DANIEL ALENCAR
Todos que sabiam sobre o plano estavam putos com a minha aparente falta de interesse em resolver aquilo de uma vez, mas a verdade é que estava tão incomodado com a situação que simplesmente não conseguia aceitar nenhuma delas. Estava sendo obrigado a me comprometer com alguém para manter a imagem que os outro queriam que tivesse e não estava gostando nada daquilo!
Permaneci sentado apreciando meu Scotch enquanto pensava nas perguntas que faria para a moça. Apesar de ser praticamente uma indigente, havia qualquer coisa nela que chamava atenção além da aparência e estava curioso para entender melhor o seu potencial. Passaram cerca de 20 minutos até ouvir as batidas na porta do escritório:
_ A senhorita Clara Assunção está aqui como solicitou, deseja algo mais senhor Alencar? _ Laura apertou os olhos furiosa e um sorriso sarcástico me escapou por sua amabilidade forçada.
_ Isto é tudo por enquanto. Mande-a entrar, por favor. _ retorqui e aguardei que a jovem encantadora invadisse meu território.
Em segundos o corpo pequeno e curvilíneo passou pela porta atordoando meu raciocínio lógico. A moça vestia uma saia justa ao corpo na altura dos joelhos e uma blusa branca social, nada muito sofisticado, mas suas curvas chamavam atenção de forma discreta. Adorei poder ver melhor sua cintura esguia acompanhada pelo quadril redondo que a fazia parecer uma ampulheta. Seu cabelo estava preso em um tipo de trança e alguns fios soltos dançavam ao redor de seu rosto como uma franja rala.
Ela se aproximou com passos tímidos, parou diante da mesa e perguntou delicada:
_ Boa tarde senhor Alencar, no que posso ajudá-lo? _ seu rosto estava sério, mas havia simpatia em sua voz.
_ Sente-se. _ sugeri apontando para uma das poltronas ao seu lado.
A menina obedeceu prontamente e observei seus movimentos contidos enquanto se acomodava cruzando os tornozelos.
Sabia que estava tensa, no entanto, tentava passar segurança em sua expressão:
_ Pois não? _ inquiriu curiosa.
Logicamente queria saber o que estava fazendo ali, todos na empresa sabiam que não era o tipo de líder que confraternizava com a equipe. Mesmo valorizando os profissionais que atuavam com competência, não fazia o tipo que "j**a biscoito" para funcionários:
_ Gostaria de saber se está em algum tipo de relacionamento afetivo nesse momento senhorita. _ questionei educado.
A garota arregalou um pouco os olhos claros e armou um sorriso constrangido antes de falar:
_ Desculpe Senhor, mas acho que não compreendi sua pergunta.
Deu para ver na cara dela que havia entendido minha colocação, mesmo assim resolvi reformular a pergunta para ajudá-la a processar melhor a situação:
_ Estou perguntando se tem um namorado, senhorita Assunção.
A garota franziu o cenho:
_ Não compreendo por que meu status de relacionamento possa ser do seu interesse. _ desafiou imprudente.
_ Apenas faça a gentileza de responder minha pergunta senhorita. _ insisti com veemência.
A garota ainda parecia ressabiada, mas atendeu ao meu pedido:
_ Não tenho namorado, senhor. _ disse vencida.
Lhe fiz um gesto afirmativo com a cabeça e apoiei os braços sobre a mesa:
_ E costuma ir pra cama com muitos homens, senhorita?
As bochechas da minha linda subalterna se acenderam e a moça ficou ainda mais adorável quando o tom rosado invadiu seu rosto. A assistente permaneceu estática por alguns segundos antes de se pronunciar muito séria:
_ Desculpe, mas isto definitivamente não é da sua conta! Por que o senhor está interessado em algo tão íntimo? Não tem cabimento um empresário respeitado como você, ficar constrangendo funcionárias com perguntas de cunho sexual. _ atacou enérgica.
_ Sei que não está fazendo muito sentido agora, mas tenho uma grande oportunidade para lhe oferecer e saber com quantos caras transou é muito relevante para a função. _ retruquei parafraseando a resposta atravessada que ela havia me dado uns dias antes.
Seus olhos azuis se estreitaram em desafio:
_ Então é melhor o senhor explicar de uma vez o que quer de mim porque não estou gostando nem um pouco do teor dessa conversa e vou me retirar! _ ameaçou baixo.
Clara parecia desconfortável e irritada, mas tentava manter a educação. Apesar de estar usando palavras duras seu tom era quase gentil. Levantei e comecei a caminhar pelo ambiente, sentia seus olhos medindo meus passos e estava de costas para ela quando comecei a explicar a proposta:
_ Deve saber que estou com a cerimônia de noivado marcada para daqui a poucos dias. Estamos com quase tudo pronto, falta apenas um pequeno detalhe. _ virei para encara-la nesse momento _ Sei que vai parecer ridículo, mas ainda preciso de uma noiva.
A garota enrugou a testa confusa e claro que não poderia imaginar o que viria a seguir. Me aproximei sentando na poltrona ao seu lado e ficamos praticamente um de frente para o outro:
_ Quero fazer um acordo com você, algo que mudará sua vida para sempre... Senhorita Assunção, gostaria de contrata-la para que atue como minha noiva por alguns meses. _os olhos da garota estavam fixos nos meus e seus lábios se abriram lentamente.
Clara permaneceu boquiaberta e lívida por instantes, mas quando reagiu não havia um pingo de medo ou insegurança em suas palavras:
_ Que tipo de piada estúpida está fazendo? _ levantou-se da poltrona e apontou o dedo na minha cara _ Olha só moço, preciso muito do meu trabalho na sua empresa e só por isso não te mando para "aquele lugar" agora mesmo. Mas se continuar me assediando terei que buscar meus direitos na justiça, o senhor está me entendendo bem?
Tive que rir de sua carinha de brava.
Estava lá toda agressiva, mas ao mesmo tempo era tão delicada que quis calar sua boca suja com um beijo. Me pus de pé diante dela, devia ter no máximo 1.65m de altura e teve que levantar muito o rosto para me encarar a curta distância:
_ Sim, estou entendendo você Maria Clara. _ concordei com tranquilidade _ Diferente do que está pensando, não tenho o hábito de assediar secretárias. Preciso mesmo de uma noiva, isto não é uma brincadeira e não estou tentado te levar pra cama com esta conversa. Você chamou minha atenção e quis fazer uma entrevista. Infelizmente tenho o habito de ser excessivamente direto algumas vezes, sinto muito se a assustei, não foi a intensão. _ finalizei com meu melhor sorriso, mas não pareceu surtir efeito algum na garota que permaneceu me encarando com frieza.
Tentei descontrair aliviando o tom da conversa:
_ Vamos lá senhorita... só ouça o que tenho a dizer. Caso não ache o trabalho adequado é só não contar a ninguém sobre o que vamos conversar e eu prometo que não irei te demitir por isso. _ garanti irônico.
Clara me fuzilou com os olhos e ordenou impaciente:
_ Então explique de uma vez!
_ Sente-se, quero que fique confortável. Gostaria de tomar algo? Suco, água... _ analisei sua postura fechada, com braços cruzados e cara amarrada _ ou talvez prefira algo mais forte, tipo uma vodca ou tequila. _ sugeri com certo sarcasmo.
_ Estou bem, obrigada. _ recusou e virou em direção a parede lateral, aproximando-se do Pollok vermelho. _ Vamos lá senhor Alencar, estou ouvindo. Mas por favor, seja claro. _ seu tom de voz era suave novamente.
Aquela era minha chance de fazê-la morder a isca:
_ Certo, a proposta é bem simples: Vamos fingir que estamos apaixonados. Logicamente, será um relacionamento de mentira, nunca fez parte dos meus planos assumir compromisso com mulher nenhuma. Entretanto, minha vida particular anda perturbando o equilíbrio delicado de homens que podem afetar a ordem que imponho às coisas por aqui,
o noivado servirá para acalmar os sócios e ainda trará uma imagem de segurança e estabilidade para novos clientes.Clara me observava imóvel e atenta enquanto discursava, sua expressão era uma incógnita e não fazia ideia do que passava em sua cabeça:
_ Você será como um enfeite, vou precisar que esteja a minha disposição em tempo integral e que aja como uma garota apaixonada. Terá que aprender a se comportar como uma de nós e vai me acompanhar em eventos para impressionar quem for importante. Em troca prometo garantir uma vida cheia de luxo, roupas, viagens e o que mais quiser para se divertir. E claro que além dos passeios e brinquedos caros, também receberá uma ótima compensação financeira por seus serviços prestados. _ metralhei a ideia de uma vez.
Clara sacudiu a cabeça em negativa e sorriu irônica:
_ E porque acha que aceitaria uma coisa absurda dessas? Já vi esse tipo de filme e a garota sempre se dá mal no fim da história. _ seu tom era de desafio.
A presunção daquela pirralha estava começando a me irritar:
_ Você seria completamente estúpida caso recusasse. _ devolvi com a mesma ironia.
_ Então sou estúpida porque não vou cair nessa! O que acabou de oferecer não parece mais do que um cargo como acompanhante de luxo. _ exclamou indignada.
Soltei o ar com força e franzi o cenho irritado.
No momento em que a vi passando pela porta tomei minha decisão.
Era gostosa, delicada, parecia uma princesa e me deixava cheio de tesão.Tinha certa elegância, mas era transparente como a água e seria fácil descobrir como manipula-la. Sem contar que havia alguma coisa nela que me fez ler e reler seus arquivos diversas vezes ao longo do fim de semana imaginando o que uma moça tão bonita fazia em suas horas vagas.Ela não tinha opção!
Estava decidido e, independente do que quer que ela pensasse ou quisesse, não iria aceitar nada menos do que sua bela assinatura em um contrato muito bem amarrado. Estava acostumado a convencer grandes predadores a entrarem em pequenas jaulas, não seria uma coelhinha assustada que frustraria os meus planos.
Respirei fundo outra vez e decidi entrar no joguinho de moça ofendida que estava fazendo:
_ Aaah... por favor garota, não seja ridícula! Já disse que não quero comer você! Não quero nem tocar em você mais do que o suficiente para fazer isto dar certo. _ menti descaradamente simulando impaciência e voltei para a cadeira atrás de minha mesa.
Agora ela falaria com o homem que estava acostumado a convencer pessoas a fazerem o que não deveriam:
_ Não quero te ofender de forma alguma mas, olhe bem pra mim. _ apontei com as duas mãos em direção ao meu peito _ Não preciso pagar pra comer mulher nenhuma, muito menos uma garotinha sem sal como você. _ ironizei.
O rosto da garota contorceu ao fim de minha colocação, precisei segurar a risada e voltar a falar rapidamente antes que Clara pudesse responder qualquer merda:
_ Nós não precisaremos nos ver a maior parte do tempo. Será somente um acordo entre as partes onde você fará o papel como minha noiva na frente das pessoas e nada mais. Não vou negar que vamos ter que nos beijar e agir como se tivéssemos intimidade, mas não vamos transar na frente de ninguém. _ ri um pouco tentando fazer o noivado de mentira parecer algo banal.
A jovem caminhou de volta a poltrona em frente à mesa, sentou-se com a postura muito reta e as mãos juntas apoiadas no colo:
_ Então terei que fingir que gosto de você na frente dos outros, mas você não vai tentar se aproveitar mim quando ficarmos sozinhos? _ perguntou tímida e achei bonitinho seu jeito encabulado.
_ Isso mesmo, quando estivermos a sós serei apenas o seu contratante, talvez até um amigo, mas nada além disso. _ garanti dissimulado.
A menina baixou os olhos e, pela primeira vez desde que comecei a explicar o plano, pareceu avaliar com seriedade a oportunidade que estava oferecendo. Honestamente, toda aquela rejeição me pegou despreparado, estava pisando em um campo minado sem conhecer as armadilhas do inimigo.
Por isso decidi apelar para algo que não costumava falhar:
_ Como já disse será muito bem remunerada por seu trabalho. Atualmente você ganha o quê? Uns dois mil por mês? _ Clara confirmou com a cabeça. _ O que me diz de ganhar dois mil reais por dia para me ajudar a melhorar minha imagem com a imprensa e alguns sócios babacas?
Um novo brilho surgiu em seu rosto ao som de minhas últimas palavras:
_ E o que exatamente eu teria que fazer? _ interessou-se ainda desconfiada.
_ Como disse, vai me acompanhar nas festas e agir como se fossemos um casal de verdade. Vamos posar para fotos, dar algumas entrevistas e vamos precisar convencer as pessoas certas sobre a "veracidade" de nossos sentimentos. Mas nada se seja muito... _ escolhi as palavras cuidadosamente nessa hora. _ invasivo a sua dignidade, posso garantir.
Me inclinei levemente em direção a ela e provoquei baixo:
_ Ouvi falar muito sobre seu potencial, mas se rejeitar um salário de sessenta mil para desfilar comigo por aí, vou ter certeza que é totalmente ingênua! Não tenho ideia de quanto tempo teremos que manter está farsa, mas se chegar a um ano sairá com mais de meio milhão. Sem contar todos os presentes e oportunidades que irão surgir, pense bem. _ concluí erguendo as sobrancelhas sugestivamente.
Clara desviou o olhar e após um breve momento de reflexão se voltou-se imitando minha postura sobre mesa:
_ Isso é muita grana pra passear e tirar fotos, qual é o lance de verdade por trás disso tudo senhor Alencar? _ indagou capciosa.
A garota era mesmo esperta!
Poderia argumentar sobre toda a exposição, ou até os perigos que a noiva de alguém como eu precisaria se submeter, mas não quis assusta-la antes da hora e decidi ser o mais honesto possível. Já que ela não estava se deixando levar pela conversinha mole mesmo:
_ Ok Maria Clara, vou jogar limpo com você. Acontece que a diretoria está p**a porque toda semana apareço com uma mulher diferente nos jornais. Alguns acham que isso enfraquece a imagem do grupo e estão querendo votar sobre minha permanência no comando das empresas. _ me alterei por um instante pois aquele assunto realmente me tirava do sério _ Acontece que os filhos da p**a não tem direito de julgar minha competência quando meus resultados nos negócios só fazem com que fiquem ainda mais ricos. Estou batendo de frente há muito tempo, mas as merdas que vazaram nos últimos meses mancharam minha imagem como presidente da companhia.
A garota ouvia com atenção e sua expressão voltou a suavizar. Sua aparência angelical me distraía e tentei manter o foco na conversa enquanto meus olhos passeavam pelos detalhes em seu rosto:
_ Preciso contratar alguém que me ajude com essa merda porque não posso correr riscos. A próxima assembleia ocorrerá em poucos meses e preciso de uma resposta incontestável para que tirem da cabeça a ideia de me afastar da corporação que nasci para liderar. _ soltei o ar e relaxei os ombros antes de prosseguir _ Preciso assumir um compromisso para mostrar pra esses merdas que dei um fim a vida que eles julgam promíscua, mas adoro uma boa farra e não pretendo deixar de fazer as coisas que gosto para satisfazer a vontade de gente hipócrita. Essa é a porra da minha vida! Já renunciei muitas coisas em nome desta empresa, mas renunciar a minha liberdade sexual me parece pedir demais. _ finalizei sendo extremamente sincero.
Daniel Alencar Foi a vez de Clara respirar fundo enquanto pensava no que lhe disse: _ Ok?! Pelo que entendi, o senhor quer me pagar 60 mil pra levar chifres. _ ela riu debochando deliberadamente da situação. _ Olha, não entendo muito sobre essas coisas, mas acredito que vai parecer ainda pior pra sua imagem com os caras. Ah... mas que porra de garota irritante: _ Que bom que divirto você... _ retribui o sorriso irônico _ Lógico que terei que tomar alguns cuidados extras e também vou precisar contar com sua total discrição. Estreitei um pouco os olhos antes de continuar: _ Preciso deixar claro que você não deverá confundir as coisas entre nós em nenhum momento. Vou sair quando quiser, com ou sem você e pode estar certa de que vou ficar com outras garotas. Não teremos nenhum tipo de relacionamento afetivo, não vou dever nenhum tipo de satisfação a você e ciúmes é uma palavra que quero que retire do seu vocabulário. _ a moça revirou os ol
CLARA ASSUNÇÃO Desde que iniciei como assistente, todos os dias Dr. Henrique me mandava fazer alguma coisa nos andares superiores e estava amando poder trabalhar alguns profissionais que só conhecia pelo nome até então. Por este motivo passei a caprichar um pouco mais no visual do que costumava. Naquela manhã fiz uma trança indiana que aprendi com minha falecida mãe e vesti uma das melhores roupas que tinha, a saia social preta acompanhada da blusa de viscose branca com mangas compridas e uma fileira de botões que subiam até decote discreto. Passei uma leve maquiagem e coloquei os pequenos brincos de zircônio que havia ganho de minha madrinha um tempo atrás. Ao me olhar no espelho sorri satisfeita. Quase parecia umas das garotas do vigésimo primeiro andar e sai do meu modesto quarto da república estudantil em Guaianases com a certeza de que um dia chegaria lá. Me sentia feliz por estar me saindo bemcomo assistente e milhões de id
CLARA ASSUNÇÃO Duas horas se arrastaram lentamente até me ver novamente indo em direção aos elevadores, eram quase 18h quando secretaria ligou avisando que o senhor Alencar me aguardava na sala de reuniões do vigésimo primeiro andar. Estava subindo pela terceira vez só naquela semana ao lugar que cheguei a pensar que nunca iria ver, e o mais assustador era que estava indo assinar um contrato para trabalhar como "A Noiva" do presidente de uma dasempresas mais lucrativas do país. Quando entrei na sala com paredes de vidro, haviam três pessoas sentadas ao redor de uma enorme mesa metálica em formato oval. O próprio herdeiro Medeiros Alencar, que sentava em uma das pontas, a mulher que me buscou em meu posto horas antes e, ao seu lado, um senhor muito mais velho. Cumprimentei a todos e Daniel lançou um meio sorriso quando apontou a cadeira do lado oposto a pequena comitiva que o acompanhava. Sentei ao seu lado tentando esconder o nervosismo enquanto o jovem empresá
CLARA ASSUNÇÃO Estávamos todos de pé àquela altura, vi os funcionários indo em direção a saída e comecei a acompanha-los, mas a voz grave parecia ter outros planos e me fez girar nos calcanhares: _ Clara, espere um minuto por favor. _ quando as testemunhas do nosso acordo secreto se retiraram ele continuou _ Sei que está tarde, mas importa se conversarmos um pouco mais? _ Claro que não. Acho que precisamos nos conhecer finalmente. _ concordei insegura, porém sorrindo com certa confiança. Nos sentamos novamente, desta vez ele se acomodou ao meu lado eficamos de frente um para o outro nas cadeiras giratórias: _ Imagino que tenha um milhão de perguntas passando por sua cabeça e também estou curioso sobre você. Em breve teremos tempo para nos conhecer de fato, mas primeiro preciso explicar algumas coisas sobre toda essa farsa. Concordei novamente, minhas maiores duvidas tinham mesmo a ver com o que teria que dizer sobre nós. O
CLARA ASSUNÇÃO Desci as escadarias que davam acesso ao edifício da multinacional e pude sentir o ar gelado da noite naquele final de agosto. Caminhei pelo calçadão da avenida Paulista em direção a parada de ônibus mais próxima, passava muito das 19h e não valia a pena ir para faculdade àquela altura, então peguei a condução para república ainda tentando processar o que tinha acabado de acontecer. Um cara fodidamente rico, muito arrogante etragicamente lindo tinha me contratado pra ser sua noiva de mentira e eu passaria a ganhar uma verdadeira fortuna por isso. Coisa parecida só tinha visto na ficção mesmo, mas lá estava eu bem no meio do que parecia uma fanfic de cinquenta tons de cinza. Me sentia apreensiva com o que aconteceria no futuro e as palavras de meu contratante rodeavam meus pensamentos como um fantasma: "A partir de amanhã sua vidanunca mais será a mesma." Bom, com certeza não seria!
CLARA ASSUNÇÃO O dia mal havia clareado e já estava com tudo pronto para partir rumo ao desconhecido. A ansiedade me mantinha agitada andando de um lado para o outro do meu pequeno quarto, olhando de cinco em cinco minutos pelas venezianas da janela. Aguardava impaciente pelo motorista que ele disse que mandaria logo cedo, mas já passavam das nove da manhã e nada ainda. Começava a pensar que o empresário havia se arrependido de contratar uma garota "sem sal" como eu, quando ouvi leves batidas. Me apressei perguntando quem era e a voz masculina do outro lado disse que estava ali em nome do senhor Medeiros Alencar. O cara era forte, devia ter mais de quarenta anos e se ofereceu para ajudar com a "bagagem". Deixei que levasse minha única mala e a mochila com os livros da faculdade. Então peguei minha bolsa sobre a cama de solteiro e fui para a porta, mas antes de fecha-la me despedi daquele cantinho que havia me orgulhado tanto por ter conquistado. Afast
CLARA ASSUNÇÃO O quarto era enorme como quase tudo naquele lugar, havia sido decorado em tons de rosa e amarelo pastel. No centro havia uma cama box elevada por uma espécie de mezanino, sua cabeceira em matelassê rosa-chá apoiava diversas almofadas coloridas, nas laterais do cômodo haviam poltronas, estantes e mesas com lindos objetos de decoração. Uma das paredes do quarto era como uma enorme janela de vidro com cortinas brancas que iam do chão ao teto. E por falar em teto, dele pendia uma linda luminária circular composta por inúmeras pequenas flores de cristal. Definitivamente me parecia o quarto dos sonhos de qualquer princesa! A governanta entrou logo atrás e começou a me mostrar tudo no cômodo. Falou onde podia encontrar os controles da TV, ar condicionado e persianas, apontou para um notebook e celular dizendo que eram meus para usar como preferisse. Logo após me levou para o lado oposto a parede de vidro e me fez entrar no closet espaçoso, cheio de ga
CLARA ASSUNÇÃO Me despedi da renomada socialite por volta de 21h achando seu nome muito apropriado para a função que exercia. Subi novamente para o quarto que me foi reservado, liguei o televisor e tentei me distrair alternando entre as opções de filmes em um dos streamings disponíveis. Acabei escolhendo qualquer coisa, que ficou passando sem que eu prestasse atenção, enquanto conversava com Camila pelo W******p, minha amiga queria saber como estava minha madrinha e como havia sido a viagem até Rio Claro. Tive que criar uma justificativa para meu sumiço repentino da republica e inventei uma série de mentiras, me sentindo muito mal por não poder compartilhar meus medos e alegrias com minha amiga. Também mandei mensagem para tia Gorete tentando prepara-la para o que estava para acontecer, minha madrinha realmente se importava comigo e mantínhamos uma relação próxima mesmo estando a quilômetros de distância. Contei que tinha uma grande surpresa que aconteceria e