Coração Ardiloso
Coração Ardiloso
Por: Diene Médicci
Capítulo 1

Riven é do tipo mais certinho, totalmente racional, muito inteligente, trabalhou em toda sua adolescência com o pai, em uma pequena transportadora da família e após vê-la falindo, logo abriu a sua própria, em sociedade com seu irmão gêmeo, Rigel.

Que é identifico fisicamente e totalmente diferente na personalidade.

Rigel é do tipo malandro, passional, bom de lábia, gosta de aproveitar a vida e se arriscar, na adolescência enquanto seu irmão trabalhava dentro da transportadora, no escritório, ele preferia ficar fora, viajando e fazendo entregas.

Riven teve poucos relacionamentos na juventude, sempre mais sérios e quando conheceu Agnes, estava solteiro a anos, tinha vinte e cinco anos e ela vinte e um, estavam fazendo um curso juntos, de liderança.

Ele estava abrindo a Atlas transportadora e ela a Boutique Bella Bonita, o interesse partiu dela, que não perdeu tempo e após não ganhar nada, além de sorrisos, puxou assunto na saída, em um dia que saíram mais cedo, perguntou se ele morava perto, porque ela não estava com bateria no celular, para chamar o pai.

Muito educado, ele nem ofereceu o celular, já foi oferecendo carona, perguntou a idade dela, por admirar as idéias trocadas no curso, quando chegaram na frente da casa dela, só ela tinha falado sobre o sonho de ter uma boutique.

Sugeriu que ele falasse tudo, sobre a transportadora também, se não tivesse problemas, em demorar para ir embora, talvez encontrar a namorada, ele percebeu para onde aquela conversa iria e adorou vê-la tomando uma atitude, contou que estava solteiro, porque no momento só queria focar no trabalho.

Ela disse que passava pelo mesmo e só tinha tido um namorado por dois anos, o convidou para entrar, garantiu que os pais não iriam se incomodar.

Quase o arrastou para dentro, gritou chamando os pais, foram o cumprimentar, sentados só os dois na mesa da cozinha, conversaram por horas, trocaram idéias de trabalho.

Naquela noite nada aconteceu, nem um beijinho, mais ele passou a pensar em casar, porque viu nela, os mesmos objetivos e a garra de vencer, eram ambiciosos, dedicados igualmente.

Somente quando o curso acabou, ele a convidou para sair, foi realmente um encontro, foram jantar em um restaurante afastado da cidade, dançaram bolero e beijaram muito.

Na época, mesmo que com mais experiências que ela, Riven a respeitou muito e a cativou totalmente, com seu jeito cavalheiro, começaram a namorar em um mês, noivaram em um ano e se casaram no ano seguinte com uma enorme festa, alguns anos depois tiveram o Amin, um filho muito esperado.

Eles tinham muito em comum, amantes de esportes radicais, jantares calmos, viagens românticas, se dedicar muito ao trabalho, organizar e planejar tudo, se diziam ser almas gêmeas e viveram assim, muito bem, por longos anos.

Riven estava no auge de sua vida, com uma família quase que perfeita, unida, tentando ter o segundo filho, faturando muito com a transportadora e então, uma ligação no sábado de manhã lhe tirou tudo em segundos.

Agnes estava andando de bicicleta com a melhor amiga, como faziam todos os finais de semana e foi atropelada por um motorista alcoolizado.

Assim que avisaram o que havia acontecido, Riven largou tudo e foi para o hospital transtornado, ainda que com vida, Agnes já foi socorrida inconsciente, os ferimentos foram graves e ela não voltou a acordar mais.

Ficou em coma, teve morte cerebral e levou junto com si, toda a felicidade de sua família, mais também trouxe muita alegria, para outras, doando seus órgãos.

Skylar recebeu o coração, quando já havia até desistido e se conformado, de que nunca teria a chance de conseguir, ter uma vida mais normal.

Ela sempre teve problemas de saúde, cresceu rodeada de muita proteção, tratada como uma coitadinha, não costumava se vitimizar, com suas limitações, mais infelizmente, cresceu um pouco lalau, fora da casinha.

Sem saber fazer amigos, mesmo que sendo simpática, cresceu observando muito as pessoas, desejando o que tinham, festas, passeios, brincadeiras na rua, toda a sua adolescência foi como assistir a vida dos outros na televisão, ninguém a convidava para nada e se por acaso, convidassem, seus pais não a deixavam ir.

Até que uma vizinha nova, mudou sua vida, Tainanda tinha a mesma idade e um temperamento forte, enganava aos pais, saia escondida, tinha namoradinhos, era uma menina normal para a idade.

Skylar a espiava diariamente e isso se tornou uma pequena obsessão, as janelas eram próximas, dava até para ouvir as músicas, ver a televisão, Tainanda até demorou para perceber e ao notar a vizinha curiosa a espiando tanto, foi logo bater em seu portão, disse ao pai de Skylar, que elas tinham conversado um dia no quintal.

Até que inocente ele a deixou entrar, levou na porta do quarto, ela entrou sorridente e ao ficarem a sós, perguntou séria porque estava sendo vigiada.

Muito constrangida Skylar disse que olhava a todos sempre, sem querer, porque não podia sair, comentou sobre os motivos, sua saúde frágil e o exagero dos pais.

Rapidamente se tornaram grandes amigas, Tainanda a ensinou mentir, fazer amigos, dançar, ter mais vaidade, sempre a tratou como uma menina normal e a incentivou se sentir assim.

Ao terminarem o ensino médio, estavam prontas para irem pra faculdade, cursar pedagogia, logo no começo, Skylar precisou se afastar, por causa do transplante e após se recuperar, sua obsessão virou aproveitar a vida.

Mais madura e segura, saiu de casa, foi morar em uma república só de mulheres, junto com sua melhor amiga, que sempre tinha péssimas idéias, quando o assunto era aproveitar a vida.

Enquanto fazia uma lista, de coisas para fazer antes de morrer, Skylar decidiu que queria muito conhecer a família de sua possível doadora, a um ano as duas investigavam todas as mortes ocorridas na semana do transplante, no estado em que moravam e chegaram a conclusão de que com certeza, aquele coração era de Agnes.

Depois de colocar isso na lista, sua cabeça não conseguiu priorizar mais nada, pesquisou tudo sobre Agnes, foi a boutique gastar o que nem tinha, anotou tudo o que encontrou nas redes sociais, sobre a personalidade dela e ao ver que ela tinha deixado um filho pequeno, cismou que precisava vê-lo, na intenção de sentir alguma coisa.

Porque ela tinha total certeza, de que o órgão levava uma herança emocional, afetiva, até comprovou em pesquisas, que de fato, pessoas transplantadas, as vezes passavam a gostar, de alguma coisa, que seu doador gostava.

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