O túnel que ligava a biblioteca de Westfield e o centro de operações da Ômega era incrivelmente extenso e não iluminado. Somente algumas lâmpadas improvisadas, penduradas de qualquer maneira no teto da caverna, iluminavam o trecho, além do nível de oxigênio ser assustadoramente baixo. O grupo corria pelo túnel evitando falar e todos controlavam a respiração para que o desgaste não os surpreendesse. Alguns mortos-vivos enlouquecidos surgiam pelo caminho, como se quisessem aproveitar o pouco espaço para encurralar suas presas. Alex e os outros utilizavam armas brancas para conter a ameaça. Na medida do possível, se esquivavam dos ataques dos Carnívoros e metiam as facas de combate abaixo das jugulares das criaturas, fazendo com que seus crânios fossem perfurados por dentro. As armas de fogo eram usadas somente quando três ou mais monstros efetuavam um ataque combinado, não deixando muitas opções de defesa. O grupo avançava à medida que nocauteva os monstros, e isso contribuiu para que
Tracey Murray se recusava a acreditar no que ocorria na caverna-laboratório, apesar das dores física e emocional estarem consumindo-a pelos golpes deferidos por Beatrice, que mantinha a expressão inabalável e ainda encarava a irmã. Tracey se levantou e, se apoiando na parede às suas costas, conseguiu se manter de pé. Ela analisava Beatrice dos pés à cabeça, procurando qualquer resquício do que antes era a sua irmã adorável. Naquele momento, ela não passava de mais um soldado, uma figura de combate que, aparentemente, estava disposta a cumprir as ordens dos seus mentores. — Bea... eu não quero fazer isso... pára, por favor! As palavras de Tracey pareceram causar exatamente o efeito contrário. Inicialmente, Beatrice caminhou lentamente em direção à irmã, mas depois correu, determinada, saltou novamente e atingiu em cheio o rosto da garota. Tracey rolou mais uma vez pelo chão e bateu violentamente contra a parede do outro lado da caverna. De repente, uma voz pareceu ecoar por todo o la
Não muito distante dos acontecimentos na caverna-laboratório, o virologista Brendon Davis se contorcia com uma dor lancinante de cabeça. A dor era tamanha que seus olhos se fechavam com força. Ele correu até o banheiro do seu escritório e vomitou bile e sangue em uma quantidade absurda. O doutor Delta suava frio e não conseguia conter o tremor em seu corpo. Estava prestes a desmaiar quando conseguiu se equilibrar, segurando na maçaneta da porta. Poucos instantes depois, a porta de entrada do seu escritório se abriu com um baque violento, assustando Brendon e fazendo com que ele voltasse à consciência. O doutor Mark Denver havia entrado, furioso, e esbravejava:— DOUTOR DAVIS! BRENDON! CADÊ VOCÊ, SEU DESGRAÇADO?A porta do banheiro se abriu, lentamente e ali estava Brendon, com olhos mortos, rosto pálido como lençol e baba escorrendo pela boca. — Eu... tô aqui!— Mas o que há com você? — Mark estava indignado por ver o cientista naquele estado — O nosso projeto está indo à ruina e voc
Alex, Sahyd, Solomon e Annchi percorreram o extenso túnel até chegarem a uma outra porta automática improvisada, que também se abriu sem qualquer influência aparente. O grupo não tinha mais dúvidas de que estava sendo vigiado de perto e cada passo poderia ser decisivo. A sala em que entraram era semelhante à que encontraram Beatrice. Alex suspirou, sabendo o que viria a seguir. Diferente de Beatrice, a luta contra Kai poderia ser muito mais perigosa, visto que ele já possuía habilidades marciais antes de ser controlado pelo dispositivo da Ômega. Alex se posicionou na frente do grupo e propôs:— Bem, eu ficarei aqui para lutar contra Kai e tentar libertá-lo do dispositivo de controle. O restante de vocês pode seguir em frente e, por favor, tomem cuidado o tempo todo! Não sabemos o que pode acontecer daqui em diante! — Se me permite, Alex, eu gostaria de enfrentar essa batalha! — interveio Solomon, dando dois passos à frente. — Solomon... para ser sincero, acho que você nos ajudará m
O hall principal do laboratório subterrâneo da Organização Ômega era o local onde o cérebro de toda a operação operava. Diferente de toda a estrutura cuidadosamente construída nas cavernas, a Central de Operações era um espaço amplo e muito bem iluminado. Toda a sorte de ampolas para ensaio, espécimes ainda em desenvolvimento, computadores de última geração cercavam um enorme computador central, que alimentava todo o circuito de dados e informações que a Ômega precisava para seguir com o projeto Orpheu. Na parte superior da torre que sustentava o computador estava a sonda, que se comunicava com o satélite que distribuiria o antivírus, no caso de tudo der errado. Alex Stevens e o grupo de sobreviventes estavam a apenas a uma caverna de distância da central. Após ter deixado Solomon na caverna anterior, o grupo adentrou a caverna seguinte, no corredor mais à frente. Do mesmo modo que as ocasiões anteriores, a porta automática se abriu, influenciada pelo sensor de presença. Assim que o
A variante Hades, além de proporcionar uma grande evolução celular, resultando em mutações diversas em seu hospedeiro, também traz um fator de cura imediato, o que foi julgado pelo doutor Delta como uma grande arma de combate. Logo após eliminar de maneira cruel o doutor Mark Denver, Brendon Davis se dirigiu ao Centro de Operações da Ômega e adentrou a sala onde o doutor Lee Lim estava sentado em sua poltrona acolchoada, terminando de conferir alguns dados em seu tablet. Sem erguer o rosto mascarado da tela, o doutor Lim indagou, em seu timbre sinistro de voz. — Posso ajudá-lo, doutor Davis?Brendon soltou uma leve gargalhada e respondeu:— Me ajudar? Por acaso sabe o que significa ajudar alguém? Você vem das profundezas do inferno se intrometer no trabalho que eu comecei, dá ordens a todos os meus homens, mata um deles sem a maior compaixão e pergunta se eu preciso de ajuda, como se eu fosse um cientista estagiário?— Posso ajudá-lo, doutor Davis? — perguntou novamente o doutor Lim.
Naquele dia, horas antes...Beatrice e Kai despertaram sentindo o frio da caverna e o cheiro insuportável de compostos químicos, misturados a algo que lembrava enxofre. Eles se encontravam sozinhos, algemados, um de costas para o outro. Kai foi o primeiro a tentar se desvencilhar, sem sucesso. Ele se virou para Beatrice, aflito. — Pirralha... onde é que a gente tá?— Eu também não sei, pelo menos não por enquanto. Pela atmosfera e por esse cheiro horrível... posso julgar que seja uma espécie de laboratório improvisado. Tudo o que me lembro é daquela fumaça e do helicóptero. Depois, eu acho que apaguei.— Fomos capturados, foi isso o que aconteceu! — respondeu Kai, tentando se acalmar — Os homens da Ômega prenderam a gente aqui. Merda, o que será que vai acontecer? Antes que qualquer um dos dois pudesse fazer qualquer outra conjectura, o zumbido de uma porta automática se abrindo foi ouvido, causando um calafrio nos dois sobreviventes. A porta se abriu por completo, revelando a figur
Eram poucas as vezes em que a felicidade se mostrava aos sobreviventes de Westfield. Em uma realidade onde cada minuto era decisivo, onde cada dia era repleto de batalhas contra mortos-vivos e mutantes e que definitivamente nenhum dia era igual ao outro, cada momento de vitória e triunfo deveria ser intensamente comemorado. E foi exatamente o que ocorreu naqueles instantes, no interior da fortaleza da Organização Ômega. O ciclope gigante caiu, nocauteado pelo taco de baseball de Lancelot Miller, que até aquele momento, todos julgavam estar morto. O homenzarrão foi saudado e abraçado por todos os membros do grupo, que gargalhavam e desfrutavam daqueles breves minutos de alívio. Alex perguntou-lhe, finalmente. — Como conseguiu voltar vivo, Lance? Você atraiu a megahorda para o bosque, pensamos que não escaparia. — Eu também pensei! Mas para minha sorte, eu supus que os monstros não sabiam nadar. A ambulância colidiu com uma árvore perto do rio e um dos mortos até conseguiu me capturar