Por um instante, pensei em inúmeras formas de consolar a mim mesma.Aprender com a Maia talvez não fosse uma má ideia. Fechar os olhos, ignorar quantas mulheres estivessem ao redor de Bruno e simplesmente deixá-lo à vontade, como se eu fosse apenas uma esposa ornamental... Não parecia tão difícil.Por causa da minha teimosia, da minha obstinação, da minha imaturidade, já havia perdido minha mãe. Não podia me dar ao luxo de ser egoísta novamente.Eu não podia perder Luz, não podia perder Rui, não podia permitir que algo acontecesse com eles.Ao pensar na nova casa que arrumei com tanto carinho nos últimos dias, um soluço escapou involuntariamente da minha garganta. Quando levantei a cabeça, o céu, que antes estava claro, já começava a ser atingido pelas primeiras gotas de chuva.A mãe de Luz desceu as escadas e, ao me ver, estava prestes a falar, mas nossos olhares se cruzaram, e ela percebeu as lágrimas enchendo meus olhos.O susto foi visível em sua expressão, e seus passos se tornara
Desde o momento em que entrei no carro, Bruno sequer olhou diretamente para mim. Mesmo agora, seus olhos permaneciam fechados.Eu não conseguia enxergar quais sentimentos ele escondia por trás daquela máscara inexpressiva.“Que teatro ridículo!” pensei, com uma vontade súbita de rir. Eu sabia muito bem o que ele queria. Não havia necessidade de fazermos esse jogo de cena.— Quero que você me ajude. Luz e Rui, quero que eles fiquem bem.Bruno abriu os olhos bruscamente, seu olhar afiado como duas lâminas penetrantes, indo direto aos meus.Sentia uma dor involuntária em meus olhos. As lágrimas começaram a se acumular, como se meu corpo estivesse tentando aliviar a dor.Mencionar Rui fez Bruno se enfurecer.— Eu já te disse ontem, você está pedindo demais.Eu o encarei sem hesitar.— Porque o que você quer, por coincidência, eu tenho.Bruno soltou um leve e frio riso pelo nariz. Com uma das mãos, ele apoiou a cabeça e me olhou de lado. Era um perfil bonito, mas seu olhar, cheio de despr
Minhas mãos, trêmulas e sem saber o que fazer, agarraram o assento de couro debaixo de mim. Então, Bruno sabia de tudo...— Não vou descer. — Balancei a cabeça, recusando. — Não faz sentido, não vou voltar aqui nunca mais.Meu olhar se perdeu pela janela do carro, lançando um último e desesperado vislumbre para fora. Os últimos dias, que pareciam um sonho, receberam um final apressado e doloroso.Eu queria guardar uma lembrança, ter algo no coração, apenas isso.Quando voltei a atenção para dentro do carro, Bruno já não estava mais lá. A porta foi violentamente fechada por ele.De repente, como se tivesse o poder de se teletransportar, ele apareceu ao meu lado. Em um instante, abriu a porta com força, revelando seu rosto sombrio e cheio de raiva.Ele se abaixou bruscamente e agarrou meu pulso com força, sem dar espaço para qualquer resistência.Fui puxada para fora do carro de forma abrupta. Antes que eu pudesse sequer firmar os pés no chão, ele já havia dado alguns passos, e a força
Este aquário era muito mais grosso do que os comuns. Bruno pegou uma cadeira e a arremessou contra ele com tanta força que suas mãos ficaram dormentes, mas, além das douradas assustadas nadando dentro, o aquário não sofreu nenhum dano. Determinado a destruí-lo, ele continuou a atacar com fúria. Uma vez, duas vezes... Até que finalmente, uma abertura se formou no vidro, e a água jorrou violentamente, encharcando as barras da calça dele. Sem pensar duas vezes, usei minha roupa para pegar os peixes que saltavam pelo chão e corri para o banheiro. Peguei uma bacia e a enchi com água. Salvar aqueles peixes era como salvar a mim mesma. Só quando os vi nadando na bacia, consegui soltar um suspiro de alívio. Mas, no segundo seguinte, uma mão grande surgiu ao lado da bacia, despejando toda a água e os meus peixes dentro do vaso sanitário! Bruno ainda teve a audácia de apertar a descarga...Fiquei boquiaberta, o choque e a raiva crescendo dentro de mim. Nem consegui salvar aqu
Mordi os lábios com força, virando-me de costas para ele, prendendo a respiração e fingindo estar profundamente adormecida. De repente, Bruno me puxou pela cintura, enlaçando-me em seus braços. Finalmente, eu estava dividindo a mesma cama com ele. Soltei um grito de surpresa, achando que ele queria me segurar, mas logo ele me soltou. — Não fique tão longe. Estamos debaixo do mesmo cobertor, e entra vento no meio. No instante em que ele me tocou, meu corpo se retraiu instintivamente. Fiz menção de sair da cama. — Vou descer para pegar outro cobertor. Bruno franziu a testa, sua voz rouca revelando uma leve irritação: — Não precisa complicar. Sua amiga vai voltar amanhã. A noite estava tão silenciosa que eu quase podia ouvir o som do meu coração se acalmando. Apertei com força o cobertor, olhei para ele no escuro e murmurei baixinho: — Obrigada. — Apenas um acordo. — Bruno nem sequer abriu os olhos, batendo de leve na cama ao seu lado. — Dorme logo. Alguns segund
No hospital, Bruno Henrique aprumou-se em toda a sua altura, destacando-se na multidão.— Não é da sua conta, pode ir embora.Mal tinha me aproximado quando ouvi ele dizer isso, e o saco que eu segurava foi tirado das minhas mãos. A meia-irmã de Bruno foi levada ao hospital no meio da noite, e minha única função, como cunhada, era apenas trazer algumas roupas, nada além do que uma empregada faria. Estávamos casados há quatro anos, e eu já estava acostumada à frieza dele, então fui falar com o médico para entender a situação. O médico disse que o ânus da paciente estava rompido, causado pelo ato de fazer amor com um parceiro.Naquele instante, senti como se tivesse caído em um poço de gelo, o frio invadindo-me dos pés à cabeça.Que eu soubesse, Gisele Silva não tinha namorado, e quem a levou ao hospital naquela ocasião foi meu marido.O médico ajustou os óculos no nariz e me olhou com certa pena.— Os jovens hoje em dia gostam de buscar novas emoções e procurar por estímulos.— O qu
Minha visão caiu sobre a calça de Bruno, que estava jogada ao lado da cama, com o cós frouxo e distorcido formando um rosto choroso, e um canto de seu celular preto deslizando para fora, parecendo mais triste com as lágrimas.Na vida matrimonial, acreditava que tanto o amor quanto a privacidade eram importantes. Sempre demos espaço um ao outro e nunca mexemos no celular do parceiro.Mas hoje, depois de vasculhar até o escritório, pensei que também deveria olhar o celular dele.Peguei o celular e com pressa, mergulhei debaixo das cobertas até cobrir minha cabeça.Eu estava muito nervosa.Diziam que ninguém conseguia manter um sorriso no rosto após verificar o celular do parceiro. Eu tinha medo de encontrar provas de sua traição com Gisele ou de não encontrar nada e parecer que não confiava nele.Ao pensar no bracelete que ele gostava de usar todos os dias, meus dentes começaram a tremer.“Bruno, o que você está escondendo de mim? O que realmente importa para você?”Errei a senha várias
O celular de Bruno estava sobre o armário de relógios, preso entre duas caixas de relógio. A mão dele estava apoiada na superfície do armário, enquanto a outra se movia rapidamente abaixo dele.No chão, não muito longe dele, estava a toalha cinza que ele havia chutado. Mesmo que seu corpo estivesse parcialmente escondido, não era difícil adivinhar o que ele estava fazendo.Sons de intimidade logo preencheram o closet, carregados de sensualidade.Meus dedos dos pés se cravaram no chão de madeira, e uma sensação de frio percorreu meu corpo. Meu corpo inteiro ficou paralisado como se eu estivesse enfeitiçada.Ele logo pegou algumas folhas de papel toalha. Achei que ele tinha terminado, mas, para minha surpresa, ele começou tudo de novo.Só agora a dor real tomou conta de mim. Cada movimento do braço dele parecia cortar meu coração profundamente.Algumas fotos de Gisele eram suficientes para tirar meu marido da nossa cama. Ele preferia resolver suas necessidades sozinho, olhando suas fotos