Eu estava tão calma que até mesmo Bruno ficou surpreso. Talvez ele achasse que eu deveria estar satisfeita, ou que me sentiria amedrontada ao vê-lo. No entanto, eu apenas coloquei o celular de lado, tranquila, e fiz uma pergunta completamente irrelevante:— Meu apartamento, você também pode entrar e sair à vontade?Bruno ficou desconcertado com a minha mudança abrupta de assunto. Ele hesitou por um instante, apertou os punhos, lutando para controlar sua raiva.— Você é minha esposa, e sua casa é minha também. Nada mais normal.Seus lábios estavam firmemente cerrados, e seus olhos, tingidos de um tom furioso, estavam vermelhos de sangue, refletindo uma mistura de cólera e dor. Observei tudo em silêncio, e quanto mais via seu sofrimento, mais calma eu me tornava. Ele estava assim apenas por causa de Gisele, e isso não tinha nada a ver comigo.Eu realmente não sabia como dizer a mim mesma que meu marido veio me enfrentar por outra mulher, mas que, de alguma forma, isso não tinha nada a
Do lado de fora do quarto do hospital, Karina e Gisele estavam ajoelhadas, enquanto Pietro, furioso, observava a cena. Um copo que estava sobre a mesa foi arremessado ao chão, seus cacos se espalhando por todo o lugar.Apesar de não ter gritado, sua voz transbordava autoridade:— Você quer me matar de raiva, sua ingrata?— Pai, eu sei que Gisele errou, mas isso é porque a mimamos demais quando ela era pequena, estragando seu temperamento. No fim, a culpa também é minha, como irmão. Deixe-me mandá-la para o exterior. Afinal, somos irmãos. Devo, ao menos, ajudá-la a encontrar um marido decente para confiar seu futuro...Na porta, Gisele chorava, visivelmente abalada.— Papai, eu sei que errei... Irmão, não quero ir para o exterior...Karina também chorava, suplicando por perdão:— Pietro, por favor, pense em tudo o que fiz por você, em como cuidei da nossa família Henriques com dedicação. Será que não pode perdoar Gisele dessa vez? Prometo que vou discipliná-la adequadamente. Se ela tiv
Gisele estava tão cega de raiva que chegou a pensar que poderia me empurrar da escada e me matar...Sem contar que eu já estava atenta aos movimentos dela, e essa ala de quartos particulares estava toda coberta por tapetes grossos. Eu jamais me machucaria seriamente.Firmei-me, mantendo o equilíbrio, e sorri de forma desafiadora para ela no andar de cima. Se eu não estivesse grávida, eu até...Minha mão tocou de leve o meu ventre, e de repente um arrepio de medo me percorreu!O olhar de Gisele me aterrorizava. Sem me importar com o sorriso sinistro que ela ainda exibia no topo da escada, me virei e comecei a andar rapidamente para fora. Porém, antes mesmo de dar dois passos, minha consciência começou a oscilar como uma vela ao vento, instável, a qualquer momento prestes a apagar.Com muito esforço, consegui chegar até a porta do hospital e chamar um táxi. Em seguida, liguei para Luz:— Luz, venha me buscar... Estou na porta do hospital...Mas só consegui dizer essa frase antes que minh
No dia seguinte, troquei de hospital para fazer novos exames. Quando mais uma vez foi confirmado que a gravidez havia sido interrompida, desmoronei por completo. Mas algo ainda mais devastador aconteceu: de repente, a atenção da internet, que antes estava voltada para Gisele, começou a se concentrar em mim. Alguém incitou os fãs de Kevin, alegando que apenas a esposa legítima se preocuparia com as mulheres ao redor de Bruno, e que, do ponto de vista de Gisele, Maia nem sequer a afetaria. Claramente, havia alguém que não queria me deixar em paz. Os fãs de Kevin, já incomodados com a diminuição da minha popularidade, encontraram um novo alvo para descarregar suas frustrações. Elas nem precisaram de muita ajuda para criar uma narrativa aparentemente plausível. Nunca imaginei que, por causa de uma simples disputa judicial, eu acabaria travando uma longa batalha na internet. Minha mente estava uma confusão. Desde o início, eu desconfiava que havia alguém manipulando tudo nos b
— Ana, isso não tem graça. — Bruno ficou atônito, com um tom extremamente sério.Talvez o que aconteceu com Maia já tivesse o feito desistir da ideia de ter um filho. Ele até me disse que, para ele, não ter filhos também era uma opção.Agora, de repente, apareci dizendo que estava grávida. Qualquer um ficaria abalado com esse choque.Mas eu queria mesmo o abalar.Há tempos eu tinha decidido que precisava dar um fim à nossa situação, mas por causa do que tivemos no passado, nunca tive coragem de fazer nada contra Gisele. Com o tempo, a oportunidade de agir se perdeu.Por mais que eu planejasse tudo com cuidado, não havia como impedir Bruno de protegê-la. No final, eu sempre acabava dominada pelos dois irmãos.Agora, era a minha vez.— Acredite se quiser. Se não, crio essa criança sozinha. — Eu não disse mais nada, desligando o celular com tranquilidade.Eu já tinha preparado o laudo da minha primeira consulta, confirmando a gravidez. Caminhei até a janela e, em silêncio, fiquei esperand
Meu coração doía imensamente. Meu filho estava prestes a partir, mas Bruno parecia tão alegre. Embora eu o tivesse enganado, ele também tinha culpa! A tristeza tomou conta de mim em um instante, e eu não conseguia aceitar qualquer tipo de intimidade com ele naquele momento. Mas era como se minhas forças tivessem sido sugadas; eu sequer conseguia ficar em pé. Todo o peso do meu corpo recaiu sobre ele, e Bruno achou que eu estava me entregando, que eu também estava comovida. — Bruno. — Recusei. — Não me toque, estou muito cansada. Ele levantou o olhar para mim, seus olhos cheios de desejo. — Eu sei, só vou te beijar, não vou fazer nada. — Ele sorriu, um pouco tolo. — Por mais que eu queira, não vou te tocar agora. Só é uma pena para mim, terei que esperar dez meses. Dei um sorriso fraco, sem lhe responder. Bruno me levou para a cama, e, com um único movimento, puxou minha roupa leve, rasgando-a. Ele disse seriamente: — Vou te ajudar a tomar banho, depois dormimos. Est
Quando finalmente terminamos de lidar com os jornalistas, Bruno me levou para os bastidores. Gisele nos viu entrando de braços dados e ficou extremamente surpresa. Seu rostinho delicado quase transbordava de espanto, com os olhos arregalados.Ela elevou a voz em um tom quase estridente:— Irmão! Como a Ana veio parar aqui?!A reação de Gisele era um tanto cômica. Aquela que ontem se vangloriava para mim agora parecia desanimada. Eu ergui levemente o queixo e, com um tom sereno, expliquei:— Esta situação também me afeta, e depois de conversar com o seu irmão, decidimos que seria uma boa oportunidade para eu esclarecer algumas coisas também. Inclusive, posso aproveitar para falar sobre o processo que movi para Ursula e o marido dela.— Desculpe, Gisele, foi uma decisão de última hora. — Sorri gentilmente para ela. — Gisele, você não vai se importar, certo? Mas não se preocupe, o foco hoje será todo em você. Nada disso vai te atrapalhar.Gisele deu uma pisada forte no chão e, balançan
Os lábios de Gisele tremiam, e seus punhos, já fechados, se apertaram ainda mais. Eu não tinha a menor dúvida de que, se não houvesse ninguém mais por perto, o soco dela já teria acertado meu corpo.Gisele ficou sozinha atrás de mim por um longo tempo, em silêncio. Eu não sabia o que ela estava pensando, mas dava para ver pelo seu estado que, finalmente, tinha se acalmado. Ela se sentou diante da penteadeira ao meu lado, e nossos olhares se encontraram no espelho. Seus olhos distorcidos pareciam afiados como uma faca, prestes a rasgar a máscara que ela normalmente usava.— Ana, embora eu vá para o exterior, não vai demorar muito para voltar. Você acha que papai vai aguentar muito mais tempo? No fim, quem vai mandar nessa casa será meu irmão, e ele vai me trazer de volta. Nós duas ainda teremos muitos dias juntas, só de pensar nisso, já fico feliz! — Ela apoiou o rosto em uma das mãos, virando-se para mim com um sorriso no canto dos lábios, voltando a exibir sua habitual inocência. Su