Lizzie
Não estava entendendo nada dessa aproximação súbita. O que ele queria de mim? Percebi que quem era no telefone era a “namorada” dele, e logo em seguida, Greg foi para o quarto. Cada vez que ela ligava, eu sentia uma coisa estranha dentro de mim, como uma vontade enorme de tirar o telefone das mãos dele.
Algumas semanas passaram. Depois daquela nossa dança, nada comparado àquilo aconteceu. Acho que ele queria se manter distante. Tentei parecer indiferente da mesma forma que ele. Aquele sentimento que estava tendo em relação a ele com Tess, piorava a cada dia. Toda vez que os encontrava na faculdade, estavam se beijando ou de mãos dadas. Tentava disfarçar, tirar o olhar que lançava neles, mas nunca conseguia. Cada vez que via uma cena
como aquela, me sentia mais e mais sozinha.
A melhor coisa era poder sumir em meus pensamentos no iPod. Tentava esquecer que ele vivia no mesmo cômodo que o meu. A maioria das sextas-feiras eu o via chegar. Ficava rolando na minha cama, tentando pegar em um sono que não existia enquanto ele tomava banho, trocava de roupa e deitava na cama ao lado da minha. Por incrível que pareça, eu estava voltando a me sentir sozinha, voltando para o buraco, voltando a sofrer. Agora, a única coisa que eu fazia era navegar na internet e fazer trabalhos da faculdade.
Depois do que “quase” aconteceu entre nós, nossa relação estremeceu. Trocávamos poucas palavras e tinham dias que nem a via direito. A única coisa que me deixava mal era que meu aniversário estava chegando e queria que ela estivesse de bem comigo, mas como poderia abordar a situação? “Lizzie, me desculpe por quase ter te beijado no dia que dançamos, tem como voltarmos a ser
o que éramos antes?” Não era uma coisa que eu poderia fazer facilmente.
Meus outros amigos estavam querendo me levar para a boate de sempre, para comemorar meu aniversário. Queria que Lizzie estivesse lá comigo, mas tenho certeza de que quando comentar, ela vai dizer que não está preparada para isso e que meus amigos não gostam dela, aposto. Já era de noite e cada um estava em sua respectiva cama, sem trocar uma palavra. Até agora.
- Lizzie, não sei se você sabe, mas amanhã é meu aniversário.
- Jura? – ela continuou digitando no notebook.
- É... Os garotos tão querendo me levar na boate para comemorar, mas eu queria que você fosse comigo. – já tava esperando a negação.
- Tudo bem, eu vou. Não vou deixar seu aniversário passar em branco.
- Você vai mesmo? E a parte dos “seus amigos não gostam de mim”? Você esqueceu de falar?
- Bom, se você quiser que eu não vá, é só dizer.
- Se eu não tivesse falando agora, então você poderia considerar que não queria sua presença.
- Tá bom, sem problemas. Será na boate que você vai sempre?
- Isso mesmo. Você sabe onde é? – fiquei surpreso em saber disso.
- Posso não sair do dormitório, mas não sou alienada.
- Ok, desculpe... – me cobri e virei para o lado oposto ao dela. Lizzie levantou e foi até seu armário, tirando uma caixa e levando até a cama. Me arrependi de ter ficado de costas para ela. Fiquei tão curioso que tive que perguntar. – O que é isso?
- Um anel meu... Parei de usá-lo desde o acidente e não sei por quê. Acho que não
me sentia forte o suficiente para conseguir colocá-lo no dedo de novo.
- Esse anel...
- Sim, foi o Brad que me deu.
- Como você está se sentindo em relação a isso do anel?
- Esses dias, eu fiquei pensando bastante... Fiz algumas mudanças e essa é uma delas.
- Que bom que você se sente bem para isso.
- É... Também acho. – ela pegou o anel e colocou no dedo anelar direito. – É de pedra turquesa, minha favorita.
- Aposto que o Brad comprou com todo o amor dele...
- Nem fala! Lembro que ele ficou economizando por meses para me dar esse anel. Era caro na época.
- É lindo, ele teve bom gosto.
- Claro! Ele namorava comigo! – ela riu sozinha. – Nós éramos o casal mais lindo da escola. Sei que é estranho pensar em como eu era antes, mas por incrível que pareça, eu era bonita.
- Você ainda é bonita. – aquilo foi completamente verdade, ela só se escondia um pouco das pessoas ao seu redor.
- Uma pessoa que não corta realmente o cabelo há dois anos e não se importa com o que veste é uma pessoa bonita? Você é meu amigo, mas não precisa mentir.
- Não estou mentindo pra você. Por que simplesmente não pode acreditar?
- Esquece, vou dormir. – ela continuou com o anel no dedo e colocou a caixa de volta no armário.
- Lizzie. – levantei rápido da cama e parei em sua frente, segurando a porta do armário. – Quero falar com você.
- Você já não está falando?
- Sim, mas você tem estado estranha comigo... Queria entender porquê.
- Não estou estranha, só estou na minha.
- Você tá assim desde o dia que dançamos! Poxa, me desculpe se fiz alguma coisa de errado, só não quero ficar nesse clima com você!
- Você não fez nada errado, não sei por que está pensando nisso. – percebi que ela estava meio nervosa.
- Tá bom, você entendeu o que quis dizer. Sei que você não estava pronta para se aproximar de um homem da forma que eu me aproximei, mesmo sendo esse homem, seu melhor amigo. Então, estou pedindo desculpas por isso, por ultrapassar o limite que você sempre impôs. Era só isso.
- Tudo bem... Você não tem culpa. Só não acho certo a gente ficar “dançando” da forma que fizemos e com você tendo uma namorada. – por que ela sempre gostava de falar que eu namorava?
- Poxa... Só queria que você simplesmente entendesse que eu não namoro com a Tess.
- Você está com ela há mais de um mês. Isso não é namoro?
- Não Elizabeth, não é um namoro! Você fala isso porque não fica com um cara há anos!
- Você é um estúpido! Da mesma forma que consegue ser um cara agradável, você consegue ser insuportável. Licença. – ela saiu de minha frente e deitou na cama.
- Eu, insuportável e estúpido? Você que toda hora fala alguma coisa da Tess e de mim!
- Se eu falo e você se incomoda é porque alguma coisa tem!
- Se você não percebeu, quem fica incomodada é você!
- CALE A BOCA! Chega disso! Cansei de você me criticar e julgar! – ela deitou na cama e se cobriu até a cabeça.
LizzieNão estava suportando Gregory daquela forma. A noite demorou a passar, mas percebi que ele dormia tranquilamente. Não tinha cabeça para ir à aula hoje. Sete horas da manhã e eu já estava de pé sem o mínimo sono e muito chateada com a briga de ontem. Toda vez que eu descobria algo sobre ele e a Tess, meu coração entrava em chamas, carne viva. Não suportava saber que toda sexta à noite ele estaria com ela, beijando ela, abraçando seu corpo e não o meu. É isso, entendi perfeitamente. Eu estou apaixonada pelo Greg. Sim, como não estaria? Desde o início, me apoiou, me deu sua mão, carinho, tudo. Eu simplesmente não suportava pensar que ele ficaria com a Tess e não comigo. Ele era
Quando cheguei à boate, meu desespero fez com que eu sentisse vontade de sair correndo, mas não podia ser covarde. A batida da música eletrônica ecoava em meus ouvidos, mas só até avistar Greg conversando com os amigos. Troquei o caminho para lhe tapar os olhos.- Quem é? – tirei as mãos e ele me olhou surpreso.- Feliz Aniversário.- Lizzie?- Acho que sim.- Nossa... Não estou acreditando. Q
A boate não era longe do nosso dormitório, então pedi para irmos caminhando até ele. De mãos dadas e aconchegada no peito dele... como eu poderia estar além de “pessoa mais feliz do mundo”? Perdi a conta de quantas vezes ele beijou minha cabeça e também de quantas vezes suspirei com essa carícia. Chegamos ao nosso campus e em poucos minutos estávamos passando pela porta. Foi o primeiro momento que soltamos nossas mãos. Eu não sei o que aconteceria conosco ali, depois do que aconteceu, mas se ele tomasse o primeiro passo, eu não conseguiria resistir.- Eu... Vou trocar de roupa...- Te espero aqui, então. – ele se apro
∞ Amor12As coisas foram se complicando ao longo das semanas... Ela começou a fazer amizades – afinal cada vez que eu a via estava mais linda e com roupas novas -, sair e ser popular com quem queria. Perdi as contas de quantas vezes a vi na mesma boate que eu estava, dançando com a Helena e o povo de Jornalismo. Tínhamos nos tornado estranhos um para o outro desde o dia do meu aniversário. Fazíamos nossas refeições juntos, trabalhos, víamos filmes, mas nada acontecia, muito menos nossas antigas conversas.Meus amigos tinham marcado para irmos novamente à boate. N&atild
LizzieComo era flutuar com os pés no chão? Não sei há quanto tempo não me sentia tão feliz e realizada como agora. Mal aceitei seu pedido e ele colou sua boca na minha. O doce mais saboroso não seria tão apetitoso quanto aprofundar nos lábios dele. Era a perfeita combinação de amor e realização dentro de um único ato. Quando paramos, encostamos nossas cabeças e sorrimos. Valeu a pena ter beijado o Mark e ele ter ficado com a Tess. Ali, criamos o início do nosso sentimento; o ciúme é a declaração explosiva do amor. A única coisa que eu queria era ficar a noite toda ao lado dele e, de alguma forma, ele leu meus pensamentos. Fiquei esperando encostada na parede enquanto ele jun
Nós dois queríamos ir até à boate hoje. Tanto eu quanto ele precisava mostrar para certas pessoas que o que sentíamos era oficial e recíproco. Não conseguia deixar de reparar na forma que Greg me olhava... Nunca tinha sentido aquele carinho todo. Era real?A noite se aproximava e estava ficando mais nervosa do que o costume. Com certeza seríamos um pouco discriminados pelo que estava acontecendo, mas realmente era algo muito melhor ter Greg ao meu lado do que encarar caras feias de Mark e Tess. Separei minha roupa enquanto ele tomava banho e comecei a me maquiar.Ninguém sabia que estávamos namorando; e isso era ótimo. Queria mostrar para todos que ele rea
GregA noite passou em um piscar de olhos para nós dois. As costas de Lizzie estavam bem presas em meu peito e estávamos abraçados. Tinha sido tudo tão espontâneo e maravilhoso que nunca poderia trocar nada. Senti sua respiração se tornar mais calma e profunda e percebi que ela tinha adormecido. Lizzie, agora era completamente minha e eu era completamente dela.A manhã não demorou a se aproximar. Permanecíamos na mesma posição desde que adormecemos. Nossos corpos ainda estavam quentes desde nossa noite. Senti uma espreguiçada de Lizzie e virei seu corpo de frente para o meu. As semanas na faculdade começaram a voar e, com isso, completamos um ano de namoro. Um ano que tudo tinha acontecido e um ano que tudo passou a dar certo. Faltavam dois anos para nós terminarmos a faculdade e começar a outra nova vida. Já começávamos a guardar certo dinheiro para a vida de verdade que levaríamos depois desses dois anos. Greg e eu começamos a fazer estágios e o dinheiro que ganhávamos era até legal. Eu trabalhava no jornal da faculdade e ele, com a arquitetura dos prédios de lá mesmo. Só avaliava e montava os projetos, mas para dois estagiários, estávamos bem.Os amigos foram indo e vindo. Tess largou a faculdade porque ficou grávida de Mark – sim, de Mark – e eu e Greg n&atiCapítulo 16