Nicolas
Não me importei com o que diziam os sites de fofocas hoje, sobre o fato de eu estar acompanhando a Natasha em um evento. Eu havia terminado tudo com ela e ponto. Estava livre.
Mas ainda assim, liguei algumas vezes para ela e tentei também enviar algumas mensagens, mas ao que tudo indicava, eu havia sido bloqueado. Melhor assim.
Passei o dia todo tentado a ir até a sala do Henrique, apenas no intuito de ver a Laila. Mas estava tão cheio de coisas a resolver que preferi aguardar o final do expediente, pois pretendia ir deixa-la em casa novamente. Ou tentar, pois eu iria fazer a proposta, mas não podia ter certeza se ela iria aceitar, essa era a verdade.
Estava pensando em como faria, afinal eu não poderia simplesmente chegar e oferecer uma carona, pois caso eu estivesse errado e ela não estivesse compartilhando do mesmo interesse que eu, ela poderia simplesmente considerar com assedio, quando a Helen entrou em meu escritório, após bater.
- O senhor poderia assinar esses contratos, por gentileza? – Ela falou, colocando algumas folhas em cima da minha mesa.
- Eu vou ler e depois devolvo assinado. – Não estava com disposição alguma para analisar documentos agora.
- A Laila está aguardando lá fora já que o Henrique está precisando deles com urgência.
- Por que ela não entrou, como normalmente faz nesses casos? – Falei, me ajeitando na cadeira.
- Não entendi, também. – Helen falou, dando de ombros.
- Peça para que entre, que eu vou assinar assim que ela me explicar melhor do que se trata.
Helen fez o que eu pedi e fiquei olhando enquanto ela saia da sala e depois a Laila entrava, parecendo ainda mais retraída do que normalmente já era e não sorriu como geralmente fazia. Achei aquilo estranho.
- Boa tarde, senhor Nicolas. – Falou e passou a me explicar do que se tratavam os contratos, mas sem olhar diretamente para mim, nem tinha também aquele brilho que sempre estava em seus olhos.
- Aconteceu alguma coisa, Laila?
- Não que eu saiba, senhor. - Quase rangi os dentes com a forma com a Laila estava se comportando, tão séria e evitando me olhar. Não iria assinar os contratos até que ela olhasse para mim.
Acredito que ela percebeu que eu não estava assinando coisa alguma, pois levantou os olhos até a mim com uma expressão interrogativa no rosto.
- Algum problema, Laila? - Perguntei mais uma vez.
- O Henrique está precisando desses contratos assinados e o senhor ainda não assinou. - Ela explicou, como se estivesse falando com uma criança, olhando para a porta, parecendo desejar sair dali o mais rápido possível.
Levantei da minha cadeira e fui até onde ela estava, de pé em frente à mesa.
- Você está diferente, Laila. Parece chateada comigo. – Fui direto ao ponto.
A Laila sempre agiu como se estivesse confortável na minha presença, mesmo tímida como ela aparentava ser. As vezes parecia nervosa por estar no mesmo lugar que eu, acredito que por temer cometer algum erro no novo trabalho. Mas ela parecia estar com raiva de mim hoje e eu queria saber por quê.
- Não estou. Gostaria apenas que o senhor assinasse os documentos, pois o Henrique tem pressa. – Ela falou, dessa vez olhando em meus olhos.
Percebi que ela realmente não iria ceder e admirei a sua determinação, apesar de não entender por que ela estava se portando daquela maneira. Não sabia o que havia feito para que ela me tratasse tão friamente, mas iria descobrir.
Voltei até a minha cadeira e depois de assinar a todos os papéis que ela havia me indicado, a liberei para que voltasse ao seu local de trabalho.
Esperei apenas que o relógio marcasse o horário do final do expediente para ir até a sala do Henrique e garantir que a Laila saísse na hora correta e comigo, de preferência, mas ao chegar lá, ela já havia saído acompanhada do Henrique, conforme me disse a Barbara, sua companheira de trabalho.
- Eu posso ajudá-lo, Nicolas? – A Barbara se prontificou.
- Não, mas obrigada. – Não expliquei por qual motivo eu queria falar com a Laila e ela pareceu ficar intrigada com meus motivos para tal.
Já estava saindo da recepção aonde ficava a mesa das secretarias do meu irmão, quando ouço a Barbara falar, me fazendo voltar imediatamente.
- Fiquei muito feliz em saber que você e a Natasha haviam ficado noivos. Formam um belo casal.
Senti o sangue ferver, relembrando a reportagem que haviam mencionado tal disparate.
- Não tenho noiva alguma, nem mesmo namorada. – Falei para a Barbara aquilo que eu gostaria de falar para todo o mundo.
Vi pelo canto do olho que alguém havia adentrado a sala, e fiquei satisfeito ao ver que era a Laila. A olhei diretamente e seus olhos brilhavam novamente, me deixando satisfeito.
- Mas a reportagem dizia que... – Era a Laila que falava.
- Não se deve acreditar em tudo o que você lê na internet. – A interrompi.
- Mas a Natasha me confirmou que vocês haviam noivado ontem. - A Barbara insistiu.
- Vocês são amigas? – Perguntei totalmente surpreso. Eu não tinha a mínima ideia sobre tal fato.
- A Natasha é minha prima. – Ela esclareceu e aquilo me pegou de surpresa. – Foi o tio Rômulo que me indicou para estagiar aqui. Ele é amigo do senhor Gustavo.
Eu não sabia realmente nada sobre a Natasha, mesmo após namorarmos por mais de três meses. Mas como poderia, se ela nunca tinha tempo para mim? Sempre que a gente se encontrava, estávamos rodeados de pessoas, em eventos e quando íamos embora, nossa interação se resumia a sexo e nenhuma conversa, apesar das minhas tentativas em conversar com ela. Meu pai poderia ter comentado algo desse tipo, mas como sempre estávamos contratando estagiários, eu provavelmente não prestei atenção ou posso até ter me esquecido desse detalhe.
- Entendi. – Falei apenas por educação. Não tinha interesse algum em nada mais que dissesse respeito a Natasha. Deixei claro então. – Mas acho que houve um engano de alguma das partes. Eu e a sua prima não temos mais relação alguma um com o outro.
Algo que vi na expressão da Laila, no momento em que falei essas palavras para a Barbara, me levou a acreditar ainda mais que eu era sim, correspondido nos meus sentimentos por ela, mas eu precisava ter certeza. Ela me olhava com uma pergunta no olhar, como se não pudesse acreditar no que havia acabado de ouvir.
- Eu só vim pegar o meu celular, que esqueci em cima da minha mesa. – Ela falou, se recompondo. – Tenham um bom fim de semana.
Enquanto ela ia pegar o aparelho, Barbara fez menção de falar mais alguma coisa, mas eu apenas a parei com um gesto.
- Até segunda-feira, Barbara. – Falei saindo atrás da Laila, que havia pegado o telefone e saído rapidamente da sala.
A encontrei aguardando pelo elevador, parecendo falar consigo mesma.
- Estou atrapalhando sua conversa particular? – Falei em tom de brincadeira, ao me aproximar de onde estava.
Ela pareceu se assustar com a minha chegada, pois levou a mão ao peito e arregalou os seus lindos olhos verdes.
Antes que ela pudesse falar alguma coisa, o elevador abriu suas portas e nós entramos juntos. Apertei o botão do subsolo e deixei minha mão sobre o painel, a impedindo de escolher o botão do térreo, como acredito que faria quando ela ia tocar no painel também.
- Eu te levo em casa. – Ofereci mais uma vez, assim como havia feito na noite anterior.
- Por que? – Ela perguntou, sendo bem direta dessa vez.
- Por que eu quero. – A encarei de frente também. – Posso? - Perguntei para confirmar se era aquilo mesmo que ela queria ou se eu estava impondo a minha presença.
Ela pareceu fraquejar diante da minha atitude, sua timidez voltando com força total, pois sua pele morena ficou visivelmente vermelha e ela baixou os olhos, respondendo de maneira contida.
– Não me sinto bem em recusar uma carona em plena sexta feira.
O sorriso que exibiu ao falar isso, me deixou em êxtase, apesar de quase não conseguir ouvir direito suas palavras, tão baixo ela falou, mas entendi assim mesmo e fiquei satisfeito com o seu consentimento.
O elevador abriu as portas e ela saiu primeiro, indo em direção ao local onde estava o meu carro. Gostei da sensação de estarmos fazendo aquele trajeto juntos pelo segundo dia consecutivo, pois eu ficaria mais do que feliz em estabelecer aquela rotina com ela, de sair juntos do trabalho todos os dias. Digo sair, pois eu não pretendia ir deixá-la em sua casa todos os dias, pois haveriam aqueles em que ela iria para a minha casa.
Já estávamos no trânsito, quando pude olhar atentamente para ela, ao paramos em um sinal vermelho. Ela estava quieta, sem falar nada, desde que entramos no veículo. Ao vê-la assim tão encabulada, senti vontade de parar em um acostamento e beijar aqueles lábios grossos e bem desenhados, mas me contive. Não era o momento de partir para cima com tudo. Eu ainda não tinha certeza se ela realmente correspondia aos meus sentimentos, mas eu iria aproveitar esse fim de semana para sairmos juntos e caso ela aceitasse, eu poderia entender que aquele era o sinal verde para seguir em frente com tudo que eu tinha em mente para nós dois.
Laila Eu estava quase me beliscando para ter certeza de que era mesmo o Nicolas que estava indo me deixar em casa novamente, pois parecia surreal aquilo. - A Barbara falou que você e o meu irmão haviam saído juntos e que ele iria te deixar em casa. – O Nicolas falou, parecendo chateado com algo. – O que aconteceu que mudaram de ideia? Ele não quis esperar enquanto você ia apenas pegar o seu celular? - Ela falou isso? – Perguntei surpresa, estreitando os olhos. – O Henrique saiu há mais de uma hora atrás. Foi para uma reunião, a mesma para a qual ele precisava daqueles contratos assinados. - E por que ela diria algo que não é verdade? – Nicolas perguntou, com a expressão confusa.
Acordei me sentindo triste no sábado, lembrando das coisas que a minha mãe falou, da forma como ela nos culpava por seus problemas. Eu estava gostando muito de trabalhar na construtora e, tendo em vista o clima dentro de casa quando a mamãe estava mal-humorada, eu teria preferido que hoje fosse um dia de semana normal, para que eu pudesse sair para ir trabalhar. Mas como não era, eu pensei na minha programação para hoje, que seria fazer supermercado, coisa que a minha mãe não gostava de fazer, e lavar roupas. Lembrei então do Nicolas perguntando o que eu faria no fim de semana, e o quanto ele ficaria surpreso se eu dissesse quais eram os meus planos reais, pois eu tenho certeza que as suas amigas e namoradas nunca falariam algo do tipo, provavelmente os planos seriam muito mais glamorosos que os meus. Peguei meu celular e fui a procur
NicolasEu parei o carro em frente à casa da Laila e já estava me preparando para descer e ir até a sua porta, quando a vejo parada em frente à residência.Assim que viu o carro estacionando, já veio caminhando ao meu encontro. Estava linda, pude perceber, mesmo com a película escura que cobria os vidros do meu carro.Eu ainda não a tinha visto com seus cabelos soltos e só agora pude ter noção do quanto eram longos e pareciam sedosos.Destravei o carro e pretendia descer para abrir a porta para ela, porém antes que eu pudesse concluir qualquer ação que pretendera de início, ela abriu a porta.- Olá. – Ela falou, a título de cumprimento.- Boa noite, Laila. Está linda. – Comentei, sem conseguir me controlar. – Entre.Ela sorriu, parecendo satisfeita e envergonhada ao mesmo tempo, com o elogio, mas sentando no banco e fechando a porta de maneira delicada.Eu sabia, mesmo com o pouco tempo de convivência que tínhamos um com o outro, que ela era um pouco tímida e sempre parecia nervosa na
Laila O local para o qual o Nicolas me trouxe era bem diferente do que eu havia imaginado a princípio, pois era tranquilo e frequentado por pessoas de todos os tipos, com música ambiente e apesar de ter bastante gente àquela hora, não estava cheio e era bem iluminado. Gostei muito do lugar e quando ele me perguntou o que eu queria beber, respondi de imediato que queria provar algum drinque e pedi uma sugestão. Agora eu estava com o meuSex on the beachnas mãos e estava amando o sabor, apesar de ser a primeira experiência com bebidas alcoólicas, eu já havia visto minha mãe chegar em casa bêbada tantas vezes que eu jamais iria exagerar no álcool. Ela era meu exemplo constante do que não deveria fazer, como vovó tão bem colocara. - O que você está achando do seu drinque? – Nicolas perguntou divertido, acredito que lembrando ainda as várias caretas que eu fiz de início, quando tomei os primeiros pequeno
Nicolas Eu deveria ter me controlado melhor e deixado para falar em um outro momento o que eu já vinha querendo dizer ao Ricardo há bastante tempo, que ele era um completo idiota por gostar de uma pessoa como a Alicia Guimarães, uma garota frívola, que só sabia maltratar as pessoas a sua volta. Isso sem falar em todas as vezes que ela tentou humilhar a Viviane, a melhor amiga do João Pedro, um grande amigo nosso desde que éramos crianças ainda. Mas eu passei toda a semana tentando falar com o meu primo, fui até mesmo ao apartamento dele, bati e chamei várias vezes, mas ele não me atendeu. Gritou para que eu fosse embora, sem nem mesmo abrir a porta. E quando ele nos abordou enquanto estávamos parados no acostamento, eu fiquei feliz em vê-lo aparentemente bem. Mas quando ele chegou ao Lilo's, sentando comigo e a Laila, ao invés do cara legal e divertido que eu estava acostumado, ele pareceu ficar chateado por eu estar c
Laila Cheguei ao escritório mais cedo na segunda-feira seguinte ao meu encontro com o Nicolas, pois a ansiedade me dominava e eu precisava vê-lo. Já estava prestes a sair para o horário de almoço e não havia conseguido nenhuma desculpa para ir até a sua sala, mas resolvi que eu deveria ter paciência e que não era certo da minha parte ficar dessa forma. Com essa determinação em mente, eu estava organizando a minha mesa, já prestes a sair para almoçar, quando a Barbara parou à minha frente, me olhando com cara de poucos amigos. - O Nicolas foi deixar você em casa de novo? – Ela falou e seu tom era de irritação, o que eu não entendi a princípio, mas depois que lembrei que ela era prima da Natasha, a ficha caiu. - Acredito que isso não diz respeito a você, Barbara. - Falei de forma educada, porém sem dar margens a mais especulações. - Você sabe que ele é noivo da minha prima e não é certo ele estar da
Nicolas Já estava em Athenas há quinze dias e me sentia extremamente irritado com isso, pois a pretensão inicial era de que em no máximo dez dias, eu conseguiria resolver tudo sobre a parte jurídica do empreendimento da Alcântara na cidade. Porém, devido à grande burocracia existente, decorrente do legado histórico que existia ali, eu ainda deveria permanecer mais uns dois dias, sendo bastante otimista. Pensava sobre isso enquanto estava deitado na cama do luxuoso hotel, há mais de uma hora tentando conciliar o sono. O que eu queria mesmo era estar com a Laila agora, conhecendo melhor a garota que conseguira me conquistar completamente, mesmo antes de eu ao menos beijar aqueles lábios grossos e deliciosos. Depois de conhece-la melhor, eu podia afirmar, sem medo de errar, que ela havia me ganhado desde o primeiro momento em que a vi. Agora eu estava longe demais dela, mas ela não saiu da minha cabeça, e todas as noites
Laila Eu estava muito ansiosa para o retorno do Nicolas, pois ele havia dito na noite anterior que tinha um assunto muito importante para falar comigo, mas que só diria quando voltasse de viagem e mesmo com toda a minha insistência, ele não me deu nenhuma pista de qual seria esse assunto misterioso. Quando eu questionei se ele poderia ao menos me dizer se era algo bom ou ruim, ele garantiu que era excelente.A curiosidade estava me matando, mas o que me consolava era saber que ele chegaria no dia seguinte.- Está no mundo da lua, Laila? Já é a terceira vez que te chamo e você não me escuta. – Barbara falou, fazendo uma expressão de enfado que havia se tornado a sua cara favorita.- Desculpe, Barbara. – Me desculpei, pois eu não poderia ficar tão aérea assim no ambiente de trabalho, ela estava cert