Assim que descemos os degraus da escada lateral, a cerimônia ainda rolando, fomos para a área externa.Qual não foi minha surpresa ao deparar-me com Anya e Breno conversando com Nic, enquanto Maria Lua estava no colo dela, com Be no colo.Corri até eles, quase caindo com os saltos finos afundando na grama fofa.Parei no meio deles e Nic, impedindo-os de verem minha filha:- O que vocês estão fazendo aqui? – Perguntei, sentindo a raiva ficar incontida dentro de mim.- Nós... Só viemos ver a menina. – Anya disse.- Vocês não podem vê-la. Ela é nossa filha. – Heitor falou firmemente – Se voltarem a se aproximar, vou pedir uma medida protetiva contra vocês.- Realmente só queríamos ver a menina. Afinal, não queremos ter o mesmo fim que Daniel. – Breno disse.- Não entendi... – Me fiz de desentendida.- Acha mesmo que acreditamos que Daniel sumiu ou foi embora? Ele simplesmente desapareceu do país.- Não sabemos sobre ele – falei – E nem quero saber.- Bem, ao contrário de minha esposa, eu
- Já vou avisar o médico dele. – Heitor falou, pegando o celular e fazendo a ligação.- Não precisa... Não adianta mais. Eu não quero ficar num quarto de hospital. Minha hora chegou, Heitor.Peguei a mão de Allan e disse:- Você não pode falar assim. Nós precisamos de você, Casavelha.Ele gargalhou, com dificuldade:- Só você para me fazer rir, Babi...- Eu sempre vou estar aqui, Allan... Sempre. Eu amo você. – Deitei minha cabeça no ombro dele.- Ah, Babi, se você soubesse o quanto isso me faz bem... Ouvir que você me ama – a mão dele alisou meus cabelos – Sou tão grato por Deus ter colocado a filha de Bia no meu caminho. – Ele recostou a cabeça no encosto do banco. A respiração estava espaçada e parecia que puxava o ar com dificuldade.Segui ali, com a cabeça deitada no peito dele, ouvindo seu coração bater, o corpo quente, a pele áspera. Ele havia emagrecido visivelmente nas últimas semanas.- Sabe o que eu acho? Que fiquei na prorrogação... Cada dia a mais do que o previsto é foi
Assim que entrei na sala, acompanhado do médico, vi meu pai enrolado num monte de fios que controlavam cada movimento dele. Sabia o quanto ele odiava aquela situação e o motivo pelo qual fugia: tudo se repetia, já tinha acontecido anteriormente.Me aproximei da cama e peguei a mão dele, que a apertou:- Estou cansado. – Ele disse, de olhos fechados.- Então descanse.- É complicado saber que não vamos mais nos ver... – Os olhos dele seguiam fechados – Vou sentir saudades.- Não, você não vai sentir saudades. Mas eu vou...- Sei que não fui um pai perfeito. E por isso peço perdão. Mas entenda, nunca foi com má intenção. Sempre amei você, por mais filho da puta que eu tenha sido.- Acho que todo mundo tem uma fase filho da puta na vida. O bom é que podemos nos dar conta disso um dia. Você fez o melhor que pôde.- Faça valer cada gota do meu suor... Mas não ponha a North B. acima da sua família, como eu fiz.- Não vou fazer isso. Não se preocupe.- Agora... Me dê um beijo, meu filho. E v
- Confessa que está com ciúme...- Estou morrendo, me corroendo de ciúme. – Confessei.Ela sorriu e tocou meu rosto carinhosamente. Ajeitei a bandana com o nome da banda na cabeça dela:- Você está linda! – Me ouvi dizendo.- Nem brinca. Estou gorda. Olha o tamanho dos meus peitos.- Perfeitos... – Olhei os seios fartos dentro da camiseta... Adivinha de quem? Bon Jovi.Assim que chegamos ao final do corredor, pude ver o nome de Jon na porta branca do camarim. Reconheci a assessora dele, que me acenou, chamando na sua direção:- Casanova... Que prazer revê-lo!Ela não havia mudado nada. E seguia simpática. Me estendeu a mão, em forma de cumprimento e Bárbara pôs-se entre nós, tocando a mão dela:- Prazer por que mesmo? – Arqueou a sobrancelha.A assessora, que eu não lembrava o nome de cor, ficou ruborizada imediatamente:- Você deve ser Bárbara Casanova.- Em carne, osso e barriga. Mais carne do que osso. Grávida! – ela pareceu arquear a barriga para frente.- Nossa, que legal! Parabé
Não entendi o motivo de Heitor ter pego três exames exatamente iguais. Acho que era para ter certeza mesmo, caso desse positivo.Abri a porta da cabine do banheiro do hospital da recepção, com cheiro forte de cloro. Eu, a rainha do cloro, senti um embrulho no estômago com o odor. Respirei fundo e tentei seguir com o plano de fazer xixi nos “termômetros” que tinham dentro das caixinhas. Acho que o certo era fazer aquilo no conforto de casa. Mas como eu era muito ansiosa, claro que não conseguiria esperar.Sentei e urinei sobre o primeiro teste. Estava escrito que duas listras vermelhas significavam positivo, ou seja, grávida. Uma linha, negativo. E poderia demorar até cinco minutos para aparecer as tais listras.Mas não levou mais de um minuto para aparecer as duas listras. Fiquei olhando para aquilo com um sentimento que não conseguia descrever naquele momento. Um misto de medo, emoção e amor sem explicação. Ok, Heitor acertou em cheio de trazer mais dois. Realmente um não era suficie
- Lamento informar que a senhorita está com endometriose. – disse o médico.Endometriose. Ok, eu já tinha ouvido falar. Mas jamais busquei o significado no Google.- E... Isso é grave? – perguntei, preocupada.- A endometriose é quando o endométrio, que é esta mucosa... – mostrou na espécie de brinquedo que ele tinha contendo um útero e todas as suas partes que tinha sobre a mesa. – Que reveste a parte interna do seu útero, cresce em outras regiões do corpo...- Como assim? – arqueei a sobrancelha, em pânico.- Calma... Vou tirar todas as suas dúvidas. Continuando: mensalmente o endométrio fica mais espesso para que um óvulo, depois de fecundado, possa se implantar nele. Quando não há gravidez, ele descama e é expelido na menstruação. A endometriose é quando algumas dessas células não são expelidas e caem nos ovários ou cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e sangrar. Então elas podem se espalhar por outras partes do corpo, como por exemplo intestino, bexiga, peritônio... –
O lugar onde eu morava ficava no centro de Noriah Norte, próximo de quase tudo. Embora o aluguel fosse alto, diminuía despesas com transporte. Eu divida aluguel com dois amigos: Benício, que chamávamos de Ben, e Salma.Salma era minha amiga desde sempre. Viemos juntas da cidade onde morávamos para dividir o aluguel e estudarmos. Eu fui para a faculdade e ela foi ser dançarina numa boate. Nunca passou nem na frente da faculdade.Ben eu conheci na faculdade. E desde que o vi a primeira vez já sabia que seríamos melhores amigos. Um mês depois ele foi morar conosco, porque era mais perto da faculdade.O incrível é que não fazíamos o mesmo curso e por coincidência, na primeira matéria que cursamos, que era básica e envolvia quase todos os cursos, nos encontramos e foi amor à primeira vista.Subi as escadas contando os passos, já imaginando se aquilo faria bem para minha endometriose. Bem, não deixava de ser um exercício físico. Pobre era assim: fazia da correria diária exercício físico. Eu
- Eu levei em conta a opinião de vocês, sim. – Contestei.- Jura, querida? – Ben me encarou.- Se tivesse nos ouvido, não tinha perdido oito anos da sua vida envolvida com aquele traste. E ainda me julga. – Salma sentou no outro sofá, com as pernas para cima, empolgada em começar a discutir a parte mais ridícula da minha vida.- Eu estou livre dele e isso que importa. Agora eu só tenho um foco: Bon Jovi.Os dois começaram a rir.- Enquanto estava com Jardel o Bon Jovi era o amante? Ou o contrário? – Ben estreitou os olhos, se segurando para não rir.- Qualquer coisa. – dei de ombros. – Ele sempre foi o verdadeiro amor da minha vida.- E o meu Axel Rose, dona Alice no País das Maravilhas. – Ben me abraçou. – Não comece a inventar esta história de “vou amar alguém impossível e ser mais feliz se for assim”.- Ben tem razão, Babi. Já se passaram dois anos. Você tem que seguir em frente.Sim, fazia dois anos que eu havia me livrado de Jardel, meu ex namorado. E não foi nada fácil. Só conse