Greg
Não sabia o motivo, mas gostei muita de Lizzie desde o início. Minha amizade com ela poderia ser comparada com uma de vários anos. Ela dormiu em meu colo e não fui nem capaz de me afastar. Em nenhum momento senti pena dela, só achei injustiça da vida ter lhe tirado tantas coisas em um único dia. Ela literalmente abandonou tudo desde o dia que seus amigos morreram. Só Deus sabe a vontade que eu tinha de ajudá-la. Lizzie virou de lado e tirou a cabeça do meu colo, continuando em seu sono. E a deixei ali e fui estudar na sala, para repor o dia perdido.
Algumas semanas passaram desde o dia que ela me revelou o que abalava seu coração. Percebi que realmente criamos o vínculo da amizade. Passamos várias horas conversando e trocando
ideias sobre a matéria de cada um. Também tinha feito uns amigos de balada; Ben, Tess, Madison (mais conhecida como Mady), Peter e Mark. Às sextas-feiras saíamos para tomar umas cervejas e conversar. Sempre convidava Lizzie, mas ela me dava a desculpa que queria ficar lendo e que meus amigos não gostavam dela. Fique apoiado na árvore ao lado deles. Tess se aproximou de mim.
- E aí Greg, você vai com a gente na boate hoje?
- Vou, claro! Hoje é sexta.
- Então te encontro no seu dormitório. – ela me deu um beijo na boca. Já tínhamos ficado umas vezes, então era meio que normal. Lizzie apareceu em minha frente e fiquei um pouco sem graça. Ela viu o beijo que Tess me deu?
- Oi Greg, tava te procurando. – ela não me encarou nos olhos. Tossi sem jeito.
- Ah... oi, Lizzie.
- Posso falar com você?
- Tess, depois falo com vocês sobre hoje.
- Tá bom, depois a gente se fala. – ela me deu mais um selinho e foi embora. Ela realmente tinha que ter feito isso?
- Oi, desculpa.
- Não sabia que você estava namorando...
- Não estou...
- Bom, mas isso não importa. Ia te pedir ajuda para um trabalho sobre teoria da comunicação, mas vi que você vai sair.
- Eu não preciso sair. Você é que é minha amiga.
- Não, vá se divertir. A que fica em casa sou eu.
- Fica porque quer... já te chamei várias vezes.
- Vamos com calma. Ainda não quero me aproximar de outras pessoas.
- Sabe por quê, né? – ela me olhou, tentando entender o que eu estava falando. – Porque sou o único amigo que
você confia. – dei um super beijo estalado em sua bochecha e ela deu um pequeno gritinho de surpresa, junto de um sorriso.
- Você é louco. – ele pousou a mão onde eu beijei.
- Você tem mais aula hoje?
- Não, não mais hoje.
- Tem alguma coisa pra fazer agora?
- Não, por quê?
- Descobri um restaurante ótimo aqui perto. Vamos?
- Não trouxe dinheiro hoje, esqueci.
- Não estou dividindo a conta, estou te convidando.
- Você não presta.
- Presto sim. Vamos?
- Podemos deixar as coisas no dormitório?
- Claro.
O almoço foi muito agradável. Ela me falou poucas coisas sobre sua
faculdade e eu tentava ignorar as inúmeras mensagens que estava recebendo para a saída de hoje. Queria que ela entendesse que só queria o bem dela e que ela vivesse de novo, mas para Bella, isso era inaceitável. Depois que comemos, ficamos umas horas a mais conversando e voltamos para o dormitório. Fui direto para o banho, me arrumar para ir à boate com os outros. Me senti mal em vê-la sentada, lendo mais um de seus inúmeros romances. Lizzie me deu uma pequena olhada e se voltou para a leitura.
- Você volta tarde?
- Não, mas não me espere acordada, ok?
- Eu sei, vou ler um pouco mais e dormir. Divirta-se.
- Tem certeza que não quer ir comigo?
- Não, Greg. Obrigado. Cuide-se, tá bom?
- Você também. – cruzei a sala e dei um beijo em sua testa.
Lizzie
Saber que Gregory estava namorando a Tess me deixou com um pouco de medo. Ele também me abandonaria? Me sentia um pouco mais segura do que eu era antes quando estávamos juntos, mas e se ele se guiasse pela cabeça dos novos amigos? E se eles fossem melhores que eu? Se fizessem mal a ele? Sua vida não era meu poder e eu nada conseguiria fazer. É errado querer sua atenção única e exclusiva para mim. Eu optei pela minha vida solitária e se hoje estou um pouco melhor, foi porque Gregory me ajudou. Não tenho direitos sobre ele; nunca tive.
Terminei mais um capítulo do livro e fui para um banho quente tentar me acalmar um pouco. Era a primeira vez que me sentia dessa forma estranha, depois de anos. Meu coração sempre esteve ferido, mas estava cicatrizando aos poucos e pelos cantos. Eu ainda amava o Jacob e não teve um dia que eu não lembrasse como era bom tê-lo para mim... É estranho quando se tem uma realidade
e ela é tirada de você de uma forma tão bruta e brusca. Quando meus pensamentos voltavam para aquela cena, era difícil segurar as malditas lágrimas mais uma vez. Encostei na parede e fui descendo até chegar ao chão, deixando a água escorrer pelo meu corpo. Não posso criar dependência de uma pessoa como estou criando agora, por mais uma vez. Faz tanto tempo isso tudo que qualquer sentimento que eu tenha se torne novo; desconhecido. Saí do banho enrolada na toalha, peguei meu antigo pijama e me vesti. A noite estava fria e a única coisa que eu queria era poder dormir e por uma noite, tentar esquecer do pesadelo que vivia há anos.
Alguns barulhos me fizeram despertar do pouco sono que eu tinha conseguido. Vozes e mais vozes vinham da sala. Bem devagar, fui andando e encontrei Gregory aos beijos com a Tess. Quando ele me ouviu, logo interrompeu seu “pseudo” amasso. Nós dois tomamos um susto com a cena.
- Lizzie...! – ele tentava acertar sua blusa.
- Desculpem. Continuem o que estavam fazendo. Só por favor, não façam barulho porque eu quero dormir até tarde amanhã.
- A Tess já estava de saída.
- Estava? – ela perguntou para Gregory.
- Não precise se preocupar. Vou ficar no quarto. Boa noite. – corri para o quarto e tranquei a porta. Ouvi mais vozes e Gregory começou a bater na porta.
- Lizzie, ela já foi. Por favor, abra.
- Só quero dormir. Por favor, não faça barulho.
- Ela já foi.
- Não precise se importar comigo. Vá curtir sua namorada.
- Ela não é minha namorada. Abra, por favor.
- Pior ainda! Está a usando.
- Ela não é santa. – aquilo foi demais para mim.
- Não quero saber da sua vida sexual, Gregory, só quero dormir. Você pode me respeitar?
- Tudo bem. Mas posso pelo menos pegar minha roupa e travesseiros? – com um pouco de raiva, levantei e abri a porta rapidamente. – Obrigado.
- Feche a porta quando sair.
- Qual é a necessidade disso? Eu também tenho direitos de ficar nesse quarto, sabia?
- É esse o problema? Pode ficar com ele então. Durmo na sala a partir de hoje. – novamente me levantei com raiva e ele segurou em meu pulso, me trazendo para perto de seu rosto.
- Qual é o problema, Elizabeth?– meus olhos ardiam e eu conhecia essa familiar dor. Elizabeth?
- Não tem problema nenhum, mas pelo que eu saiba, não preciso ver qualquer cena de amasso entre você e a Tess!
- Eu não estava fazendo isso! Estávamos nos beijando! E eu achei que você estivesse dormindo.
- Pior ainda! Você ia transar com ela na cama ao lado da minha? – a primeira lágrima escorreu e ele recuou.
- Eu não ia fazer isso...
- Da próxima vez, pague um motel para vocês dois. – saí do quarto, batendo a porta.
Era a primeira vez que brigávamos, e já foi logo por uma mulher. Depois de tudo isso, o que eu menos tinha era sono. Voltei para meu livro, esperando amanhecer. Faltava pouco.
GregFiquei por vários minutos encarando a porta depois que ela saiu. Qual o motivo dessa briga toda? Eu sei que vacilei de ter chamado Tess para ficar aqui comigo, mas aquelas palavras não eram necessárias. Não para mim, que faço de tudo para vê-la feliz. Faço mesmo? Essa era a pergunta que eu me fazia agora. Sim, faço sim! Quem não quer se ajudar agora é ela! Já perdi as contas das vezes que a chamei pra sair, fazer alguma coisa simples, mas ela sempre mantém essa armadura presa no corpo, que repele qualquer pessoa que tenta se aproximar. Troquei minha roupa e fui até à cozinha beber um pouco d’água. Quando passei, ela não me olhou, mas eu reparei. Estava enrolada no edredom e lendo, mas dessa vez, chor
GregPelo menos tudo tinha se acertado em relação a nós dois e aquela briga horrível foi esquecida. Ela me prometeu que tentaria voltar a viver, mas só se eu tivesse a seu lado para servir de apoio. Ao longo da semana, ela tentou fazer algumas mudanças e eu, como sempre, dei meu apoio. Lizzie comprou um notebook e um iPod. Por várias vezes, sem querer a vi cantando alto ou até mesmo, dançando. Sua mudança estava fazendo bem para ela e até mesmo para nosso relacionamento. Hoje, ela teria que ficar no dormitório para terminar um de seus trabalhos. Acordei cedo, tomei banho, café da manhã e fui para a aula. O “relacionamento” que eu tinha com a Tess estava ficando meio sério pela parte dela. Toda hora ela vinha ficar de mãos dadas comigo, me dar um beijo ou até mesmo me fazer carinho. Ela é uma mulher linda, que qualquer cara adoraria ter. Mas
LizzieNão estava entendendo nada dessa aproximação súbita. O que ele queria de mim? Percebi que quem era no telefone era a “namorada” dele, e logo em seguida, Greg foi para o quarto. Cada vez que ela ligava, eu sentia uma coisa estranha dentro de mim, como uma vontade enorme de tirar o telefone das mãos dele.Algumas semanas passaram. Depois daquela nossa dança, nada comparado àquilo aconteceu. Acho que ele queria se manter distante. Tentei parecer indiferente da mesma forma que ele. Aquele sentimento que estava tendo em relação a ele com Tess, piorava a cada dia. Toda vez que os encontrava na faculdade, estavam se beijando ou de mãos dadas. Tentava
LizzieNão estava suportando Gregory daquela forma. A noite demorou a passar, mas percebi que ele dormia tranquilamente. Não tinha cabeça para ir à aula hoje. Sete horas da manhã e eu já estava de pé sem o mínimo sono e muito chateada com a briga de ontem. Toda vez que eu descobria algo sobre ele e a Tess, meu coração entrava em chamas, carne viva. Não suportava saber que toda sexta à noite ele estaria com ela, beijando ela, abraçando seu corpo e não o meu. É isso, entendi perfeitamente. Eu estou apaixonada pelo Greg. Sim, como não estaria? Desde o início, me apoiou, me deu sua mão, carinho, tudo. Eu simplesmente não suportava pensar que ele ficaria com a Tess e não comigo. Ele era
Quando cheguei à boate, meu desespero fez com que eu sentisse vontade de sair correndo, mas não podia ser covarde. A batida da música eletrônica ecoava em meus ouvidos, mas só até avistar Greg conversando com os amigos. Troquei o caminho para lhe tapar os olhos.- Quem é? – tirei as mãos e ele me olhou surpreso.- Feliz Aniversário.- Lizzie?- Acho que sim.- Nossa... Não estou acreditando. Q
A boate não era longe do nosso dormitório, então pedi para irmos caminhando até ele. De mãos dadas e aconchegada no peito dele... como eu poderia estar além de “pessoa mais feliz do mundo”? Perdi a conta de quantas vezes ele beijou minha cabeça e também de quantas vezes suspirei com essa carícia. Chegamos ao nosso campus e em poucos minutos estávamos passando pela porta. Foi o primeiro momento que soltamos nossas mãos. Eu não sei o que aconteceria conosco ali, depois do que aconteceu, mas se ele tomasse o primeiro passo, eu não conseguiria resistir.- Eu... Vou trocar de roupa...- Te espero aqui, então. – ele se apro
∞ Amor12As coisas foram se complicando ao longo das semanas... Ela começou a fazer amizades – afinal cada vez que eu a via estava mais linda e com roupas novas -, sair e ser popular com quem queria. Perdi as contas de quantas vezes a vi na mesma boate que eu estava, dançando com a Helena e o povo de Jornalismo. Tínhamos nos tornado estranhos um para o outro desde o dia do meu aniversário. Fazíamos nossas refeições juntos, trabalhos, víamos filmes, mas nada acontecia, muito menos nossas antigas conversas.Meus amigos tinham marcado para irmos novamente à boate. N&atild
LizzieComo era flutuar com os pés no chão? Não sei há quanto tempo não me sentia tão feliz e realizada como agora. Mal aceitei seu pedido e ele colou sua boca na minha. O doce mais saboroso não seria tão apetitoso quanto aprofundar nos lábios dele. Era a perfeita combinação de amor e realização dentro de um único ato. Quando paramos, encostamos nossas cabeças e sorrimos. Valeu a pena ter beijado o Mark e ele ter ficado com a Tess. Ali, criamos o início do nosso sentimento; o ciúme é a declaração explosiva do amor. A única coisa que eu queria era ficar a noite toda ao lado dele e, de alguma forma, ele leu meus pensamentos. Fiquei esperando encostada na parede enquanto ele jun