Milla— Eu não consigo entender. Por que você fez isso, Milla? — Valentina parece furiosa, mas estou incomodada com essa sua indagação. No entanto, tento não deixar transparecer, enquanto tento me ajeitar sobre a cama estreita do quarto de hospital. O esforço me faz soltar um gemido dolorido. — Você precisava ver a sua carinha. Tadinho dele, Milla. — Ela continua. No entanto, quando penso que aquela infeliz por pouco não me matou. O jeito como ela me olhava. Havia tanto ódio, um sentimento gratuito que eu não consigo entender. Eu só consigo pensar em uma coisa. Hélia está apaixonada por Pedro, mas, que culpa eu tenho disso? Esse puto não se apega a ninguém. Ele simplesmente chega, toma, encanta e nada demais lhe acontece, se quer um simples arranhão naquele maldito coração pervertido.Portanto, não. Eu não estou errada em afastá-lo de mim.— Ele parecia uma criança desiludida, sabia? — Valentina retruca com um lamento. Entretanto, ela abre um sorriso para mim e ergue o buquê de margar
Milla — Teve um momento que eles discutiram. — Sobre o que? — Eu sei. Não entendi direito, mas o motorista parecia apavorado e ele gritava para irem embora. Ele insistia, mas a Hélia não o escutava. Ela entrou de repente onde eu estava. Dessa vez havia determinação no seu olhar. Eu só... conseguia olhar para o punhal na sua mão. A força com que o segurava. Então ela... parou diante de mim e segurou firme nos meus cabelos, me fez olhar nos seus olhos. E eu pude ver a fúria suas retinas. ... A culpa disso tudo é sua, garota idiota! Ela disse entre dentes. ... Foi você quem atrapalhou todos os seus planos. — Eu me perguntei o que havia feito para merecer tudo aquilo. — Começo a chorar. Eu pedi para ela pensar com calma, tentei pôr na sua cabeça que não fizesse aquilo, mas ela parecia transtornada. Completamente fora de si. ... Você pensa que ele te ama?! Pedro Rios não ama ninguém, ele nunca vai amar ninguém. Sabe por quê? Porque ele é assim. Ele destrói tudo que toca assim como
PedroUma semana depois...— Manu, pode trazer o relatório do mês de julho para mim? — peço para a minha mais nova secretária pelo telefone. Cristiane Alves é uma moça... como devo dizer? Estranha. Ela nunca me olha nos olhos e estremece sempre que falo com ela. Não, ela não é uma típica submissa, eu odiaria ter uma garota tão encolhida assim perto de mim. Ela é loira, magra demais para o meu gosto e usa óculos de grau daqueles que praticamente toma conta do rosto todo. Sem falar nas suas bochechas que estão o tempo todo coradas. Mas devo dizer que apesar desse conjunto desastroso ela até que é bonitinha.— Sim, Senhor. — Ela fala com uma voz doce, porém trêmula e me pergunto se ela pensa que sou algum tipo lobo mal?— Ah, e preciso que me traga o relatório de TI também, e procure nos arquivos a pasta do RH desse mês. — Nem espero a garota confirmar o meu pedido e desligo o telefone.Como vocês estão vendo, estou seguindo em frente... só que não. Na verdade, estou mergulhando de cabeç
PedroNão podia ser pior. Penso quando fecho a porta da sala de reuniões. Eu até apostei que seria bem fácil assim. Não pensar nela, não falar com ela e não a olhar. E droga estava dando certo, mas a peste trabalha praticamente do meu lado e com certeza terei que vê-la mais vezes do que eu possa suportar, e consequentemente pensarei mais nela, e inevitavelmente terei de falar com ela. O pior dessa merda toda é ter que ver a minha mulher com aquele engomadinho colado nela. — Meu Deus Pedro, que demora! — Matheus retruca me despertando e com um suspiro alto encaro os meus irmãos ao redor da mesa retangular. — Até parece que você veio de outro... espera, você está bem? — Ele inquire me analisando.Eu devo mesmo está com uma cara péssima. Penso encarando os olhares especulativos. — Não está vendo? Eu estou ótimo! — respondo evasivo. Pode me dizer o motivo dessa reunião? — Desconverso com nítido mal humor, tirando a sua atenção de cima de mim.— Meu Deus, que humor de cão! — Meu irmão
MillaAssim que as portas do elevador se fecharam me encostei na parede revestida de camurça e segurei o choro puxando uma respiração profunda. Por um instante eu jurei que ele diria que mudaria por mim ou que se esforçaria para ser o homem com que sempre sonhei.— Mas que tolice, Milla! — sussurro irritada comigo mesma.... Eu te desejo toda felicidade desse mundo!Mordo meu lábio inferior.— Isso é o melhor a se fazer, Milla. É o melhor para nós dois — Tento me convencer disso. A verdade, é que Pedro Rios nasceu para ser quem ele é. Um maldito pervertido, dominador e com certeza eu não me encaixo nesse seu cenário de jogos sensuais. — Droga! — Solto outro suspiro alto e as portas se abrem.— Você demorou. — Ian comenta abrindo um sorriso largo assim que vir e eu forço um sorriso para ele.— Eu tive um pequeno contratempo.— Eu trouxe pra você. — Ele me estende uma linda margarida, me fazendo forçar outro sorriso e logo a sua mão toma posse da minha cintura, me puxando para um beijo
Milla— Me desculpe! É só... que eu não quero que você se machuque — confesso em meio ao abraço.— E eu não vou. Eu prometo. — Me afasto para olhá-la com mais atenção e sorrio outra vez.— Está bom. Agora vai lá para o seu passeio com o seu amigo, que eu vou tomar um banho e estudar um pouco antes de ir para a cama.— Eu vou, mas depois quero que me fale sobre essa sua carona misteriosa. Não pense que não percebi que você evitou esse assunto. — Minha irmã pisca um olho e sai, fechando a porta em seguida.? Coração Pervertido ?Alguns dias depois...— Tenha um bom dia de trabalho, meu amor! — Ian diz docemente assim que entramos na recepção e entre um beijo, e outro tento me despedir do meu namorado, mas ele simplesmente não me deixa ir. Sempre que me afasto ele me puxa para mais um beijo rápido e isso me faz rir.— É sério, Ian, eu vou chegar atrasada por sua culpa — retruco baixinho em meio ao beijo.— É que eu vou sentir saudades. — Ele lamenta com um sussurro, levando a mão a minha
PedroUm dia de cada vez. Essa porra existe mesmo? Porque parece que quanto mais os dias passam, mais difíceis as coisas ficam para mim. A merda toda é que ela parece ter dominado tudo dentro de mim. Se fecho os meus olhos ela está lá e parece que para onde vou, está lá também. Uma semana inteira olhando de longe o mais novo casal da Wash entre beijos e abraços, tanto na entrada como na saída. Não tenho sossego nem mesmo na hora de dormir.— Mais um copo, Senhor? — O bar tender pergunta apontando para o meu copo vazio em cima do balcão.— Cheio, por favor! — peço sem muita vontade de falar e observo o movimento do grande salão quase obscuro, se não fossem as luzes amareladas nos cantos das paredes onde algumas mulheres lindas e seminuas se movem provocantes, acariciando os seus parceiros e tem até algumas usando um tipo de coleira com pedras graciosas, acomodando-se ao lado do seu dominador. Suspiro recebendo o copo cheio de uísque e bebo um gole gêneros dele.— Pedro Rios? Você anda
PedroNo dia seguinte...Solto uma respiração alta, abrindo os meus olhos e encontro a luz do dia invadindo o quarto de hóspedes da casa dos meus pais. Sim, porque não dá para ficar naquele apartamento enorme sozinho e perdido nas suas lembranças. Saio praticamente me arrastando para fora da cama e vou direto para o banheiro. Contudo, paro em frente do balcão de mármore negro e me olho no espelho passando a mão na barba por fazer e nos meus cabelos que agora estão um pouco maiores. Fito as malditas olheiras com desagrado e decido ir para debaixo do chuveiro. Minutos depois estou descendo as escadas e escuto o som de vozes alteradas vindo do escritório do meu pai.— Que porra está acontecendo aqui? — questiono confuso quando escuto a voz de Cecília vinda de dentro do escritório e logo em seguida escuto Lucian rebater.— Pedro, já disse para moderar as suas palavras! — Dona Fabi reclama na mesma hora.— Ok, mamãe! — ralho com sarcasmo. — Agora podem me explicar o que está acontecendo aq