Bruno não demonstrou nenhuma surpresa. Parecia que ter mais uma pessoa no círculo já não era segredo, apenas ele não o tinha visto antes. — Fique longe da sua irmã. Ele não fez questão de poupar Tristão, deixando apenas essa frase antes de me levar para o carro. Pelo visto, um filho ilegítimo nunca conseguiria o respeito dele. Olhei para trás e vi Tristão com uma mão no bolso, sorrindo levemente, sem saber no que ele estava pensando. De repente, minha cabeça foi virada de volta, e Bruno se inclinou para colocar o cinto de segurança em mim. — Ainda olhando. — Não estou mais olhando. — Bruno ligou o carro com o rosto impassível. — Achei que você achou interessante ter ganhado um irmão. Por causa de Bruno, agora sempre que ouço a palavra "interessante", me sintia desconfortável. Se tinha alguém que deveria entender o que era novidade, seria ele. Afinal, Gisele não tinha laços de sangue com ele, e mesmo assim ele a mimou por tantos anos. — Não achei interessante. — Respond
O vidro da janela foi abaixado por ele, deixando que o vento fresco da noite entrasse, dissipando um pouco da emoção que pairava no ar. Bruno apoiou uma mão na borda da janela.— Vou pensar sobre isso. No caso da Maia, afinal, foi a Gisele que deve desculpas a ela primeiro.Ao ouvir isso, não fiquei surpresa. No coração dele, só as mágoas que os outros causaram à Maia importavam, nunca as que ela causou aos outros. Mesmo assim, ele estava com a Maia por causa da culpa que sentia? Se ele acompanhá-la ao evento de encerramento, seria mais uma vez uma declaração pública ao mundo de que Maia era a sua mulher. E todo o esforço que fiz ao levá-lo propositalmente para jantar comigo seria apenas um teatro. Tudo já havia sido decidido na mente de Bruno. Mesmo que ele fosse tão impositivo ao me manter ao seu lado, ele jamais me escolheria. Eu me esforcei para me soltar de seus braços. — Vamos voltar.— Já está brava? — Bruno riu levemente, levantando a mão para acariciar meu cabelo. — Po
O som carregado de tensão preenchia todo o carro. Bruno agarrou minha mão e a pressionou contra o cinto dele. Não havia mais vestígios do Bruno altivo e frio de antes, só um homem tomado pelo desejo, que há muito não tinha uma mulher.Seu corpo ardia, como se quisesse arrancar nossas roupas ali mesmo, dentro do carro, para libertar a alma em chamas. O cheiro forte de álcool emanava de sua boca, e meu corpo também começava a esquentar sob seu toque. Mas, com o pouco de sanidade que ainda me restava, lutei para manter a última peça de roupa que ele tentava arrancar.Quando chegamos ao estacionamento subterrâneo, ele me carregou sem olhar para trás, entrou no elevador e, como um louco, me pressionou contra a parede, beijando-me com uma intensidade desenfreada. — Dá-me o que eu quero, sim? — Ele murmurava com a voz rouca e sedutora.Eu joguei a cabeça para trás, tentando aliviar a tensão. Qualquer mulher normal cederia sob suas investidas, ainda mais quando ele se esforçava tanto par
O som da água no banheiro ecoava, misturado com ruídos ambíguos e difíceis de descrever. Ele preferia resolver sozinho a situação, recusando-se firmemente a me tocar. Sempre pensei que o desejo de posse de Bruno por mim estava relacionado às experiências novas que eu tinha trazido para sua vida. Naquela rotina tão entediante, eu apareci de forma abrupta, como uma injeção de amor e excitação, trazendo-lhe o tipo de romance que um jovem normalmente experimentaria, nada além disso. Mas agora, ele se recusava a me tocar novamente. Seria o prazer físico que o fazia mais feliz, ou era o sentimento, que ele tanto destacava, o que mais importava para ele...? O cansaço em meu corpo já havia desligado minha mente. Eu não queria mais pensar nisso, tanto faz, qualquer coisa serviria. Entre o sono e a vigília, senti o colchão afundar ao meu lado. Bruno me puxou para perto, envolvendo meu corpo em seus braços. A água de seu corpo não havia sido completamente enxugada, e a sensação fria
A paixão era intensa, mas ele sabia se controlar. No momento crucial, Bruno novamente pediu para parar. — Posso esperar por você. — Ele mordeu de leve meus lábios, encerrando aquela troca de carícias. — Mas não me faça esperar muito. Seu corpo tremia levemente com a respiração entrecortada, carregada de frustração. — Claramente, você também gosta. Quando se tratava de intimidade, eu nunca me contive diante de Bruno. Desde o início, quando fiz de tudo para dormir com ele, até as provocações mais ousadas, eu sempre fui ativa, algo que não parecia típico de uma mulher. Ou melhor, diante de Bruno, eu simplesmente não sabia o que era ser recatada. Amar um homem e possuí-lo por completo era algo de que eu também tirava prazer. Mas agora parecia que os papéis haviam se invertido completamente. Nos olhos dele, havia frustração e desapontamento. Ele me segurava em seus braços, e eu passei os braços ao redor de seu pescoço. — Bruno, você não precisa se sacrificar assim. Des
As palavras de Bruno, como uma pedra gigantesca, caíram em um lago calmo, causando ondas no meu coração. Seu olhar era suave e sincero. Levantei a mão e cobri seus olhos, depositando um leve beijo em seus lábios.Se eu não tivesse passado por todas aquelas coisas, talvez eu me emocionasse. Mas agora...Era tarde demais.Quando Bruno afastou minha mão, eu já havia recomposto minha expressão.Sorri para ele.— Um mundo só nosso... seria bom.Bruno disse suavemente:— Vamos comer. Depois do almoço, vou te levar para comprar roupas.— Podemos pedir para trazerem aqui. Além disso, você já preparou tantas coisas para mim, na verdade, eu nem preciso de roupas novas.Bruno colocou o dedo indicador sobre meus lábios, interrompendo o que eu estava prestes a dizer.— Não vai tomar muito do seu tempo. Mais do que pedir para entregarem as roupas, eu prefiro passear com você.Quando Bruno realmente queria ser bom para alguém, ele seria impecável, sem falhas. Mas quanto mais ele agia assim, maior o p
Era meu Twitter...Eu costumava usar o Twitter como um diário. Já falei tantas coisas por lá que não podia garantir que me lembrasse de cada palavra, mas, quando recordava, conseguia repetir pelo menos o essencial. E Bruno estava citando minhas palavras exatamente.O homem à minha frente se aproximava cada vez mais, tão perto que até o ar entre nós parecia carregado de uma estranha intimidade. Virei o rosto, tentando me distanciar da situação, e soltei uma sequência de números.— Aqui está a conta. A senha é sua data de nascimento. Não me entenda mal, eu só fui preguiçosa demais para mudar. Afinal, nem uso mais a conta.Bruno segurou meu rosto, forçando-me a encará-lo novamente.— Se você não explicasse, eu ficaria feliz até amanhã de manhã.Sob o olhar magoado de Bruno, decidi dizer algo que o deixou ainda mais descontente.— Tudo o que passou, passou. Já apaguei tudo do Twitter faz tempo. A conta e a senha são suas, pode entrar e verificar.Bruno não esperava essa resposta. Ele ficou
Depois que voltei para o lado de Bruno, ele sugeriu que eu fosse visitar seu pai. Para Pietro, minha volta era uma boa notícia, ele acreditava que talvez isso pudesse até melhorar o estado de saúde do pai. Fiquei pensando se o fato de Bruno ser tão apegado a mim tinha algo a ver com seu pai, afinal, ele sempre foi um filho muito dedicado. Mas eu não era uma cura, e não sabia qual papel deveria desempenhar nessa visita. Apesar disso, ele não me forçou a nada.Pietro mandou um recado, pedindo para eu me dar bem com Bruno e, se possível, engravidar logo. Talvez assim, seu pai ainda pudesse ter a chance de ver o neto antes de partir. Agora, o assunto mais importante para a família Henriques era garantir que ninguém interferisse no relacionamento entre mim e Bruno, uma clara advertência tanto para ele quanto para Gisele.Pietro já sabia há muito tempo dos sentimentos de Gisele por Bruno. Hoje, esse telefonema devia ter sido uma jogada dela, algo que comoveu a cuidadora que sempre est