Este aquário era muito mais grosso do que os comuns. Bruno pegou uma cadeira e a arremessou contra ele com tanta força que suas mãos ficaram dormentes, mas, além das douradas assustadas nadando dentro, o aquário não sofreu nenhum dano. Determinado a destruí-lo, ele continuou a atacar com fúria. Uma vez, duas vezes... Até que finalmente, uma abertura se formou no vidro, e a água jorrou violentamente, encharcando as barras da calça dele. Sem pensar duas vezes, usei minha roupa para pegar os peixes que saltavam pelo chão e corri para o banheiro. Peguei uma bacia e a enchi com água. Salvar aqueles peixes era como salvar a mim mesma. Só quando os vi nadando na bacia, consegui soltar um suspiro de alívio. Mas, no segundo seguinte, uma mão grande surgiu ao lado da bacia, despejando toda a água e os meus peixes dentro do vaso sanitário! Bruno ainda teve a audácia de apertar a descarga...Fiquei boquiaberta, o choque e a raiva crescendo dentro de mim. Nem consegui salvar aqu
Mordi os lábios com força, virando-me de costas para ele, prendendo a respiração e fingindo estar profundamente adormecida. De repente, Bruno me puxou pela cintura, enlaçando-me em seus braços. Finalmente, eu estava dividindo a mesma cama com ele. Soltei um grito de surpresa, achando que ele queria me segurar, mas logo ele me soltou. — Não fique tão longe. Estamos debaixo do mesmo cobertor, e entra vento no meio. No instante em que ele me tocou, meu corpo se retraiu instintivamente. Fiz menção de sair da cama. — Vou descer para pegar outro cobertor. Bruno franziu a testa, sua voz rouca revelando uma leve irritação: — Não precisa complicar. Sua amiga vai voltar amanhã. A noite estava tão silenciosa que eu quase podia ouvir o som do meu coração se acalmando. Apertei com força o cobertor, olhei para ele no escuro e murmurei baixinho: — Obrigada. — Apenas um acordo. — Bruno nem sequer abriu os olhos, batendo de leve na cama ao seu lado. — Dorme logo. Alguns segund
Meu olhar passou por cima do ombro de Bruno, vagando sem foco pela parede atrás dele. No fundo, não senti nem o menor tremor por causa do seu toque.Senti uma tristeza profunda em meu coração. Quem diria que chegaria o dia em que eu e Bruno faríamos esse tipo de acordo?Respirei fundo, mantendo a voz completamente desprovida de desejo, enquanto olhava para ele com uma calma estranha. — Se você não vai ajudá-lo, se levante agora e me deixe ir!Talvez minha intenção de sair tivesse o deixado ainda mais furioso. Ele abaixou a cabeça e mordeu meu ombro com força, uma dor aguda que me fez apertar os dentes com força, tentando suportar.Quando ele ergueu a cabeça, a marca profunda de seus dentes mostrava quanta força ele havia colocado na mordida. Seus olhos estavam cheios de ódio. — Não quero fazer amor sem sentimentos.Ao ouvir isso, algo dentro de mim se apertou, e senti um leve ardor no nariz. Mas quando estávamos juntos no passado, quanto sentimento ele realmente tinha por mim?No
Bruno havia acabado de se deitar. Achei que estivesse profundamente adormecido, então não me preocupei em evitar que ele ouvisse minha conversa com Luz ao celular.Para minha surpresa, ele apenas fingia dormir e ouviu cada palavra claramente.Assim que desliguei, senti o braço de Bruno deslizar de repente pela minha cintura. Após uma breve onda de dor, já estava em seus braços. Ele ainda estava sonolento, de olhos fechados, exalando uma preguiça tranquila que me fez sentir uma dor surda e indefinível no peito.Tudo era tão familiar: a casa, o quarto, o homem, os gestos. Até o movimento inconsciente de sua mão deslizando sob minha camisola, como ele costumava fazer, era familiar. Sua palma parecia quente o suficiente para queimar minha barriga.Senti sua respiração morna na lateral do meu pescoço.— Posso te ajudar com a empresa, mas não quero ouvir o nome de Rui sair da sua boca outra vez.Meu corpo ficou rígido por alguns segundos. Coloquei minha mão sobre a dele, afastando-me de s
Bruno franziu as sobrancelhas profundamente.— Saia!As lágrimas começaram a escorrer dos olhos de Gisele. Como ela podia chorar assim? Levantei-me em silêncio e caminhei para fora, deixando o espaço para os dois irmãos. Bruno não teria coragem de deixar sua irmãzinha chorar, e eu não queria vê-lo consolá-la. Ainda há pouco, eu estava pensando que não havia como voltar atrás. E agora, parecia que tínhamos voltado ao ponto de partida. A irmã mimada, o irmão que a adorava... até o cheiro familiar da situação não havia mudado.Quando passei por Gisele, fui surpreendida ao sentir sua mão agarrar meu braço.— Ana, estou falando com você! Quem te deu o direito de voltar? Você e meu irmão já estão divorciados! Como você pode ser tão sem vergonha, ainda dormindo com ele!Não sabia se Gisele achava que já tinha mostrado sua verdadeira face ou se acreditava que Bruno não a repudiaria mesmo sendo ela mesma, mas nem sequer se preocupava em disfarçar.Fiquei em silêncio por alguns segundos, olha
No coração de Bruno, a Mansão à beira-mar não tinha qualquer significado especial. Era apenas uma casa. Ele a daria a quem quisesse. Talvez com medo de que eu não concordasse, ele se apressou em fechar o meu cinto de segurança, segurando meus ombros com firmeza, prendendo-me em seu abraço. Levantei os olhos, olhando para ele com indiferença, minha voz suave:— Está bem.Os olhos de Bruno ficaram mais profundos, e suas mãos, como se tivessem espinhos, se cravaram em minha pele, apertando cada vez mais à medida que eu tentava me afastar. Olhei nos olhos dele sem ser condescendente. Mesmo tendo concordado, ele parecia furioso. Depois de um longo tempo, Bruno finalmente soltou minhas mãos, mas a dor não desapareceu de imediato. Sua voz, carregada de frustração, me atingia como uma série de golpes dolorosos:— Então agora que você tem um grande apartamento, a velha mansão não serve mais, é isso? — Sua respiração era mais intensa que suas palavras. — Quando a Mansão à beira-mar foi re
Domingos era o pai de Rui. Agora que seus dois filhos estavam brigando por minha causa, ele, como pai, também se sentia bastante mal. Sabendo que Juan e Rui eram bons amigos, Domingos decidiu perguntar se Juan tinha alguma solução que parecesse fazer com que seu segundo filho pagasse por suas ações, mas que, na verdade, não fosse uma punição tão severa. Ele queria, sim, dar uma lição em Rui, mas uma punição muito dura lhe partiria o coração. Quando recebi a mensagem de Juan, decidi que precisava aparecer na frente de Domingos com Bruno ao meu lado. A principal razão da raiva de Domingos era eu; se ele soubesse que eu já tinha feito as pazes com Bruno, o efeito seria praticamente o mesmo que se Bruno aparecesse sozinho. Com um plano em mente, recebi Bruno com um sorriso no rosto o tempo todo. Para não levantar suspeitas e revelar o endereço cedo demais, fiz questão de dirigir eu mesma. Eu devia muito a Rui, e enquanto houvesse uma mínima chance, eu faria de tudo para ten
Saí de trás de Bruno, fingindo surpresa, abrindo os braços com entusiasmo para cumprimentar Domingos. Quando ele me viu, seu corpo ficou um pouco rígido. Fiz questão de ignorar isso, abraçando-o ligeiramente, como fazia na infância, e logo voltei a me posicionar ao lado de Bruno, com a devida discrição. Meus movimentos foram suaves e meu olhar sereno. Era como se entre Rui e eu houvesse apenas a inocente amizade de infância, a mais pura das relações entre um homem e uma mulher, sem qualquer outra implicação.Quando entrelacei meu braço ao de Bruno e levantei o olhar para ele, vi seu sorriso esvanecer aos poucos, seus olhos frios baixarem levemente na minha direção, como se fosse uma serpente silenciosa e sombria, escondendo todas as suas emoções. Olhei para ele com um sorriso e disse: — Quando eu era pequena, o Sr. Domingos cuidava tão bem de mim! Vamos convidá-lo para jantar, que tal? Bruno me olhou friamente, sem mais esconder o descontentamento que sentia. Naquele inst