Eu não estava bebendo, pois sempre que saia com o João Pedro, nos revessávamos na direção. Hoje ele poderia beber a vontade que eu iria dirigir.
Como eu não tinha carro, apesar da insistência do senhor Rodolfo em querer me presentear com um veículo, eu jamais poderia aceitar um presente tão caro e ele sabia disso tão bem, pois conhecia os meus pais desde que era um jovem ainda. Meus pais concordavam comigo e eu vivia das caronas que o JP me dava e hoje estávamos com o carro dele.
O meu amigo estava lá no bar já algum tempo, conversando com um cara que eu não reconheci, imaginei então que já havia feito uma nova amizade, algo que ele sempre fazia. Decidi ir ao banheiro e olhei no relógio em meu pulso para ver as horas. Já passava das duas da manhã, que era o meu horário máximo e eu iria chamar o João Pedro para ir embora quando retornasse do banheiro.
Chamei a Cecília e a Julia e juntas fomos ao banheiro, que estava com uma fila enorme para entrar. Como as minhas amigas estavam cada uma focada em seu celular, acredito que checando suas mensagens ou redes sociais, fiquei então olhando ao redor, analisando o ambiente. Era um lugar o qual sempre frequentávamos, por ser tranquilo em termos de segurança e bem frequentado. Ao longo do corredor, muitos casais estavam se abraçando e beijando, alguns já bem ousados, eu deveria dizer.
Ao olhar com mais atenção, reconheci um dos caras que estava aos beijos com uma mulher, a qual aparentava ser muito bonita, pelo que eu podia ver do seu corpo, uma vez que estava vestida com uma saia bem curta e Cropped que mal cobria os seios avantajados.
Fiquei em choque ao reconhecer o cara, pois era ninguém mais, ninguém menos que o João Felipe, o irmão do João Pedro.
Mas como poderia? Ele estava nos Estados Unidos! Eu mesma havia visto o João Pedro em uma chamada de vídeo com o irmão ontem. E ouvi quando o Felipe dizia que não sabia ainda quando voltaria para casa.
Ja faziam cinco anos que ele havia ido morar e estudar fora do Brasil. Havia feito vários cursos desde então e só vinha em casa de seis em seis meses. E quando isso acontecia, eu dificilmente tinha contato com ele, pois sempre fazia o possível para não encontrar com ele durante suas visitas.
Quando ele morava no Brasil eu já o evitava facilmente, pois nossa interação se baseava em cumprimentos educados quando, por acaso do destino, nós nos encontrávamos nos corredores da mansão ou da escola.
- Amiga, chegou nossa vez! - Falou a Júlia, me puxando para dentro do banheiro e me tirando do transe em que eu estava.
Lá dentro, ainda com a cena gravada em minha mente, cada uma entrou em um reservado, e depois de conferir nossas aparências no espelho, retocando o batom e ajeitando os cabelos, saímos do banheiro, e dessa vez eu evitei olhar para onde eu já sabia que o João Felipe estava.
Não me sentia bem quando estava em sua presença, pois não gostava da frieza com a qual ele me tratava e evitava esse tipo de situação.
Fui direto ao balcão do bar, onde estava o João Pedro e o abordei dizendo:
- JP, podemos ir embora? Estou cansada e com sono. - Falei, já o puxando para levantar da cadeira. Não queria de forma alguma correr o risco de o Felipe vir até onde estávamos e ter que manter qualquer dialogo com ele.
- Claro! Podemos sim. - Ele falou, sorrindo carinhosamente para mim, porém não levantou de onde estava.
- Sua namorada, João?
O carinha que estava conversando com ele perguntou, com uma expressão um pouco zangada. Algo que achei bastante estranho.
- Não! Não mesmo. - O João Pedro respondeu bem rápido. - Essa é a Vivi, minha amiga desde que usávamos fraldas descartáveis, acredite. Já te falei sobre ela. - João Pedro explicou.
A explicação pareceu descontrair o clima, que havia ficado um pouco tenso, eu não sabia explicar por que, e o homem acabou rindo das palavras do João Pedro.
Fiquei olhando para o João Pedro, aguardando que ele apresentasse seu amigo, ao perceber que eles não haviam se conhecido ali na boate, como eu havia suposto a princípio.
- Vivi, esse é o Jack. Ele é brasileiro, mas mora e trabalha em Nova York já há alguns anos. Estamos combinando nosso próximo encontro lá na cidade que nunca dorme.
- É um prazer conhecer você, Jack. Uma pena que já estamos indo embora. - Falei de maneira educada, mas sem prestar verdadeira atenção.
Estava bastante ansiosa para ir embora e logo após cumprimentar o Jack, nós nos despedimos do amigo do João e seguimos em direção a mesa onde estava o restante da turma. As garotas haviam voltado para a nossa mesa quando saímos do banheiro, enquanto eu havia ido à procura do João Pedro.
- Vocês sempre vão embora tão cedo! - Reclamou a Júlia, que estava ainda mais animada do que já era normalmente, quando informamos que iríamos embora.
- Cedo só se for para você, Júlia! - Respondi sorrindo.
A Julia sempre queria ficar até a última música e eu jamais conseguiria acompanhar seu ritmo. Apesar disso, ela sempre acabava me acompanhando quando percebia que o João Pedro não queria ir ainda e que eu não queria continuar na balada. Nessas ocasiões, eu acabava dormindo no apartamento que ela dividia com a Cecília.
- Mas a Júlia tem razão. Vocês sempre são os últimos a chegar e os primeiros a sair. - Concordou César, nós olhando com sorriso malicioso.
Ele já havia tomado vários drinques e parecia inalterado, pois como sempre, ele era bem resistente a bebida.
- Bem meus amores, eu sei que sou alguém especial e que vocês sempre querem estar perto de mim, mas nossa hora chegou e eu ainda pretendo curtir uma praia amanhã. - João Pedro falou em tom de despedida.
Eles ainda continuariam na boate, e que bom para eles. Eu queria mesmo era minha cama para descansar e, principalmente, não queria correr o risco de topar novamente com o João Felipe.
Já íamos saindo pela porta da boate e quando pensei que conseguiria não ter que enfrentar o retorno do arrogante do Felipe hoje, o próprio nos abordou, chamando pelo irmão.
- Ei, João Pedro! - Falou, puxando o irmão para um abraço.
- Irmão, que surpresa! O que você está fazendo aqui? Quando chegou?
João Pedro o abraçou de volta, aparentemente surpreso e totalmente encantado em ver o traste do irmão. Confirmei então que o João Pedro também não sabia de seu retorno.
- Cheguei em casa eram umas 20 horas, mas fui direto para meu quarto, dormir um pouco. Nem nossos pais sabem que cheguei, pois eles haviam saído e como eu vi que você estava em seu quarto com sua "amiga", achei melhor deixar para te cumprimentar em um outro momento. - Explicou de forma debochada ao falar a palavra amiga. - Quando acordei, me senti revigorado e pensei em vim aproveitar a noite paulistana. Estava com saudades de casa e das brasileiras.
- Nossos pais foram a um desses jantares beneficentes que eles tanto gostam. - O JP informou ao irmão. - Mas você deveria ter ido ao meu quarto, eu estava bem entediado.
- E eu sou remédio para tédio? - João Felipe falou, arqueando a sobrancelha. - Vejo que você já está indo embora. Por quê tão cedo?
Ele só podia estar sendo irônico, pois já passava das duas da manhã. Não era cedo de forma alguma! Comecei então a caminhar devagar em direção a saída. Parece que ele tinha chegado ainda pior, pois dessa vez nem mesmo um cumprimento qualquer ele se dignou a me dá.
João Pedro viu o meu afastamento e me chamou
- Vivi, espera! Não vai falar com o João Felipe? - Me questionou com uma cara de confusão.
Ele sabia muito bem que não nos dávamos bem, eu e o idiota do seu irmão. Parece até que fazia isso para me irritar, mas eu sabia que ele só estava tentando conciliar a situação entre nós, como sempre.
- Onde está sua educação, meu irmão? Não vai falar com nossa amiga de infância?
Ele só podia estar de sacanagem com a minha cara! Ou bêbado, que era o mais provável, para forçar essa interação entre mim e o irmão.
- Olá Viviane. Como tem passado? - Falou João Felipe, como uma expressão cínica no rosto.
- Estou bem, obrigada por perguntar. - Respondi secamente. - Caso você tenha mudado de ideia sobre ir embora, eu posso chamar um Uber - Ameacei, olhando firmemente para o João Pedro.
- Vamos embora então. - Ele resmungou, me seguindo quando fiz menção de começar a caminhar novamente. - Amanhã nós colocamos os assuntos em dia. Aproveite a balada, Felipe, já que eu estou indo embora. - Falou se dirigindo ao irmão.
João Felipe apenas acenou e se virou, voltando para a parte onde estava a pista de dança, em direção ao bar.
- Eu não consigo entender por que vocês não se suportam! Crescemos todos juntos! - Reclamou o João Pedro quando entrávamos no carro, ele no banco do carona e eu ao volante.
- Eu vou começar a dirigir e você sabe que sempre fico um pouco nervosa ao volante. Então acho melhor encerrar esse assunto.
- Tudo bem! Mais uma vez eu desisto de entender vocês dois. - João Pedro falou, deitando a cabeça no encosto do banco e fechando os olhos. Acho que ele realmente tinha bebido muito.
João FelipeAcordei com uma dor de cabeça terrível. Nada fora do normal, pois eu tinha exagerado na bebida ontem e sabia que haveriam consequências. Sempre tinha, quando o assunto era bebida em excesso.Cheguei à cozinha a procura de alguém que pudesse me dá um analgésico, mas apesar de estar tudo em ordem, não havia ninguém por lá. Lembrei então que era domingo, dia de folga de quase todos os funcionários da casa.Subi a procura do meu irmão, bati em sua porta e chamei repetidas vezes, mas ele não respondeu. Tentei a fechadura e vi que estava apenas encostada.Ao entrar em seu quarto e ver que ainda estava dormindo pesado, pensei que ele devia ter exagerado na bebida tanto quanto eu.Suspirei e fui até o seu banheiro, a procura de algum remédio que pudesse aliviar essa dor infernal na minha c
João FelipeDeixei o carro na garagem e entrei em casa muito irritado.Estava chegando em frente à minha casa, quando me deparo com a Viviane abraçando e beijando um idiota dentro de um carro parado. Ela desceu rapidamente após isso, com um sorriso enorme, o que quase me fez ir até eles e dizer alguma besteira.Era por estas coisas que eu preferia me distanciar. Não aguentaria ver essas cenas e não fazer nada. Eu era uma pessoa controlada, mas o forte sentimento que tinha por aquela garota me deixava fora de orbita.Joguei as chaves em cima de um aparador ao lado da porta da sala de visitas com certa f&
João FelipeDepois da saída da Vivi, meu irmão tentou me passar um sermão sobre educação e como devemos tratar as pessoas bem, todo um discurso que ele sempre insistia em fazer, em todas as vezes que não gostava da forma como eu tratava sua amiguinha.Acabamos discutindo e eu saí sem me importar realmente com o que ele falava. Afinal, eu estava começando a me perguntar se eles não tinham nenhum tipo de relacionamento amoroso mesmo.A festa na casa da Alicia já estava acontecendo quando cheguei lá e eu iria aproveitar para tentar encontrar alguma mulher para sairmos juntos. Em outras palavras, alguma mulher para me fazer esquecer a Vivi que encontrei ao retornar ao Brasil. Uma Viviane já totalmente mulher, cheia de curvas e c
VivianeMeus pais haviam recebido dois dias de folga, pois os Mendes de Albuquerque tinham viajado para o Guarujá e dispensado todos os funcionários da mansão, com exceção dos seguranças, é claro.Aproveitando essa oportunidade, eles decidiram ir passar sua folga em Jundiaí, visitando minha tia Soraia, irmã da minha mãe.Aproveitei o dia todo para estudar e quando a noite chegou, fui a cozinha apenas pegar alguma coisa para comer e voltei a me dedicar aos estudos.Já passava das vinte e três horas quando eu decidi descansar e depois se tomar mais um banho, fui deitar. A noite estava bem quente e abafada e fiquei rolando na cama, tanto devido ao calor, como pelos pensamentos que não me deixavam em paz.Quando eu estava estudando, conseguia não pensar no João Felipe e aquele sentimento incômodo que sent
VivianeNós estávamos nos beijando! Como para confirmar que aquilo era mesmo real, e não apenas mais um sonho como tantos outros que eu já havia tido com o João Felipe, me agarrei ainda mais ao seu corpo, sem conseguir acreditar totalmente no que estava acontecendo naquele momento.Eu sentia suas mãos em todos os lugares ao mesmo tempo e a sensação era maravilhosa.Mesmo negando os meus sentimentos, eu sempre esperei por este momento, só nunca quis aceitar que, mesmo diante de tantas mágoas causadas pelo João Felipe, eu ainda pudesse sentir algo de bom por ele.E foi exatamente por lembrar de suas palavras, de tantas coisas que saíram de sua boca e que me magoaram, que eu tentei me afastar.- Me larga, João Felipe! - Falei, me desvencilhando dele.- Eu quero você e não aguento mais fingir que n&atild
João Felipe Acordei sentindo um corpo quente aconchegado ao meu, olhei em torno e vi que estava em meu quarto, na mansão dos meus pais em São Paulo. Rapidamente lembrei de tudo que havia acontecido ontem, depois que cheguei do encontro com meus amigos em um barzinho da capital. Olhei para Vivi, que ainda dormia tranquilamente, com braços e pernas por cima de mim. Foi uma noite maravilhosa e um sexo espetacular, mas, apesar de eu ter calculado meus passos e saber que fiz o que estava com vontade há muito tempo, eu sabia que aquilo não era o certo. Eu não poderia assumir uma relação com a Viviane. Minha mãe jamais me perdoaria. Também não queria me manter afastado da Vivi, principalmente agora que experimentei do seu corpo e vi o quanto somos bons juntos. Decidi que poderíamos manter nosso envolvimento em segredo e que eu a teria comigo, sem precisar estragar os meus planos para o futuro.<
João FelipeEstava terminando de me vestir e ainda não sabia como faria para pegar a Viviane sem que a colocasse em uma situação desconfortável. Não poderia simplesmente pedir para que ela me esperasse na esquina! Jamais faria uma sugestão como essa para ela. Tampouco poderia arriscar todos os meus planos para o futuro, me colocando em uma situação em que algum conhecido pudesse nos flagrar juntos.Que saia justa!Ainda estava em frente ao espelho, analisando toda a situação e tentando chegar a uma "solução" para meu impasse, quando mamãe entrou em meu quarto.- A porta estava aberta, mesmo assim eu ainda bati e você não me ouviu. - Ela explicou ao ver minha expressão questionadora. - Está muito pensativo esses dias. Algo na empresa?Minha mãe era uma belíssima mulher, na
VivianeImpressionante como algumas pessoas não percebem o quanto seus atos podem machucar outras pessoas.Não que eu tenha me magoado com o João Felipe. Eu nunca esperei coisas positivas vindas dele e não seria agora que iria me iludir com algo desse tipo. Muito pelo contrário.Se decidi aproveitar o momento e ter alguma relação com ele, foi de olhos bem abertos. Posso acusar o Felipe de várias coisas, mas nunca vou poder dizer que ele me enganou.Nos conhecemos a tempo de mais para eu saber todas as suas características. Ainda mais quando ele sempre fez questão de me mostrar as negativas. Conheço muito bem todos os seus defeitos.- Não estou chateada com você, se é isso que está querendo perguntar e preferiu não ser direto. - Falei com enfado.- Eu fui direto.- Certo.Achei melhor nã