Eu não sabia o que ele queria dizer com aquilo, só sabia que não podia ser levada pelo Bruno, senão todo o meu esforço de hoje teria sido em vão. Lívia insistia energicamente para que ficássemos um pouco mais, e eu acenei rapidamente com a cabeça, mas logo senti a mão de Bruno empurrando minha cabeça para baixo. Vendo isso, Lívia deu um empurrão em Severino, esperando que ele lhe ajudasse, mas Severino ficou paralisado, incapaz de se mover. Bruno me puxou para seus braços, girando-me em seus braços. Ele me levantou, segurando meu quadril, como se eu fosse uma criança, e saiu andando sem hesitar.— Coloque-me no chão. — Murmurei baixinho em seu ouvido, meu rosto completamente ruborizado. Diante de tantas pessoas, aquela posição era extremamente constrangedora. No momento em que ele me levantou, uma vertigem me atingiu, e eu desejei, por um instante, querer desmaiar de vergonha.De repente, senti um tapa forte no meu traseiro, e meu corpo reagiu automaticamente, apertando minhas perna
— Ou o quê? — Mordi meus lábios, que ainda estavam dormentes do beijo dele, soltando uma risada sarcástica. — O que mais nos resta?As sobrancelhas de Bruno se franziram.— Então adivinha por que fui falar com o Severino hoje?Minha mão, que segurava a camisa de Bruno, se apertou instintivamente, e minhas unhas se cravaram em sua pele sem que eu sequer percebesse de tão tensa que estava.— Fala logo!— Ele vai ser mandado para fora do país. Quando ele sair, será livre. — Bruno continuou, como se quisesse me ferir ainda mais. — Lá fora, ele vai se casar, ter filhos, seguir o caminho que o pai dele traçou para ele. No futuro dele, nunca vai existir uma mulher chamada Ana. Eu já sabia, vocês nunca teriam chance.Ele segurou meu rosto com força, movendo-o de um lado para o outro, como se quisesse ver minha expressão de dor, como se quisesse medir o quanto Rui ainda pesava em meu coração.Mas no final, ele acabaria desapontado.Se Rui tivesse um futuro seguro, eu seria a pessoa mais feliz d
Na verdade, eu nunca tive o direito de ensinar nada ao Bruno. Eu sabia melhor do que ele o que significava dar tudo de si, sem pensar nas consequências. Quando eu o amei por tantos anos, nunca imaginei que haveria um dia em que eu deixaria de amá-lo. Quando pressionei uma lâmina contra o meu próprio pescoço, também não me perguntei se minha mão tremeria e acabaria cortando minha artéria. Quando aceitei ficar com o Rui, eu não previa que nós dois nos separaríamos antes mesmo de realmente estarmos juntos. Em cada decisão que tomamos, sempre existia uma razão incontornável para seguir em frente, mas também devemos estar preparados para suportar as consequências. — Você está certo. Respondi casualmente, enquanto espalhava o antisséptico sobre o ferimento dele, os movimentos rápidos e precisos, minha expressão focada. — Só quando se trata de você, eu ajo impulsivamente. Minha mão parou por um instante ao ouvi-lo dizer isso de repente. Senti, por um momento, que o corte e
Soltei uma leve risada, segurei o rosto de Bruno entre as mãos e dei um beijo suave em seus lábios. — É assim? Bruno estreitou os olhos enquanto me observava. — Ainda não é o suficiente. Fechei os olhos, obediente, tentando aprofundar o beijo, mas o toque nos meus lábios não era o dele. Em vez de sentir a suavidade de seus lábios, meu beijo encontrou sua bochecha. Ele virou o rosto, evitando-me. — Ana, você sabe o que está fazendo? Um lampejo de confusão passou pelo meu olhar. Eu não estava apenas fazendo o que ele pediu? — Não consigo ver nenhuma emoção nos seus olhos. — Havia uma sombra de tristeza no olhar de Bruno enquanto ele me empurrava para o assento ao lado. — Nem mesmo posso chamar isso de tentativa de agradar. O que isso significava? Eu tomei a iniciativa, e agora ele não queria mais? Bruno deixou apenas o perfil visível para mim, sua mandíbula cerrada, e seus olhos ganharam um brilho afiado, quase cortante. Depois de um longo silêncio, perguntei: —
Eu e Zeca saímos do escritório de advocacia já tarde da noite, e aproveitei para convidá-lo para jantar. Durante o tempo em que estive ausente, foi graças a Zeca que o Escritório de Advocacia X não afundou. A chegada repentina de um assistente para cuidar das decisões importantes gerou muitos comentários, e eu sabia disso, mesmo que ele não dissesse nada. Em agradecimento, dei a ele um bônus em meu nome pessoal, afinal, daqui para frente, eu precisaria de sua dedicação em muitos aspectos. Enquanto esperávamos a comida, Zeca passava os dedos ao redor da borda do copo, com uma expressão um tanto estranha. — Se tem algo a dizer, fale. Não precisamos esconder nada entre nós dois. — Ah, não é nada demais, só que... Não sei se você está sabendo, mas parece que Luz está namorando. ... Luz? Namorando? Ela sempre foi focada apenas na carreira, como poderia estar envolvida com algum homem? — Não fale sobre suposições. Se ela está ou não namorando, eu saberia. Zeca deu de ombros e,
— Tudo bem, então vamos tomar uma taça. — Ouvi Bruno dizer isso a Maia no outro cômodo.Abrir uma garrafa de vinho caro ali garantira uma comissão ao gerente, que ficou visivelmente animado. Ele logo saiu para chamar um garçom, ansioso por servir aquelas pessoas generosas.Com os estranhos fora da sala, Maia e Bruno pararam de se conter na conversa.— Bruno, você tem se mostrado demais ultimamente. A reconciliação entre você e Ana já chegou até mim.Bruno não negou ao ouvir aquilo.— Mas, afinal, somos oficialmente um casal. Se eu for embora, você, no mínimo, deveria me dar uma separação digna. Não posso ser alvo de chacota pelas costas.O bom tratamento de Bruno a Maia não era novidade. Ele cuidava dela desde que eram pequenos.Por isso, quando ele perguntou o que Maia queria, não fiquei surpresa. Bruno sempre cedia às pessoas que ele mantinha no coração.— O próximo episódio que eu vou gravar será o encerramento do programa. Vai ter muita gente presente, e a audiência vai aumentar. Q
— Ana?Foi a primeira vez que vi Luz assim, deslumbrante ao lado de um homem, sem o peso de seu uniforme de trabalho. E aquele homem à sua frente me parecia estranhamente familiar.Ele aparentava ter por volta de vinte e seis ou vinte e sete anos, com traços ligeiramente mais suaves do que os de Bruno, mas ainda assim, sua face era esculpida com uma beleza marcante. Seus olhos, levemente gélidos, davam a ele um ar de desdém, um toque de rebeldia, mas havia um brilho sutil em seu olhar que sugeria uma inteligência astuta, algo que não se podia subestimar.Ele parecia ser alguém com planos muito bem calculados.Pelo visto, este era o namorado que Zeca havia mencionado, o novo companheiro de Luz.— Ana, ainda não te apresentei. Este é meu namorado, Tristão. Estava comentando com ele sobre você, dizendo que eu queria muito que ele conhecesse a minha melhor amiga. E olha só, você apareceu justamente agora!— Tristão, essa é a Ana, minha melhor amiga, aquela de quem eu tanto falo.Sorri e
O olhar de Tristão se tornou profundo. Ele já desejava conhecer Ana há muito tempo, não era algo recente. Esse pensamento o acompanhava há anos. No entanto, parecia que Ana havia esquecido completamente dele.Durante o último ano da faculdade, Ana defendeu uma senhora idosa em um processo judicial. Essa senhora sempre o tratou muito bem, especialmente em tempos difíceis, quando ele mal tinha o que comer. Ela sempre lhe guardava um pouco de comida. Mais tarde, a idosa adoeceu e, por falta de recursos, acabou comprando medicamentos de um fabricante inescrupuloso, o que agravou ainda mais sua condição.Ana, vendo a situação financeira precária da senhora, não cobrou pelos seus serviços. No entanto, por causa desse caso, acabou sendo alvo de vingança premeditada. Tristão, em gratidão, reuniu alguns amigos para escoltar Ana discretamente de volta para casa todos os dias. No entanto, havia um jovem policial que seguia Ana de perto, o que impediu que ele tivesse qualquer oportunidade de