— Tudo bem, então vamos tomar uma taça. — Ouvi Bruno dizer isso a Maia no outro cômodo.Abrir uma garrafa de vinho caro ali garantira uma comissão ao gerente, que ficou visivelmente animado. Ele logo saiu para chamar um garçom, ansioso por servir aquelas pessoas generosas.Com os estranhos fora da sala, Maia e Bruno pararam de se conter na conversa.— Bruno, você tem se mostrado demais ultimamente. A reconciliação entre você e Ana já chegou até mim.Bruno não negou ao ouvir aquilo.— Mas, afinal, somos oficialmente um casal. Se eu for embora, você, no mínimo, deveria me dar uma separação digna. Não posso ser alvo de chacota pelas costas.O bom tratamento de Bruno a Maia não era novidade. Ele cuidava dela desde que eram pequenos.Por isso, quando ele perguntou o que Maia queria, não fiquei surpresa. Bruno sempre cedia às pessoas que ele mantinha no coração.— O próximo episódio que eu vou gravar será o encerramento do programa. Vai ter muita gente presente, e a audiência vai aumentar. Q
— Ana?Foi a primeira vez que vi Luz assim, deslumbrante ao lado de um homem, sem o peso de seu uniforme de trabalho. E aquele homem à sua frente me parecia estranhamente familiar.Ele aparentava ter por volta de vinte e seis ou vinte e sete anos, com traços ligeiramente mais suaves do que os de Bruno, mas ainda assim, sua face era esculpida com uma beleza marcante. Seus olhos, levemente gélidos, davam a ele um ar de desdém, um toque de rebeldia, mas havia um brilho sutil em seu olhar que sugeria uma inteligência astuta, algo que não se podia subestimar.Ele parecia ser alguém com planos muito bem calculados.Pelo visto, este era o namorado que Zeca havia mencionado, o novo companheiro de Luz.— Ana, ainda não te apresentei. Este é meu namorado, Tristão. Estava comentando com ele sobre você, dizendo que eu queria muito que ele conhecesse a minha melhor amiga. E olha só, você apareceu justamente agora!— Tristão, essa é a Ana, minha melhor amiga, aquela de quem eu tanto falo.Sorri e
O olhar de Tristão se tornou profundo. Ele já desejava conhecer Ana há muito tempo, não era algo recente. Esse pensamento o acompanhava há anos. No entanto, parecia que Ana havia esquecido completamente dele.Durante o último ano da faculdade, Ana defendeu uma senhora idosa em um processo judicial. Essa senhora sempre o tratou muito bem, especialmente em tempos difíceis, quando ele mal tinha o que comer. Ela sempre lhe guardava um pouco de comida. Mais tarde, a idosa adoeceu e, por falta de recursos, acabou comprando medicamentos de um fabricante inescrupuloso, o que agravou ainda mais sua condição.Ana, vendo a situação financeira precária da senhora, não cobrou pelos seus serviços. No entanto, por causa desse caso, acabou sendo alvo de vingança premeditada. Tristão, em gratidão, reuniu alguns amigos para escoltar Ana discretamente de volta para casa todos os dias. No entanto, havia um jovem policial que seguia Ana de perto, o que impediu que ele tivesse qualquer oportunidade de
Bruno não demonstrou nenhuma surpresa. Parecia que ter mais uma pessoa no círculo já não era segredo, apenas ele não o tinha visto antes. — Fique longe da sua irmã. Ele não fez questão de poupar Tristão, deixando apenas essa frase antes de me levar para o carro. Pelo visto, um filho ilegítimo nunca conseguiria o respeito dele. Olhei para trás e vi Tristão com uma mão no bolso, sorrindo levemente, sem saber no que ele estava pensando. De repente, minha cabeça foi virada de volta, e Bruno se inclinou para colocar o cinto de segurança em mim. — Ainda olhando. — Não estou mais olhando. — Bruno ligou o carro com o rosto impassível. — Achei que você achou interessante ter ganhado um irmão. Por causa de Bruno, agora sempre que ouço a palavra "interessante", me sintia desconfortável. Se tinha alguém que deveria entender o que era novidade, seria ele. Afinal, Gisele não tinha laços de sangue com ele, e mesmo assim ele a mimou por tantos anos. — Não achei interessante. — Respond
O vidro da janela foi abaixado por ele, deixando que o vento fresco da noite entrasse, dissipando um pouco da emoção que pairava no ar. Bruno apoiou uma mão na borda da janela.— Vou pensar sobre isso. No caso da Maia, afinal, foi a Gisele que deve desculpas a ela primeiro.Ao ouvir isso, não fiquei surpresa. No coração dele, só as mágoas que os outros causaram à Maia importavam, nunca as que ela causou aos outros. Mesmo assim, ele estava com a Maia por causa da culpa que sentia? Se ele acompanhá-la ao evento de encerramento, seria mais uma vez uma declaração pública ao mundo de que Maia era a sua mulher. E todo o esforço que fiz ao levá-lo propositalmente para jantar comigo seria apenas um teatro. Tudo já havia sido decidido na mente de Bruno. Mesmo que ele fosse tão impositivo ao me manter ao seu lado, ele jamais me escolheria. Eu me esforcei para me soltar de seus braços. — Vamos voltar.— Já está brava? — Bruno riu levemente, levantando a mão para acariciar meu cabelo. — Po
O som carregado de tensão preenchia todo o carro. Bruno agarrou minha mão e a pressionou contra o cinto dele. Não havia mais vestígios do Bruno altivo e frio de antes, só um homem tomado pelo desejo, que há muito não tinha uma mulher.Seu corpo ardia, como se quisesse arrancar nossas roupas ali mesmo, dentro do carro, para libertar a alma em chamas. O cheiro forte de álcool emanava de sua boca, e meu corpo também começava a esquentar sob seu toque. Mas, com o pouco de sanidade que ainda me restava, lutei para manter a última peça de roupa que ele tentava arrancar.Quando chegamos ao estacionamento subterrâneo, ele me carregou sem olhar para trás, entrou no elevador e, como um louco, me pressionou contra a parede, beijando-me com uma intensidade desenfreada. — Dá-me o que eu quero, sim? — Ele murmurava com a voz rouca e sedutora.Eu joguei a cabeça para trás, tentando aliviar a tensão. Qualquer mulher normal cederia sob suas investidas, ainda mais quando ele se esforçava tanto par
O som da água no banheiro ecoava, misturado com ruídos ambíguos e difíceis de descrever. Ele preferia resolver sozinho a situação, recusando-se firmemente a me tocar. Sempre pensei que o desejo de posse de Bruno por mim estava relacionado às experiências novas que eu tinha trazido para sua vida. Naquela rotina tão entediante, eu apareci de forma abrupta, como uma injeção de amor e excitação, trazendo-lhe o tipo de romance que um jovem normalmente experimentaria, nada além disso. Mas agora, ele se recusava a me tocar novamente. Seria o prazer físico que o fazia mais feliz, ou era o sentimento, que ele tanto destacava, o que mais importava para ele...? O cansaço em meu corpo já havia desligado minha mente. Eu não queria mais pensar nisso, tanto faz, qualquer coisa serviria. Entre o sono e a vigília, senti o colchão afundar ao meu lado. Bruno me puxou para perto, envolvendo meu corpo em seus braços. A água de seu corpo não havia sido completamente enxugada, e a sensação fria
A paixão era intensa, mas ele sabia se controlar. No momento crucial, Bruno novamente pediu para parar. — Posso esperar por você. — Ele mordeu de leve meus lábios, encerrando aquela troca de carícias. — Mas não me faça esperar muito. Seu corpo tremia levemente com a respiração entrecortada, carregada de frustração. — Claramente, você também gosta. Quando se tratava de intimidade, eu nunca me contive diante de Bruno. Desde o início, quando fiz de tudo para dormir com ele, até as provocações mais ousadas, eu sempre fui ativa, algo que não parecia típico de uma mulher. Ou melhor, diante de Bruno, eu simplesmente não sabia o que era ser recatada. Amar um homem e possuí-lo por completo era algo de que eu também tirava prazer. Mas agora parecia que os papéis haviam se invertido completamente. Nos olhos dele, havia frustração e desapontamento. Ele me segurava em seus braços, e eu passei os braços ao redor de seu pescoço. — Bruno, você não precisa se sacrificar assim. Des