Voltar pro casarão depois de uma manhã inteira tentando resolver pendências da fazenda no banco era, no mínimo, um alívio. O calor tinha dado uma trégua, mas minha paciência não. Aqueles tipos de conversa que parecem nunca sair do lugar, papelada, registros, ajustes burocráticos me tiravam do sério.Estacionei o carro na lateral da casa e mal desliguei o motor, vi Mariana se aproximando, apressada. A blusa de alcinhas e o sorriso comedido dela me diziam que vinha coisa. Mariana não sabia conversar casualmente. Sempre tinha algo por trás.— Voltou cedo — ela disse, encostando-se à porta do carro com a maior naturalidade do mundo.— Resolvi tudo que foi necessário — respondi, abrindo a porta.Ela riu baixinho e me acompanhou até a frente da casa, como se estivesse prestes a entregar uma fofoca de ouro.— Sabe o que é engraçado, Bernardo? — começou, como quem não quer nada. — Logo depois que você saiu, Laura subiu. E não demorou muito… Thomas também subiu.Meu corpo imediatamente enrijec
Queridas leitoras,Antes de tudo, quero pedir desculpas por não ter conseguido publicar durante dois dias nesta semana, embora não tenham sido dias consecutivos. Foi semana muito corrida pra mim na faculdade, cheia de provas e trabalhos, e acabei ficando sobrecarregada. Mas estou planejando adiantar alguns capítulos neste final de semana e também durante o feriado da próxima semana, pra não deixar vocês sem atualizações.Aproveito também pra pedir uma ajudinha especial: estou enfrentando um probleminha com um dos meus livros aqui e preciso muito que uma leitora entre em contato comigo pra me ajudar a resolver o mais rápido possível, por favor. Se alguma de vocês puder se habilitar, ficaria imensamente grata!Vou deixar meu número abaixo e, por favor, se você puder me ajudar, me chama no WhatsApp, tá bom?(75) 998653267Ah, e eu também percebi que algumas leitoras, pela forma como escrevem, talvez sejam de Portugal. Se for o seu caso, pode deixar o seu número que eu mesma entro em c
Quando me levantei da cama, Laura ainda dormia. Ela parecia tão tranquila que me perguntei se aquilo era só cansaço ou um cansaço misturado com alívio. Eu não sabia mais como me sentir. Na noite anterior, subi pro quarto tarde, depois que ela já tinha dormido. E hoje, meu plano era sair cedo antes que ela acordasse e seguir pra fábrica. Era mais fácil quando eu não precisava encarar o que sentia. Amar alguém que não te escolhe de volta… era como remar sem direção, sem saber se um dia chega em terra firme. Fechei a porta do quarto com cuidado. Mas quando virei o corredor, parei seco. Thomas estava ali. Em pé, na ante-sala, como se não tivesse nada de errado em ficar encarando a porta do nosso quarto. — Posso saber por que você tá plantado aqui, olhando pra porta do meu quarto e da minha esposa? — perguntei, caminhando até ele com passos firmes. Meus olhos cravados nos dele. Ele não recuou. Nem fingiu constrangimento. Só me encarou com aquele mesmo ar insolente. — Tô esperando
A copa da fábrica era um lugar simples, mas já me era familiar. Tinha estado ali outras vezes, e aquela mesa de madeira comprida, encostada na parede, com seu cheiro de café fresco misturado ao de pão recém-torrado, sempre me trazia uma sensação discreta de acolhimento.Na mesa, havia queijos cortados, pão francês ainda quentinho, bolo de fubá coberto com açúcar cristal e uma jarra de suco de laranja recém espremido. Bernardo preparava duas xícaras de café enquanto eu me sentava, observando-o com um certo silêncio entre nós. Ele se movia com a calma de quem conhece cada centímetro daquele lugar, mas não parecia exatamente em paz. Talvez fosse só impressão minha. Ou não.— Tá forte? — ele perguntou, colocando a xícara na minha frente.Tomei um gole antes de responder. — Tá ótimo.Ele se sentou ao meu lado, e por um instante, tudo que se ouvia era o barulho dos funcionários se movimentando do lado de fora. Aquela pausa entre a chegada e o início do expediente.— Obrigada por ter me tra
Me viro na cama ao som insistente do celular. Atendo sem olhar quem é. — Alô? — Laura, desculpa te acordar. — A voz de Diogo ressoa do outro lado da linha. Meu cérebro ainda está despertando, mas algo no tom dele me faz sentar na cama, alerta. — O que aconteceu? — É a Helena… Você é psicóloga e nossa amiga. Eu preciso de você aqui. Estou vendo meu casamento desmoronar e não sei o que fazer. Minha mente ainda luta para processar as palavras. — Diogo, o que exatamente está acontecendo? — Vou viajar para a pecuária, e não quero deixar a Helena sozinha. A fazenda tem funcionários, claro, mas ela precisa de alguém próximo. Solto um suspiro, coço os olhos. Não faz sentido discutir pelo telefone. — Ok. Quando eu chegar, entendo melhor. — Obrigado, Laura. O silêncio se instala depois que a ligação é encerrada. Olho as horas no celular. 5h25. Muito cedo. Tento deitar novamente, mas o peso do pedido de Diogo não me deixa relaxar. Ele não é o tipo de pessoa que pede ajuda
Helena e eu decidimos ir conversar na varanda e aproveitar um pouco do ar fresco. Ela me falava sobre sua rotina na fazenda quando o som de um carro se aproximando chamou nossa atenção. O motor desligou, e em poucos segundos a porta do veículo se abriu. Diogo foi o primeiro a sair, ajeitando a aba do chapéu enquanto subia os degraus da varanda com a postura rígida de sempre. O olhar atento percorreu a cena diante dele antes de se fixar em mim. — Olha só quem resolveu aparecer — comentou, e sorriu - estou feliz que tenha vindo, Laura. A Lena sempre comenta o quanto sente sua falta. Antes que eu pudesse responder, a outra porta se abriu. E então eu o vi. O homem que desceu do carro tinha uma presença marcante, algo difícil de ignorar. Era alto, de ombros largos e porte elegante, mas sem a rigidez do irmão. Sua expressão trazia um ar de confiança descontraída, como alguém acostumado a ser notado sem fazer esforço. O cabelo escuro, ligeiramente bagunçado, dava a impressão de que
O tempo passou sem que eu percebesse. Depois de um banho revigorante e um tempo para me organizar, desci para o jantar, sentindo o aroma reconfortante da comida caseira se espalhando pela casa.A mesa estava posta na sala de jantar, e Helena conversava animadamente com Diogo sobre algum problema na fazenda. Bernardo, ao lado do irmão, participava ocasionalmente da conversa, mas parecia mais interessado na comida do que em qualquer outra coisa.— Você vai gostar do ritmo daqui, Laura. O Rio de Janeiro é muito barulhento — Helena comentou, lançando-me um olhar cúmplice.Dei de ombros, tentando manter a neutralidade.— Ainda estou me acostumando. Mas é um lugar agradável.— Não é a sua primeira vez aqui, Laura, mas acredito que será a primeira vez que passará mais do que um fim de semana com a gente. — Diogo comentou.Assenti levemente, pegando o copo d’água à minha frente.— Algumas coisas me lembram a fazenda do meu avô. Não é igual, claro, mas tem um clima parecido.Helena sorriu, sat
A casa ainda estava silenciosa quando desci para a cozinha. O sol mal tinha nascido, e um tom alaranjado banhava os móveis de madeira, criando um cenário quase acolhedor. O cheiro de café fresco preenchia o ambiente, e foi esse aroma familiar que me guiou até ali.Mas não era só o café que me esperava.Bernardo estava encostado no balcão, vestido com jeans e uma camisa de botões com as mangas dobradas até os antebraços. Era o tipo de descuido calculado que só alguém absurdamente confiante conseguia carregar.Ele ergueu os olhos ao me ver e sorriu de canto, daquele jeito preguiçoso que parecia provocar sem esforço.— Bom dia, dorminhoca. Achei que ia perder a gente saindo.Tentei ignorar a forma como aquele tom rouco soava mais intimista no silêncio da cozinha.— Não sou de acordar tão tarde — respondi, indo até a cafeteira. — Só não costumo ter motivos para madrugar.Peguei uma xícara e servi o café, sentindo o peso do olhar dele sobre mim. Bernardo observava de um jeito intenso, como