Eu tentei aparentar tranquilidade, mas meu corpo tremia e o coração estava disparado. Nunca alguém me deixou tão amedrontada com ameaças do que aquela mulher.Depois de um tempo, andando a passos largos, virei para trás e vi que ela já tinha ido embora.Como Heitor Casanova tinha a coragem de colocar a noiva e a amante no mesmo lugar? Será que Milena sabia da traição? Será que... Eu ia conseguir esquecer a porra da boca dele na minha tatuagem do Bon Jovi? Ah Bon Jovi, me perdoe... Mas que boca aquele homem tem... E... Certamente ele me deixou marcada no pescoço e no ombro, para eu ficar com a lembrança dele me perturbando por uns bons dias.Retirei os saltos dos pés e corri por um tempo, tentando apressar minha chegada ao portão da rua. Ainda assim só via árvores por todos os lados e postes baixos iluminando o caminho.Mas por que Cindy chegou só naquela hora? Afinal, Milena estava cansada e pelo que Celine falou, queria dormir com o noivo... Que neste caso, dormia com qualquer mulher
Salma arqueou a sobrancelha, encarando-o:- Você... Não é um dos dançarinos homens, não é mesmo?- Não... Sou só o barman. – Ele sorriu.Ela sentou no sofá, com as pernas para cima, abrindo espaço para nós:- Desculpe um sofá de três lugares apenas... Mas somos três por aqui. – Sorriu, explicando-se.Ele sentou e eu puxei uma das poltronas, pois achava estranho conversar com ele e Salma estando nós três um do lado do outro, tendo que olhar para os lados. Acho que às vezes eu tinha certos TOC’s também, como o senhor Allan.- Vocês trabalhando juntos e não se conhecem? Que louco!- Bem, ela que não me conhece. Eu... A conheço. – Ele enrugou a testa, olhando para ela.- Claro... Quem esqueceria a ruiva linda da caixa de vidro? – percebi o olhar dele para ela, de admiração.Ok, eu posso ser um cupido. E faria duas coisas perfeitas: arranjar um homem legal para minha melhor amiga e ao mesmo tempo fazê-lo desistir de mim. Afinal, eu não queria fazê-lo sofrer, pois Daniel era um homem legal.
- Eu? Mais uma vez meu cofrinho em seu benefício? Aproveitadora...- Por que não dança na caixa de vidro? – Daniel me olhou seriamente.- Eu? Eu...“Babi, veeeeem”, Ben gritou do quarto.Dei um beijo no rosto dele e disse:- Preciso ir. Ben está querendo me contar da noite dele. E...- Tudo bem. Boa noite, Babi.- Salma, pode pagá-lo, por favor?- Claro... Aproveitadora de amigas.- Não vou aceitar, Salma, de jeito algum.Saí dali e voltei para o quarto, ouvindo a discussão dos dois. Claro que foi planejado, embora eu realmente não tivesse dinheiro. Mas venderia o casaco do CEO e pagaria cada centavo para ela. A corrida dele, o aluguel. Enfim, tinha que ver quanto valia um blazer de marca no mercado negro.- Vai contar para Salma? – Ben perguntou. – Afinal, é o chefe dela.- Não sei nem se ela já falou com ele, na real.- Claro que deve ter falado. É o dono da Babilônia.Salma abriu a porta e colocou só a cabeça para dentro do quarto:- Vou dormir.- Está tudo bem? – perguntei.- Sim.
Na terça-feira, Salma chegou em casa com o envelope, no final da tarde. Já sabíamos que ali estava o resultado do sexo do bebê.Sentamos todos em volta da mesa, nos olhando, ansiosos.- E você foi ao médico? – perguntei.- Sim... Minha barriga começa a crescer um pouco. E em breve vou ter que me afastar da Babilônia.- E... Como vai ser? – perguntei, curiosa.- Vou atestar e continuar recebendo. Além do mais... Tenho uma grana guardada. E... Dinheiro não vai mais ser meu problema depois que o bebê nascer.- Babi... O pai é rico? Isso? – Ben perguntou.Ela assentiu, enquanto abria o envelope:- Mas foi produção independente. Embora... O ato tenha sido realizado. – Disse, nos deixando ainda mais confusos.Era possível produção independente com ato sexual? Seria minha próxima pesquisa no Google.Eu e Salma sempre fomos melhores amigas, desde pequenas. Nosso sonho de morar juntas aconteceu sob protesto de Jardel. E mesmo ela odiando-o, aceitou-o na nossa casa. Fiquei mais tempo do nosso r
Houve um tempo que eu achei que poderia também usar do mesmo veneno dele, já que a minha vida não tinha mais sentido algum. Eu vivia por ele... Por que não entrar no mundo de Jardel?Por sorte algo em mim foi mais forte e me mostrou que o caminho pelo qual eu estava indo não era certo.Quantas vezes Ben e Salma tentaram me salvar. Mas eu não tinha forças para ouvi-los. Então houve um tempo que eles desistiram de mim... E Jardel se foi. Uma overdose fatal, numa rave embalada a orgias, todos os tipos de drogas... Onde o principal objetivo de todos era usar tudo que conseguisse por 24 horas sem parar.As traições neste tempo foram dos males o menor. Eu tinha esperanças que ele pudesse se apaixonar por qualquer vagabunda que ele comia nos becos escuros, sujos e fedorentos que ele frequentava. Mas isso nunca aconteceu. Ele sempre voltava pra mim... E nunca deixou de dizer que me amava.Senti lágrimas escorrendo pelo meu rosto, grossas, quentes, doloridas. Eu jamais chorei a morte dele... N
Eu e Ben chegamos ao Hazard em torno de dez horas da noite.O Hazard era um bar simples, mas bem frequentado. Começava com Happy Hour e seguia até quase amanhecer o dia com bebidas, música no jukebox, mesa de sinuca e vez ou outra nos finais de semana Karaokê ou bandas cover. Na maioria das vezes, era frequentado por pessoas com boas condições financeiras e sociais, exceto quando um amigo resolvia pagar alguém de fora para seduzir jovens inocentes e lhes oferecer prazer a perder de vista. Poderia ter este tipo de gente também, camuflado entre os de bom coração.- Precisa de dinheiro, Babi? Eu tenho para nós dois. Não quero que gaste do seu. Eu convidei, eu pago.- Nem pensar. Eu tenho.- Sei que está dura, amiga.- Não mais. Vendi um blazer no mercado negro. – Pisquei.- Bárbara Novaes... Sua louca de pedra. E se o Casanova quiser o casaco?- Ele nem vai lembrar... Aquele... Desclassificado dos infernos deve ter vários iguais.- Dos infernos você quer dizer por causa do fogo, não é m
Ele me abraçou, repentinamente:- Eu gosto de você... E nem sei ao certo porque... Afinal, você é uma mulher completamente maluca e diferente de todas que já conheci.Me senti acolhida. E gostei do abraço dele. Ficou nítido a falta de interesse sexual dele em mim. Talvez pudesse surgir uma amizade... Daquelas que você só é amigo quando vê a pessoa no mesmo lugar, quando se encontram coincidentemente... Passando disto, nunca se conheceram na vida.Me afastei:- E então... Viu sua família?- Sim. Mas isso não chega a ser uma coisa boa. – Sorriu, parecendo distante.- Você... Tem algum problema de relacionamento mau resolvido? – perguntei.- Tipo o seu com o ex que morreu?- Sim... Mas só para constar: eu não matei ele.Ele enrugou a testa:- Eu não cogitei isso.- É que o desclassificado do Heitor Casanova disse com todas as letras que achava que eu matei o meu ex.Sim, aquele que me agarrou no elevador dias atrás e eu gostei. Aliás, eu odeio ele, mas a pegada não tem igual. Acho que po
- Este chove não molha entre você e Tony está me dando nos nervos. – falei, enquanto colocava a chave na porta. – Quero ver um beijo, daqueles de cinema.- E eu então? Quero beijá-lo como no cinema, Babi.Assim que a porta se abriu, Salma e Daniel se afastaram rapidamente. Ficamos nós quatro nos olhando, confusos.- Daniel me deu uma carona. – Salma disse, rapidamente.- Legal! – sorri, já imaginando que aquilo poderia acontecer.- Hoje nem é dia de foda, baby. – Ben falou, fechando a porta.- Ben... Não tem nada a ver. Não é o que vocês estão pensando. – Daniel disse.- Não? – Salma olhou para ele. – Achei que era. – Ela levantou do sofá, ainda com a roupa que havia saído de casa.Salma saiu, reclamando. Ben deu de ombros, pegou um suco na geladeira e sumiu no corredor.Fiquei olhando para Daniel.- Tudo certo? – ele levantou, botando as mãos no bolso e não pude deixar de notar a ereção sob sua calça.Os olhos dele seguiram os meus:- Me... Desculpe. – Colocou a almofada no sofá na f