Prólogo
Laila
Nicolas havia andado poucos metros com o carro, quando eu pedi baixinho.
- Você pode parar o carro, Nicolas?
Era agora ou nunca. Eu iria aproveitar essa chance. Talvez não houvesse uma outra oportunidade como essa. Eu precisava tomar alguma atitude! O Nicolas tinha que perceber que existia alguém aqui bem pertinho dele que o amava muito. De verdade.
Ele me olhou com estranheza, mas parou o carro ainda no estacionamento onde estávamos.
- Aconteceu alguma coisa? – Ele perguntou.
- Eu... é que... – Gaguejei.
Ficamos olhando um nos olhos do outro, pelo que pareceu uma eternidade.
Não sabia ao certo o que iria dizer, então simplesmente o beijei.
Eu encostei meus lábios nos seus, prendendo a respiração. Eu temia por não saber qual seria a sua reação.
Nicolas colocou a mão na minha nuca e puxou minha cabeça para o lado, facilitando assim o encaixe de nossas bocas. Foi um beijo agressivo, duro. Ele colocou sua língua em minha boca e nós começamos um delicioso duelo.
Ele dava mordidas delicadas em meus lábios e que me deixava ainda mais excitada. Nos beijamos como um casal apaixonado, saudoso do contato do outro. O beijo trazia com ele muitas lembranças de momentos vividos, pois ele tinha sabor de volta para casa, de pertencimento, e se tornava cada vez mais voraz.
Umas das mãos de Nicolas segurava a minha cintura, enquanto a outra me agarrava pela nuca de maneira cada vez mais possessiva.
Me afastei quando estava me sentindo sem ar e falei:
- Vamos para algum outro lugar. Eu te desejo de mais. – Criei um mundo de coragem dentro de mim para falar essas palavras.
Nicolas me olhou com uma expressão de rejeição e disse
- Você é muito louca por homem mesmo! Só veio para cima de mim por que não conseguiu pegar ninguém na festa. – Se afastou de mim como se eu tivesse alguma doença contagiosa, uma expressão de nojo.
- Você ficou maluco, Nicolas? Você está delirando? – Também me afastei, confusa com sua reação.
Encostei-me no banco do carona e passei a mão no rosto, sem acreditar que eu estava sendo rejeitada, como eu sempre soube que seria, caso eu tentasse uma aproximação com o milionário Nicolas Alcântara.
– De onde você tira essas coisas? É claro que se eu realmente quisesse alguém ali naquela festa, eu teria ficado. Não que me ache a mulher mais linda do mundo, mas uma transa de uma noite, qual homem vai rejeitar?
- Tem razão! Estou louco mesmo. Aquele cara pode ter te dispensado, mas com certeza teria outros ali que aceitariam te comer hoje.
- Você está sendo um cretino! Por que você faz isso? Eu te beijei por que eu queria beijar você. Eu estou aqui por que eu escolhi está aqui com você, Nicolas. – Ele me olhou, como se estivesse procurando uma outra explicação que não a que eu acabei de falar.
- - Eu não sou mais nenhum projeto de caridade, Laila! Não precisa me beijar por estar sentindo pena de mim. – Ele falou com a expressão de nojo ainda maior no rosto. – Vou ali, dá uma com o Nicolas, o marido abandonado, desprezado, traído. Coitadinho! – Ele falou imitando uma voz feminina, cada vez mais alterado.
- Você se sente dessa forma? – Interrompi a sua fala, franzino a testa. – Nunca me passou pela cabeça fazer caridade a você, Nicolas. Você não precisa disso. É tão difícil assim de entender?
Ele me olhou com os olhos agora úmidos. Parecia muito abalado. Eu não senti pena do Nicolas. Como poderia? Ele tinha tudo que o dinheiro poderia comprar. Além disso, tinha beleza, inteligência, era um cara centrado e uma boa pessoa. Ele não carecia de pena. Ele estava precisando apenas de amor, e isso eu tinha muito para dá. Mas o Nicolas estava muito ferido, eu diria até que arisco, se sentindo acuado.
Não é fácil se doar tanto para um outro alguém e ter seus sentimentos desprezados. Eu sabia muito bem o que era sentir-se desprezada. Ter seu amor dispensado. Estava passando por isso naquele exato momento, de novo.
- É melhor eu te deixar em casa, como meu irmão pediu. – Ela falou, ligando o carro.
Fiquei em silêncio no restante do caminho. Não adiantava oferecer algo tão importante como o nosso amor, quando a outra pessoa não conseguia ver a grandiosidade do que estava recebendo.
Nicolas Dois anos antes Minha reunião demorou mais que o esperado e acabei não podendo participar da última etapa do processo seletivo para a escolha da minha secretaria. Algo que eu realmente gostaria de ter feito, pois trabalhar diariamente com alguém, em um
Laila Estava praticamente correndo pelas calçadasda Avenida Paulista, em São Paulo, de tão rápido que estava andando devido a pressa. Para falar a verdade, só não corria realmente devido aos saltos que me impossibilitavam tal proeza. Eu estava quase atrasada para uma entrevista importantíssima. Não poderia perder essa oportunidade de jeito nenhum. Laila- Está tão calada desde que voltou da entrevista na construtora. Não se saiu bem? - Perguntou minha irmã Larissa.Eu estava deitada em minha cama, no quarto que eu dividia com minha irmã mais nova, a Larissa, de dezessete ano, enquanto estava sentada em frente a sua mesa de computador, estudando para o Enem, como sempre, pois ela estava totalmente focada em passar para cursar alguma universidade pública. O sonho dela era cursar Direito.- Na verdade, acho que me saí muito bem.- Então por que está com essa cara tão desanimada?- Estou só pensando mesmo, ansiosa eu diria. - Não estava dizendo toda a verdade. É claro que eu estava ansiosa pelo resultado, mas ao mesmo tempo, o meu possível futuro chefe não saia dos meus pensamentos. Mas eu jamais diria a verdade a minha irmã. Eu nãoCapítulo III
NicolasHoje era o primeiro dia de trabalho da nova secretaria do meu irmão e eu estava me controlando ao máximo para não ir até sua sala com algum pretexto qualquer, quando na verdade o que eu queria era vê-la.Passei todos aqueles dias pensando na bela morena de olhos verdes que havia conseguido mexer comigo muito mais que qualquer outra mulher antes conseguira. E nós tínhamos apenas trocado algumas palavras.Poderia ter sido apenas uma ilusão da minha cabeça e quando eu a conhecesse melhor, esse encanto repentino passasse da mesma forma que começou. Eu preferi não arriscar e consegui para que ela não viesse trabalhar diretamente comigo. Não queria correr o risco de que a nossa convivência acabasse por me levar a cometer a loucura de me envolver com uma funcionária que trabalhasse diretamente para mim.Consegui m
Laila - O que você está achando do seu novo trabalho? – A Larissa perguntou, quando estávamos jantando aquela noite. - Estou amando. – Falei sorrindo. - Fico tão feliz por você. – Ela falou sorrindo também. - Você poderia arrumar um trabalho também, Larissa. Essa merreca que você ganha na padaria mal dá para pagar o seu cursinho. – Minha mãe falou, nos fazendo revirar os olhos juntas, parecia até combinado. Mas sempre era assim, mamãe falava esse tipo de coisa e a gente chegava a conversar uma com a outra apenas pelo olhar, pois apesar de ser totalmente sem noção, ela era nossa mãe e sempre a respeitamos. - O que o pai dela manda ajudaria bastante aqui em casa, mas você gasta tudo com roupas e festas, não é mesmo, Melinda? – A vovó falou, o que acabou gerando uma discussão entre as duas, algo bem normal de acontecer na nossa casa. A vovó sempre sustentou a mamãe e
NicolasEu havia decidido terminar minha relação com a Natasha, mas estava sendo bem difícil, uma vez que eu não estava conseguindo falar com ela pessoalmente, desde que chegou ao Brasil, há três dias. Parecia até mesmo que ela estava fugindo de mim, algo que eu não conseguia compreender.Mas hoje à noite eu pretendia por fim aquilo de uma vez por todas e seguir o que meu coração pedia, desde que conheci a Laila.Cada dia mais, eu tinha certeza que não era apenas uma atração passageira o que eu estava sentindo por aquela garota. Ela não me saia da cabeça e eu pretendia começar, seja o qual for o envolvimento que nós viermos a ter, da forma corr
Nicolas Depois de deixar a Laila em sua residência, fui para a minha casa, e apesar de a gente ter apenas conversado, para mim foi o suficiente, pelo menos por enquanto, e eu estava me sentindo bastante satisfeito com a noite. Depois de tomar uma ducha rápida, entrei em meu quarto e percebi que o celular estava tocando com uma chamada. Era a Natasha e atendi rapidamente. Fazia dias que tentava falar com ela e estava ficando frustrado já, com a forma como ela estava fugindo de mim nos últimos dias. - Onde você estava? Já te liguei mais de dez vezes! – Ela foi logo reclamando, o que me deixou ainda mais chateado com ela. - Boa noite, Natasha. Como você está? – Falei, não tomando conhecimento de sua atitude tão autoritária. - Estava bem, até o meu namorado desprezar a minha companhia para estar com suas funcionárias! Fiquei imediatamente em alerta ao ouvir suas palavras. C
Nicolas Não me importei com o que diziam os sites de fofocas hoje, sobre o fato de eu estar acompanhando a Natasha em um evento. Eu havia terminado tudo com ela e ponto. Estava livre. Mas ainda assim, liguei algumas vezes para ela e tentei também enviar algumas mensagens, mas ao que tudo indicava, eu havia sido bloqueado. Melhor assim. Passei o dia todo tentado a ir até a sala do Henrique, apenas no intuito de ver a Laila. Mas estava tão cheio de coisas a resolver que preferi aguardar o final do expediente, pois pretendia ir deixa-la em casa novamente. Ou tentar, pois eu iria fazer a proposta, mas não podia ter certeza se ela iria aceitar, essa era a verdade. Estava pensando em como faria, afinal eu não poderia simplesmente chegar e oferecer uma carona, pois caso eu estivesse errado e ela não estivesse compartilhando do mesmo interesse que eu, ela poderia simplesmente considerar com assedio, quando a Helen entrou em meu escri