Quando cheguei ao hospital, Gisele estava deitada na cama, entretida com o celular. Comparada ao estado pálido e miserável de seu irmão no dia anterior, ela parecia estar com o rosto corado e cheia de vitalidade.Endireitei a postura e a chamei com uma voz firme:— Gisele Silva!Ela estava tão concentrada no celular que, ao ouvir meu grito repentino, se assustou e quase pulou da cama. Seu rosto logo ficou vermelho de raiva.— Ana, o que você está fazendo aqui? Ouvi dizer que ninguém conseguia te encontrar. — Ela se recuperou rapidamente, e seus lábios finos se curvaram em um sorriso cheio de desprezo. — Não deveria estar em casa, escondida, com todas as janelas e cortinas fechadas, chorando sozinha no escuro?Ela me lançou um olhar de cima a baixo, avaliando cada detalhe.— Você não é grande coisa quando se trata de seduzir meu irmão. Agora que todo mundo viu seu corpo, você não tem mais nada para segurar ele ao seu lado!Abaixei os olhos e deixei escapar um leve sorriso. A razão pela
Tirei uma foto das costas de Gisele sendo escoltada pelos policiais e a enviei para Luz. Pedi para ela acompanhar o andamento do caso em tempo real em nome do Escritório de Advocacia X. Eu precisava dar uma satisfação a mim mesma e, ao mesmo tempo, aos internautas que estavam acompanhando a situação.Todos aqueles desgraçados que usavam fotos íntimas para ameaçar mulheres estavam de olho no desfecho desse caso. Se erros como esse não tivessem consequências, vítimas como eu só se multiplicariam.Fiquei parada no corredor do hospital por um momento e olhei em direção ao quarto no final do corredor. Bruno estava lá.Em primeiro lugar, eu estava disposta a assumir parte da responsabilidade no caso de Pietro. Em segundo, Bruno precisava me pedir desculpas.Antes de vir, escolhi um blazer preto com uma calça de perna larga da mesma cor. Calcei sapatos de salto fino, tudo para me sentir mais confiante.Mas, conforme meus pés tocavam o tapete macio da área VIP, parecia que minha confiança e
— Oh! Nossa! — Maia exclamou exageradamente, pressionando os documentos contra o peito, e logo, percebendo o quanto aquilo parecia inadequado, os escondeu atrás de si. — Sra. Henriques, não me entenda mal. Suas palavras soaram para mim como se estivesse me dizendo tudo de forma direta. Eu queria fingir que não me importava, erguer a cabeça e entrar com dignidade, mas meu coração parecia estar sendo apertado por uma mão invisível, e a dor me impedia de seguir em frente. Eu era uma pessoa que sempre planejava tudo. Diante de situações com fatores incertos, costumava me preparar com diversas alternativas. Eu já tinha até pensado em como compensar Pietro. Não importava se fosse com dinheiro ou contratando um cuidador, eu sabia que deveria assumir parte da responsabilidade. Mesmo que Karina me xingasse, ou até mesmo se me agredisse, eu estava pronta para suportar. Estava decidida a ter uma conversa séria com Bruno. E aquelas fotos... Ele havia prometido que não as havia guardado,
Maia saiu correndo, completamente atordoada, mas eu, por outro lado, senti meu corpo inteiro como se tivesse levado um choque. O movimento de Bruno ao me segurar era natural e harmonioso, algo que só podia acontecer porque havíamos repetido aquela cena tantas vezes antes. A posição em que ele me mantinha era íntima e sugestiva. Durante esse tempo, deixei-me levar pela sua ternura, aproveitando o conforto dos seus braços. Só de estar ali, sendo segurada por ele, as lembranças do que vivemos recentemente começaram a invadir minha mente, sem permissão. Com uma dor de cabeça crescente, pressionei a testa, e um gemido de angústia escapou da minha garganta. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo — talvez fosse uma forma de desabafo, ou talvez uma tentativa desesperada de bloquear aquelas memórias que agora, longe de doces, eram mais venenosas do que qualquer outra coisa. Tentei me desvencilhar, mas Bruno me puxou ainda mais forte, até que meu corpo estivesse completamente encai
— Que foto? — Bruno franziu a testa, com uma expressão de quem não entendia o que eu estava dizendo. Olhei para ele, tentando discernir se ele realmente não sabia do que eu estava falando ou se estava apenas fingindo. Se ele tivesse demonstrado um mínimo de cuidado comigo, já teria me oferecido um guarda-chuva antes mesmo que o céu escurecesse. Mas, em vez disso, me deixou enfrentar a tempestade sozinha. Independentemente de ele estar sendo sincero ou não, Bruno já não era o homem em quem eu podia confiar. — Aquele tapa, se você levasse na cara, não foi injusto. — Minha voz saiu exausta, desprovida de emoção. — Já disse tudo o que precisava. A única coisa que resta é o divórcio. Depois disso, não quero mais te ver. Ao ouvir a palavra "divórcio", os olhos de Bruno ficaram levemente avermelhados. Ele segurou meu queixo com força, abaixando o rosto até ficar próximo ao meu. — A partir de agora, você não vai se afastar de mim! Seu corpo estava quente, seus lábios queimavam, e
— O quê, já não aguenta mais? — Bruno riu com desdém. — Você sabe muito bem que eu estou de péssimo humor, e mesmo assim veio falar de divórcio. O que acha que eu iria te dizer de bom? Se fosse sua mãe que estivesse agora de olhos fechados sem acordar, você...— Cale a boca! — Gritei, furiosa. — Não ouse mencionar minha mãe! Se não fosse por você ameaçando com o Grupo Oliveira, minha mãe não teria se distraído e sofrido o acidente!Lutei com todas as minhas forças e finalmente consegui soltar minha mão, empurrando ele com força enquanto me levantava. Minhas mãos ainda tremiam ao tentar arrumar minhas roupas, e levei várias tentativas para conseguir abotoar a camisa.Bruno observava meus movimentos com um olhar frio, seus olhos negros vazios de qualquer emoção.— Então é isso, você sempre colocou a culpa da morte da Sofia sobre mim. — Ele assentiu, com um sorriso amargo. — Como seu marido, se isso te faz sentir melhor, posso deixar que me culpe.Ele fez uma pausa antes de continuar, a
— O que você disse?! Bruno realmente se importava com Gisele. Ao ouvir o nome dela, seu corpo imediatamente se endireitou. Ele pegou o gravador que eu havia jogado na cama, olhando-me com raiva. — O que aconteceu com Gisele? Fale logo! — Nada demais. — Respondi, exausta. — Apenas o que eu disse, ela foi para a delegacia. — Ana, o que você quer para deixar Gisele em paz? A ansiedade na voz de Bruno me fez rir. Eu realmente ri, achando aquilo irônico. — Eu também gostaria de saber, Bruno... o que você quer para me deixar em paz? Ou seja, se você aceitar se divorciar de mim, deixo Gisele em paz. — Olhei para ele, mas minha visão começou a ficar embaçada. — E então, aceita? Ele se acalmou e riu junto comigo, com uma voz fria: — Desde quando você tem o direito de impor condições para mim? Saia! Assenti com a cabeça, minha mente vagueando como se eu estivesse em um pesadelo no inferno. Quando fechei a porta, o vi de relance examinando o gravador com atenção. Ele estava ans
Sob o crepúsculo, o jovem de corpo alto e esguio me abraçava, curvado, tremendo mais do que eu. O garoto, normalmente tão arrogante, agora estava em silêncio, emitindo apenas alguns murmúrios, como se quisesse me confortar, mas sem saber como começar.Mas ele não sabia que aquele abraço valia mais do que qualquer palavra de consolo.Eu pensava que teria que enfrentar sozinha o julgamento da sociedade. Imaginava que teria que aguentar firme até que os internautas se esquecessem de tudo. Rui não disse nada, mas, naquele momento, eu sabia que não estava mais sozinha.Aquele abraço era o calor que eu jamais tinha recebido do meu marido. Ele havia acendido uma pequena lâmpada na escuridão para mim. Não era uma luz brilhante, mas era o suficiente para iluminar meu caminho de volta para casa.— Pronto. — Levantei a mão e dei um leve tapinha no ombro dele. — Estou bem.Rui endireitou as costas, e uma leve vermelhidão apareceu em suas bochechas. — Claro que você está bem! Com essa sua forç