— Oh! Nossa! — Maia exclamou exageradamente, pressionando os documentos contra o peito, e logo, percebendo o quanto aquilo parecia inadequado, os escondeu atrás de si. — Sra. Henriques, não me entenda mal. Suas palavras soaram para mim como se estivesse me dizendo tudo de forma direta. Eu queria fingir que não me importava, erguer a cabeça e entrar com dignidade, mas meu coração parecia estar sendo apertado por uma mão invisível, e a dor me impedia de seguir em frente. Eu era uma pessoa que sempre planejava tudo. Diante de situações com fatores incertos, costumava me preparar com diversas alternativas. Eu já tinha até pensado em como compensar Pietro. Não importava se fosse com dinheiro ou contratando um cuidador, eu sabia que deveria assumir parte da responsabilidade. Mesmo que Karina me xingasse, ou até mesmo se me agredisse, eu estava pronta para suportar. Estava decidida a ter uma conversa séria com Bruno. E aquelas fotos... Ele havia prometido que não as havia guardado,
Maia saiu correndo, completamente atordoada, mas eu, por outro lado, senti meu corpo inteiro como se tivesse levado um choque. O movimento de Bruno ao me segurar era natural e harmonioso, algo que só podia acontecer porque havíamos repetido aquela cena tantas vezes antes. A posição em que ele me mantinha era íntima e sugestiva. Durante esse tempo, deixei-me levar pela sua ternura, aproveitando o conforto dos seus braços. Só de estar ali, sendo segurada por ele, as lembranças do que vivemos recentemente começaram a invadir minha mente, sem permissão. Com uma dor de cabeça crescente, pressionei a testa, e um gemido de angústia escapou da minha garganta. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo — talvez fosse uma forma de desabafo, ou talvez uma tentativa desesperada de bloquear aquelas memórias que agora, longe de doces, eram mais venenosas do que qualquer outra coisa. Tentei me desvencilhar, mas Bruno me puxou ainda mais forte, até que meu corpo estivesse completamente encai
— Que foto? — Bruno franziu a testa, com uma expressão de quem não entendia o que eu estava dizendo. Olhei para ele, tentando discernir se ele realmente não sabia do que eu estava falando ou se estava apenas fingindo. Se ele tivesse demonstrado um mínimo de cuidado comigo, já teria me oferecido um guarda-chuva antes mesmo que o céu escurecesse. Mas, em vez disso, me deixou enfrentar a tempestade sozinha. Independentemente de ele estar sendo sincero ou não, Bruno já não era o homem em quem eu podia confiar. — Aquele tapa, se você levasse na cara, não foi injusto. — Minha voz saiu exausta, desprovida de emoção. — Já disse tudo o que precisava. A única coisa que resta é o divórcio. Depois disso, não quero mais te ver. Ao ouvir a palavra "divórcio", os olhos de Bruno ficaram levemente avermelhados. Ele segurou meu queixo com força, abaixando o rosto até ficar próximo ao meu. — A partir de agora, você não vai se afastar de mim! Seu corpo estava quente, seus lábios queimavam, e
— O quê, já não aguenta mais? — Bruno riu com desdém. — Você sabe muito bem que eu estou de péssimo humor, e mesmo assim veio falar de divórcio. O que acha que eu iria te dizer de bom? Se fosse sua mãe que estivesse agora de olhos fechados sem acordar, você...— Cale a boca! — Gritei, furiosa. — Não ouse mencionar minha mãe! Se não fosse por você ameaçando com o Grupo Oliveira, minha mãe não teria se distraído e sofrido o acidente!Lutei com todas as minhas forças e finalmente consegui soltar minha mão, empurrando ele com força enquanto me levantava. Minhas mãos ainda tremiam ao tentar arrumar minhas roupas, e levei várias tentativas para conseguir abotoar a camisa.Bruno observava meus movimentos com um olhar frio, seus olhos negros vazios de qualquer emoção.— Então é isso, você sempre colocou a culpa da morte da Sofia sobre mim. — Ele assentiu, com um sorriso amargo. — Como seu marido, se isso te faz sentir melhor, posso deixar que me culpe.Ele fez uma pausa antes de continuar, a
— O que você disse?! Bruno realmente se importava com Gisele. Ao ouvir o nome dela, seu corpo imediatamente se endireitou. Ele pegou o gravador que eu havia jogado na cama, olhando-me com raiva. — O que aconteceu com Gisele? Fale logo! — Nada demais. — Respondi, exausta. — Apenas o que eu disse, ela foi para a delegacia. — Ana, o que você quer para deixar Gisele em paz? A ansiedade na voz de Bruno me fez rir. Eu realmente ri, achando aquilo irônico. — Eu também gostaria de saber, Bruno... o que você quer para me deixar em paz? Ou seja, se você aceitar se divorciar de mim, deixo Gisele em paz. — Olhei para ele, mas minha visão começou a ficar embaçada. — E então, aceita? Ele se acalmou e riu junto comigo, com uma voz fria: — Desde quando você tem o direito de impor condições para mim? Saia! Assenti com a cabeça, minha mente vagueando como se eu estivesse em um pesadelo no inferno. Quando fechei a porta, o vi de relance examinando o gravador com atenção. Ele estava ans
Sob o crepúsculo, o jovem de corpo alto e esguio me abraçava, curvado, tremendo mais do que eu. O garoto, normalmente tão arrogante, agora estava em silêncio, emitindo apenas alguns murmúrios, como se quisesse me confortar, mas sem saber como começar.Mas ele não sabia que aquele abraço valia mais do que qualquer palavra de consolo.Eu pensava que teria que enfrentar sozinha o julgamento da sociedade. Imaginava que teria que aguentar firme até que os internautas se esquecessem de tudo. Rui não disse nada, mas, naquele momento, eu sabia que não estava mais sozinha.Aquele abraço era o calor que eu jamais tinha recebido do meu marido. Ele havia acendido uma pequena lâmpada na escuridão para mim. Não era uma luz brilhante, mas era o suficiente para iluminar meu caminho de volta para casa.— Pronto. — Levantei a mão e dei um leve tapinha no ombro dele. — Estou bem.Rui endireitou as costas, e uma leve vermelhidão apareceu em suas bochechas. — Claro que você está bem! Com essa sua forç
— Tudo bem, não se preocupe mais com isso, já a entreguei para a polícia.Eu não queria continuar falando com ele sobre esses assuntos desagradáveis, só queria voltar para casa o mais rápido possível, mas o termo "polícia" parecia deixá-lo muito sensível.Sem qualquer hesitação, ele perguntou diretamente:— Você procurou o Nelson?O Rui que estava diante de mim ainda era o mesmo de sempre, mas por algum motivo, naquele instante, aquele jovem alto e imponente parecia desamparado e abatido. Sua figura, envolta nas sombras da luz fraca, dava a impressão de que poderia desaparecer a qualquer momento.Eu não suportava ver o Rui assim.— Não tem nada entre mim e o Nelson, ele é apenas meu amigo.— Ana Oliveira! — A voz dele soou contida, mas carregada de emoção. — Você nem sequer sabe o que me importa! O que me importa é que, quando você tiver problemas, a primeira pessoa em quem você pense seja eu!As palavras dele ecoaram pelos corredores vazios, impregnadas de desespero.Fiquei em silênci
A mulher puxou com força, arrancando uma boa quantidade de cabelo do meu cliente.— Eu me lembrei! Você é aquela vagabunda de quem todo mundo está falando na internet! Não basta seduzir homens casados, agora veio tentar roubar o meu marido também!Ela agarrou uma xícara de café e jogou em mim. Não consegui me esquivar a tempo, e meu terno, que até então estava impecavelmente passado, ficou completamente manchado.Mas, afinal, ele era meu cliente, e eu só podia aceitar a situação com resignação. Mantendo um sorriso profissional, me despedi dele:— Entre em contato quando for mais conveniente para o senhor.A mulher continuava gritando furiosa atrás de mim, mas eu não dei importância. No entanto, ao chegar em casa e tomar um banho, recebi uma mensagem inesperada do meu cliente, informando que queria trocar de advogado.[Desculpe, Adv. Ana, a sua situação pode fazer minha esposa ser ainda mais contra o divórcio. Vou solicitar ao escritório que me designem outro advogado.]Minha mão, ainda