O som da água no banheiro ecoava, misturado com ruídos ambíguos e difíceis de descrever. Ele preferia resolver sozinho a situação, recusando-se firmemente a me tocar. Sempre pensei que o desejo de posse de Bruno por mim estava relacionado às experiências novas que eu tinha trazido para sua vida. Naquela rotina tão entediante, eu apareci de forma abrupta, como uma injeção de amor e excitação, trazendo-lhe o tipo de romance que um jovem normalmente experimentaria, nada além disso. Mas agora, ele se recusava a me tocar novamente. Seria o prazer físico que o fazia mais feliz, ou era o sentimento, que ele tanto destacava, o que mais importava para ele...? O cansaço em meu corpo já havia desligado minha mente. Eu não queria mais pensar nisso, tanto faz, qualquer coisa serviria. Entre o sono e a vigília, senti o colchão afundar ao meu lado. Bruno me puxou para perto, envolvendo meu corpo em seus braços. A água de seu corpo não havia sido completamente enxugada, e a sensação fria
A paixão era intensa, mas ele sabia se controlar. No momento crucial, Bruno novamente pediu para parar. — Posso esperar por você. — Ele mordeu de leve meus lábios, encerrando aquela troca de carícias. — Mas não me faça esperar muito. Seu corpo tremia levemente com a respiração entrecortada, carregada de frustração. — Claramente, você também gosta. Quando se tratava de intimidade, eu nunca me contive diante de Bruno. Desde o início, quando fiz de tudo para dormir com ele, até as provocações mais ousadas, eu sempre fui ativa, algo que não parecia típico de uma mulher. Ou melhor, diante de Bruno, eu simplesmente não sabia o que era ser recatada. Amar um homem e possuí-lo por completo era algo de que eu também tirava prazer. Mas agora parecia que os papéis haviam se invertido completamente. Nos olhos dele, havia frustração e desapontamento. Ele me segurava em seus braços, e eu passei os braços ao redor de seu pescoço. — Bruno, você não precisa se sacrificar assim. Des
As palavras de Bruno, como uma pedra gigantesca, caíram em um lago calmo, causando ondas no meu coração. Seu olhar era suave e sincero. Levantei a mão e cobri seus olhos, depositando um leve beijo em seus lábios.Se eu não tivesse passado por todas aquelas coisas, talvez eu me emocionasse. Mas agora...Era tarde demais.Quando Bruno afastou minha mão, eu já havia recomposto minha expressão.Sorri para ele.— Um mundo só nosso... seria bom.Bruno disse suavemente:— Vamos comer. Depois do almoço, vou te levar para comprar roupas.— Podemos pedir para trazerem aqui. Além disso, você já preparou tantas coisas para mim, na verdade, eu nem preciso de roupas novas.Bruno colocou o dedo indicador sobre meus lábios, interrompendo o que eu estava prestes a dizer.— Não vai tomar muito do seu tempo. Mais do que pedir para entregarem as roupas, eu prefiro passear com você.Quando Bruno realmente queria ser bom para alguém, ele seria impecável, sem falhas. Mas quanto mais ele agia assim, maior o p
Era meu Twitter...Eu costumava usar o Twitter como um diário. Já falei tantas coisas por lá que não podia garantir que me lembrasse de cada palavra, mas, quando recordava, conseguia repetir pelo menos o essencial. E Bruno estava citando minhas palavras exatamente.O homem à minha frente se aproximava cada vez mais, tão perto que até o ar entre nós parecia carregado de uma estranha intimidade. Virei o rosto, tentando me distanciar da situação, e soltei uma sequência de números.— Aqui está a conta. A senha é sua data de nascimento. Não me entenda mal, eu só fui preguiçosa demais para mudar. Afinal, nem uso mais a conta.Bruno segurou meu rosto, forçando-me a encará-lo novamente.— Se você não explicasse, eu ficaria feliz até amanhã de manhã.Sob o olhar magoado de Bruno, decidi dizer algo que o deixou ainda mais descontente.— Tudo o que passou, passou. Já apaguei tudo do Twitter faz tempo. A conta e a senha são suas, pode entrar e verificar.Bruno não esperava essa resposta. Ele ficou
Depois que voltei para o lado de Bruno, ele sugeriu que eu fosse visitar seu pai. Para Pietro, minha volta era uma boa notícia, ele acreditava que talvez isso pudesse até melhorar o estado de saúde do pai. Fiquei pensando se o fato de Bruno ser tão apegado a mim tinha algo a ver com seu pai, afinal, ele sempre foi um filho muito dedicado. Mas eu não era uma cura, e não sabia qual papel deveria desempenhar nessa visita. Apesar disso, ele não me forçou a nada.Pietro mandou um recado, pedindo para eu me dar bem com Bruno e, se possível, engravidar logo. Talvez assim, seu pai ainda pudesse ter a chance de ver o neto antes de partir. Agora, o assunto mais importante para a família Henriques era garantir que ninguém interferisse no relacionamento entre mim e Bruno, uma clara advertência tanto para ele quanto para Gisele.Pietro já sabia há muito tempo dos sentimentos de Gisele por Bruno. Hoje, esse telefonema devia ter sido uma jogada dela, algo que comoveu a cuidadora que sempre est
— Bruno, você se superestima demais.Como Bruno poderia ser eu? Eu o amava profundamente no passado, e o que ele chamava de “muito difícil” se traduzia em uma possessividade esmagadora. Ele nunca experimentou um único momento de dor ou aflição por minha causa.— No passado, eu queria que a pessoa que eu amava também me amasse de todo o coração, mas você... você nunca entendeu o que é o amor. Uma pessoa que não compreendia o amor fingia entender e insistia nele sem razão.O amor nunca foi algo que se lutava para conquistar. Mesmo sem brigar ou disputar, ainda assim, eu deveria ter a confiança de que era meu. Mas Bruno nunca me deu essa confiança.— O que é esse amor de que você fala? Que alguém deva se ajoelhar e implorar por você, anunciar publicamente “eu te amo”? — Aquilo foi uma piada de antigamente. Bruno, não preciso que você entenda o amor, porque não te amo mais. Se um dia houver oportunidade, espero que alguém te ensine o que é o amor.O paletó, combinando com meu vestido
Eu o empurrei, o cheiro de álcool era tão forte que parecia que eu também havia bebido. Esse comportamento impulsivo dele me lembrou de coisas que eu fazia na juventude, quando a insegurança me consumia. Naquela época, eu oscilava constantemente entre lutar com todas as forças ou desistir de tudo. Também já tinha escapado do alojamento da faculdade para experimentar o sabor amargo do álcool por causa dele. Esse súbito "gostar" dele me pegou de surpresa. Se fosse a antiga eu, teria respondido imediatamente, com a mesma urgência. Esse amor dele, afinal, não era o que eu sempre quis? Antigamente, ao ouvir o nome "Bruno", eu corria corajosamente ao encontro dele. Mas agora, algo parecia faltar. A sensação era de que, estando juntos, gostar ou não gostar já não era tão importante assim. Segurei seu braço, ajudando-o a tirar o paletó e os sapatos. — Não gosto de conversar com quem está bêbado. — Declarei com firmeza. O álcool era algo mágico. Ele amplificava os sentimentos
Uma grandiosa queima de fogos iluminava o céu, encantando os moradores da cidade. Na internet, alguns usuários faziam piadas, perguntando qual CEO dominador estaria tentando agradar sua esposa dessa vez.Entre os espectadores atentos, um detalhe não passou despercebido: alguém notou que os fogos eram idênticos a uma queima anterior. Os nomes de Bruno e Maia, após algum tempo fora dos holofotes, voltaram a ser comentados publicamente.Foi então que recebi uma mensagem no Twitter, de um usuário com o nome [Por que ela não sente ciúmes], que me enviou o seguinte:"Não escute o que dizem, todos esses fogos são só para você."No mesmo instante, levantei a cabeça e vi Bruno colocar o celular com a tela virada para baixo sobre a mesa. Ele engoliu em seco, e sua garganta se moveu, não dava para saber se era por causa da tensão ou de outra coisa.Ao lembrar do antigo usuário [Foguete de Sabor Desagradável] e desse novo nome de conta, memórias há muito guardadas começaram a ressurgir. O fato