Mordi o lábio com força, tentando entender o quanto a dor física poderia superar a dor no meu coração. O que eu não conseguia compreender era como Bruno sempre assumia o papel de vítima, me culpando por tudo. E então, o que dizer das injustiças que eu estava sofrendo agora? O mundo podia ser bastante estranho às vezes. O que você via nem sempre era a verdade, e, por mais que eu tentasse me explicar, parecia inútil. As pessoas simplesmente julgavam quem parecia mais vulnerável e, no final, essa pessoa seria vista como a mais fraca, mesmo que o homem à minha frente tivesse dinheiro, poder e um corpo perfeito.Bruno, como se percebesse meu desespero, pressionou meu lábio com o polegar, libertando-o lentamente dos meus dentes. Respirei fundo, e com a ajuda dele, me levantei, afastando bruscamente sua mão com um tapa. — Já que você ouviu tudo claramente, me poupe do esforço de procurar alguma mulher para você. Se você ainda quer que seu pai viva um pouco mais, faça sua parte e não o i
Fiquei atônita por um momento. Antes que pudesse sequer olhar o luxo da sala privada, minha visão foi completamente tomada pelo homem à minha frente. Eu e Bruno estávamos colados um ao outro, nossos rostos tão próximos que eu conseguia ver claramente a barba por fazer surgindo logo acima de seus lábios, um tom ligeiramente azulado sob a luz estranha. O cheiro de cigarro que emanava dele era forte, nada mais lembrava o perfume que eu costumava gostar. Estendi a mão para empurrá-lo, mas ele rapidamente segurou meus pulsos, puxando-me para mais perto, enquanto sua boca invadia a minha com ainda mais força...Minhas pálpebras ficaram úmidas sem que eu percebesse, e ao piscar, uma sensação fria percorreu meu corpo. Meu coração também pareceu esfriar aos poucos, até que ele me roubou o último fio de ar dos pulmões e, só então, ergueu a cabeça lentamente.Seus olhos estavam vermelhos enquanto me encarava fixamente. — Você quer que eu faça isso com outra pessoa também? — Ele apertou minhas
Pensei por um momento. Entre mim e Bruno, não parecia haver um grande ódio. Mas sempre havia outras mulheres entre nós dois, algo impossível de suportar, algo intolerável. Esse tipo de Bruno não era para mim. Não importava o quanto eu o amasse, eu precisava desistir. Com um movimento brusco, joguei-me para trás, pegando Bruno de surpresa. Ele deu alguns passos para trás com o impacto. Eu precisava sair dali, deixando aquele lugar para ele e suas novas amantes. Eu tinha que ir embora! Mas Bruno não permitiu. Ele já estava sem paciência. — Ana, por causa do meu pai, já estou muito ansioso. Você não pode suportar só mais um pouco por mim? Quando meu pai falecer, ninguém mais vai interferir em nós. E daí que não temos filhos? Eu não faço questão de filhos. Sei que você passou por dificuldades, mas tudo isso é falso. Dei um sorriso amargo. — Bruno, o que existe entre nós já ultrapassa qualquer sensação de simples dificuldades. — Falei suavemente. — Eu também quero acabar logo
Rui abriu a mão diante de mim, devagar, fechando-a em um punho. Seu temperamento, incapaz de se conter, transparecia na respiração pesada que saía de suas narinas. — Vire de costas e espere aqui por mim, preciso resolver uma coisa e já volto! Eu o puxei pela mão. — Não vá! — O que você está fazendo? Ele... Eu o interrompi. — Eu sei, não é necessário. — Para não parecer tão miserável, forcei uma expressão de indiferença. — Foram aquelas mulheres que eu mesma escolhi para ele. As risadas das mulheres, afiadas como facas, se cravaram no meu coração. Quando voltei a falar, havia um tom de súplica na minha voz, tão sutil que nem eu mesma percebi. — Podia me levar embora? Rui respirou fundo, contendo a raiva que borbulhava dentro dele. Ele me segurou pela mão, revirando os olhos com um sorriso travesso. — Por que não? Para onde você quiser, eu te acompanho! Seu gesto causou uma reação imediata nos atores ao fundo, que começaram a pular como macacos, assobiando e zom
Sabia o que ele quis dizer, nada mais do que me informar que o garoto que uma vez disse gostar de mim também não era tão sincero quanto eu imaginava, assim como ele.Ele se aproximou de Rui com uma pressão imensa, e sussurrou para ele:— Só que você precisa entender bem quais mulheres você pode tocar e quais não pode!Ele bateu no ombro de Rui, como se estivesse limpando uma poeira inexistente, e se virou sem olhar para trás.Eu olhei para suas costas, e meus olhos ardiam. Rui entrou no carro, irritado, dizendo:— Não escuta as besteiras que ele fala! Meu pai pode até ter marcado encontros pra mim, mas eu nunca fui a nenhum!Com um pouco de dor de cabeça, massageei minhas têmporas, sentindo-me exausta.Se Bruno pudesse ser tão firme em me escolher como Rui, eu nem conseguia imaginar o quanto eu seria feliz agora.— Ana, quando você vai se divorciar de Bruno? Volte comigo pra casa, assim meu pai para de me pressionar pra casar!— O que você tá falando...Suspirei. Embora a família Sampa
Eu estava tão calma que até mesmo Bruno ficou surpreso. Talvez ele achasse que eu deveria estar satisfeita, ou que me sentiria amedrontada ao vê-lo. No entanto, eu apenas coloquei o celular de lado, tranquila, e fiz uma pergunta completamente irrelevante:— Meu apartamento, você também pode entrar e sair à vontade?Bruno ficou desconcertado com a minha mudança abrupta de assunto. Ele hesitou por um instante, apertou os punhos, lutando para controlar sua raiva.— Você é minha esposa, e sua casa é minha também. Nada mais normal.Seus lábios estavam firmemente cerrados, e seus olhos, tingidos de um tom furioso, estavam vermelhos de sangue, refletindo uma mistura de cólera e dor. Observei tudo em silêncio, e quanto mais via seu sofrimento, mais calma eu me tornava. Ele estava assim apenas por causa de Gisele, e isso não tinha nada a ver comigo.Eu realmente não sabia como dizer a mim mesma que meu marido veio me enfrentar por outra mulher, mas que, de alguma forma, isso não tinha nada a
Do lado de fora do quarto do hospital, Karina e Gisele estavam ajoelhadas, enquanto Pietro, furioso, observava a cena. Um copo que estava sobre a mesa foi arremessado ao chão, seus cacos se espalhando por todo o lugar.Apesar de não ter gritado, sua voz transbordava autoridade:— Você quer me matar de raiva, sua ingrata?— Pai, eu sei que Gisele errou, mas isso é porque a mimamos demais quando ela era pequena, estragando seu temperamento. No fim, a culpa também é minha, como irmão. Deixe-me mandá-la para o exterior. Afinal, somos irmãos. Devo, ao menos, ajudá-la a encontrar um marido decente para confiar seu futuro...Na porta, Gisele chorava, visivelmente abalada.— Papai, eu sei que errei... Irmão, não quero ir para o exterior...Karina também chorava, suplicando por perdão:— Pietro, por favor, pense em tudo o que fiz por você, em como cuidei da nossa família Henriques com dedicação. Será que não pode perdoar Gisele dessa vez? Prometo que vou discipliná-la adequadamente. Se ela tiv
Gisele estava tão cega de raiva que chegou a pensar que poderia me empurrar da escada e me matar...Sem contar que eu já estava atenta aos movimentos dela, e essa ala de quartos particulares estava toda coberta por tapetes grossos. Eu jamais me machucaria seriamente.Firmei-me, mantendo o equilíbrio, e sorri de forma desafiadora para ela no andar de cima. Se eu não estivesse grávida, eu até...Minha mão tocou de leve o meu ventre, e de repente um arrepio de medo me percorreu!O olhar de Gisele me aterrorizava. Sem me importar com o sorriso sinistro que ela ainda exibia no topo da escada, me virei e comecei a andar rapidamente para fora. Porém, antes mesmo de dar dois passos, minha consciência começou a oscilar como uma vela ao vento, instável, a qualquer momento prestes a apagar.Com muito esforço, consegui chegar até a porta do hospital e chamar um táxi. Em seguida, liguei para Luz:— Luz, venha me buscar... Estou na porta do hospital...Mas só consegui dizer essa frase antes que minh