Na tarde do dia seguinte, o Bernardo e o Diogo estavam trabalhando na fábrica, minha tia e a Lena haviam ido ao povoado, e eu aproveitei o silêncio da casa para subir ao quarto e focar um pouco na minha tese. Estava tendo grandes avanços, conseguindo me concentrar mais do que esperava, mas, depois de algumas horas, comecei a sentir uma inquietação estranha. Talvez fosse fome. Ou só o cansaço acumulado dos últimos dias.Fechei o notebook e deixei os papéis organizados sobre a escrivaninha. Peguei um livro — não por obrigação, mas por prazer — e saí do quarto em busca de algo pra comer. Minha intenção era simples: fazer um lanche rápido e ir até a varanda, onde a luz do fim de tarde costumava ser agradável, perfeita pra me distrair um pouco e respirar.A cozinha estava vazia, o que era de se esperar com a Rosa também fora por algumas horas. Peguei um pedaço de bolo, servi um copo de suco e, com o prato em mãos e o livro debaixo do braço, fui em direção à varanda.Mas no caminho, ouvi pa
Oi, pessoal! Passando aqui para explicar o motivo da pausa nas atualizações. Tive um problema com outro livro meu, que está bloqueado na plataforma e, para que ele seja liberado, precisei da ajuda dos leitores com uma gravação específica solicitada pela plataforma. Pedi essa colaboração por aqui e até deixei meu número de contato, mas infelizmente ninguém conseguiu me enviar o que era necessário. Embora o problema tenha acontecido em outro livro, se ele não for resolvido, pode acabar afetando também as atualizações deste aqui. Por isso, estou fazendo o possível para encontrar uma solução. Pretendo voltar a atualizar este livro aqui em breve. Estou fazendo o possível para resolver e poder voltar a publicar normalmente. Peço, com carinho, que evitem comentários negativos — eles machucam, sim. A saúde mental de quem escreve também importa, e depois de tolerar muitas críticas injustas em silêncio, decidi que não vou mais aceitar esse tipo de comportamento aqui. Agradeço imensament
Cheguei à fazenda mais tarde do que gostaria. O dia tinha sido puxado — daqueles que começam com pendências acumuladas e terminam com ainda mais para resolver. Na produção, surgiram contratempos desde cedo, e até na transportadora o Diogo teve que intervir por conta de um caminhão parado na estrada. Nada parecia fácil hoje. Assim que empurrei a porta do casarão, respirei fundo. O silêncio ali dentro contrastava com o ritmo acelerado do dia. Na sala, encontrei Laura sentada no sofá, o celular nas mãos, os olhos atentos à tela. Ela nem percebeu minha chegada de imediato. E por um instante, só a observei. Seu corpo estava relaxado, mas havia algo na postura — no jeito como os ombros caíam levemente, como o polegar deslizava devagar pela tela — que denunciava o cansaço. Talvez ela também tivesse tido um dia longo. Ou talvez fosse só o peso dos últimos dias, somando devagar, sem alarde. Ela não sabia que eu sabia. Não sabia que as palavras do Thomás haviam chegado até mim, invadido
O clima estava insuportável. A sala, antes tão familiar, parecia um campo minado. Ninguém sabia onde pisar. O silêncio depois da fala da Rosa se estendia como um fio esticado demais, prestes a arrebentar. Foi então que o Diogo deu um passo à frente. A expressão dele era séria, tensa. E, diferente do costume, havia dureza na voz quando falou: — Chega. Todo mundo se virou pra ele. — Thomás, você vai sair do casarão agora. — continuou, firme. — Se quiser continuar vendo sua irmã e sua mãe, pode ficar no povoado. Em uma das casas da cooperativa, a gente dá um jeito. Mas aqui dentro, não mais. Thomás abriu a boca, pronto pra rebater, mas Diogo não deu espaço. — Eu não vou discutir. Não aqui, não agora. Você cruzou uma linha e eu não vou assistir quieto. O sorriso sumiu do rosto do Thomás. — E a Rosa… — Diogo virou-se para ela, com o mesmo tom firme, mas mais cuidadoso. — A senhora vai pra casa agora. Amanhã a gente conversa com calma. Rosa hesitou. Seus olhos encontraram
Mariana piscou algumas vezes, como se tentando encontrar uma resposta no meio do nervosismo. Puxou a bolsa para mais perto do corpo, como se pudesse se esconder atrás dela. De repente, o Bernardo já estava na sala novamente, junto com a minha tia Helô e a Lena. O circo estava armado mais uma vez. — O que está acontecendo aqui mesmo? Não estou entendendo. — Mariana falou, parecendo confusa. — Mariana, você esteve com o Thomas hoje à tarde aqui no casarão? Vocês ficaram? — Lena perguntou, direta. — Eu não tenho que ficar dando satisfação pra vocês — rebateu, a voz ficando mais aguda, defensiva. — Tem, sim. — Diogo respondeu, sério. — Só fiz uma pergunta, Mariana. Sim ou não. — Lena insistiu, a voz carregada de tensão. — O Thomas está espalhando mentiras sobre a Laura. Sua mãe ouviu os barulhos… e endossou a fala de Thomas. Você percebe a gravidade da situação? Sua mãe pode perder o emprego por sua causa. Mariana hesitou, um pânico evidente tomando conta de seu rosto. Ela se mexe
Caminhei de um lado pro outro, tentando manter a calma, enquanto o Bernardo permanecia encostado na porta, me observando em silêncio. — Abre a porta, Bernardo… por favor. Eu estou irritada, não quero conversar agora. — Senta um pouco, Laura — ele pediu, com a voz baixa, quase um apelo. — Quando você estiver mais calma, eu te deixo sair. Bufei, contrariada, mas acabei me jogando no sofá, cruzando os braços, como uma criança teimosa. Eu não queria estar ali, não queria falar, não queria sentir… mas, ao mesmo tempo, meu corpo parecia preso àquele lugar, àquela presença. Bernardo se aproximou devagar, como quem sabe que qualquer movimento brusco poderia me fazer recuar ainda mais. Ele se agachou na minha frente, ficando na altura dos meus olhos. — Me desculpe — disse, a voz rouca de arrependimento. — De verdade, Laura, eu sinto muito por tudo que aconteceu ontem. Não é que eu não acreditasse em você… — ele passou a mão pelos cabelos, num gesto nervoso — mas a Rosa falou com tant
Me viro na cama ao som insistente do celular. Atendo sem olhar quem é. — Alô? — Laura, desculpa te acordar. — A voz de Diogo ressoa do outro lado da linha. Meu cérebro ainda está despertando, mas algo no tom dele me faz sentar na cama, alerta. — O que aconteceu? — É a Helena… Você é psicóloga e nossa amiga. Eu preciso de você aqui. Estou vendo meu casamento desmoronar e não sei o que fazer. Minha mente ainda luta para processar as palavras. — Diogo, o que exatamente está acontecendo? — Vou viajar para a pecuária, e não quero deixar a Helena sozinha. A fazenda tem funcionários, claro, mas ela precisa de alguém próximo. Solto um suspiro, coço os olhos. Não faz sentido discutir pelo telefone. — Ok. Quando eu chegar, entendo melhor. — Obrigado, Laura. O silêncio se instala depois que a ligação é encerrada. Olho as horas no celular. 5h25. Muito cedo. Tento deitar novamente, mas o peso do pedido de Diogo não me deixa relaxar. Ele não é o tipo de pessoa que pede ajuda
Helena e eu decidimos ir conversar na varanda e aproveitar um pouco do ar fresco. Ela me falava sobre sua rotina na fazenda quando o som de um carro se aproximando chamou nossa atenção. O motor desligou, e em poucos segundos a porta do veículo se abriu. Diogo foi o primeiro a sair, ajeitando a aba do chapéu enquanto subia os degraus da varanda com a postura rígida de sempre. O olhar atento percorreu a cena diante dele antes de se fixar em mim. — Olha só quem resolveu aparecer — comentou, e sorriu - estou feliz que tenha vindo, Laura. A Lena sempre comenta o quanto sente sua falta. Antes que eu pudesse responder, a outra porta se abriu. E então eu o vi. O homem que desceu do carro tinha uma presença marcante, algo difícil de ignorar. Era alto, de ombros largos e porte elegante, mas sem a rigidez do irmão. Sua expressão trazia um ar de confiança descontraída, como alguém acostumado a ser notado sem fazer esforço. O cabelo escuro, ligeiramente bagunçado, dava a impressão de que