Duas barras. Eu não sabia se deveria chorar, gritar ou simplesmente rir do absurdo da situação. Meu peito apertava, o ar parecia rarefeito. Isso não pode estar acontecendo. Não agora. Não quando Rubi ainda é tão pequena. Isso não estava nos meus planos.Meus dedos tremiam ao segurar o teste de gravidez. O visor digital brilhava uma verdade incontestável: positivo.Um nó se formou na minha garganta. O peso daquela palavra caiu sobre mim como uma avalanche. Meu coração martelava contra as costelas, cada batida me lembrando da realidade que eu não poderia mudar.— Tudo bem aí? Cass, é normal demorar? — A voz de Kai ecoou do outro lado da porta, preocupada.Fechei os olhos, tentando me recompor. Respirei fundo e destravei a porta.Assim que me viu, o rosto dele se contraiu em preocupação. Ele não precisou perguntar. Seus olhos foram direto para o teste em minha mão, e eu vi a tensão tomar conta do seu corpo.— Foi positivo? — Sua voz saiu baixa, hesitante. Ele avançou, segurando meu rost
Cassidy precisava de mais um incentivo para se acalmar. Eu sabia que minha mulher ficaria daquele jeito, não era esperado, mas, ainda assim, a felicidade me dominava.Corri até a joalheria mais próxima, buscando algo que a fizesse sorrir. Precisava ser perfeito. Então, encontrei: um colar delicado, desenhado para mães. No pingente, duas pequenas figuras – um menino e uma menina, irmãos. Era um sinal. Eu sentia, lá no fundo, que estávamos esperando um menino. Não sabia como, era cedo demais para ter certeza, mas eu simplesmente sabia.Teríamos um casal.A euforia tomou conta de mim. Pedi à atendente que caprichasse na embalagem e escolhi um cartão para escrever à mão. Precisava ser especial.Com tudo pronto, entrei no carro e segui de volta para casa, mas, no meio do caminho, meu celular tocou. Era Joshua.— Kai, está tudo bem por aí?— Sim, tudo certo. Por quê?— Olívia saiu para ver Cassidy. Ela disse que Cass não estava bem e precisava dela.Franzi a testa.— Entendi. Eu não estou e
O almoço transcorreu entre risadas e conversas leves, mas minha mente ainda estava presa na imagem daquela mensagem. Daquela foto.Cassidy parecia melhor, e eu queria manter a tranquilidade daquela noite, mas um instinto primal latejava dentro de mim. A sensação de ser observado. Depois do jantar, enquanto todos estavam entretidos, chamei Olivia para conversar no corredor. — Preciso falar com você. — falei baixo. Ela arqueou a sobrancelha, intrigada.— Aconteceu alguma coisa?Respirei fundo, conferindo se ninguém estava por perto.— Antonella Rizzo. Acho que ela está me seguindo. E eu preciso que você fique de olho na sua casa, eu estive lá hoje de manhã. A expressão de Olivia mudou instantaneamente. Seus ombros enrijeceram, e o olhar se tornou alerta.— Você tem certeza?Peguei o celular e mostrei a foto. Ela segurou o aparelho, os olhos se estreitando enquanto analisava a imagem.— Isso foi hoje?Assenti.— Na saída da joalheria onde fui comprar um presente para Cassidy. Ela es
Eu estava eufórica com o presente. Era a coisa mais linda que eu já tinha visto na vida. O pingente repousava contra minha pele, como se já pertencesse a mim desde sempre. Deitada na cama ao lado de Kai, eu sentia seu abraço firme me envolvendo, seus lábios quentes deslizando lentamente pelo meu ombro, deixando arrepios por onde passavam. Meu coração ainda pulsava rápido, mas agora era por um motivo completamente diferente. — Está mais relaxado? — provoquei, sorrindo. Ele soltou um suspiro pesado, satisfeito. — Amor, você foi perfeita. Eu poderia dormir agora mesmo. Ri baixinho, passando a mão pelos cabelos dele. — Então durma, estamos de férias, não é? Pelo menos por esses dias. — Tenho uma ideia melhor — murmurou contra minha pele. — Vamos tomar um banho relaxante na banheira. Antes que eu pudesse responder, Kai me pegou no colo com facilidade, me arrancando uma risada surpresa. Segurei em seus ombros enquanto ele nos levava até o banheiro. A água começou a encher a
Logo pela manhã, Kai e Joshua seguiram para a delegacia. Enquanto isso, Olivia ficou comigo, determinada a garantir que eu estivesse bem. Michael também apareceu, reforçando o apoio que eu nem sabia que precisava, contei a ele a novidade sobre minha gestação e vi a felicidade em seus olhos, isso era tudo para mim. Mas, mesmo cercada por eles, minha inquietação era incontrolável. Cada segundo de espera parecia uma eternidade. Eu precisava saber o que estava acontecendo. O que haviam descoberto? O que Kai e Joshua estavam enfrentando lá dentro? — Já chega! — Olivia se levantou, cruzando os braços com firmeza. — Estamos todos tensos, mas você, Cassidy, está à beira de um colapso! Parece que estamos esperando uma notícia terrível. E se for? O que vai mudar você se consumir de ansiedade agora? Não é assim que vamos resolver isso! Eu respirei fundo, mas antes que eu conseguisse argumentar, ela continuou: — Vamos para minha casa. Passamos a tarde na piscina, e eu chamo o papai
Quando nossa pequena confraternização chegou ao fim, Kai e eu decidimos voltar para casa. O dia havia sido leve, mas minha mente ainda estava presa na tensão da manhã. Eu precisava saber o que havia acontecido na delegacia. Precisava entender o que estava se desenrolando ao nosso redor.Rubi dormia tranquilamente em seu bebê conforto no banco de trás, o rosto sereno, completamente alheia ao turbilhão de sentimentos que nos cercava. No banco da frente, eu me ajeitei, lançando um olhar discreto para Kai, que dirigia em silêncio, os dedos tamborilando no volante.O comportamento dele me dizia tudo. Algo não estava certo.— Algo ruim? — Quebrei o silêncio, tentando controlar a ansiedade. — Você e Joshua demoraram.Kai soltou um suspiro pesado, mantendo os olhos fixos na estrada.— Não é ruim, exatamente… — Hesitou por um momento. — Mas é estranho.Franzi o cenho.— Estranho como?Ele engoliu em seco, apertando um pouco mais o volante.— Eles acham que não é Antonella.Minha respiração fal
— Calma, Kai. Você não vai resolver nada assim. — Como quer que eu tenha calma? — rebati, a voz carregada de raiva. — Uma estranha abordou minha esposa e minha filha ontem! Minha bebê! Você tem ideia do que isso significa? Eu sequer consegui dormir, Alexander! Você sabe o que é isso. Você já passou pelo mesmo! Ele me olhou nos olhos e acenou, concordando. — Sei, e é exatamente por isso que estou dizendo que perder o controle não vai adiantar nada. Vamos manter a cabeça no lugar. Precisamos atrair essa pessoa, fazê-la se revelar. — Por que não se mudam para cá de uma vez? — Joshua sugeriu. Soltei um riso curto, sem humor. — No meio dessa confusão? Talvez… Nova York seja… — balancei a cabeça, frustrado. — Ah, esquece. Lá já tem aquela maluca nos perseguindo. É isso, então? Onde quer que eu vá, sempre haverá alguma idiota apaixonada por mim infernizando minha esposa? — É o preço de ser um… como era mesmo que você dizia? "Rei da Noite"? — Dylan debochou. Lancei-lhe um o
Kai havia reservado o dia inteiro para procurarmos um lugar para morar. Morgana e Alexander foram incríveis ao nos acolherem quando mais precisávamos, mas já era hora de termos o nosso próprio lar. Um espaço só nosso, onde poderíamos recomeçar.Mesmo sabendo que Rubi estava segura com minha cunhada, meu coração apertava pela primeira vez ao me afastar dela. Mas eu precisava acompanhar meu marido em todas as visitações. Essa era uma decisão importante para nossa família, e eu queria estar ao lado dele em cada passo.— O que acharam? — perguntou o corretor, com um sorriso paciente.Dessa vez, não era uma casa com jardim. Era um apartamento amplo, moderno e seguro, em um condomínio fechado. Parte de mim ainda sonhava com aquele lar perfeito de comercial de margarina — crianças correndo pela grama, balanços no quintal, tardes ensolaradas de brincadeiras ao ar livre... Mas a vida havia mudado meus planos. Depois de tudo o que passamos, a segurança se tornou prioridade.— Eu amei — declarei