- Você a conhece? – a mulher olhou para Anon 1.Ele assentiu, com a cabeça.- O senhor Casanova mandou que a moça entre. – disse Anon 2.Ela saiu da minha frente, a contragosto. Dei um sorrisinho irônico e não pude deixar de alfinetar:- Sou íntima dos Anon’s. – Pisquei.Entrei, acompanhada dos dois seguranças gigantescos, um de cada lado, fazendo-me sentir ainda mais baixa do que já era. Eu nem alcançava nos ombros deles.- Ok, Anon 1 cuida do Casanova filho.- Anon 2 do Casanova pai. Estou certa? – sorri, puxando assunto.- Não... Eu não me chamo Anon. – disse Anon 2. – Sou Otávio.- Me desculpe, Otávio. Segurança do senhor Casanova, isso?Ele assentiu, com cara de poucos amigos.- Eu reconheci você. Pois bem, encontrei a carteira do senhor Allan Casanova no elevador e vim entregar-lhe pessoalmente. Sabe como é...- Me acompanhe, senhorita? – Anon 2 não lembrou meu nome.- Bongiove. – Anon 1 respondeu por mim.De que adiantava mesmo eu dizer que meu sobrenome era Novaes? O homem jur
- Querida, esta é Bárbara Novaes. – disse Allan Casanova, enquanto a mulher se posicionava ao lado dele. – Ela encontrou minha carteira e veio entregar.- Boa noite, Bárbara. Sou Celine Casanova. – Apresentou-se, me entregando a mão como se fosse para eu beijar.Segurei a ponta dos dedos dela e levei para cima e para baixo, incerta se era assim que se cumprimentava uma mulher rica.Ele ficou observando minha mão movendo a dela e quando soltei, olhou para os próprios dedos, parecendo ficar com nojo. Meu Deus, como ela era diferente do marido. Mas certamente agora eu sabia de onde Heitor Casanova tinha herdado o jeito esnobe de ser. Mamãe Casanova não fazia questão de ser simpática.- Ela disse isso? – Heitor riu, sarcasticamente. – E você acreditou nela, pai? – ele me olhou.- Não estou entendendo... – olhei diretamente nos olhos dele.- Pai, certamente esta mulher roubou a sua carteira.- Eu não acredito que está me acusando. Está querendo o que? Me botar na cadeia de novo?- Como ass
- Me desculpe... Se machuquei seu braço. – Ele me soltou. – Não foi minha intenção.- Me desculpe por ter quase encrencado você com sua namorada.Ele me olhou e por um momento eu fiquei sem saber exatamente como agir. Porque eu não queria ter me desculpado. Mas a forma como ele pediu desculpas foi tão diferente de como sempre me tratou que me pegou de surpresa.- Venha, Bárbara. – Allan disse, já distante de mim.- Vou ver o que seu pai quer... E prometo deixá-lo em paz. – Sorri.Virei e segui Allan. Realmente eu não queria mais confusão com Heitor e mais ninguém da sua família. Eu devia ter ouvido Ben e não ter ido pessoalmente até ali entregar a carteira.Enquanto andava atrás de Allan, pedi:- Posso levar sua cadeira?- Levar minha cadeira de rodas? – ele riu. – Me viro bem, obrigada.- Agora que me dei em conta que ela anda sozinha. Eu nem sabia que existia isso. Tampouco...Parei de falar quando percebi que tinha um elevador dentro da casa dos Casanova. Ele abriu a porta e entrei
- Allan, eu preciso ir. – levantei. – Já é tarde. Foi um prazer conhecê-lo... E confesso que gostei de você antes mesmo de saber quem realmente era. O tempo passou e nem percebi... Ouvindo suas histórias.- Também gostei de você, Bárbara. Fazia um bom tempo que eu não encontrava alguém real... E honesta.- Desculpe meus maus modos lá embaixo com seu filho. Mas às vezes não me controlo. Sofri tanto no passado que hoje não aceito ser tratada de forma ofensiva. Não pretendo voltar aqui, mas se um dia quiser bater um papo, pode me ligar... E quem sabe ir até a minha casa.Ele riu:- Vou indicar você para a vaga na North B.Fiquei olhando para ele, tentando manter minha cabeça em ordem e não falar besteira.- Eu... Agradeço. Mas não posso aceitar.- A vaga é para uma pessoa exatamente como você, Bárbara. Que saiba exatamente o que as pessoas pensam, que tenha um sexto sentido...- Eu não trabalharia com seu filho...- Posso deixá-la longe dele, se quiser.- Allan, seria como você me pagar
Peguei a garrafa da mão dele.- Agora tente de novo, com as duas mãos. Você consegue. É homem... Deve ter força pelo menos. É o mínimo...- Não sou um homem acostumado a fazer força, senhorita Novaes. Ao menos não para abrir elevadores. – Me olhou, sarcástico.- E como pretende abrir a porta do elevador, se não vai usar sua força? Acha que ele obedecerá a seus belos dedos? – ironizei.Ele olhou para os próprios dedos e depois para mim:- Fico impressionada com a forma como me observa e sabe tudo sobre mim, “Bárbara”.- Senhorita Novaes, por favor. – Pedi. – Sem intimidades.- B-á-r-b-a-r-a. – ele soletrou vagarosamente, para me irritar.- Pois bem, “H-e-i-t-o-r”, saia daí que eu vou abrir esta porcaria.Coloquei a garrafa no chão e tentei abrir a porta, usando toda a minha força. Mas não tinha nem como enfiar os dedos na fenda, de tão pequena.- Use seu celular, porra. – falei para ele.- Não está comigo. – Se escorou na parede de vidro, cruzando os braços.Abri minha bolsa e peguei o
- Claro que não. “Você” deveria ter medo de mim, Heitor.- Tenho medo mesmo... De você destruir meu coração. – Ele colocou a mão no peito, debochando da minha cara.Cruzei meus braços:- Está de brincadeira comigo, Heitor Casanova?Ele negou com a cabeça, olhando no fundo dos meus olhos.- Senhor Casanova, diga-me uma coisa, por favor.- Até duas, Bárbara... – continuou imóvel, os olhos sem desgrudar dos meus.- O senhor tem colherinha por aí?- O quê? – ele balançou a cabeça, confuso, enrugando a testa.Preciso ser juntada, seu idiota. Você acaba de derreter meu corpo e o que restava de cérebro... Que porra está acontecendo comigo? Eu odeio este homem.- Acho que posso estar um pouco bêbada. – falei seriamente, pois meus pensamentos estavam confusos.Voltei para a porta, tentando abrir novamente, com força. Precisava sair dali imediatamente.- Pode me ajudar, senhor dono da porra toda?- Senhor não... Dono da porra, sim. Se é toda, já não sei...- Deus, me deixar presa com ele já é c
Foi tudo muito rápido e quando percebi a porta se abriu.Não tinha ninguém ali, mas a música podia ser ouvida. Estávamos na espécie de sala, por onde eu havia subido com Allan anteriormente.A luz forte foi um toque de realidade. Saí do elevador, com meu corpo estremecido e tentando encontrar as palavras certas antes de ir embora.- Finalmente. – Sorri, sem olhar nos olhos dele. – Eu... Preciso ir.- Não pode sair com o vestido assim... Aparece todo seu corpo.Parei, sem saber o que fazer. Ele retirou o casaco e colocou sobre meus ombros:- Creio que isso resolva um pouco. Mas posso pegar um vestido de Milena se você quiser.- Não... Não precisa. Obrigada pelo casaco... Eu... Mando devolver. – Fui saindo.Ele foi atrás de mim, pegando meu braço. Quando me puxou, fui obrigada a encará-lo.- Bárbara... Eu...A porta se abriu e Celine, que agora eu sabia que não era a mãe verdadeira dele, apareceu. Os olhos dela foram diretamente à mão dele sobre meu braço e ela não disfarçou a insatisfa
Eu tentei aparentar tranquilidade, mas meu corpo tremia e o coração estava disparado. Nunca alguém me deixou tão amedrontada com ameaças do que aquela mulher.Depois de um tempo, andando a passos largos, virei para trás e vi que ela já tinha ido embora.Como Heitor Casanova tinha a coragem de colocar a noiva e a amante no mesmo lugar? Será que Milena sabia da traição? Será que... Eu ia conseguir esquecer a porra da boca dele na minha tatuagem do Bon Jovi? Ah Bon Jovi, me perdoe... Mas que boca aquele homem tem... E... Certamente ele me deixou marcada no pescoço e no ombro, para eu ficar com a lembrança dele me perturbando por uns bons dias.Retirei os saltos dos pés e corri por um tempo, tentando apressar minha chegada ao portão da rua. Ainda assim só via árvores por todos os lados e postes baixos iluminando o caminho.Mas por que Cindy chegou só naquela hora? Afinal, Milena estava cansada e pelo que Celine falou, queria dormir com o noivo... Que neste caso, dormia com qualquer mulher