— Alejandro levante-se. — gritava seu pai.
Era assim que no futuro ele queria ser o herdeiro direto de seu pai e continuar a linhagem González como “Dom”. Ele precisava se esforçar muito mais para ser metade do que o pai ou o avô eram: — Papai, estou cansado. Não fui à escola hoje. Tinha prova e já passa do meio-dia e eu nem tomei café. — pediu Alejandro cansado. — Você só vai comer depois de terminar o treino. Ou prefere que eu treine com Pietra? — falou seu pai com desdém. — Papai, Pietra só tem cinco anos. Ela é um bebê! — respondeu Alejandro em choque. — E você tem doze, um garoto que precisa ser forte e frio, não amar ninguém. Amar é ser fraco. Responda, vai continuar ou não?! — ordenou seu pai. — Vou, papai. Depois posso comer? — perguntou Alejandro sentindo todo o corpo doer e a barriga roncar. Cada soco que Alejandro recebia dos homens de seu pai lhe dava vontade de chorar. Ele era apenas um garoto que desejava ser normal, sem todas aquelas regras de uma família da máfia. Mas quando lembrava da mãe e da Pietra, ele suportava cada soco. Desde que Pietra nasceu, seu pai sempre batia na sua mãe. Por duas vezes, Alejandro tentou impedi-lo de machucá-la, mas foi amarrado e obrigado a assistir enquanto a mãe era golpeada. Ver sua mãe chorando enquanto ele desferia vários golpes era devastador. Depois, chegava a vez de Alejandro apanhar. Ele foi açoitado pelo pai durante duas horas e depois foi obrigado a dormir amarrado. Na segunda vez, a mãe interveio entre ele e o pai, fazendo-o prometer que não se meteria. Ele via a mãe em total submissão, e só encontrava alegria quando o pai viajava com o avô. Seu pai era um monstro, mas seu avô não, mesmo sendo o “Dom”. Com Alejandro e Pietra, ele era amável. “Dia do ataque” Alex, filho do Dom da máfia González, recebeu a notícia de que um carregamento de armas havia sido roubado. Determinado a recuperar o carregamento e mostrar sua lealdade à família, ele decidiu partir em uma missão perigosa ao lado de seu pai, o Dom Pietro. Juntos, eles seguiram as pistas que os levaram até um armazém abandonado nos arredores da cidade. Confiando em sua experiência e intuição, Alex avançou cautelosamente, com a adrenalina pulsando em suas veias. O local estava silencioso e sombrio, um cenário perfeito para uma armadilha. No momento em que eles adentraram o armazém, as luzes se acenderam repentinamente, revelando uma verdadeira emboscada. Um grupo rival da máfia, liderado por um inimigo desconhecido, estava à espera deles. Armas foram apontadas em sua direção, e uma rajada de tiros rompeu o ar. Alex, com destreza, coragem e muita presunção, reagiu instantaneamente, buscando abrigo enquanto disparava sua própria arma em resposta. Os tiros ecoavam por todo o espaço, criando uma atmosfera caótica e mortal. As balas cortavam o ar, e cada movimento era crucial para sua sobrevivência. No entanto, apesar de seus esforços, a superioridade numérica e a astúcia do inimigo eram avassaladoras. Alex foi atingido por múltiplos tiros, seu corpo tombando no chão em meio àquele cenário de violência e traição. Seus olhos se fecharam lentamente, enquanto a vida escapava de seu corpo jovem e promissor. O Dom Pietro, mesmo ferido, lutou bravamente para defender seu filho, mas era tarde demais. Com o coração dilacerado pela perda irreparável, ele se viu obrigado a recuar, carregando consigo a dor profunda da morte de seu herdeiro. Aquela emboscada traiçoeira marcou um ponto de virada na história da família González. Alex, um homem corajoso, determinado e muito traiçoeiro, havia sido tirado cruelmente de seu caminho. A sede de vingança e a busca pela verdade se tornaram uma prioridade absoluta para o Dom Pietro, enquanto ele jurava justiça e punição aos responsáveis por essa tragédia. ATUALMENTE... Alejandro acordou suado, atormentado pelos pesadelos recorrentes da morte de seu pai. Parecia tão real, como se ele estivesse realmente lá no momento fatídico. Seu avô, incansável, continuava a busca pelo culpado. Cada pista que não levava a lugar nenhum aumentava sua frustração e ira. Já se passavam seis anos desde então. Hoje, prestes a completar dezoito anos, ele seria apresentado à Família como o próximo “Dom”, assim que seu avô tomasse essa decisão ou se, por qualquer motivo, partisse, o que ele esperava que não acontecesse tão cedo. Desejava tê-lo por perto durante muito mais tempo. Com o passar do tempo, ele havia aprendido a se tornar um bom soldado. Sabia manejar todo tipo de arma, mas sempre preferia a "belly", sua espada de dois gumes, presenteada pelo avô em seu aniversário de quinze anos. Levantou-se da cama e dirigiu-se ao banheiro, onde tomou um banho demorado e revigorante. Ao se aproximar do closet em busca de uma roupa, sentiu o perfume de lima e morangos, e soube que sua amada Pietra sua irmãzinha, havia invadido seu quarto. Sentiu-a saltar em suas costas e a segurou com firmeza: — Não bata na porta, princesa, quase me pega pelado. — brincou Alejandro com Pietra nas costas. — Grande coisa. E está animado para a festa hoje? — respondeu Pietra com deboche. — Preferia nem ir, mas preciso ir pelo vovô. Eu sei que serei seu sucessor, então tenho que ir. — falou Alejandro desanimado. — Você sabe que também terá que encontrar sua esposa, não é? Logo meu irmão será um homem casado. — lembrou Pietra algo que Alejandro queria esquecer. — Ah, princesa, por que me lembrou disso? Só de pensar em casamento forçado, me tira do sério. Não quero amor, não quero me tornar fraco. — falou Alejandro lembrando das falas do otário do seu pai. — Ah, irmão, para com isso. Você merece ser amado sim, e hoje todas estão loucas para ser a esposa do futuro “Dom”. — brincou Pietra descendo das costas do seu irmão. — Ah, princesa, é hora da aula, não é? Hora de ir para a escola. — lembrou Alejandro olhando para o relógio. — Sim, você me leva? — pediu ela. — Claro, desça. Deixa-me colocar uma roupa. Não quer que eu vá com um roupão, não é, princesa? — brincou Alejandro dando um beijo na testa da sua irmãzinha. O tempo endureceu Alejandro por dentro. Sentir algo por uma mulher não era permitido. Ele tinha que permanecer frio com todos, sem exceção. Saber que em três anos seria obrigado a se casar com alguém que não conhecia já o deixava furioso. Não queria se casar jamais. Alejandro se vestiu e desceu, encontrando seu avô, sua mãe Eline e sua irmã Pietra. Sentaram-se para tomar café em silêncio, pois o “Dom” Pietro detestava conversas durante as refeições em família. Depois de comerem, se despediu da sua mãe Eline e de seu avô, Alejandro levou sua irmãzinha para a escola. Aguardou até vê-la entrar nas dependências da instituição antes de seguir para sua própria aula. Estava indo para a faculdade de administração. Seria o herdeiro de um mafioso, mas também precisava estudar. O império González, a família mais poderosa da máfia mexicana, não se sustentava apenas com armas e sangue. Ele era um homem solitário, sem amigos, apenas soldados. Seu único amigo era Juan, filho do braço direito do Dom Pietro. Juan sempre esteve próximo a Alejandro e, quando começou o treinamento dele, Juan também foi treinado para ser seu braço direito. O pai de Juan desejava que ele se tornasse seu Capo, mas ele preferia tê-lo como seu fiel soldado, já que apenas Juan sabia o que ele teria que ser em breve. Na faculdade, ninguém sabia quem ele era. Estacionou em sua vaga designada no estacionamento e encontrou Juan esperando na porta: — E aí cara, quase não chegou a tempo da primeira aula. Algum problema? — perguntou Juan preocupado. — Culpa da Pietra. Ela estava testando minha paciência, falando sobre a festa. Só de pensar nas garotas loucas para serem a primeira-dama, fico puto de raiva. — esbravejou Alejandro entrando na faculdade. — Opa, mesmo. Você irá conhecer as virgens e escolher a esposa, é tradição amigo. — falou Juan tentando acalmar a situação. — Não me lembre disso. — exclamou Alejandro com desânimo. O professor entrou na sala e pediu silêncio. Ele estava acompanhado por uma nova aluna. Quando Alejandro a olhou, perdeu-se nos olhos verdes dela. Ela era pequena, mas suas curvas o deixaram desconcertado. Alejandro não conseguia parar de observá-la, seus cachos dourados. O professor a apresentou como Elisa Duarte, uma brasileira com descendência italiana e recém-chegada à faculdade. Foi difícil para ele se concentrar na aula daquele dia, pois seus olhos continuavam voltados para a bela Elisa. Ele nunca havia sentido isso antes, e estava profundamente confuso.Elisa estava naquele novo país por causa do que havia acontecido com seu pai Elton. Após o assassinato dele, Elisa não entendia o motivo, mas sua mãe sabia, e sempre desconversava. Foi então que decidiram fugir para o México. Sua mãe disse-lhe que precisavam partir do Brasil, e com a ajuda de sua madrinha, chegaram ao México. Agora, ela estava ali com seu padrinho, que era professor universitário e o ajudou a obter uma bolsa de estudos. Era seu primeiro dia na faculdade, não conhecia ninguém, e havia aquele rapaz com tatuagens por todo o corpo e olhos verdes, parecendo um assassino, que não parava de olhá-la. Elisa tremia com aquele olhar em sua nuca, pois sentia como se sua pele estivesse queimando.As aulas passavam rapidamente e, ao final delas, Elisa colocou seus fones de ouvido, ouvindo a música "Wishmaster" do Nightwish. Ela saiu correndo, determinada a não perder o ônibus.Quando estava prestes a chegar ao ponto, um barulho alto e intenso cortou o ar, assemelhando-se a um tiro.
— Então é aqui que você está, meu neto. — exclamou Dom Pietro.— Oi, vô. Será ela. — falou Alejandro sorrindo.— Será ela o quê? — perguntou o Dom curioso.— Minha noiva! — indagou Alejandro.— Você enlouqueceu, Alejandro? — perguntou o Dom levemente impaciente.— Ela é herdeira. Eu tenho que escolher, então escolho ela. — pediu Alejandro, olhando Elisa dormir.— De qual família? — perguntou o Dom com curiosidade onde aquela conversa iria.— Toscano. É sobrinha da mamãe, que, aliás, está preocupada com o tio que não dá notícias há dois meses. — explicou Alejandro.— É isso mesmo, Alejandro? — perguntou o Dom sem muita segurança o que Alejandro dizia.— Sim. Ela faz parte da família, então será ela daqui a três anos. — exclamou Alejandro com pensamentos nunca tido, olhando para Elisa.— Se você não fosse meu herdeiro e ela não fosse sobrinha da sua mãe, eu te daria umas boas palmadas agora mesmo. Preciso resolver essa situação, e ela não pode sair daqui. Preciso saber do Elton. — falou
— Seria assim tão ruim, Elisa, se casar comigo? Eu sou seu noivo, e daqui a duas semanas serei seu marido. Dom Pietro, eu não quero esperar os três anos. Vamos nos casar em duas semanas. Minha Elisa, você não pode contestar, não pode reclamar, porque quem manda aqui é o seu noivo, o seu futuro marido. Então, tudo o que eu disser você terá que aceitar. Estamos entendidos! — ordenou Alejandro sem emoção alguma.— Nunca, Alejandro! Você pode até me levar ao altar, casar-se comigo, mas nosso casamento nunca será consumado. Será um casamento de fachada, uma conveniência. Você nunca me tocará. — gritou Elisa indo até ele e se encarando os dois. — Então, se é assim que você quer ter uma esposa, apenas como um troféu, é assim que será. Tia, por favor, em outro momento, eu gostaria de saber mais sobre a família do meu pai e o que aconteceu com minha mãe. Poderia me contar em outro momento, por favor. Agora, eu preciso dormir. Sinto-me muito cansada. — por fim concluiu Elisa.— Claro, meu amor.
— Alejandro, desgraçado, como você chegou até aqui? — exclama Valentim com a mão no joelho e gemendo de dor.Alejandro pega Elisa em seus braços. Ela chora e treme:— Vou te tirar daqui Elisa, Valentim envie uma mensagem ao seu pai e toda a sua família. A herdeira Toscano foi encontrada e será apresentada à família. Além disso, ela tem a proteção do Dom e será a esposa do futuro Dom, que aqui vos fala. — concluiu Alejandro saindo do recinto.— Alejandro, vamos embora. Por favor, me tire daqui. — pediu Elisa aos prantos nos braços do Alejandro.— Vamos sim, minha noiva. Recado dado, Valentim, e da próxima vez você não ficará vivo. - esbravejou Alejandro.Alejandro saiu com Elisa nos braços e a colocou no banco de trás do carro. Os soldados ficaram na frente, e ele se sentou ao lado dela. Ela não dizia nada, apenas chorava muito enquanto olhava a paisagem pela janela. Ao chegarem, Elisa desceu rapidamente do carro e correu para o quarto.Alejandro olhou para a tristeza em seus olhos des
Todos ficaram calados, e um acordo de proteção foi assinado. Qualquer atentado contra Elisa seria considerado traição. Alejandro percebeu que ela precisava conhecer todo aquele mundo e treiná-la para não ser fraca.Alejandro deu o braço a Elisa, e ela aceitou, deixando todos para trás. Seu avô foi até a mesa dos Capuleto, disse algo e os acompanhou.Minutos depois, deixaram seu avô, sua mãe e a pequena Pietra em casa.— Não desce, Elisa. Podemos dar uma volta? — Alejandro perguntou com expectativa.— Não sei, Alejandro. — respondeu Elisa acanhada.— Quero te conhecer, só um pouco. — pediu Alejandro.— Vá, minha sobrinha. Com ele, você estará bem protegida. — indagou Eline.— Tudo bem, tia. Vamos, Alejandro. — concordou Elisa.— Está com medo de mim? — indagou Alejandro.— Deveria estar? — perguntou Elisa sorrindo.— Não! — respondeu Alejandro friamente.— Então vamos. — falou Elisa colocando o cinto.Alejandro ligou o carro e a levou até a praça Zócalo. Ela parecia calma, observando a
Um mês se passou desde então. Alejandro poderia esperar os próximos três anos para se casar com Elisa, mas ela necessitava de sua proteção e assim seria.Convencê-la não foi tarefa fácil, porém, com a ajuda de Pietra e sua mãe, ela acabou aceitando. O que inicialmente seriam apenas duas semanas de preparação, transformou-se em um mês, garantindo que tudo estivesse perfeito para ela.Agora, Alejandro estava no salão cheio, onde todos do conselho estavam presentes, inclusive os malditos Sanchez. Seu avô designara vinte homens para a mesa deles, prontos para agir caso houvesse qualquer movimento suspeito. Ali, no altar improvisado, ele sentia uma mistura de nervosismo e incerteza. Sabia que aquele casamento seria apenas uma fachada, mas algo dentro de seu peito ardia, questionando se ele realmente desejava que fosse apenas isso, de fachada. Enquanto a marcha nupcial ecoava pelo salão, ele a via adentrar. Por um momento, sentiu-se quase desfalecer ao vê-la entrar de mãos dadas com sua mã
— Tem certeza de que ele acordou depois desses dias?! — perguntou alguém preocupado.— Sim, mas ele não se lembra de nada. — respondeu o médico com tranquilidade.— Nem da filha, que sempre foi o seu maior tesouro?! — indagou ele.— Infelizmente, ainda não. — confirmou o médico.— Vou falar com ele, talvez ele se lembre de algo. — falou alguém.Sua cabeça dói, Elton tenta lembrar quem é, mas não consegue. Se questiona sobre o motivo de estar ali, e sente um aperto no peito a cada respiração. Então, alguém entra no quarto junto com o médico:— Elton, meu amigo, que susto você me deu. — cumprimenta Vincenzo.— Você me conhece? — questiona Elton confuso.— Conheço sim, somos amigos desde o seu casamento com a Eliana. — responde Vincenzo tentando passar tranquilidade.— Eliana, então sou casado? — indagou Elton com a mão na cabeça.— Sim, é pai de uma bela garota. — esclareceu Vincenzo.— Não consigo lembrar de nada. — falou Elton fazendo caretas.— Não se preocupe, você precisa se recupe
— O que significa isso, Ale? — perguntou Elisa confusa. — Eli, o tio está vivo. Ele perdeu a memória depois de quase morrer. — começou Alejandro a explicação. — Não acredito, isso é verdade? — perguntou ela, olhando para a tela do celular. — Sim, minha linda. Vincenzo o encontrou e cuidou dele. — explicou ele pegando nas mãos dela. — Onde ele está? Preciso ver meu pai. Só sobrou ele comigo. — questionou Elisa eufórica. — E eu, a mamãe, Pietra? — falou Alejandro com o semblante triste. — Desculpe, você entendeu, meu bem. Onde ele está? — perguntou ela acariciando o rosto dele. — Aqui, mas... — indagou Alejandro — Mas o quê? Me deixe ve-lo. — pediu ela. — Você vai, Eli, mas como eu disse, ele está sem memória. — explicou Alejandro. — Não, por quê? — questionou ela em choque. — Ele quase morreu. Vamos descer, vem vê-lo. — falou Alejandro pegando na mão dela. — Aí, agora fiquei nervosa. — falou ela emocionada. — Boba, vem. — falou Alejandro brincando com ela. Elisa trocou a