No coração de Bruno, a Mansão à beira-mar não tinha qualquer significado especial. Era apenas uma casa. Ele a daria a quem quisesse. Talvez com medo de que eu não concordasse, ele se apressou em fechar o meu cinto de segurança, segurando meus ombros com firmeza, prendendo-me em seu abraço. Levantei os olhos, olhando para ele com indiferença, minha voz suave:— Está bem.Os olhos de Bruno ficaram mais profundos, e suas mãos, como se tivessem espinhos, se cravaram em minha pele, apertando cada vez mais à medida que eu tentava me afastar. Olhei nos olhos dele sem ser condescendente. Mesmo tendo concordado, ele parecia furioso. Depois de um longo tempo, Bruno finalmente soltou minhas mãos, mas a dor não desapareceu de imediato. Sua voz, carregada de frustração, me atingia como uma série de golpes dolorosos:— Então agora que você tem um grande apartamento, a velha mansão não serve mais, é isso? — Sua respiração era mais intensa que suas palavras. — Quando a Mansão à beira-mar foi re
Domingos era o pai de Rui. Agora que seus dois filhos estavam brigando por minha causa, ele, como pai, também se sentia bastante mal. Sabendo que Juan e Rui eram bons amigos, Domingos decidiu perguntar se Juan tinha alguma solução que parecesse fazer com que seu segundo filho pagasse por suas ações, mas que, na verdade, não fosse uma punição tão severa. Ele queria, sim, dar uma lição em Rui, mas uma punição muito dura lhe partiria o coração. Quando recebi a mensagem de Juan, decidi que precisava aparecer na frente de Domingos com Bruno ao meu lado. A principal razão da raiva de Domingos era eu; se ele soubesse que eu já tinha feito as pazes com Bruno, o efeito seria praticamente o mesmo que se Bruno aparecesse sozinho. Com um plano em mente, recebi Bruno com um sorriso no rosto o tempo todo. Para não levantar suspeitas e revelar o endereço cedo demais, fiz questão de dirigir eu mesma. Eu devia muito a Rui, e enquanto houvesse uma mínima chance, eu faria de tudo para ten
Saí de trás de Bruno, fingindo surpresa, abrindo os braços com entusiasmo para cumprimentar Domingos. Quando ele me viu, seu corpo ficou um pouco rígido. Fiz questão de ignorar isso, abraçando-o ligeiramente, como fazia na infância, e logo voltei a me posicionar ao lado de Bruno, com a devida discrição. Meus movimentos foram suaves e meu olhar sereno. Era como se entre Rui e eu houvesse apenas a inocente amizade de infância, a mais pura das relações entre um homem e uma mulher, sem qualquer outra implicação.Quando entrelacei meu braço ao de Bruno e levantei o olhar para ele, vi seu sorriso esvanecer aos poucos, seus olhos frios baixarem levemente na minha direção, como se fosse uma serpente silenciosa e sombria, escondendo todas as suas emoções. Olhei para ele com um sorriso e disse: — Quando eu era pequena, o Sr. Domingos cuidava tão bem de mim! Vamos convidá-lo para jantar, que tal? Bruno me olhou friamente, sem mais esconder o descontentamento que sentia. Naquele inst
Em poucos passos de volta, já havia suor frio escorrendo pela minha testa. Pensei que o plano de manipular Bruno fosse complicado o suficiente, mas agora percebi que precisaria fazer mais. Como eu poderia abordá-lo, pedir que ele usasse suas conexões sem receber nada em troca? Os homens de negócios não faziam acordos que resultassem em perdas. Eu estava um pouco confusa, mas sabia que Bruno me observava, então sorri suavemente para ele, sem hesitar em demonstrar mais afeto na frente de Domingos. — Querido, estou suando... Ajude-me a limpar? Sentei-me ao seu lado, inclinando ligeiramente o corpo em sua direção, tão próxima que podia ver até os poros no nariz dele.A respiração de Bruno se tornou subitamente mais pesada. Ele apertou minhas bochechas e me empurrou para trás. Em seguida, tirou um lenço do bolso e o pressionou na minha testa. — Sr. Domingos ainda está aqui, pare com isso. Apesar de ser uma repreensão, o tom era carinhoso.Domingos soltou uma risada. — Re
— Já que você já se encontrou com Juan, deve saber que a situação de Rui não é tão simples assim. Não é algo que possa ser resolvido apenas com você e eu mostrando afeto na frente de Domingos!Eu entendia o que Bruno estava me dizendo, mas, se eu não fizesse isso, o que mais poderia fazer por Rui?Pisquei com uma expressão inocente, olhando diretamente para ele.A frustração de Bruno era um pouco engraçada. Pulei da pia, caminhei até ele e, ficando na ponta dos pés, beijei suavemente seu queixo, perguntando:— E assim, será que é o suficiente?Por um bom tempo, ele não se moveu, e quando tentei me levantar novamente, ele se esquivou facilmente para trás.Dei de ombros.— Então, você não quer me ajudar mais.Sem esperar pela resposta, passei por ele, pronta para sair, mas Bruno segurou meu pulso com firmeza.Ele estreitou os olhos, e uma onda de irritação inexplicável surgiu em seu olhar.— Para onde você pensa que vai?— Vou falar com Domingos. Se você não pode ajudar, eu mesma vou dar
Tudo estava indo bem. Domingos provavelmente tinha escolhido uma garota de boa família. Se Rui realmente conseguisse se dar bem com ela, isso seria uma ótima notícia. — Que maravilha, faz tempo que não o vejo! Sr. Domingos, por favor, dê meus parabéns ao Rui. — Enquanto falava, ergui minha taça. Era meu primeiro gole de álcool naquela noite. Quando Bruno ouviu que Rui planejava ir para o exterior, ele também demonstrou interesse. Como se fosse um irmão mais velho, agora estava mais atento às escolhas do seu “irmão”. Eu, por outro lado, já não estava mais prestando atenção. Tomava pequenos goles de vinho, e antes que me desse conta, as taças já estavam vazias. A bebida estava gostosa, mas quando quis beber mais, Bruno pressionou a taça contra a mesa, impedindo-me de continuar. Eu nem consegui ouvir claramente o que ele e Domingos estavam conversando, pois, de repente, Bruno me pegou nos braços. Enquanto ele me carregava, deitada em seu ombro, despedi-me de Domingos, dizend
O carinho que Severino tinha por sua esposa era conhecido por todos na Cidade J. Agora, por causa da perda do bebê, o casal havia se separado de vez. Isso fazia com que Severino jamais fosse deixar Rui em paz. Destruir sua família, arruinar sua carreira, mesmo sendo seu irmão mais novo, seria difícil para Rui sair ileso dessa situação, ainda mais com a família Assis envolvida. Ao pensar em Rui, um sentimento de culpa tomou conta do meu coração, apertando-me de tal forma que era doloroso até respirar. Lívia olhava ao redor, com os olhos rápidos e calculistas. Se quem tivesse vindo fosse o ex-marido de Ana, ela abriria os portões com alegria para recebê-lo, pedindo sua ajuda. Mas a visitante era Ana. Para ela, não valia a pena gastar palavras. — Você não ouviu? Vá embora. Que tipo de pessoa você acha que é para vir aqui e negociar com a nossa família? Eu sorri de leve. — Sra. Letícia, sei que você acredita que Rui traiu o próprio irmão, e que isso acabou levando à perda do
Eu não sabia o que ele queria dizer com aquilo, só sabia que não podia ser levada pelo Bruno, senão todo o meu esforço de hoje teria sido em vão. Lívia insistia energicamente para que ficássemos um pouco mais, e eu acenei rapidamente com a cabeça, mas logo senti a mão de Bruno empurrando minha cabeça para baixo. Vendo isso, Lívia deu um empurrão em Severino, esperando que ele lhe ajudasse, mas Severino ficou paralisado, incapaz de se mover. Bruno me puxou para seus braços, girando-me em seus braços. Ele me levantou, segurando meu quadril, como se eu fosse uma criança, e saiu andando sem hesitar.— Coloque-me no chão. — Murmurei baixinho em seu ouvido, meu rosto completamente ruborizado. Diante de tantas pessoas, aquela posição era extremamente constrangedora. No momento em que ele me levantou, uma vertigem me atingiu, e eu desejei, por um instante, querer desmaiar de vergonha.De repente, senti um tapa forte no meu traseiro, e meu corpo reagiu automaticamente, apertando minhas perna