Desde o momento em que entrei no carro, Bruno sequer olhou diretamente para mim. Mesmo agora, seus olhos permaneciam fechados.Eu não conseguia enxergar quais sentimentos ele escondia por trás daquela máscara inexpressiva.“Que teatro ridículo!” pensei, com uma vontade súbita de rir. Eu sabia muito bem o que ele queria. Não havia necessidade de fazermos esse jogo de cena.— Quero que você me ajude. Luz e Rui, quero que eles fiquem bem.Bruno abriu os olhos bruscamente, seu olhar afiado como duas lâminas penetrantes, indo direto aos meus.Sentia uma dor involuntária em meus olhos. As lágrimas começaram a se acumular, como se meu corpo estivesse tentando aliviar a dor.Mencionar Rui fez Bruno se enfurecer.— Eu já te disse ontem, você está pedindo demais.Eu o encarei sem hesitar.— Porque o que você quer, por coincidência, eu tenho.Bruno soltou um leve e frio riso pelo nariz. Com uma das mãos, ele apoiou a cabeça e me olhou de lado. Era um perfil bonito, mas seu olhar, cheio de despr
Minhas mãos, trêmulas e sem saber o que fazer, agarraram o assento de couro debaixo de mim. Então, Bruno sabia de tudo...— Não vou descer. — Balancei a cabeça, recusando. — Não faz sentido, não vou voltar aqui nunca mais.Meu olhar se perdeu pela janela do carro, lançando um último e desesperado vislumbre para fora. Os últimos dias, que pareciam um sonho, receberam um final apressado e doloroso.Eu queria guardar uma lembrança, ter algo no coração, apenas isso.Quando voltei a atenção para dentro do carro, Bruno já não estava mais lá. A porta foi violentamente fechada por ele.De repente, como se tivesse o poder de se teletransportar, ele apareceu ao meu lado. Em um instante, abriu a porta com força, revelando seu rosto sombrio e cheio de raiva.Ele se abaixou bruscamente e agarrou meu pulso com força, sem dar espaço para qualquer resistência.Fui puxada para fora do carro de forma abrupta. Antes que eu pudesse sequer firmar os pés no chão, ele já havia dado alguns passos, e a força
Este aquário era muito mais grosso do que os comuns. Bruno pegou uma cadeira e a arremessou contra ele com tanta força que suas mãos ficaram dormentes, mas, além das douradas assustadas nadando dentro, o aquário não sofreu nenhum dano. Determinado a destruí-lo, ele continuou a atacar com fúria. Uma vez, duas vezes... Até que finalmente, uma abertura se formou no vidro, e a água jorrou violentamente, encharcando as barras da calça dele. Sem pensar duas vezes, usei minha roupa para pegar os peixes que saltavam pelo chão e corri para o banheiro. Peguei uma bacia e a enchi com água. Salvar aqueles peixes era como salvar a mim mesma. Só quando os vi nadando na bacia, consegui soltar um suspiro de alívio. Mas, no segundo seguinte, uma mão grande surgiu ao lado da bacia, despejando toda a água e os meus peixes dentro do vaso sanitário! Bruno ainda teve a audácia de apertar a descarga...Fiquei boquiaberta, o choque e a raiva crescendo dentro de mim. Nem consegui salvar aqu
Mordi os lábios com força, virando-me de costas para ele, prendendo a respiração e fingindo estar profundamente adormecida. De repente, Bruno me puxou pela cintura, enlaçando-me em seus braços. Finalmente, eu estava dividindo a mesma cama com ele. Soltei um grito de surpresa, achando que ele queria me segurar, mas logo ele me soltou. — Não fique tão longe. Estamos debaixo do mesmo cobertor, e entra vento no meio. No instante em que ele me tocou, meu corpo se retraiu instintivamente. Fiz menção de sair da cama. — Vou descer para pegar outro cobertor. Bruno franziu a testa, sua voz rouca revelando uma leve irritação: — Não precisa complicar. Sua amiga vai voltar amanhã. A noite estava tão silenciosa que eu quase podia ouvir o som do meu coração se acalmando. Apertei com força o cobertor, olhei para ele no escuro e murmurei baixinho: — Obrigada. — Apenas um acordo. — Bruno nem sequer abriu os olhos, batendo de leve na cama ao seu lado. — Dorme logo. Alguns segund
Meu olhar passou por cima do ombro de Bruno, vagando sem foco pela parede atrás dele. No fundo, não senti nem o menor tremor por causa do seu toque.Senti uma tristeza profunda em meu coração. Quem diria que chegaria o dia em que eu e Bruno faríamos esse tipo de acordo?Respirei fundo, mantendo a voz completamente desprovida de desejo, enquanto olhava para ele com uma calma estranha. — Se você não vai ajudá-lo, se levante agora e me deixe ir!Talvez minha intenção de sair tivesse o deixado ainda mais furioso. Ele abaixou a cabeça e mordeu meu ombro com força, uma dor aguda que me fez apertar os dentes com força, tentando suportar.Quando ele ergueu a cabeça, a marca profunda de seus dentes mostrava quanta força ele havia colocado na mordida. Seus olhos estavam cheios de ódio. — Não quero fazer amor sem sentimentos.Ao ouvir isso, algo dentro de mim se apertou, e senti um leve ardor no nariz. Mas quando estávamos juntos no passado, quanto sentimento ele realmente tinha por mim?No
Bruno havia acabado de se deitar. Achei que estivesse profundamente adormecido, então não me preocupei em evitar que ele ouvisse minha conversa com Luz ao celular.Para minha surpresa, ele apenas fingia dormir e ouviu cada palavra claramente.Assim que desliguei, senti o braço de Bruno deslizar de repente pela minha cintura. Após uma breve onda de dor, já estava em seus braços. Ele ainda estava sonolento, de olhos fechados, exalando uma preguiça tranquila que me fez sentir uma dor surda e indefinível no peito.Tudo era tão familiar: a casa, o quarto, o homem, os gestos. Até o movimento inconsciente de sua mão deslizando sob minha camisola, como ele costumava fazer, era familiar. Sua palma parecia quente o suficiente para queimar minha barriga.Senti sua respiração morna na lateral do meu pescoço.— Posso te ajudar com a empresa, mas não quero ouvir o nome de Rui sair da sua boca outra vez.Meu corpo ficou rígido por alguns segundos. Coloquei minha mão sobre a dele, afastando-me de s
Bruno franziu as sobrancelhas profundamente.— Saia!As lágrimas começaram a escorrer dos olhos de Gisele. Como ela podia chorar assim? Levantei-me em silêncio e caminhei para fora, deixando o espaço para os dois irmãos. Bruno não teria coragem de deixar sua irmãzinha chorar, e eu não queria vê-lo consolá-la. Ainda há pouco, eu estava pensando que não havia como voltar atrás. E agora, parecia que tínhamos voltado ao ponto de partida. A irmã mimada, o irmão que a adorava... até o cheiro familiar da situação não havia mudado.Quando passei por Gisele, fui surpreendida ao sentir sua mão agarrar meu braço.— Ana, estou falando com você! Quem te deu o direito de voltar? Você e meu irmão já estão divorciados! Como você pode ser tão sem vergonha, ainda dormindo com ele!Não sabia se Gisele achava que já tinha mostrado sua verdadeira face ou se acreditava que Bruno não a repudiaria mesmo sendo ela mesma, mas nem sequer se preocupava em disfarçar.Fiquei em silêncio por alguns segundos, olha
No coração de Bruno, a Mansão à beira-mar não tinha qualquer significado especial. Era apenas uma casa. Ele a daria a quem quisesse. Talvez com medo de que eu não concordasse, ele se apressou em fechar o meu cinto de segurança, segurando meus ombros com firmeza, prendendo-me em seu abraço. Levantei os olhos, olhando para ele com indiferença, minha voz suave:— Está bem.Os olhos de Bruno ficaram mais profundos, e suas mãos, como se tivessem espinhos, se cravaram em minha pele, apertando cada vez mais à medida que eu tentava me afastar. Olhei nos olhos dele sem ser condescendente. Mesmo tendo concordado, ele parecia furioso. Depois de um longo tempo, Bruno finalmente soltou minhas mãos, mas a dor não desapareceu de imediato. Sua voz, carregada de frustração, me atingia como uma série de golpes dolorosos:— Então agora que você tem um grande apartamento, a velha mansão não serve mais, é isso? — Sua respiração era mais intensa que suas palavras. — Quando a Mansão à beira-mar foi re