembrar. — Falei, franzindo a testa, confuso. Alguma coisa me parecia vagamente familiar, mas não conseguia encontrar motivo algum para que alguém estivesse fazendo isso. Havia um peso no meu peito, uma sensação de alerta, mas sem um foco claro. Alexander apontou para as cadeiras diante dele, e eu e Cassidy nos sentamos. O ambiente estava carregado, como se um segredo prestes a ser revelado pairasse no ar. Meu olhar vagou para o homem ao lado de Alexander. Eu sabia quem ele era —um de seus amigos que ajudaram no resgate de Joshua quando ele foi sequestrado. — Conhece Suzy Lawrence? — Alexander indagou, apoiando os cotovelos sobre a mesa. — Não. — Franzi o cenho, ainda tentando entender onde ele queria chegar. O nome não me era estranho, mas eu não conseguia associá-lo a ninguém. Alexander revirou os olhos, impaciente. — Sinceramente, Kai. — Sua voz tinha um tom de censura. — Ela trabalhou na empresa. Se esqueceu da funcionária que você pegou em uma boate
Eu não sabia o que pensar. Meu coração estava dividido entre a preocupação com o presente e o medo do futuro. Meu futuro. Minha vida conjugal. Uma mão pousou suavemente sobre meu ombro, tirando-me do turbilhão de pensamentos. Virei o rosto e encontrei minha cunhada. Seu olhar era gentil, quase como se já soubesse o que se passava dentro de mim. — Está tudo bem? Precisa dividir algo? — Sua voz era um convite ao desabafo. Engoli em seco. — Estou bem, eu só… — Cass, eu também sou mulher… e casada — brincou, lançando-me um olhar compreensivo. — Vamos, pode falar. Suspirei, sentindo um nó se formar na garganta. — Eu não sei, Morg. Essas coisas que estão acontecendo... é a segunda mulher que aparece para fazer essas palhaçadas idiotas. Eu sei que Kai não quer isso, tanto quanto eu não quero, mas... é pesado aguentar tudo isso. Vai ser sempre assim? Não era assim que eu imaginava o início do meu casamento. Achei que estaríamos aproveitando cada momento, que estaríamos radian
Passei o braço pelo corpo nu de Cassidy, sentindo a maciez de sua pele sob meu toque. O calor dela contra mim despertou algo instantaneamente, e um sorriso brotou nos meus lábios ao perceber seu corpo se remexendo levemente. Logo depois, ouvi sua risada sonolenta, aquela que eu tanto amava. — Alguém acordou feliz. — Ela murmurou com um tom divertido. — Muito. — sussurrei em seu ouvido, minha boca roçando suavemente sua pele. Cassidy virou-se de frente para mim, o lençol deslizando até sua cintura, revelando suas curvas perfeitas. Meu olhar percorreu cada detalhe, admirando-a. — Você está linda assim, amor. — Minha voz saiu carregada de sinceridade. — E você também. — Ela respondeu, deslizando os dedos lentamente pelo meu peito. Seus olhos brilharam com um toque de malícia antes de acrescentar: — Acho que eu também estou animada… Seu sorriso sugestivo fez meu coração acelerar. — Ah, querida, estamos sempre em sintonia. Deslizei minhas mãos por sua cintura e a puxei pa
Antes de abrir a porta do carro, soltei um longo suspiro, sentindo o peso da situação. Meus pensamentos estavam em Cassidy e Rubi, que ficaram em casa, alheias ao que eu estava prestes a fazer. Alexander, ao meu lado, observava atentamente. — É aqui — disse ele, firme. — Suzy trabalha nesta empresa de contabilidade. Foi contratada como secretária. Assenti, tentando controlar a ansiedade. — E você tem certeza de que isso é uma boa ideia? Alexander me lançou um olhar afiado, como se minha pergunta fosse absurda. — Eu marquei uma reunião com o dono. Ele já sabe do que se trata. Assim, fica mais fácil chegarmos até ela. — Isso é legal? Dessa vez, ele nem se deu ao trabalho de responder, apenas soltou um suspiro impaciente antes de dar o primeiro passo rumo ao prédio. Eu o segui. Ele parecia saber exatamente onde ir. Cruzamos corredores até finalmente a avistarmos. Suzy estava atrás do balcão, falando ao telefone. Nos aproximamos em silêncio. No instante em que seus olhos r
Kai estava preso no quarto há muitas horas. A noite começava a cair, depois de dar banho em Rubi e vesti-la com seu pijaminha macio, decidi que era hora de ver como ele estava. Peguei minha bebê e fomos juntas até a porta do quarto. Dei duas batidas suaves antes de girar a maçaneta. Ao abrir a porta, encontrei Kai sentado na cama, o rosto iluminado pela tela do tablet. Seu olhar estava perdido, concentrado em algo que não consegui identificar. Mas assim que percebeu nossa presença, colocou o aparelho de lado e abriu um sorriso discreto, um daqueles que sempre me fazia sentir um calor confortável no peito. — Oi, meu amor — murmurei, avançando um pouco. — Viemos ver se você está bem. Ele ergueu o olhar e estendeu a mão para nós, sua voz soando mais suave do que o habitual. — Venham aqui, minhas lindas garotas. Rubi se remexeu, ansiosa, estendendo os bracinhos para o pai. Kai não hesitou em pegá-la, puxando-a para seu colo com facilidade. Com carinho, deitou-a na cama e começou a f
Voltar à minha sala depois de tanto tempo foi como respirar ar fresco. Passei anos trabalhando aqui, e meu pai, ainda em vida, testemunhou o esforço meu e de meus irmãos para manter tudo funcionando. Agora, retornar a este espaço carregado de memórias trazia um misto de nostalgia e renovação. Olhei para frente e sorri ao ver Cassidy parada junto à janela. Ela conversava animadamente com nossa filha, o rosto iluminado pelo reflexo do sol no vidro. — A conversa parece estar boa — comentei, aproximando-me. Cassidy virou-se para mim com um sorriso radiante. — Estou mostrando para a Rubi essa vista incrível — respondeu, os olhos brilhando de entusiasmo. Ela se afastou da janela e veio ao meu encontro, demonstrando curiosidade. — Sabia que sempre tive vontade de conhecer sua sala de trabalho? — perguntou, observando os detalhes ao redor. — É mesmo? E o que achou? — Mais ou menos... acho que falta um toque de decoração. Soltei uma risada leve. — Já cuidei disso, querida