Em poucos passos de volta, já havia suor frio escorrendo pela minha testa. Pensei que o plano de manipular Bruno fosse complicado o suficiente, mas agora percebi que precisaria fazer mais. Como eu poderia abordá-lo, pedir que ele usasse suas conexões sem receber nada em troca? Os homens de negócios não faziam acordos que resultassem em perdas. Eu estava um pouco confusa, mas sabia que Bruno me observava, então sorri suavemente para ele, sem hesitar em demonstrar mais afeto na frente de Domingos. — Querido, estou suando... Ajude-me a limpar? Sentei-me ao seu lado, inclinando ligeiramente o corpo em sua direção, tão próxima que podia ver até os poros no nariz dele.A respiração de Bruno se tornou subitamente mais pesada. Ele apertou minhas bochechas e me empurrou para trás. Em seguida, tirou um lenço do bolso e o pressionou na minha testa. — Sr. Domingos ainda está aqui, pare com isso. Apesar de ser uma repreensão, o tom era carinhoso.Domingos soltou uma risada. — Re
— Já que você já se encontrou com Juan, deve saber que a situação de Rui não é tão simples assim. Não é algo que possa ser resolvido apenas com você e eu mostrando afeto na frente de Domingos!Eu entendia o que Bruno estava me dizendo, mas, se eu não fizesse isso, o que mais poderia fazer por Rui?Pisquei com uma expressão inocente, olhando diretamente para ele.A frustração de Bruno era um pouco engraçada. Pulei da pia, caminhei até ele e, ficando na ponta dos pés, beijei suavemente seu queixo, perguntando:— E assim, será que é o suficiente?Por um bom tempo, ele não se moveu, e quando tentei me levantar novamente, ele se esquivou facilmente para trás.Dei de ombros.— Então, você não quer me ajudar mais.Sem esperar pela resposta, passei por ele, pronta para sair, mas Bruno segurou meu pulso com firmeza.Ele estreitou os olhos, e uma onda de irritação inexplicável surgiu em seu olhar.— Para onde você pensa que vai?— Vou falar com Domingos. Se você não pode ajudar, eu mesma vou dar
Tudo estava indo bem. Domingos provavelmente tinha escolhido uma garota de boa família. Se Rui realmente conseguisse se dar bem com ela, isso seria uma ótima notícia. — Que maravilha, faz tempo que não o vejo! Sr. Domingos, por favor, dê meus parabéns ao Rui. — Enquanto falava, ergui minha taça. Era meu primeiro gole de álcool naquela noite. Quando Bruno ouviu que Rui planejava ir para o exterior, ele também demonstrou interesse. Como se fosse um irmão mais velho, agora estava mais atento às escolhas do seu “irmão”. Eu, por outro lado, já não estava mais prestando atenção. Tomava pequenos goles de vinho, e antes que me desse conta, as taças já estavam vazias. A bebida estava gostosa, mas quando quis beber mais, Bruno pressionou a taça contra a mesa, impedindo-me de continuar. Eu nem consegui ouvir claramente o que ele e Domingos estavam conversando, pois, de repente, Bruno me pegou nos braços. Enquanto ele me carregava, deitada em seu ombro, despedi-me de Domingos, dizend
O carinho que Severino tinha por sua esposa era conhecido por todos na Cidade J. Agora, por causa da perda do bebê, o casal havia se separado de vez. Isso fazia com que Severino jamais fosse deixar Rui em paz. Destruir sua família, arruinar sua carreira, mesmo sendo seu irmão mais novo, seria difícil para Rui sair ileso dessa situação, ainda mais com a família Assis envolvida. Ao pensar em Rui, um sentimento de culpa tomou conta do meu coração, apertando-me de tal forma que era doloroso até respirar. Lívia olhava ao redor, com os olhos rápidos e calculistas. Se quem tivesse vindo fosse o ex-marido de Ana, ela abriria os portões com alegria para recebê-lo, pedindo sua ajuda. Mas a visitante era Ana. Para ela, não valia a pena gastar palavras. — Você não ouviu? Vá embora. Que tipo de pessoa você acha que é para vir aqui e negociar com a nossa família? Eu sorri de leve. — Sra. Letícia, sei que você acredita que Rui traiu o próprio irmão, e que isso acabou levando à perda do
Eu não sabia o que ele queria dizer com aquilo, só sabia que não podia ser levada pelo Bruno, senão todo o meu esforço de hoje teria sido em vão. Lívia insistia energicamente para que ficássemos um pouco mais, e eu acenei rapidamente com a cabeça, mas logo senti a mão de Bruno empurrando minha cabeça para baixo. Vendo isso, Lívia deu um empurrão em Severino, esperando que ele lhe ajudasse, mas Severino ficou paralisado, incapaz de se mover. Bruno me puxou para seus braços, girando-me em seus braços. Ele me levantou, segurando meu quadril, como se eu fosse uma criança, e saiu andando sem hesitar.— Coloque-me no chão. — Murmurei baixinho em seu ouvido, meu rosto completamente ruborizado. Diante de tantas pessoas, aquela posição era extremamente constrangedora. No momento em que ele me levantou, uma vertigem me atingiu, e eu desejei, por um instante, querer desmaiar de vergonha.De repente, senti um tapa forte no meu traseiro, e meu corpo reagiu automaticamente, apertando minhas perna
— Ou o quê? — Mordi meus lábios, que ainda estavam dormentes do beijo dele, soltando uma risada sarcástica. — O que mais nos resta?As sobrancelhas de Bruno se franziram.— Então adivinha por que fui falar com o Severino hoje?Minha mão, que segurava a camisa de Bruno, se apertou instintivamente, e minhas unhas se cravaram em sua pele sem que eu sequer percebesse de tão tensa que estava.— Fala logo!— Ele vai ser mandado para fora do país. Quando ele sair, será livre. — Bruno continuou, como se quisesse me ferir ainda mais. — Lá fora, ele vai se casar, ter filhos, seguir o caminho que o pai dele traçou para ele. No futuro dele, nunca vai existir uma mulher chamada Ana. Eu já sabia, vocês nunca teriam chance.Ele segurou meu rosto com força, movendo-o de um lado para o outro, como se quisesse ver minha expressão de dor, como se quisesse medir o quanto Rui ainda pesava em meu coração.Mas no final, ele acabaria desapontado.Se Rui tivesse um futuro seguro, eu seria a pessoa mais feliz d
Na verdade, eu nunca tive o direito de ensinar nada ao Bruno. Eu sabia melhor do que ele o que significava dar tudo de si, sem pensar nas consequências. Quando eu o amei por tantos anos, nunca imaginei que haveria um dia em que eu deixaria de amá-lo. Quando pressionei uma lâmina contra o meu próprio pescoço, também não me perguntei se minha mão tremeria e acabaria cortando minha artéria. Quando aceitei ficar com o Rui, eu não previa que nós dois nos separaríamos antes mesmo de realmente estarmos juntos. Em cada decisão que tomamos, sempre existia uma razão incontornável para seguir em frente, mas também devemos estar preparados para suportar as consequências. — Você está certo. Respondi casualmente, enquanto espalhava o antisséptico sobre o ferimento dele, os movimentos rápidos e precisos, minha expressão focada. — Só quando se trata de você, eu ajo impulsivamente. Minha mão parou por um instante ao ouvi-lo dizer isso de repente. Senti, por um momento, que o corte e
Soltei uma leve risada, segurei o rosto de Bruno entre as mãos e dei um beijo suave em seus lábios. — É assim? Bruno estreitou os olhos enquanto me observava. — Ainda não é o suficiente. Fechei os olhos, obediente, tentando aprofundar o beijo, mas o toque nos meus lábios não era o dele. Em vez de sentir a suavidade de seus lábios, meu beijo encontrou sua bochecha. Ele virou o rosto, evitando-me. — Ana, você sabe o que está fazendo? Um lampejo de confusão passou pelo meu olhar. Eu não estava apenas fazendo o que ele pediu? — Não consigo ver nenhuma emoção nos seus olhos. — Havia uma sombra de tristeza no olhar de Bruno enquanto ele me empurrava para o assento ao lado. — Nem mesmo posso chamar isso de tentativa de agradar. O que isso significava? Eu tomei a iniciativa, e agora ele não queria mais? Bruno deixou apenas o perfil visível para mim, sua mandíbula cerrada, e seus olhos ganharam um brilho afiado, quase cortante. Depois de um longo silêncio, perguntei: —