A figura alta e esguia de Bruno bloqueava as luzes do corredor, deixando-o um pouco mais sombrio, assim como aumentava o ódio em meu coração. Sim. Se não fosse Bruno dando força para Maia, como ela teria a habilidade de não só descobrir onde eles estavam, mas também criar um plano tão elaborado? Não importava quem fosse o mentor por trás de tudo isso, no fim das contas, que diferença fazia? De certa forma, Bruno e Maia não eram quase uma única entidade?Olhei para o homem à minha frente, e sorri para ele com serenidade. Os dias ocupados fizeram minhas roupas ficarem tão amassadas que, por mais que eu as esticasse, não adiantaria. Ele, no entanto, estava impecável em seu terno preto, sem um único vinco, com a cabeça erguida em um gesto altivo, nem mesmo se dignando a olhar para mim.Já que ele fingia não me ver, eu também não precisava insistir em me humilhar. Não olhei mais para ele e segui em frente, passando por seu lado, sentindo uma dor profunda atravessar meu corpo ao nos es
Maia arregalou os olhos, incrédula.— Bruno, o que você disse?— Não costumo repetir o que falo, você ouviu muito bem. — Bruno suspirou, mas suas palavras eram firmes.Maia levou quase três minutos para processar aquele fato, mas ainda assim não conseguia aceitar.— Bruno, você está dizendo que me usou e depois me chutou de lado? — Ela começou a rir, um riso meio descontrolado. — Bruno, estou sangrando, sangrando por sua causa, e você não acredita que é para o seu bem? A Ana não ouve nada, você não entende de mulheres, se quer conquistá-la, não pode usar meios normais, tem que ser mais duro! Você não entende? Tem que confiar em mim! Diga, desde quando eu já te enganei? Sempre fui a que mais te obedeceu, e mesmo que dê tudo errado com a Ana, você já não disse que, se no fim das contas perder o interesse nela, você vai se casar comigo? Eu não me importo se você me ama ou não, só quero um lar com você!Maia de repente rastejou de joelhos na cama e agarrou a manga de Bruno.— Bruno, você e
O que Bruno estava tentando alcançar era algo que, no final, já estava perdido. No começo, ele apenas sentiu que a temperatura desta cidade parecia ser mais fria do que em Cidade J, mas agora ele entendia. Esse ar úmido, que parecia se infiltrar nos pulmões e fazia seu corpo inteiro estremecer, se chamava solidão. Este inverno, sem Ana, parecia ainda mais gélido.Enquanto isso, eu sentia o oposto. Meu corpo parecia em chamas, quase queimando.Após sair do hospital, voltei novamente à delegacia, mas a resposta foi a mesma de antes: Luz não havia contratado um advogado, se recusava a falar com qualquer um.Antes de encontrar Maia, eu acreditava naquilo, mas agora, de jeito nenhum!— É você que não quer me deixar vê-la, ou é ela que não quer me ver? Fale a verdade!Mal terminei de dizer essas palavras e já me acusaram de obstrução de justiça, prendendo-me ali mesmo.Quando dois policiais enormes se lançaram sobre mim, não resisti. Achei que talvez isso fosse parte do castigo que Bruno
— Achei que a primeira coisa que você me perguntaria seria sobre o estado da sua amiga. — Bruno se virou lentamente, caminhando em minha direção, passo a passo. — Desde quando o Rui se tornou mais importante do que a sua amiga?A sombra de Bruno parecia pesar, como se tivesse substância. Por um instante, até respirar ficou difícil. Quando ele se aproximou, senti meu corpo estremecer. Eu estava presa no estreito espaço entre a parede e o peito dele, sem forças nem mesmo para resistir. — Você é desprezível! Olhou o meu celular! — Gritei. Ele arqueou as sobrancelhas, indiferente. — Sua amiga... E Rui... Só posso salvar um. Quem você escolhe? Enquanto Bruno fazia essa pergunta, seu coração também batia acelerado. Ele conseguia aceitar as brigas entre ele e Ana, conseguia aceitar que o relacionamento dos dois já não era como antes, mas o que ele não podia suportar era a ideia de Ana ter se apaixonado por outra pessoa nesse meio tempo. Ele havia superestimado a natureza humana
Bruno refletiu por um momento e então sorriu calmamente.— Então tente ver se ainda consegue entrar em contato com ele.Ele se virou para ir embora, mas depois de dar dois passos, parou novamente e olhou para trás, encarando-me com uma expressão quase compassiva.— Pode sair.Dessa vez, Bruno realmente foi embora. Sua silhueta escura quase se fundia com a escuridão da noite. Corri apressada, e agarrei a parte de trás de sua camisa, balançando-a com força.— Bruno, o que você fez com ele?!Em termos de força, eu nunca fui párea para Bruno. Por mais que eu usasse toda a minha energia, não consegui movê-lo nem um centímetro.Ele segurou meu pulso e olhou para mim com frieza.— Continue hesitando e não diga que eu não avisei... Você talvez nunca mais o veja! — Ele abriu um por um os meus dedos, que ainda estavam agarrados à manga de sua camisa, e enquanto ajeitava suas roupas, olhou diretamente nos meus olhos. — Quando você voltar para me implorar novamente, não serei tão compreensivo co
No hospital, Bruno Henrique aprumou-se em toda a sua altura, destacando-se na multidão.— Não é da sua conta, pode ir embora.Mal tinha me aproximado quando ouvi ele dizer isso, e o saco que eu segurava foi tirado das minhas mãos. A meia-irmã de Bruno foi levada ao hospital no meio da noite, e minha única função, como cunhada, era apenas trazer algumas roupas, nada além do que uma empregada faria. Estávamos casados há quatro anos, e eu já estava acostumada à frieza dele, então fui falar com o médico para entender a situação. O médico disse que o ânus da paciente estava rompido, causado pelo ato de fazer amor com um parceiro.Naquele instante, senti como se tivesse caído em um poço de gelo, o frio invadindo-me dos pés à cabeça.Que eu soubesse, Gisele Silva não tinha namorado, e quem a levou ao hospital naquela ocasião foi meu marido.O médico ajustou os óculos no nariz e me olhou com certa pena.— Os jovens hoje em dia gostam de buscar novas emoções e procurar por estímulos.— O qu
Minha visão caiu sobre a calça de Bruno, que estava jogada ao lado da cama, com o cós frouxo e distorcido formando um rosto choroso, e um canto de seu celular preto deslizando para fora, parecendo mais triste com as lágrimas.Na vida matrimonial, acreditava que tanto o amor quanto a privacidade eram importantes. Sempre demos espaço um ao outro e nunca mexemos no celular do parceiro.Mas hoje, depois de vasculhar até o escritório, pensei que também deveria olhar o celular dele.Peguei o celular e com pressa, mergulhei debaixo das cobertas até cobrir minha cabeça.Eu estava muito nervosa.Diziam que ninguém conseguia manter um sorriso no rosto após verificar o celular do parceiro. Eu tinha medo de encontrar provas de sua traição com Gisele ou de não encontrar nada e parecer que não confiava nele.Ao pensar no bracelete que ele gostava de usar todos os dias, meus dentes começaram a tremer.“Bruno, o que você está escondendo de mim? O que realmente importa para você?”Errei a senha várias
O celular de Bruno estava sobre o armário de relógios, preso entre duas caixas de relógio. A mão dele estava apoiada na superfície do armário, enquanto a outra se movia rapidamente abaixo dele.No chão, não muito longe dele, estava a toalha cinza que ele havia chutado. Mesmo que seu corpo estivesse parcialmente escondido, não era difícil adivinhar o que ele estava fazendo.Sons de intimidade logo preencheram o closet, carregados de sensualidade.Meus dedos dos pés se cravaram no chão de madeira, e uma sensação de frio percorreu meu corpo. Meu corpo inteiro ficou paralisado como se eu estivesse enfeitiçada.Ele logo pegou algumas folhas de papel toalha. Achei que ele tinha terminado, mas, para minha surpresa, ele começou tudo de novo.Só agora a dor real tomou conta de mim. Cada movimento do braço dele parecia cortar meu coração profundamente.Algumas fotos de Gisele eram suficientes para tirar meu marido da nossa cama. Ele preferia resolver suas necessidades sozinho, olhando suas fotos