Laila
- O que você está achando do seu novo trabalho? – A Larissa perguntou, quando estávamos jantando aquela noite.
- Estou amando. – Falei sorrindo.
- Fico tão feliz por você. – Ela falou sorrindo também.
- Você poderia arrumar um trabalho também, Larissa. Essa merreca que você ganha na padaria mal dá para pagar o seu cursinho. – Minha mãe falou, nos fazendo revirar os olhos juntas, parecia até combinado.
Mas sempre era assim, mamãe falava esse tipo de coisa e a gente chegava a conversar uma com a outra apenas pelo olhar, pois apesar de ser totalmente sem noção, ela era nossa mãe e sempre a respeitamos.
- O que o pai dela manda ajudaria bastante aqui em casa, mas você gasta tudo com roupas e festas, não é mesmo, Melinda? – A vovó falou, o que acabou gerando uma discussão entre as duas, algo bem normal de acontecer na nossa casa.
A vovó sempre sustentou a mamãe e nunca a incentivou a conseguir um trabalho, mas agora, depois de anos e anos sendo sustentada pela mãe e com a vovó recebendo apenas uma pequena aposentadoria, as coisas estavam muito apertadas na nossa casa e a vovó acabava cobrando da mamãe coisas que antes ela nunca havia reclamado e sempre acabava em briga.
Terminei o meu jantar o mais rápido possível e fui para o meu quarto, sendo acompanhada pela Larissa. Deixamos as duas discutindo na sala, pois elas sempre se entendiam e nas vezes que me posicionei, acabou sempre sobrando para mim, uma vez que depois elas estavam as boas uma com a outra, como se nada tivesse acontecido e com raiva de mim.
A minha irmã era jovem, mas não era boba, e já havia entendido como não arrumar problema com nenhuma das duas e seguia o meu exemplo.
- Aproveita e me conta tudo sobre a construtora. – Ela pediu quando chegamos ao nosso quarto. – Os dois irmãos Alcântara são tão bonitos pessoalmente quanto são pelas fotos?
- Lindos! – Falei me abanando de maneira teatral com as mãos.
Contei então como havia sido o meu primeiro dia de trabalho, mas omiti o fato de estar me sentindo completamente apaixonada pelo Nicolas Alcântara, pois era algo que me deixava envergonhada.
A Larissa ficou muito feliz por mim e fizemos vários planos com o meu primeiro salário. Poderíamos ficar mais aliviadas agora, uma vez que a renda da família iria aumentar e ela poderia estudar tranquila, sem a preocupação constante com as contas da casa, como vinha acontecendo nos últimos meses.
Quando já estava deitada, pronta para dormir, mais uma vez o Nicolas dominou meus pensamentos e quando enfim eu adormeci, ele estava nos meus sonhos. Acordei com uma sensação maravilhosa, e ao invés de ficar triste por ter sido apenas um sonho, eu fiquei feliz, pois somente em sonhos eu poderia estar ao lado de um homem daqueles, lindo, milionário, gentil, e tantas outras coisas, que chegava a me dar calores. Sorri com o pensamento e fui me arrumar para o trabalho.
Todos os dias que se seguiram, eu acordava animada, pensando sempre na possibilidade de ver o Nicolas durante algum momento do meu dia e assim, ter um pouco daquele que estava me tirando o sono todas as noites. Ele passou a ser o ponto central dos meus dias.
Fazia meu trabalho com muita atenção e sempre atenta a qualquer oportunidade de ir até a sala do Nicolas ou de estar próxima a ele.
Quando nos víamos, ele me tratava com bastante respeito e gentileza, mas sempre me olhava de uma forma que me deixava nervosa, e eu acabava sempre por me atrapalhar de alguma forma. Eu chegava a cogitar até mesmo que ele parecia ter interesse em mim também, mas a racionalidade prevalecia e eu me colocava no meu lugar, esquecendo essas besteiras da minha cabeça.
Só eu mesma para cair de amores logo por alguém tão inacessível!
Já era noite quando saí do escritório na quinta-feira, pois o Henrique havia solicitado vários documentos, os quais se encontravam na sala de arquivo, e eu simplesmente perdi a noção do tempo enquanto estive lá a procura dos mesmos. No final do expediente a Barbara foi até a sala, perguntar se eu ainda pretendia demorar, pois ela já estava indo embora, afinal já estava no horário. Como ainda faltavam alguns dos documentos que o Henrique me solicitou, achei melhor terminar aquela tarefa, uma vez que ele precisava para a manhã seguinte.
O meu chefe havia saído para almoçar e não tinha voltado mais para o escritório, pois passou toda a tarde em reunião com investidores e não voltou mais para o escritório aquele dia.
Demorei muito procurando os tais documentos e quando percebi, já passava das sete horas da noite quando terminei e peguei minha bolsa às pressas, para ir embora. Eu chegaria em casa por volta das nove horas, então avisei a minha irmã sobre o atraso, pois a vovó ficaria bastante preocupada. Eu também estava um pouco aflita por andar pelas ruas do meu bairro aquele horário.
Estava dentro do elevador, quando o Nicolas pediu que eu segurasse as portas abertas. Tomei um susto ao ouvir sua voz, pois achava que estava sozinha naquele andar. Ele então entrou no mesmo, me deixando inquieta. Todas as vezes que o via, me sentia dessa forma.
- Por que ainda está aqui? Está tarde para você ir para casa, não? – Ele perguntou, parecendo irritado.
- Eu precisei procurar uns documentos e acabei não percebendo que já havia passado tanto do meu horário. – Expliquei nervosa. – Peço desculpas, senhor Nicolas.
- Não precisa se desculpar, Laila. Eu fiquei apenas preocupado por você ter que ir até o outro lado da cidade nesse horário. – Ele falou.
Me senti muito feliz em saber que ele se preocupava comigo. Mas logo lembrei que eu era uma funcionária e claro que ele tinha que se preocupar com a integridade física de todos que trabalhavam para ele. Eu era muito boba mesmo, em supor, nem que fosse por um rápido segundo, que ele se preocupava com a Laila e não com a funcionária Laila. Quase revirei os olhos com o pensamento.
O elevador chegou ao térreo e fiz menção de sair, quando ele tocou de maneira delicada em meu braço, para chamar a minha atenção.
-Vamos até a garagem, eu vou te deixar em casa. – Falou em tom determinado.
Pensei em recusar o seu oferecimento, mas pensei em ainda ter que pegar transporte, ficar esperando nas paradas, me arriscando, e ainda tinha o fato de que minha casa era longe da parada em meu bairro, o que faria com que eu ainda andasse bastante até chegar lá. Com o Nicolas eu estaria indo de carro, chegaria rapidamente, e ele me deixaria na minha porta. Acreditava que podia confiar nele, pelo menos para ir me deixar, uma vez que ele tinha toda uma reputação em jogo, caso saísse da linha, pois eu jamais me calaria diante de qualquer tipo de situação na qual me sentisse mal.
Me afastei das portas do elevador, para que elas fechassem novamente, e juntos fomos até a garagem do prédio, parando ao lado do seu carro, um modelo importado, que era visivelmente caro, me fazendo recordar novamente todas as diferenças existentes entre nós.
- Está com medo de mim? - Ele perguntou, parecendo um pouco decepcionado.
Ele segurava a porta do carro do lado do carona em um convite para que eu entrasse, mal sabia ele que eu estava sentindo muitas coisas naquele momento, mas medo não estava entre elas. Muito pelo contrário.
- Eu não acho que preciso ter medo de você. – Eu respondi entrando no carro.
Ele deu a volta no carro e entrou ao lado do motorista, dando a partida no carro antes de falar qualquer coisa.
- Você está certa. – Falou, parecendo bastante satisfeito com a minha resposta. – Qual o bairro onde você mora? - Perguntou.
Depois que eu respondi, fiquei pensando sobre o que a gente poderia conversar, e o silêncio que se seguiu me deixou desconfortável, pois pensei que uma pessoa tão viajada e com tanto dinheiro quanto o Nicolas, não teria nenhum assunto para falar com alguém assim como eu, que apesar de ler muito e sobre todos os assuntos que despertassem meu interesse, eu realmente não sabia se ele gostaria de falar sobre negócios comigo.
Decidi então que seria melhor ouvir música e comecei a mexer em minha bolsa à procura do meu smartphone, pois pretendia colocar os fones de ouvido, uma vez que seria uma desculpa para não o forçar a manter uma conversa forçada comigo. Já estava levando os fones até os ouvidos, quando ele me parou com um gesto de mão e eu o olhei sem entender.
- Eu vou te deixar em casa e você vai passar o caminho ouvindo música? – Me questionou e pareceu não gostar da minha atitude. – Minha companhia é desagradável? - Quando ele me fez essa pergunta, quase que eu caio na risada, de tão impossível era eu não gostar da companhia do Nicolas.
Olhei para ele, totalmente surpresa e recoloquei os fones dentro da minha bolsa, agora me sentindo constrangida por ele ao menos ter cogitado essa hipótese tão fora da realidade.
- Não, de forma alguma, senhor Nicolas. Apenas imaginei que o senhor gostaria de dirigir sem distrações. – Eu me desculpei, pois ele estava totalmente equivocado em seu pensamento.
NicolasEu havia decidido terminar minha relação com a Natasha, mas estava sendo bem difícil, uma vez que eu não estava conseguindo falar com ela pessoalmente, desde que chegou ao Brasil, há três dias. Parecia até mesmo que ela estava fugindo de mim, algo que eu não conseguia compreender.Mas hoje à noite eu pretendia por fim aquilo de uma vez por todas e seguir o que meu coração pedia, desde que conheci a Laila.Cada dia mais, eu tinha certeza que não era apenas uma atração passageira o que eu estava sentindo por aquela garota. Ela não me saia da cabeça e eu pretendia começar, seja o qual for o envolvimento que nós viermos a ter, da forma corr
Nicolas Depois de deixar a Laila em sua residência, fui para a minha casa, e apesar de a gente ter apenas conversado, para mim foi o suficiente, pelo menos por enquanto, e eu estava me sentindo bastante satisfeito com a noite. Depois de tomar uma ducha rápida, entrei em meu quarto e percebi que o celular estava tocando com uma chamada. Era a Natasha e atendi rapidamente. Fazia dias que tentava falar com ela e estava ficando frustrado já, com a forma como ela estava fugindo de mim nos últimos dias. - Onde você estava? Já te liguei mais de dez vezes! – Ela foi logo reclamando, o que me deixou ainda mais chateado com ela. - Boa noite, Natasha. Como você está? – Falei, não tomando conhecimento de sua atitude tão autoritária. - Estava bem, até o meu namorado desprezar a minha companhia para estar com suas funcionárias! Fiquei imediatamente em alerta ao ouvir suas palavras. C
Nicolas Não me importei com o que diziam os sites de fofocas hoje, sobre o fato de eu estar acompanhando a Natasha em um evento. Eu havia terminado tudo com ela e ponto. Estava livre. Mas ainda assim, liguei algumas vezes para ela e tentei também enviar algumas mensagens, mas ao que tudo indicava, eu havia sido bloqueado. Melhor assim. Passei o dia todo tentado a ir até a sala do Henrique, apenas no intuito de ver a Laila. Mas estava tão cheio de coisas a resolver que preferi aguardar o final do expediente, pois pretendia ir deixa-la em casa novamente. Ou tentar, pois eu iria fazer a proposta, mas não podia ter certeza se ela iria aceitar, essa era a verdade. Estava pensando em como faria, afinal eu não poderia simplesmente chegar e oferecer uma carona, pois caso eu estivesse errado e ela não estivesse compartilhando do mesmo interesse que eu, ela poderia simplesmente considerar com assedio, quando a Helen entrou em meu escri
Laila Eu estava quase me beliscando para ter certeza de que era mesmo o Nicolas que estava indo me deixar em casa novamente, pois parecia surreal aquilo. - A Barbara falou que você e o meu irmão haviam saído juntos e que ele iria te deixar em casa. – O Nicolas falou, parecendo chateado com algo. – O que aconteceu que mudaram de ideia? Ele não quis esperar enquanto você ia apenas pegar o seu celular? - Ela falou isso? – Perguntei surpresa, estreitando os olhos. – O Henrique saiu há mais de uma hora atrás. Foi para uma reunião, a mesma para a qual ele precisava daqueles contratos assinados. - E por que ela diria algo que não é verdade? – Nicolas perguntou, com a expressão confusa.
Acordei me sentindo triste no sábado, lembrando das coisas que a minha mãe falou, da forma como ela nos culpava por seus problemas. Eu estava gostando muito de trabalhar na construtora e, tendo em vista o clima dentro de casa quando a mamãe estava mal-humorada, eu teria preferido que hoje fosse um dia de semana normal, para que eu pudesse sair para ir trabalhar. Mas como não era, eu pensei na minha programação para hoje, que seria fazer supermercado, coisa que a minha mãe não gostava de fazer, e lavar roupas. Lembrei então do Nicolas perguntando o que eu faria no fim de semana, e o quanto ele ficaria surpreso se eu dissesse quais eram os meus planos reais, pois eu tenho certeza que as suas amigas e namoradas nunca falariam algo do tipo, provavelmente os planos seriam muito mais glamorosos que os meus. Peguei meu celular e fui a procur
NicolasEu parei o carro em frente à casa da Laila e já estava me preparando para descer e ir até a sua porta, quando a vejo parada em frente à residência.Assim que viu o carro estacionando, já veio caminhando ao meu encontro. Estava linda, pude perceber, mesmo com a película escura que cobria os vidros do meu carro.Eu ainda não a tinha visto com seus cabelos soltos e só agora pude ter noção do quanto eram longos e pareciam sedosos.Destravei o carro e pretendia descer para abrir a porta para ela, porém antes que eu pudesse concluir qualquer ação que pretendera de início, ela abriu a porta.- Olá. – Ela falou, a título de cumprimento.- Boa noite, Laila. Está linda. – Comentei, sem conseguir me controlar. – Entre.Ela sorriu, parecendo satisfeita e envergonhada ao mesmo tempo, com o elogio, mas sentando no banco e fechando a porta de maneira delicada.Eu sabia, mesmo com o pouco tempo de convivência que tínhamos um com o outro, que ela era um pouco tímida e sempre parecia nervosa na
Laila O local para o qual o Nicolas me trouxe era bem diferente do que eu havia imaginado a princípio, pois era tranquilo e frequentado por pessoas de todos os tipos, com música ambiente e apesar de ter bastante gente àquela hora, não estava cheio e era bem iluminado. Gostei muito do lugar e quando ele me perguntou o que eu queria beber, respondi de imediato que queria provar algum drinque e pedi uma sugestão. Agora eu estava com o meuSex on the beachnas mãos e estava amando o sabor, apesar de ser a primeira experiência com bebidas alcoólicas, eu já havia visto minha mãe chegar em casa bêbada tantas vezes que eu jamais iria exagerar no álcool. Ela era meu exemplo constante do que não deveria fazer, como vovó tão bem colocara. - O que você está achando do seu drinque? – Nicolas perguntou divertido, acredito que lembrando ainda as várias caretas que eu fiz de início, quando tomei os primeiros pequeno
Nicolas Eu deveria ter me controlado melhor e deixado para falar em um outro momento o que eu já vinha querendo dizer ao Ricardo há bastante tempo, que ele era um completo idiota por gostar de uma pessoa como a Alicia Guimarães, uma garota frívola, que só sabia maltratar as pessoas a sua volta. Isso sem falar em todas as vezes que ela tentou humilhar a Viviane, a melhor amiga do João Pedro, um grande amigo nosso desde que éramos crianças ainda. Mas eu passei toda a semana tentando falar com o meu primo, fui até mesmo ao apartamento dele, bati e chamei várias vezes, mas ele não me atendeu. Gritou para que eu fosse embora, sem nem mesmo abrir a porta. E quando ele nos abordou enquanto estávamos parados no acostamento, eu fiquei feliz em vê-lo aparentemente bem. Mas quando ele chegou ao Lilo's, sentando comigo e a Laila, ao invés do cara legal e divertido que eu estava acostumado, ele pareceu ficar chateado por eu estar c