- Claro que não. “Você” deveria ter medo de mim, Heitor.- Tenho medo mesmo... De você destruir meu coração. – Ele colocou a mão no peito, debochando da minha cara.Cruzei meus braços:- Está de brincadeira comigo, Heitor Casanova?Ele negou com a cabeça, olhando no fundo dos meus olhos.- Senhor Casanova, diga-me uma coisa, por favor.- Até duas, Bárbara... – continuou imóvel, os olhos sem desgrudar dos meus.- O senhor tem colherinha por aí?- O quê? – ele balançou a cabeça, confuso, enrugando a testa.Preciso ser juntada, seu idiota. Você acaba de derreter meu corpo e o que restava de cérebro... Que porra está acontecendo comigo? Eu odeio este homem.- Acho que posso estar um pouco bêbada. – falei seriamente, pois meus pensamentos estavam confusos.Voltei para a porta, tentando abrir novamente, com força. Precisava sair dali imediatamente.- Pode me ajudar, senhor dono da porra toda?- Senhor não... Dono da porra, sim. Se é toda, já não sei...- Deus, me deixar presa com ele já é c
Foi tudo muito rápido e quando percebi a porta se abriu.Não tinha ninguém ali, mas a música podia ser ouvida. Estávamos na espécie de sala, por onde eu havia subido com Allan anteriormente.A luz forte foi um toque de realidade. Saí do elevador, com meu corpo estremecido e tentando encontrar as palavras certas antes de ir embora.- Finalmente. – Sorri, sem olhar nos olhos dele. – Eu... Preciso ir.- Não pode sair com o vestido assim... Aparece todo seu corpo.Parei, sem saber o que fazer. Ele retirou o casaco e colocou sobre meus ombros:- Creio que isso resolva um pouco. Mas posso pegar um vestido de Milena se você quiser.- Não... Não precisa. Obrigada pelo casaco... Eu... Mando devolver. – Fui saindo.Ele foi atrás de mim, pegando meu braço. Quando me puxou, fui obrigada a encará-lo.- Bárbara... Eu...A porta se abriu e Celine, que agora eu sabia que não era a mãe verdadeira dele, apareceu. Os olhos dela foram diretamente à mão dele sobre meu braço e ela não disfarçou a insatisfa
Eu tentei aparentar tranquilidade, mas meu corpo tremia e o coração estava disparado. Nunca alguém me deixou tão amedrontada com ameaças do que aquela mulher.Depois de um tempo, andando a passos largos, virei para trás e vi que ela já tinha ido embora.Como Heitor Casanova tinha a coragem de colocar a noiva e a amante no mesmo lugar? Será que Milena sabia da traição? Será que... Eu ia conseguir esquecer a porra da boca dele na minha tatuagem do Bon Jovi? Ah Bon Jovi, me perdoe... Mas que boca aquele homem tem... E... Certamente ele me deixou marcada no pescoço e no ombro, para eu ficar com a lembrança dele me perturbando por uns bons dias.Retirei os saltos dos pés e corri por um tempo, tentando apressar minha chegada ao portão da rua. Ainda assim só via árvores por todos os lados e postes baixos iluminando o caminho.Mas por que Cindy chegou só naquela hora? Afinal, Milena estava cansada e pelo que Celine falou, queria dormir com o noivo... Que neste caso, dormia com qualquer mulher
Salma arqueou a sobrancelha, encarando-o:- Você... Não é um dos dançarinos homens, não é mesmo?- Não... Sou só o barman. – Ele sorriu.Ela sentou no sofá, com as pernas para cima, abrindo espaço para nós:- Desculpe um sofá de três lugares apenas... Mas somos três por aqui. – Sorriu, explicando-se.Ele sentou e eu puxei uma das poltronas, pois achava estranho conversar com ele e Salma estando nós três um do lado do outro, tendo que olhar para os lados. Acho que às vezes eu tinha certos TOC’s também, como o senhor Allan.- Vocês trabalhando juntos e não se conhecem? Que louco!- Bem, ela que não me conhece. Eu... A conheço. – Ele enrugou a testa, olhando para ela.- Claro... Quem esqueceria a ruiva linda da caixa de vidro? – percebi o olhar dele para ela, de admiração.Ok, eu posso ser um cupido. E faria duas coisas perfeitas: arranjar um homem legal para minha melhor amiga e ao mesmo tempo fazê-lo desistir de mim. Afinal, eu não queria fazê-lo sofrer, pois Daniel era um homem legal.
- Eu? Mais uma vez meu cofrinho em seu benefício? Aproveitadora...- Por que não dança na caixa de vidro? – Daniel me olhou seriamente.- Eu? Eu...“Babi, veeeeem”, Ben gritou do quarto.Dei um beijo no rosto dele e disse:- Preciso ir. Ben está querendo me contar da noite dele. E...- Tudo bem. Boa noite, Babi.- Salma, pode pagá-lo, por favor?- Claro... Aproveitadora de amigas.- Não vou aceitar, Salma, de jeito algum.Saí dali e voltei para o quarto, ouvindo a discussão dos dois. Claro que foi planejado, embora eu realmente não tivesse dinheiro. Mas venderia o casaco do CEO e pagaria cada centavo para ela. A corrida dele, o aluguel. Enfim, tinha que ver quanto valia um blazer de marca no mercado negro.- Vai contar para Salma? – Ben perguntou. – Afinal, é o chefe dela.- Não sei nem se ela já falou com ele, na real.- Claro que deve ter falado. É o dono da Babilônia.Salma abriu a porta e colocou só a cabeça para dentro do quarto:- Vou dormir.- Está tudo bem? – perguntei.- Sim.
Na terça-feira, Salma chegou em casa com o envelope, no final da tarde. Já sabíamos que ali estava o resultado do sexo do bebê.Sentamos todos em volta da mesa, nos olhando, ansiosos.- E você foi ao médico? – perguntei.- Sim... Minha barriga começa a crescer um pouco. E em breve vou ter que me afastar da Babilônia.- E... Como vai ser? – perguntei, curiosa.- Vou atestar e continuar recebendo. Além do mais... Tenho uma grana guardada. E... Dinheiro não vai mais ser meu problema depois que o bebê nascer.- Babi... O pai é rico? Isso? – Ben perguntou.Ela assentiu, enquanto abria o envelope:- Mas foi produção independente. Embora... O ato tenha sido realizado. – Disse, nos deixando ainda mais confusos.Era possível produção independente com ato sexual? Seria minha próxima pesquisa no Google.Eu e Salma sempre fomos melhores amigas, desde pequenas. Nosso sonho de morar juntas aconteceu sob protesto de Jardel. E mesmo ela odiando-o, aceitou-o na nossa casa. Fiquei mais tempo do nosso r
Houve um tempo que eu achei que poderia também usar do mesmo veneno dele, já que a minha vida não tinha mais sentido algum. Eu vivia por ele... Por que não entrar no mundo de Jardel?Por sorte algo em mim foi mais forte e me mostrou que o caminho pelo qual eu estava indo não era certo.Quantas vezes Ben e Salma tentaram me salvar. Mas eu não tinha forças para ouvi-los. Então houve um tempo que eles desistiram de mim... E Jardel se foi. Uma overdose fatal, numa rave embalada a orgias, todos os tipos de drogas... Onde o principal objetivo de todos era usar tudo que conseguisse por 24 horas sem parar.As traições neste tempo foram dos males o menor. Eu tinha esperanças que ele pudesse se apaixonar por qualquer vagabunda que ele comia nos becos escuros, sujos e fedorentos que ele frequentava. Mas isso nunca aconteceu. Ele sempre voltava pra mim... E nunca deixou de dizer que me amava.Senti lágrimas escorrendo pelo meu rosto, grossas, quentes, doloridas. Eu jamais chorei a morte dele... N
Eu e Ben chegamos ao Hazard em torno de dez horas da noite.O Hazard era um bar simples, mas bem frequentado. Começava com Happy Hour e seguia até quase amanhecer o dia com bebidas, música no jukebox, mesa de sinuca e vez ou outra nos finais de semana Karaokê ou bandas cover. Na maioria das vezes, era frequentado por pessoas com boas condições financeiras e sociais, exceto quando um amigo resolvia pagar alguém de fora para seduzir jovens inocentes e lhes oferecer prazer a perder de vista. Poderia ter este tipo de gente também, camuflado entre os de bom coração.- Precisa de dinheiro, Babi? Eu tenho para nós dois. Não quero que gaste do seu. Eu convidei, eu pago.- Nem pensar. Eu tenho.- Sei que está dura, amiga.- Não mais. Vendi um blazer no mercado negro. – Pisquei.- Bárbara Novaes... Sua louca de pedra. E se o Casanova quiser o casaco?- Ele nem vai lembrar... Aquele... Desclassificado dos infernos deve ter vários iguais.- Dos infernos você quer dizer por causa do fogo, não é m