3 MONTE OLIMPO

CLARA ASSUNÇÃO

O homem devia ter 1.90m, vestia um terno preto justo, fez um cumprimento rápido com a cabeça em direção ao o homem dos botões enquanto entrava e parou ao meu lado. Quando ascensorista perguntou o andar ele disse apenas "térreo", mas meu corpo inteiro estremeceu sob o som grave de sua voz. Quando o elevador começou a descer senti que os olhos do gigante se voltando em minha direção e o frio na barriga que me atingiu parecia querer congelar meus órgãos!

O homem em questão era ninguém menos que Carlos Daniel Medeiros Alencar e era “só” a porra do presidente da multinacional em que trabalhava.

Já não bastasse a pressão de dividir o elevador com o dono da porra toda, o cara parecia a personificação real de um deus grego antigo! Tinha os cabelos cuidadosamente penteados para trás em um tipo de topete estiloso, os olhos eram de um castanho muito claro e o maxilar quadrado estava coberto por uma barba serrada muito bem feita. Sabia que aquele terno elegante escondia um corpo digno de Aquiles, já o tinha visto sem camisa na internet e tive a impressão que o bíceps do cara era do tamanho da minha coxa ou até maior. Fora a verdadeira máquina de lavar que carregava na barriga e o peito largo que parecia perfeito para ser usado como travesseiro em noites frias.

Movida pela curiosidade, e muito fogo no rabo, olhei em sua direção apenas para constatar que realmente me observava sério, dele vinha um aroma inebriante que pareceu preencher toda a atmosfera turvando meus pensamentos. Desconcertada, pisquei algumas vezes antes de dar um pequeno sorriso e virar o rosto para longe daqueles olhos sedutores.

O elevador parecia descer em câmera lenta e podia sentir que o presidente da multinacional ainda me encarava. Tentava encontrar qualquer coisa minimamente inteligente pra dizer, afinal aquela era mesmo uma oportunidade extraordinária. Trabalhava naquele lugar a um ano e meio, praticamente seis dias por semana e aquela era a primeira vez que cruzava com o "todo poderoso" pessoalmente. Mas antes de conseguir formular qualquer frase que não parecesse pura bajulação, ouvi a voz imperativa e rouca cortando o silêncio pesado:

_ Qual o seu nome garota? _ sua voz parecia trovejar mesmo que falasse baixo.

...Garota? Gelei ainda mais!

Olhei para cima e encarei o gigante corajosa:

_ Maria Clara Assunção, senhor. _ respondi e meu olhar apreensivo continuou esperando qualquer coisa.

Mas o empresário não falou nada, só continuou analisando minha fisionomia como se tentasse lembrar de onde me conhecia. Seus olhos percorreram cada traço de meu rosto antes de escanearem meu corpo minuciosamente enquanto um sorrisinho canalha aparecia no canto de sua boca convidativa.

Me perguntava que merda estava acontecendo ali quando ele voltou aos meus olhos, arqueando as sobrancelhas como se tivesse chego a algum tipo de conclusão.

E um buraco se abriu no meu estômago na mesma hora:

_ Não tenho o hábito de elogiar funcionárias, mas devo dizer que tem uma aparência encantadora senhorita Assunção. _ a maldade não estava no que disse, mas no olhar desavergonhado que fez meu queixo desabar de uma vez.

Confesso que o sorriso que se abriu naquela cara de cachorro foi uma das coisas bonitas que já tinha visto na vida, mas, o que era aquilo? Ele estava mesmo me assediando?

Inacreditável!

As palavras saíram de sua boca como se estivesse perguntando sobre o clima e seus olhos se fixaram nos meus esperando uma resposta. Estava perplexa com sua cara de pau e ele fez questão de exibir um sorriso debochado quando pareceu notar minha lividez:

_ Está tudo bem senhorita? Parece um pouco nervosa. _ seu tom foi muito profissional, mas de seu olhar escorria a mais pura libertinagem.

Aaah, sim. Eu estava APAVORADA! 

E um dos meus piores problemas era não filtrar muito bem o que dizia quando me sentia pressionada:

_ Agradeço o elogio, mas minha aparência não tem relevância alguma para que lhe preste um bom serviço, senhor. _ comprimi os lábios e balancei a cabeça em rejeição.

Foi a primeira coisa que me veio à mente e inicialmente pareceu o melhor a dizer diante da situação. Talvez possa ter sido tom insolente que saiu sem querer, mas no instante em que terminei a frase já estava completamente arrependida. A expressão do homem foi fechando, o cenho franziu criando vincos entre suas sobrancelhas e soube na mesma hora que estava ferrada. Por um milagre, antes que ele pudesse falar qualquer merda, as portas começaram a abrir e agradeci internamente o timing perfeito da providência divina.

Dei passos em direção ao corredor, mas a voz imperativa ressoou novamente antes que as portas voltassem a fechar:

_ É o que veremos... _ a frase soou como um desafio.

Nem olhei para trás, mas me caguei inteira com o medo de perder o emprego.

Tudo bem que o cara era o dono da empresa, mas não tinha nenhum direito de me cantar, na verdade, o cargo dele só piorava tudo. Tive toda razão de responder a altura diante da liberdade que ele achou que podia ter comigo.

Retornei à minha mesa e tentei me concentrar no trabalho.

Levou mais de um ano para cruzar o caminho daquele homem e provavelmente levaria outra eternidade para que o encontrasse novamente. Com um pouco de sorte talvez nem lembrasse da minha cara no futuro.

Afastei o pensamento da demissão e senti orgulho de mim mesma por ter tido a coragem de colocar "o todo poderoso” em seu lugar. Não era a primeira vez que algo assim acontecia na empresa e sempre consegui escapar dessas situações de forma polida, porém muito enfática.

Foda-se que o cara era o dono da porra toda, eu não daria moral pro canalha!

Até porque, não dava liberdade para homem nenhum mesmo e queria que tudo continuasse como estava. Já rolava fofoca o suficiente com o meu nome entre as garotas, imagina se soubessem que despertei o interesse do maior "chefão" de todos.

Não me faltava mais nada!

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