Capítulo VIII

João Felipe

Acordei sentindo um corpo quente aconchegado ao meu, olhei em torno e vi que estava em meu quarto, na mansão dos meus pais em São Paulo.

Rapidamente lembrei de tudo que havia acontecido ontem, depois que cheguei do encontro com meus amigos em um barzinho da capital.

Olhei para Vivi, que ainda dormia tranquilamente, com braços e pernas por cima de mim.

Foi uma noite maravilhosa e um sexo espetacular, mas, apesar de eu ter calculado meus passos e saber que fiz o que estava com vontade há muito tempo, eu sabia que aquilo não era o certo.

Eu não poderia assumir uma relação com a Viviane. Minha mãe jamais me perdoaria.

Também não queria me manter afastado da Vivi, principalmente agora que experimentei do seu corpo e vi o quanto somos bons juntos.

Decidi que poderíamos manter nosso envolvimento em segredo e que eu a teria comigo, sem precisar estragar os meus planos para o futuro.

Amanhã estaria assumindo meu cargo na Mendes de Albuquerque, meus pais estariam felizes e eu teria a Viviane como eu sempre quis, sem que ninguém precisasse saber.

Feliz com meus planos, comecei a distribuir beijos ao longo do rosto e pescoço da Vivi e senti o momento exato em que ela despertou, pois ficou logo lânguida em meus braços.

- Bom dia, Vivi. - Falei olhando em seu lindo rosto corado dos meus beijos.

- Bom dia. - Ela respondeu escondendo o rosto em meu peito. - Eu devo está horrível. Deixa-me levantar, preciso ir ao banheiro.

- Ah, Vivi. Deixa de besteira. - Falei segurando-a em meus braços. - Vou deixar você ir ao banheiro sim, mas eu vou entrar junto com você.

Ela me olhou entre assustada e envergonhada e eu a peguei no colo, levando-a ao banheiro, já entrando no box e ligando o chuveiro para tomarmos nosso primeiro de muitos banhos juntos.

Ela reclamou um pouco no início, mas logo estávamos rindo e ensaboando um ao outro e depois que tomamos banho juntos, e realmente ficou só no banho mesmo, a Viviane estava envolta em um roupão meu, que ficava enorme em seu corpo pequeno e perfeito.

Ela não era baixinha, acho que tinha em torno de 1,70 m, tinha um corpo magro, mas com algumas curvas nos lugares certos e suas pernas eram torneadas e perfeitas. Os seus cabelos eram longos, pretos e bem lisos. Ela era morena e tinha olhos verdes. Uma típica brasileira, linda e que me deixava louco.

As americanas jamais conseguiram tirar essa garota dos meus pensamentos, ela já estava impregnada em mim a tempo demais.

A abracei e beijei, não conseguia resistir a ela tão linda e tão acessível, dentro do meu quarto.

- Acho melhor ir para casa. Tenho que continuar a estudar, pois essa semana terei as últimas provas do semestre e não quero perder o foco

- Só vou te deixar ir por se tratar de uma boa causa. Você está certa em se dedicar a faculdade e pensar em seu futuro.

Nos encaramos mais uma vez e depois de mais alguns beijos, a deixei sair e voltar para sua casa.

Me joguei na cama, que agora parecia grande demais apenas para mim, e relembrei os momentos quentes que passamos na noite passada. 

**** 

Meus pais chegaram no final daquela tarde e decidimos sair para jantar fora, uma vez que os funcionários da mansão estavam de folga ainda, e como meu irmão ainda não havia aparecido, fomos nós três ao restaurante preferido de minha mãe, o qual ficava em um bairro vizinho. Era um restaurante que costumávamos frequentar, pela comodidade da proximidade, como também pela qualidade do serviço oferecido.

Já estávamos sentados à mesa, quando minha mãe abordou seu assunto preferido, que eram os seus planos para a minha vida.

Lembrei da Viviane e me mantive calado, apenas ouvindo e concordando quando era extremamente necessário.

- A Alicia Guimarães está cada dia mais linda, vocês formariam um belo casal. - Insistiu mais uma vez.

- E cada dia mais supérflua. - Meu pai fez questão de pontuar.

Eu particularmente não poderia discordar dele. Nós estivemos juntos apenas na sexta-feira, quando fui a uma festa em sua casa, e poderia afirmar que meu pai estava certo, pois ela continuava da mesma forma de quando era apenas uma garota e tivemos um breve romance, no período da escola.

A garota não parava de falar sobre suas viagens e as festas que havia ido recentemente, sempre destacando o quanto sua vida era movimentada. Eu só poderia duvidar de suas palavras, pois ela não parecia ser feliz com suas tantas viagens e festas, pelo que eu pude perceber.

- Papai, o senhor não precisa se preocupar com a Alicia. Eu não tenho nenhuma intenção de assumir relacionamento algum agora. - Falei de forma a não criar problemas com o meu pai. E para agradar a mamãe eu disse: - Mamãe, eu desejo crescer profissionalmente primeiro, antes de escolher uma mulher para firmar qualquer tipo de compromisso, a senhora entende, não é mesmo?

Falei pegando em sua mão e beijando-a de forma carinhosa.

- Meu filho, a Mendes de Albuquerque já está totalmente consolidada no mercado. Você não precisa abdicar de sua vida pessoal para se dedicar tanto assim a empresa. - Minha mãe ainda insistiu.

- Mamãe, eu pretendo expandir os negócios, então vamos deixar esse assunto de casamento para daqui a alguns anos. Tudo bem?

Ela me olhou pensativa e se manteve em silêncio. Como eu acredito que quem cala, consente, mudei de assunto e pudemos aproveitar melhor nosso jantar. Ficamos falando sobre negócios, eu e meu pai, enquanto minha mãe fazia alguma colocação de vez em quando.

Eu queria que minha mãe esquecesse, pelo menos temporariamente, essa ideia de ficar pressionando para que eu assumisse um relacionamento com alguém de nossa classe e de sua escolha, pois no momento, tudo o que eu queria era assumir meu lugar na Mendes de Albuquerque e curtir os momentos que eu pretendia passar ao lado da Vivi. 

Viviane

Como havia dito ao João Felipe, passei o restante do domingo estudando em meu quarto.

Meus pais chegaram na parte da tarde e depois do jantar, o qual fiz questão de preparar, pois eu tinha certeza de que minha mãe devia estar cansada da viagem, me recolhi novamente ao meu cantinho, mas dessa vez para dormir.

Eu teria que acordar cedo, e de nada adiantava chegar lá com sono, ainda mais depois da noite que eu e o Joao Felipe tivemos. Estava cansada, tanto dos estudos, quanto da noite de amor. Foi uma noite maravilhosa, como sempre sonhei que seria minha primeira vez, posso até dizer que superou minhas expectativas e eu não sabia o que esperar dos próximos dias.

Mas eu era pé no chão o suficiente para saber que o que havia entre nós não era nada sério e que também não teria futuro. Era questão de aproveitar o momento e depois seguir em frente, de cabeça erguida.

Com esse pensamento em mente, consegui conciliar o sono rapidamente. 

****

A semana de provas passou voando e não tive tempo para ver pessoalmente o João Felipe. Nem tampouco ele fez pressão para isto, uma vez que havia assumido sua posição na empresa do pai e estava totalmente focado em pegar o ritmo de suas obrigações na nova função.

Ele me mandou várias mensagens, e nos falamos rapidamente por chamada telefônica algumas vezes, mas isso só fez aumentar a ânsia que eu estava de que estivéssemos juntos outra vez.

Já era sexta e combinamos de nos encontrar a noite, mas não sabíamos ainda como faríamos. Como eu já imaginava, ele não queria que ninguém soubesse da nossa relação e eu apenas concordei. Não poderia esperar nada diferente vindo do João Felipe.

Estava me arrumando, ainda indecisa sobre o que vestir, uma vez que não sabia para onde iríamos, quando meu celular tocou com uma notificação de mensagem do JP.

João Pedro: Nossos amigos estão esperando por nós na Evoluction.

João Pedro: Se apresse!

Viviane: Não lembro de termos combinado nada para hoje.

João Pedro: Eu combinei por nós.

João Pedro: Desde quando eu tenho que marcar horário com você?

Pensei e antes de responder, decidi que não iria criar caso com algo tão normal entre nós. Era hábito nosso marcar uma programação contando com a presença do outro. E como o JP sabia que minhas provas haviam terminado hoje, não tinha motivos para recusar o seu convite.

O João Felipe que esperasse para amanhã. "Quem não sabe o que quer, perde o que tem" já diz o ditado popular.

Viviane: Já estou quase pronta.

Viviane: Chego já em seu quarto.

Iria optar por meu amigo, que nunca me abandonou ou me deixou de lado por causa de aparências. Não deixaria de colocar o João Pedro em primeiro lugar, ainda mais pelo João Felipe, o irmão esnobe.

Porém, isso não queria dizer que eu não me sentia triste com essa decisão. Os nossos momentos juntos foram maravilhosos, eu não podia negar. Havia sentimentos de minha parte e a pior coisa que existe, quando se trata de amor, é quando ele é unilateral. Mas eu também não deixaria de aproveitar alguns momentos com ele. Só não poderia priorizar alguém que não me tinha como prioridade.

Mas eu estava com muita vontade de ver o João Felipe e depois de hoje, quando ele percebesse que não sairia com ele para estar com o JP e nossos amigos, talvez ele não quisesse mais nada comigo. Nem mesmo o sexo casual que havia me oferecido, o qual ele havia colocado de outra forma, para minimizar o fato de que era apenas isso que ele queria e esperava de mim. 

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