Pensei por um momento. Entre mim e Bruno, não parecia haver um grande ódio. Mas sempre havia outras mulheres entre nós dois, algo impossível de suportar, algo intolerável. Esse tipo de Bruno não era para mim. Não importava o quanto eu o amasse, eu precisava desistir. Com um movimento brusco, joguei-me para trás, pegando Bruno de surpresa. Ele deu alguns passos para trás com o impacto. Eu precisava sair dali, deixando aquele lugar para ele e suas novas amantes. Eu tinha que ir embora! Mas Bruno não permitiu. Ele já estava sem paciência. — Ana, por causa do meu pai, já estou muito ansioso. Você não pode suportar só mais um pouco por mim? Quando meu pai falecer, ninguém mais vai interferir em nós. E daí que não temos filhos? Eu não faço questão de filhos. Sei que você passou por dificuldades, mas tudo isso é falso. Dei um sorriso amargo. — Bruno, o que existe entre nós já ultrapassa qualquer sensação de simples dificuldades. — Falei suavemente. — Eu também quero acabar logo
Rui abriu a mão diante de mim, devagar, fechando-a em um punho. Seu temperamento, incapaz de se conter, transparecia na respiração pesada que saía de suas narinas. — Vire de costas e espere aqui por mim, preciso resolver uma coisa e já volto! Eu o puxei pela mão. — Não vá! — O que você está fazendo? Ele... Eu o interrompi. — Eu sei, não é necessário. — Para não parecer tão miserável, forcei uma expressão de indiferença. — Foram aquelas mulheres que eu mesma escolhi para ele. As risadas das mulheres, afiadas como facas, se cravaram no meu coração. Quando voltei a falar, havia um tom de súplica na minha voz, tão sutil que nem eu mesma percebi. — Podia me levar embora? Rui respirou fundo, contendo a raiva que borbulhava dentro dele. Ele me segurou pela mão, revirando os olhos com um sorriso travesso. — Por que não? Para onde você quiser, eu te acompanho! Seu gesto causou uma reação imediata nos atores ao fundo, que começaram a pular como macacos, assobiando e zom
Sabia o que ele quis dizer, nada mais do que me informar que o garoto que uma vez disse gostar de mim também não era tão sincero quanto eu imaginava, assim como ele.Ele se aproximou de Rui com uma pressão imensa, e sussurrou para ele:— Só que você precisa entender bem quais mulheres você pode tocar e quais não pode!Ele bateu no ombro de Rui, como se estivesse limpando uma poeira inexistente, e se virou sem olhar para trás.Eu olhei para suas costas, e meus olhos ardiam. Rui entrou no carro, irritado, dizendo:— Não escuta as besteiras que ele fala! Meu pai pode até ter marcado encontros pra mim, mas eu nunca fui a nenhum!Com um pouco de dor de cabeça, massageei minhas têmporas, sentindo-me exausta.Se Bruno pudesse ser tão firme em me escolher como Rui, eu nem conseguia imaginar o quanto eu seria feliz agora.— Ana, quando você vai se divorciar de Bruno? Volte comigo pra casa, assim meu pai para de me pressionar pra casar!— O que você tá falando...Suspirei. Embora a família Sampa
Eu estava tão calma que até mesmo Bruno ficou surpreso. Talvez ele achasse que eu deveria estar satisfeita, ou que me sentiria amedrontada ao vê-lo. No entanto, eu apenas coloquei o celular de lado, tranquila, e fiz uma pergunta completamente irrelevante:— Meu apartamento, você também pode entrar e sair à vontade?Bruno ficou desconcertado com a minha mudança abrupta de assunto. Ele hesitou por um instante, apertou os punhos, lutando para controlar sua raiva.— Você é minha esposa, e sua casa é minha também. Nada mais normal.Seus lábios estavam firmemente cerrados, e seus olhos, tingidos de um tom furioso, estavam vermelhos de sangue, refletindo uma mistura de cólera e dor. Observei tudo em silêncio, e quanto mais via seu sofrimento, mais calma eu me tornava. Ele estava assim apenas por causa de Gisele, e isso não tinha nada a ver comigo.Eu realmente não sabia como dizer a mim mesma que meu marido veio me enfrentar por outra mulher, mas que, de alguma forma, isso não tinha nada a
Do lado de fora do quarto do hospital, Karina e Gisele estavam ajoelhadas, enquanto Pietro, furioso, observava a cena. Um copo que estava sobre a mesa foi arremessado ao chão, seus cacos se espalhando por todo o lugar.Apesar de não ter gritado, sua voz transbordava autoridade:— Você quer me matar de raiva, sua ingrata?— Pai, eu sei que Gisele errou, mas isso é porque a mimamos demais quando ela era pequena, estragando seu temperamento. No fim, a culpa também é minha, como irmão. Deixe-me mandá-la para o exterior. Afinal, somos irmãos. Devo, ao menos, ajudá-la a encontrar um marido decente para confiar seu futuro...Na porta, Gisele chorava, visivelmente abalada.— Papai, eu sei que errei... Irmão, não quero ir para o exterior...Karina também chorava, suplicando por perdão:— Pietro, por favor, pense em tudo o que fiz por você, em como cuidei da nossa família Henriques com dedicação. Será que não pode perdoar Gisele dessa vez? Prometo que vou discipliná-la adequadamente. Se ela tiv
Gisele estava tão cega de raiva que chegou a pensar que poderia me empurrar da escada e me matar...Sem contar que eu já estava atenta aos movimentos dela, e essa ala de quartos particulares estava toda coberta por tapetes grossos. Eu jamais me machucaria seriamente.Firmei-me, mantendo o equilíbrio, e sorri de forma desafiadora para ela no andar de cima. Se eu não estivesse grávida, eu até...Minha mão tocou de leve o meu ventre, e de repente um arrepio de medo me percorreu!O olhar de Gisele me aterrorizava. Sem me importar com o sorriso sinistro que ela ainda exibia no topo da escada, me virei e comecei a andar rapidamente para fora. Porém, antes mesmo de dar dois passos, minha consciência começou a oscilar como uma vela ao vento, instável, a qualquer momento prestes a apagar.Com muito esforço, consegui chegar até a porta do hospital e chamar um táxi. Em seguida, liguei para Luz:— Luz, venha me buscar... Estou na porta do hospital...Mas só consegui dizer essa frase antes que minh
No dia seguinte, troquei de hospital para fazer novos exames. Quando mais uma vez foi confirmado que a gravidez havia sido interrompida, desmoronei por completo. Mas algo ainda mais devastador aconteceu: de repente, a atenção da internet, que antes estava voltada para Gisele, começou a se concentrar em mim. Alguém incitou os fãs de Kevin, alegando que apenas a esposa legítima se preocuparia com as mulheres ao redor de Bruno, e que, do ponto de vista de Gisele, Maia nem sequer a afetaria. Claramente, havia alguém que não queria me deixar em paz. Os fãs de Kevin, já incomodados com a diminuição da minha popularidade, encontraram um novo alvo para descarregar suas frustrações. Elas nem precisaram de muita ajuda para criar uma narrativa aparentemente plausível. Nunca imaginei que, por causa de uma simples disputa judicial, eu acabaria travando uma longa batalha na internet. Minha mente estava uma confusão. Desde o início, eu desconfiava que havia alguém manipulando tudo nos b
— Ana, isso não tem graça. — Bruno ficou atônito, com um tom extremamente sério.Talvez o que aconteceu com Maia já tivesse o feito desistir da ideia de ter um filho. Ele até me disse que, para ele, não ter filhos também era uma opção.Agora, de repente, apareci dizendo que estava grávida. Qualquer um ficaria abalado com esse choque.Mas eu queria mesmo o abalar.Há tempos eu tinha decidido que precisava dar um fim à nossa situação, mas por causa do que tivemos no passado, nunca tive coragem de fazer nada contra Gisele. Com o tempo, a oportunidade de agir se perdeu.Por mais que eu planejasse tudo com cuidado, não havia como impedir Bruno de protegê-la. No final, eu sempre acabava dominada pelos dois irmãos.Agora, era a minha vez.— Acredite se quiser. Se não, crio essa criança sozinha. — Eu não disse mais nada, desligando o celular com tranquilidade.Eu já tinha preparado o laudo da minha primeira consulta, confirmando a gravidez. Caminhei até a janela e, em silêncio, fiquei esperand