Coração Ferido - Série Corações Insensíveis: Livro 2
Coração Ferido - Série Corações Insensíveis: Livro 2
Por: Taize Dantas
*PARTE UM*

Prólogo

Laila

Nicolas havia andado poucos metros com o carro, quando eu pedi baixinho.

- Você pode parar o carro, Nicolas?

Era agora ou nunca. Eu iria aproveitar essa chance. Talvez não houvesse uma outra oportunidade como essa. Eu precisava tomar alguma atitude! O Nicolas tinha que perceber que existia alguém aqui bem pertinho dele que o amava muito. De verdade.

Ele me olhou com estranheza, mas parou o carro ainda no estacionamento onde estávamos.

- Aconteceu alguma coisa? – Ele perguntou.

- Eu... é que... – Gaguejei.

Ficamos olhando um nos olhos do outro, pelo que pareceu uma eternidade.

Não sabia ao certo o que iria dizer, então simplesmente o beijei.

Eu encostei meus lábios nos seus, prendendo a respiração. Eu temia por não saber qual seria a sua reação.

Nicolas colocou a mão na minha nuca e puxou minha cabeça para o lado, facilitando assim o encaixe de nossas bocas. Foi um beijo agressivo, duro. Ele colocou sua língua em minha boca e nós começamos um delicioso duelo.

Ele dava mordidas delicadas em meus lábios e que me deixava ainda mais excitada. Nos beijamos como um casal apaixonado, saudoso do contato do outro. O beijo trazia com ele muitas lembranças de momentos vividos, pois ele tinha sabor de volta para casa, de pertencimento, e se tornava cada vez mais voraz.

Umas das mãos de Nicolas segurava a minha cintura, enquanto a outra me agarrava pela nuca de maneira cada vez mais possessiva.

Me afastei quando estava me sentindo sem ar e falei:

- Vamos para algum outro lugar. Eu te desejo de mais. – Criei um mundo de coragem dentro de mim para falar essas palavras.

Nicolas me olhou com uma expressão de rejeição e disse

- Você é muito louca por homem mesmo! Só veio para cima de mim por que não conseguiu pegar ninguém na festa. – Se afastou de mim como se eu tivesse alguma doença contagiosa, uma expressão de nojo.

- Você ficou maluco, Nicolas? Você está delirando? – Também me afastei, confusa com sua reação.

Encostei-me no banco do carona e passei a mão no rosto, sem acreditar que eu estava sendo rejeitada, como eu sempre soube que seria, caso eu tentasse uma aproximação com o milionário Nicolas Alcântara.

– De onde você tira essas coisas? É claro que se eu realmente quisesse alguém ali naquela festa, eu teria ficado. Não que me ache a mulher mais linda do mundo, mas uma transa de uma noite, qual homem vai rejeitar?

- Tem razão! Estou louco mesmo. Aquele cara pode ter te dispensado, mas com certeza teria outros ali que aceitariam te comer hoje.

- Você está sendo um cretino! Por que você faz isso? Eu te beijei por que eu queria beijar você. Eu estou aqui por que eu escolhi está aqui com você, Nicolas. – Ele me olhou, como se estivesse procurando uma outra explicação que não a que eu acabei de falar.

- - Eu não sou mais nenhum projeto de caridade, Laila!  Não precisa me beijar por estar sentindo pena de mim. – Ele falou com a expressão de nojo ainda maior no rosto. – Vou ali, dá uma com o Nicolas, o marido abandonado, desprezado, traído. Coitadinho! – Ele falou imitando uma voz feminina, cada vez mais alterado.

- Você se sente dessa forma? – Interrompi a sua fala, franzino a testa. – Nunca me passou pela cabeça fazer caridade a você, Nicolas. Você não precisa disso. É tão difícil assim de entender?

Ele me olhou com os olhos agora úmidos. Parecia muito abalado. Eu não senti pena do Nicolas. Como poderia? Ele tinha tudo que o dinheiro poderia comprar. Além disso, tinha beleza, inteligência, era um cara centrado e uma boa pessoa. Ele não carecia de pena. Ele estava precisando apenas de amor, e isso eu tinha muito para dá. Mas o Nicolas estava muito ferido, eu diria até que arisco, se sentindo acuado.

Não é fácil se doar tanto para um outro alguém e ter seus sentimentos desprezados. Eu sabia muito bem o que era sentir-se desprezada. Ter seu amor dispensado. Estava passando por isso naquele exato momento, de novo.

- É melhor eu te deixar em casa, como meu irmão pediu. – Ela falou, ligando o carro.

Fiquei em silêncio no restante do caminho. Não adiantava oferecer algo tão importante como o nosso amor, quando a outra pessoa não conseguia ver a grandiosidade do que estava recebendo. 

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