— Achei que a primeira coisa que você me perguntaria seria sobre o estado da sua amiga. — Bruno se virou lentamente, caminhando em minha direção, passo a passo. — Desde quando o Rui se tornou mais importante do que a sua amiga?A sombra de Bruno parecia pesar, como se tivesse substância. Por um instante, até respirar ficou difícil. Quando ele se aproximou, senti meu corpo estremecer. Eu estava presa no estreito espaço entre a parede e o peito dele, sem forças nem mesmo para resistir. — Você é desprezível! Olhou o meu celular! — Gritei. Ele arqueou as sobrancelhas, indiferente. — Sua amiga... E Rui... Só posso salvar um. Quem você escolhe? Enquanto Bruno fazia essa pergunta, seu coração também batia acelerado. Ele conseguia aceitar as brigas entre ele e Ana, conseguia aceitar que o relacionamento dos dois já não era como antes, mas o que ele não podia suportar era a ideia de Ana ter se apaixonado por outra pessoa nesse meio tempo. Ele havia superestimado a natureza humana
Bruno refletiu por um momento e então sorriu calmamente.— Então tente ver se ainda consegue entrar em contato com ele.Ele se virou para ir embora, mas depois de dar dois passos, parou novamente e olhou para trás, encarando-me com uma expressão quase compassiva.— Pode sair.Dessa vez, Bruno realmente foi embora. Sua silhueta escura quase se fundia com a escuridão da noite. Corri apressada, e agarrei a parte de trás de sua camisa, balançando-a com força.— Bruno, o que você fez com ele?!Em termos de força, eu nunca fui párea para Bruno. Por mais que eu usasse toda a minha energia, não consegui movê-lo nem um centímetro.Ele segurou meu pulso e olhou para mim com frieza.— Continue hesitando e não diga que eu não avisei... Você talvez nunca mais o veja! — Ele abriu um por um os meus dedos, que ainda estavam agarrados à manga de sua camisa, e enquanto ajeitava suas roupas, olhou diretamente nos meus olhos. — Quando você voltar para me implorar novamente, não serei tão compreensivo co
Por um instante, pensei em inúmeras formas de consolar a mim mesma.Aprender com a Maia talvez não fosse uma má ideia. Fechar os olhos, ignorar quantas mulheres estivessem ao redor de Bruno e simplesmente deixá-lo à vontade, como se eu fosse apenas uma esposa ornamental... Não parecia tão difícil.Por causa da minha teimosia, da minha obstinação, da minha imaturidade, já havia perdido minha mãe. Não podia me dar ao luxo de ser egoísta novamente.Eu não podia perder Luz, não podia perder Rui, não podia permitir que algo acontecesse com eles.Ao pensar na nova casa que arrumei com tanto carinho nos últimos dias, um soluço escapou involuntariamente da minha garganta. Quando levantei a cabeça, o céu, que antes estava claro, já começava a ser atingido pelas primeiras gotas de chuva.A mãe de Luz desceu as escadas e, ao me ver, estava prestes a falar, mas nossos olhares se cruzaram, e ela percebeu as lágrimas enchendo meus olhos.O susto foi visível em sua expressão, e seus passos se tornara
Desde o momento em que entrei no carro, Bruno sequer olhou diretamente para mim. Mesmo agora, seus olhos permaneciam fechados.Eu não conseguia enxergar quais sentimentos ele escondia por trás daquela máscara inexpressiva.“Que teatro ridículo!” pensei, com uma vontade súbita de rir. Eu sabia muito bem o que ele queria. Não havia necessidade de fazermos esse jogo de cena.— Quero que você me ajude. Luz e Rui, quero que eles fiquem bem.Bruno abriu os olhos bruscamente, seu olhar afiado como duas lâminas penetrantes, indo direto aos meus.Sentia uma dor involuntária em meus olhos. As lágrimas começaram a se acumular, como se meu corpo estivesse tentando aliviar a dor.Mencionar Rui fez Bruno se enfurecer.— Eu já te disse ontem, você está pedindo demais.Eu o encarei sem hesitar.— Porque o que você quer, por coincidência, eu tenho.Bruno soltou um leve e frio riso pelo nariz. Com uma das mãos, ele apoiou a cabeça e me olhou de lado. Era um perfil bonito, mas seu olhar, cheio de despr
Minhas mãos, trêmulas e sem saber o que fazer, agarraram o assento de couro debaixo de mim. Então, Bruno sabia de tudo...— Não vou descer. — Balancei a cabeça, recusando. — Não faz sentido, não vou voltar aqui nunca mais.Meu olhar se perdeu pela janela do carro, lançando um último e desesperado vislumbre para fora. Os últimos dias, que pareciam um sonho, receberam um final apressado e doloroso.Eu queria guardar uma lembrança, ter algo no coração, apenas isso.Quando voltei a atenção para dentro do carro, Bruno já não estava mais lá. A porta foi violentamente fechada por ele.De repente, como se tivesse o poder de se teletransportar, ele apareceu ao meu lado. Em um instante, abriu a porta com força, revelando seu rosto sombrio e cheio de raiva.Ele se abaixou bruscamente e agarrou meu pulso com força, sem dar espaço para qualquer resistência.Fui puxada para fora do carro de forma abrupta. Antes que eu pudesse sequer firmar os pés no chão, ele já havia dado alguns passos, e a força
Este aquário era muito mais grosso do que os comuns. Bruno pegou uma cadeira e a arremessou contra ele com tanta força que suas mãos ficaram dormentes, mas, além das douradas assustadas nadando dentro, o aquário não sofreu nenhum dano. Determinado a destruí-lo, ele continuou a atacar com fúria. Uma vez, duas vezes... Até que finalmente, uma abertura se formou no vidro, e a água jorrou violentamente, encharcando as barras da calça dele. Sem pensar duas vezes, usei minha roupa para pegar os peixes que saltavam pelo chão e corri para o banheiro. Peguei uma bacia e a enchi com água. Salvar aqueles peixes era como salvar a mim mesma. Só quando os vi nadando na bacia, consegui soltar um suspiro de alívio. Mas, no segundo seguinte, uma mão grande surgiu ao lado da bacia, despejando toda a água e os meus peixes dentro do vaso sanitário! Bruno ainda teve a audácia de apertar a descarga...Fiquei boquiaberta, o choque e a raiva crescendo dentro de mim. Nem consegui salvar aqu
Mordi os lábios com força, virando-me de costas para ele, prendendo a respiração e fingindo estar profundamente adormecida. De repente, Bruno me puxou pela cintura, enlaçando-me em seus braços. Finalmente, eu estava dividindo a mesma cama com ele. Soltei um grito de surpresa, achando que ele queria me segurar, mas logo ele me soltou. — Não fique tão longe. Estamos debaixo do mesmo cobertor, e entra vento no meio. No instante em que ele me tocou, meu corpo se retraiu instintivamente. Fiz menção de sair da cama. — Vou descer para pegar outro cobertor. Bruno franziu a testa, sua voz rouca revelando uma leve irritação: — Não precisa complicar. Sua amiga vai voltar amanhã. A noite estava tão silenciosa que eu quase podia ouvir o som do meu coração se acalmando. Apertei com força o cobertor, olhei para ele no escuro e murmurei baixinho: — Obrigada. — Apenas um acordo. — Bruno nem sequer abriu os olhos, batendo de leve na cama ao seu lado. — Dorme logo. Alguns segund
No hospital, Bruno Henrique aprumou-se em toda a sua altura, destacando-se na multidão.— Não é da sua conta, pode ir embora.Mal tinha me aproximado quando ouvi ele dizer isso, e o saco que eu segurava foi tirado das minhas mãos. A meia-irmã de Bruno foi levada ao hospital no meio da noite, e minha única função, como cunhada, era apenas trazer algumas roupas, nada além do que uma empregada faria. Estávamos casados há quatro anos, e eu já estava acostumada à frieza dele, então fui falar com o médico para entender a situação. O médico disse que o ânus da paciente estava rompido, causado pelo ato de fazer amor com um parceiro.Naquele instante, senti como se tivesse caído em um poço de gelo, o frio invadindo-me dos pés à cabeça.Que eu soubesse, Gisele Silva não tinha namorado, e quem a levou ao hospital naquela ocasião foi meu marido.O médico ajustou os óculos no nariz e me olhou com certa pena.— Os jovens hoje em dia gostam de buscar novas emoções e procurar por estímulos.— O qu