— Fiquem juntos! — exclamou Alex Stevens, vendo as criaturas mutantes se aproximarem, sedentas por suas carnes. A Magnum já estava carregada, a Ruger de Annchi Zhang também estava pronta para atirar; Beatrice Murray sacou a faca de combate e se preparou para mais uma batalha: A espada de Kai Yagami já estava sobre a sua cabeça; Lancelot Miller preparou seu taco de baseball e também se integrou à linha de defesa. Solomon Locke posicionou-se na retaguarda, com seu rifle de precisão. O que escapasse do ataque do grupo iria direto para ele. Havia cerca de vinte monstros; nenhum deles ostentava a atitude letárgica e semi-inoperante da maioria dos Carnívoros. Eram extremamente rápidos, tinham firmeza em seus movimentos e até mesmo seus olhares eram mais fixos e cruéis. Era impressionante a maneira que eles avançavam. Era de fato um exército de mortos-vivos. O doutor Delta alcançou o seu sonho doentio, cumpriu o que prometeu. O Orpheu fez nascer super soldados, guerreiros incansáveis e imorta
A jovem Tracey Murray correu, após anos de procura, ao encontro de sua irmã Beatrice, que ainda estava ao chão, ao lado do Carnívoro, abatido pela flecha em seu crânio. Ela se agachou e lágrimas de felicidade e alívio escorreram de seus olhos. — Finalmente te encontrei, Beatrice! Você... está bem? Está ferida?Beatrice olhava admirada para a irmã, ainda sem acreditar que o encontro era real. — Tracey...? Pensei que havia morrido! É você mesmo?— Sim, irmã... quando aquela tempestade passou e nosso barco afundou, lembro de tentar salvar você, mas acabei ficando sem forças... a última coisa que vi foi aquele policial mergulhar e te levar até a praia! Você ainda estava inconsciente depois de quase ter se afogado. Ele não me viu, pois fui levada pela correnteza logo depois. Depois, tudo se apagou e só me lembro de ter acordado em um vilarejo próximo a um cais. Não fazia menor ideia de onde estava e as pessoas ali não eram nada confiáveis. Acho que o mar me levou até uma vila de ladrões.
A esperança é, de longe, o sentimento mais motivador entre todos os que podem ser experimentados. É uma sensação que somente os seres humanos têm o conhecimento, até onde se sabe. É o impulso que nos movimenta, que faz se crer no improvável. Pode se dizer que é semelhante à fé. A esperança é como se fosse uma voz calma e confiante nos dizendo que, independente das circunstâncias, as coisas contribuirão para o bem daqueles que mantêm essa confiança. A esperança é uma luz, muito fraca, mas existente e que pode fazer uma grande diferença em uma situação de crise. Entretanto, a luz da esperança, de tão pequena e forte, pode se tornar a maior das frustrações, caso venha a se apagar totalmente. Pode-se perder tudo em qualquer situação, menos a esperança. E quando esta se perde, vem a desolação, vem a profunda depressão e tudo pode ruir em uma questão de segundos. Tracey Murray veio do Alabama, um lugar extremamente distante para encontrar sua irmã Beatrice e, de fato, conseguiu encontrá-la
A movimentação era intensa no laboratório subterrâneo onde atuavam os cientistas Mark Denver, Kassandra Winslet e o doutor Brandon Davis. Após uma força tarefa gigantesca, conseguiram trazer Kraken, a criatura que antes era o menino Dylan. Por um motivo desconhecido, ele estava no meio de uma avenida de Westfield, não abatido, mas adormecido. Brendon não parava de pensar na doutora Zhang e no quando era imprudente subestimá-la. Você é tão astuta, Annchi! Por que não está dividindo esse sonho conosco... e por que está na companhia daquele homem tão terrível...? O que está tentando provar?Naquela noite, não havia tempo para se pensar em muitas coisas. O espécime precisava ser reanimado e uma solução para um problema desconhecido precisava ser aplicada. Kraken foi derrotado, ele tinha um ponto fraco. Tal fato acendeu mais uma vez a desconfiança de Mark Denver, que chegou a passos silenciosos à presença do doutor Delta. — Investimos muito dinheiro, tempo e paciência no desenvolvimento
A criatura Kraken olhou fixamente para o ambiente onde agora se encontrava e sobretudo para Beatrice. Por alguma razão, ele sentia que aquela pessoa tinha uma importância que as outras não lhes faziam recordar. Entretanto, assim que seu cérebro desejava se recordar de algo mais pessoal e mais afetivo, imediatamente o casulo entrava em ação e, com uma poderosa onda de choque no crânio, disseminava todo o poder da adrenalina, fazendo o monstro enlouquecer. E foi assim que o Kraken avançou furiosamente na direção de Beatrice. Ele tentou esmagá-la, abrindo e fechando dois de seus quatro braços, mas ela rolou rapidamente para o lado. Sahyd interveio rapidamente e sacou a sua pistola para disparar contra o monstro. Ainda caída ao chão, Beatrice gritou:— Não, Sahyd! Por favor, não o machuque! Ele ainda é o Dylan!— Não o machucar? Beatrice, se não fizermos nada, ele vai nos fazer em pedaços!— Eu sei... me deixe pensar por um momento... preciso dar um jeito!A criatura correu na direção de
O medo que Tracey e Beatrice Murray sentiam naquele momento era o medo impulsionador. Aquele que ativa toda a adrenalina e faz com que o cérebro trabalhe com mais rapidez. É o sentimento que faz com que o ser humano aja sem pensar nos "comos" e "porquês". É o instinto da pura ação, da vontade de realizar o impossível, de resolver um enigma indecifrável e, finalmente, de vencer um inimigo invencível. A vida as reunia novamente, em uma situação onde qualquer reencontro seria improvável. Aquele tipo de coincidência não poderia existir, não naquelas circunstâncias. Havia uma mensagem divina, mesmo no fim do mundo. E foi por essa razão, dentre outras que infindáveis que se poderia descrever, que elas investiram, com toda a confiança, na direção do Kraken. Ele não mais as intimidaria. As irmãs estavam cercadas, mas isso não era uma desvantagem. Tudo dependia delas naquele momento. Em seus corações, uma faísca de esperança ainda reluzia, e essa era toda a motivação de que elas precisavam. Ha
Há sete anos...Aquele poderia ser um dia comum no setor de pesquisas biológicas no gigantesco complexo da Organização Ômega. A intensa movimentação de cientistas, magistrados, virologistas e bioquímicos era rotineira. O trabalho nunca cessava nas dependências de uma das maiores redes farmacêuticas do planeta. À medida que as bactérias e enfermidades evoluíam, novos projetos eram idealizados e novas soluções eram implantadas. O complexo funcionava vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Não havia pausa para o progresso. No entanto, especificamente no quinto andar, na sala 225, um projeto incomum estava sendo desenvolvido. Tratava-se de uma pesquisa paralela e um tanto obscura. A respeitada virologista, doutora Kassandra Winslet passava horas a fio em uma pesquisa envolvendo células-tronco. Fugia totalmente dos padrões estipulados pela Ômega, mas ela não se importava. A pesquisa era secreta e de vital e pessoal importância. Seu filho Matthew, de nove anos, foi diagnosticad
O menino Matthew Winslet gostava muito da jovem doutora Annchi Zhang. Diferente de sua mãe e de seu pai, ela não tinha uma expressão fria e sisuda. Seu semblante na maioria das vezes era leve e quase infantil. Matthew a via como uma criança de jaleco e isso lhe trazia muita segurança. A tia Annchi sempre o fazia pensar, quase inconscientemente, que o mundo poderia ser algo muito maior do que hospitais, consultórios, exames e injeções. Kassandra viu que o medo havia desaparecido, mesmo que por alguns instantes, dos olhos de Matthew. — Sim, querido... ela estará lá, ajudando a mamãe. Como sempre fez. Estaremos todos juntos com você, durante todo o procedimento. Ninguém vai sair daquela sala até que tudo esteja terminado, tudo bem? Matthew tentava esconder ao máximo seu medo e nervosismo, mas com toda a pressão daquele momento, ficou muito mais difícil se conter. — Mamãe... isso vai doer muito? Quanto tempo vai demorar? O nó na garganta de Kassandra ficou do tamanho de uma ervilha. A