- Eu? Mais uma vez meu cofrinho em seu benefício? Aproveitadora...- Por que não dança na caixa de vidro? – Daniel me olhou seriamente.- Eu? Eu...“Babi, veeeeem”, Ben gritou do quarto.Dei um beijo no rosto dele e disse:- Preciso ir. Ben está querendo me contar da noite dele. E...- Tudo bem. Boa noite, Babi.- Salma, pode pagá-lo, por favor?- Claro... Aproveitadora de amigas.- Não vou aceitar, Salma, de jeito algum.Saí dali e voltei para o quarto, ouvindo a discussão dos dois. Claro que foi planejado, embora eu realmente não tivesse dinheiro. Mas venderia o casaco do CEO e pagaria cada centavo para ela. A corrida dele, o aluguel. Enfim, tinha que ver quanto valia um blazer de marca no mercado negro.- Vai contar para Salma? – Ben perguntou. – Afinal, é o chefe dela.- Não sei nem se ela já falou com ele, na real.- Claro que deve ter falado. É o dono da Babilônia.Salma abriu a porta e colocou só a cabeça para dentro do quarto:- Vou dormir.- Está tudo bem? – perguntei.- Sim.
Na terça-feira, Salma chegou em casa com o envelope, no final da tarde. Já sabíamos que ali estava o resultado do sexo do bebê.Sentamos todos em volta da mesa, nos olhando, ansiosos.- E você foi ao médico? – perguntei.- Sim... Minha barriga começa a crescer um pouco. E em breve vou ter que me afastar da Babilônia.- E... Como vai ser? – perguntei, curiosa.- Vou atestar e continuar recebendo. Além do mais... Tenho uma grana guardada. E... Dinheiro não vai mais ser meu problema depois que o bebê nascer.- Babi... O pai é rico? Isso? – Ben perguntou.Ela assentiu, enquanto abria o envelope:- Mas foi produção independente. Embora... O ato tenha sido realizado. – Disse, nos deixando ainda mais confusos.Era possível produção independente com ato sexual? Seria minha próxima pesquisa no Google.Eu e Salma sempre fomos melhores amigas, desde pequenas. Nosso sonho de morar juntas aconteceu sob protesto de Jardel. E mesmo ela odiando-o, aceitou-o na nossa casa. Fiquei mais tempo do nosso r
Houve um tempo que eu achei que poderia também usar do mesmo veneno dele, já que a minha vida não tinha mais sentido algum. Eu vivia por ele... Por que não entrar no mundo de Jardel?Por sorte algo em mim foi mais forte e me mostrou que o caminho pelo qual eu estava indo não era certo.Quantas vezes Ben e Salma tentaram me salvar. Mas eu não tinha forças para ouvi-los. Então houve um tempo que eles desistiram de mim... E Jardel se foi. Uma overdose fatal, numa rave embalada a orgias, todos os tipos de drogas... Onde o principal objetivo de todos era usar tudo que conseguisse por 24 horas sem parar.As traições neste tempo foram dos males o menor. Eu tinha esperanças que ele pudesse se apaixonar por qualquer vagabunda que ele comia nos becos escuros, sujos e fedorentos que ele frequentava. Mas isso nunca aconteceu. Ele sempre voltava pra mim... E nunca deixou de dizer que me amava.Senti lágrimas escorrendo pelo meu rosto, grossas, quentes, doloridas. Eu jamais chorei a morte dele... N
Eu e Ben chegamos ao Hazard em torno de dez horas da noite.O Hazard era um bar simples, mas bem frequentado. Começava com Happy Hour e seguia até quase amanhecer o dia com bebidas, música no jukebox, mesa de sinuca e vez ou outra nos finais de semana Karaokê ou bandas cover. Na maioria das vezes, era frequentado por pessoas com boas condições financeiras e sociais, exceto quando um amigo resolvia pagar alguém de fora para seduzir jovens inocentes e lhes oferecer prazer a perder de vista. Poderia ter este tipo de gente também, camuflado entre os de bom coração.- Precisa de dinheiro, Babi? Eu tenho para nós dois. Não quero que gaste do seu. Eu convidei, eu pago.- Nem pensar. Eu tenho.- Sei que está dura, amiga.- Não mais. Vendi um blazer no mercado negro. – Pisquei.- Bárbara Novaes... Sua louca de pedra. E se o Casanova quiser o casaco?- Ele nem vai lembrar... Aquele... Desclassificado dos infernos deve ter vários iguais.- Dos infernos você quer dizer por causa do fogo, não é m
Ele me abraçou, repentinamente:- Eu gosto de você... E nem sei ao certo porque... Afinal, você é uma mulher completamente maluca e diferente de todas que já conheci.Me senti acolhida. E gostei do abraço dele. Ficou nítido a falta de interesse sexual dele em mim. Talvez pudesse surgir uma amizade... Daquelas que você só é amigo quando vê a pessoa no mesmo lugar, quando se encontram coincidentemente... Passando disto, nunca se conheceram na vida.Me afastei:- E então... Viu sua família?- Sim. Mas isso não chega a ser uma coisa boa. – Sorriu, parecendo distante.- Você... Tem algum problema de relacionamento mau resolvido? – perguntei.- Tipo o seu com o ex que morreu?- Sim... Mas só para constar: eu não matei ele.Ele enrugou a testa:- Eu não cogitei isso.- É que o desclassificado do Heitor Casanova disse com todas as letras que achava que eu matei o meu ex.Sim, aquele que me agarrou no elevador dias atrás e eu gostei. Aliás, eu odeio ele, mas a pegada não tem igual. Acho que po
- Este chove não molha entre você e Tony está me dando nos nervos. – falei, enquanto colocava a chave na porta. – Quero ver um beijo, daqueles de cinema.- E eu então? Quero beijá-lo como no cinema, Babi.Assim que a porta se abriu, Salma e Daniel se afastaram rapidamente. Ficamos nós quatro nos olhando, confusos.- Daniel me deu uma carona. – Salma disse, rapidamente.- Legal! – sorri, já imaginando que aquilo poderia acontecer.- Hoje nem é dia de foda, baby. – Ben falou, fechando a porta.- Ben... Não tem nada a ver. Não é o que vocês estão pensando. – Daniel disse.- Não? – Salma olhou para ele. – Achei que era. – Ela levantou do sofá, ainda com a roupa que havia saído de casa.Salma saiu, reclamando. Ben deu de ombros, pegou um suco na geladeira e sumiu no corredor.Fiquei olhando para Daniel.- Tudo certo? – ele levantou, botando as mãos no bolso e não pude deixar de notar a ereção sob sua calça.Os olhos dele seguiram os meus:- Me... Desculpe. – Colocou a almofada no sofá na f
- É ela.- Aqui é a secretária do RH da North B. Estou ligando para saber se você gostaria de participar da fase de testes para as vagas de Marketing.Levantei rapidamente, sentindo meu coração bater mais forte:- Sim, eu tenho interesse. Mas achei que não tinha passado na entrevista. – falei.- Amanhã oito horas, no sétimo andar. – Ela disse.- Estarei aí.Certamente tinha dedo de Allan Casanova. Porque eu acabei com o carro novo de Heitor Casanova. Não tinha como eu ter passado na entrevista.Levantei, abri a janela e vi o sol brilhando lá fora:- Oi vida... Oi sorte... Você enfim está sorrindo para mim. E não vou desperdiçar a chance.Peguei o restante da grana do blazer de Casanova e comprei um vestido novo, sapatos novos e um perfume mais caro. E não sobrou mais nada.Eu precisava investir em mim mesma. E parecer uma mulher séria. Aquele emprego era o sonho da vida de qualquer pessoa.Me olhei no espelho e me impressionei com o resultado. Faltava uma hora para oito, mas já saí de
- Eu penso que vinho todo mundo vende. E a Perrone aqui na frente produz os melhores, porque são feitos por eles mesmos... A família Perrone tem amor ao que faz.- Então nos recusamos a trabalhar no projeto porque você prefere o vinho da Perrone? – ele riu. – É só uma estória fake, hipotética. Já ouviu falar disso, não é mesmo? Ou é sua primeira seleção?- Já fiz mais seleções e entrevistas do que você imagina, acredite! E você não me deixou terminar.- Ok, termine.- Temos que ter um diferencial. Certamente não teremos o melhor vinho, mas podemos apostar numa garrafa diferenciada. Eu focaria no vinho pra presentear, ou para ser consumido em eventos. Para isso, o rótulo seria personalizado. Vendido sob encomenda, para qualquer ocasião: casamento, aniversário. Já imaginou ganhar um vinho com o seu nome no rótulo?- Não...- Talvez você o guardasse para sempre e nem consumisse, de tanto que ia gostar. Ou, caso consumisse, guardaria a embalagem... E lá, além do seu nome, estaria a da Nor